Michael Sandel e "Justiça", um modo simples e atual de se aprender Filosofia!

Autor Mensagem
Meu filho ouvirá Classic Rock
Veterano
# mai/12


Você provavelmente perdeu a edição especial da “Newsweek” sobre a China, então me permita uma atualização. Quem você acha que esteve na capa –chamado de “o estrangeiro mais influente” do ano na China? Barack Obama? Não. Bill Gates? Não. Warren Buffett? Não. Ok, vou dar uma pista. Ele é como um astro do rock na Ásia e pessoas na China, Japão e Coreia do Sul compram ingressos com ágio para ouvi-lo. Desistiu?

É Michael J. Sandel (Minneapolis, 1953) o filósofo político, professor titular da Universidade de Harvard há mais de 20 anos!

Essa notícia não surpreende os estudantes de Harvard, os aproximadamente 15 mil que frequentaram o lendário curso “Justiça” de Sandel. O que torna o curso tão atraente é a forma como Sandel usa exemplos da vida real para ilustrar filosofias de pensadores como Aristóteles, Immanuel Kant e John Stuart Mill.

Sandel, 59 anos, começa fazendo uma pergunta, tipo, “É justo David Letterman ganhar 700 vezes mais do que um professor escolar?” ou “Nós somos moralmente responsáveis por corrigir os erros da geração de nossos avós?”

Os alunos oferecem respostas concorrentes, desafiam uns aos outros na sala, debatem com os filósofos –e aprendem a arte da argumentação moral racional no processo.

Além de ser educativo, as aulas equivalem a um grande teatro –de modo que Harvard e a “WGBH” (a retransmissora da “PBS” em Boston) as filmaram e criaram uma série para a televisão pública que foi exibida em todo o país em 2009. A série, atualmente disponível gratuitamente online (em www.JusticeHarvard.org), começou a provocar interesse em novos lugares surpreendentes.

No ano retrasado, a emissora “NHK World TV” do Japão exibiu uma versão traduzida da série da “PBS”, que provocou uma febre de filosofia no Japão e levou a Universidade de Tóquio a criar um curso baseado no de Sandel. Na China, tradutores voluntários legendaram as aulas e as disponibilizaram em sites chineses, onde têm atraído milhões de espectadores. O recente livro de Sandel –“Justice: What’s the Right Thing to Do?”– vendeu mais de um milhão de exemplares apenas no Leste Asiático. Este é um livro sobre filosofia moral, pessoal!

Cada episódio da "série" contém 1 hora de duração e está disponível no Youtube, traduzido em Português. "Justice Harvard" também possui perfis no Twitter e no Facebook, para complementar o curso.

Vou colocar as vídeo-aulas aqui. Na primeira, ele fala sobre o Utilitarismo clássico, de Jeremy Bentham e o compara com o Utilitarismo um pouco mais humanista, de J. Stuart Mill:

Hoje, as empresas e os governos freqüentemente usam Jeremy Bentham como nome na análise de custo-benefício. Sandel apresenta alguns casos contemporâneos em que o custo-benefício foi usado para colocar um valor em dólar sobre a vida humana. Os casos dão origem a várias objeções à lógica utilitarista de buscar o maior bem para o maior número.
Devemos sempre dar mais peso para a felicidade da maioria, mesmo se a maioria é cruel ou ignóbil? É possível resumir e comparar todos os valores usando uma medida comum como o dinheiro?



Sandel apresenta J.S. Mill, um filósofo utilitarista que tenta defender o utilitarismo contra as objeções levantadas pelos críticos da doutrina. Mill argumenta que a busca do maior bem para o maior número é compatível com a proteção dos direitos individuais, e que o utilitarismo pode abrir espaço para uma distinção entre prazeres superiores e inferiores. Mills dá a ideia que o maior prazer é sempre o prazer preferido por uma maioria bem informada. Sandel testa esta teoria, jogando clips de vídeo a partir de três diferentes formas de entretenimento: Hamlet, de Shakespeares , o reality show "Fear Factor" (versão estadunidense do "Hipertensão", da Globo) e Os Simpsons.
Estudantes debatem qual a experiência fornece a maior prazer, e se a filosofia de Mills sobre o utilitarismo é bem sucedida.



No segundo Episódio (equivalente ao segundo capítulo do Livro), Sandel debate sobre as idéias do Libertarismo:

Sandel apresenta a concepção libertária dos direitos individuais, segundo a qual somente um estado mínimo é justificada. Libertários argumentam que o governo não deveria ter o poder de promulgar leis que:
1) protegem as pessoas de si mesmas, tais como leis de cinto de segurança,
2) impor a alguns povos os valores morais na sociedade como um todo, ou
3) redistribuir a renda dos ricos para os pobres.
Sandel explica a noção libertária, dizendo que a tributação redistributiva é semelhante ao trabalho forçado, com referências a Bill Gates e Michael Jordan.



O filósofo libertário Robert Nozick afirma que tributar os ricos para pagar por moradia, assistência, saúde e educação para os pobres é uma forma de coerção.
Estudantes discutem os argumentos por trás da tributação redistributiva.
A maioria das pessoas pobres precisa dos serviços sociais que recebem para sobreviver? Se você vive em uma sociedade que tem um sistema de tributação progressiva, até que ponto você é obrigado a pagar seus impostos?
Um grupo de estudantes voluntários apelidado Libertários debatem a filosofia libertária a partir dessas objeções.



Com isso já dá pra se ter uma boa noção do trabalho dele. Para ver os outros vídeos do curso, clique no botão "YouTube" ali em baixo, à direita. Você vai para a página do vídeo no Youtube. Entre no canal da Univesptv e procure a série, tem tudo lá.

Pra quem se interessar no livro, a média de preço dele é de R$30,00 até no máximo R$40,00.

Aqui também tem uma entrevista que ele deu para o jornalista da Globo Jorge Pontual, para o programa "Milênio", da Globo News. O tema da reportagem é "O sentido da vida em sociedade", onde inclusive, ele cita o Brasil.
http://g1.globo.com/platb/globo-news-milenio/2012/03/28/o-sentido-da-v ida-em-sociedade/

Fontes:
http://noticias.uol.com.br/blogs-e-colunas/coluna/thomas-friedman/2011 /06/16/filosofo-michael-sandel-da-universidade-de-harvard-causa-furor- na-china.htm

http://carolina-carvalho.blogspot.com.br/2011/11/apresento-voces-micha el-sandel.html

http://www.google.com.br/search?hl=pt-BR&q=Michael%20Sandel&bav=on.2,o r.r_gc.r_pw.r_qf.,cf.osb&biw=1024&bih=571&wrapid=tlif133626373273410&u m=1&ie=UTF-8&sa=N&tab=iw

Talvez ninguém se interesse pelo tópico. Azar de quem passar batido =*

g.wilhelms
Veterano
# mai/12
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Meu filho ouvirá Classic Rock

Muito interessante cara. Eu me amarro em filosofia, e é legal encontrar material como esse na net. To assistindo o primeiro vídeo.

Meu filho ouvirá Classic Rock
Veterano
# mai/12
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g.wilhelms

o/

Fica a dica que o Livro é mais um complemento, porque tem mais exemplos. Mas no geral, o que tá na vídeo aula é o que está no livro.

Gansinho
Veterano
# mai/12
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Só vi o segundo vídeo, de "Como medir o prazer".
E digo:
Isso sim é professor. Se todos os meus professores fossem desse nível, eu até teria prazer de estudar sempre.

Meu filho ouvirá Classic Rock
Veterano
# mai/12
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Gansinho

Pra mim esse é o mais legal o/ hahaha

Sandel é foda!

Dá vontade de ficar 10 anos em cursinho só pra pra conseguir entrar em Harvard pra ter aula com ele hahaha

g.wilhelms
Veterano
# mai/12 · Editado por: g.wilhelms
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O estilo dele dar aula, lembra muito meu antigo professor de filosofia, ele sempre jogava questões para os alunos, sempre nos instigava a pensar.

É preciso levar em conta a inflação

kkkkkkkkkkkkkkk, eu ri.

Só assisti o primeiro vídeo por enquanto (mas quero assistir os outros), e daria para abrir inúmeros tópicos com questões expostas no vídeo. Como conseguir audiência para um único tópico com "conteúdo" já ta difícil, então vou deixar uma questão nesse tópico mesmo: É ou não é possível, estabelecer um valor para vida humana?

Ps: Nada de respostas monossilábicas, as argumentem por favor.

Gansinho
Veterano
# mai/12
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Meu filho ouvirá Classic Rock
Fodão mesmo. E olha que eu nem curto filosofia, mas do jeito que ele explica, me interessou.

Meu filho ouvirá Classic Rock
Veterano
# mai/12
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g.wilhelms
É ou não é possível, estabelecer um valor para vida humana?

Possível é, o que pode não ser é aceitável. Na visão Utilitarista, sim, é possível estabelecer valor MONETÁRIO à vida humana. Uma hora tem que ceder e fazer o cálculo. Igual a história do cigarro que ele fala, onde as pessoas acabam morrendo cedo, e isso poupa gastos ao Estado. Já na visão que se opõe ao Utilitarismo, ou seja, a visão dos Direitos Humanos, você nunca deve estabelecer valor monetário à vida Humana. Basicamente pelo fato de que os direitos humanos, vêem cada vida como uma vida extremamente importante, diferentemente do Utilitarismo que se foca numa maioria, num "menor perda/dor possível e maior bem estar possível para o maior número de pessoas possíveis".

Pra diferenciar, dá pra usar aquela frase "Os fins justificam os meios". Na visão utilitarista, o maior bem estar p/ o maior número de pessoas seriam os fins, e as pessoas seriam os meios (de se alcançar esse maior bem estar). Então por isso é possível estabelecer um valor monetário à vida humana; Em contrapartida, para os direitos humanos, os fins SEMPRE devem ser as pessoas, individualmente, e por isso não se pode atribuir valor à vida humana.

Nesse caso, minha visão se apoia nos direitos humanos =P

Meu filho ouvirá Classic Rock
Veterano
# mai/12
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Gansinho

O mais legal é você ver que é tudo verdade mesmo. Se você olhar a página do OT, vai ver que os tópicos mais bestas e fáceis de se responder são os que mais possuem respostas. Por outro lado, os que falam sobre filosofia, Política, Ciência são tópicos que rendem menos respostas!

É a prova prática dos prazeres superiores que exigem esforço e conhecimento e os prazeres inferiores que não exigem esforço que o Sandel cita hahaha

Bog
Veterano
# mai/12
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Meu filho ouvirá Classic Rock

Eu entrei no tópico sem esperar muito conteúdo, mas de repente me vi fisgado já na primeira parte da discussão sobre utilitarismo. Me faz lembrar das minhas aulas de ética. A vantagem é que nas minhas aulas eram horas de discussão ativa (porque tinha muito menos gente, além de não ser um vídeo, haha).

Claro, para os mais pedantes é só um tiozinho condizindo a platéia, tudo muito mainstream e feito para gente comum. Não é obscuro o suficiente.

Meu filho ouvirá Classic Rock
Veterano
# mai/12
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Bog

hahaha verdade! E é por tópicos assim que a gente difere quem manja e quem faz tipo, se é que você me entende...

Viciado em Guarana
Veterano
# mai/12
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Eu tenho uma esperança, mas estou com vergonha e preguiça de expor-la aqui.

g.wilhelms
Veterano
# mai/12
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minha visão se apoia nos direitos humanos =P

A minha também. Para mim o ser humano não pode ser tido como uma ponte para felicidade alheia, ainda que esta felicidade atinja um grande número de pessoas. Há que se levar em conta também, se todos os seres humanos são "merecedores" do mesmo bem estar, ou se não são. Se não forem, então uma análise coletiva não seria justa, pois desconsideraria a meritocracia individual.

g.wilhelms
Veterano
# mai/12
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Se você olhar a página do OT, vai ver que os tópicos mais bestas e fáceis de se responder são os que mais possuem respostas. Por outro lado, os que falam sobre filosofia, Política, Ciência são tópicos que rendem menos respostas!


Assim presume-se a estupidez coletiva. Você também vai notar isso nos outros fóruns, pelo menos no fórum de guitarras eu noto bastante. O que ocorre é que esse é o tipo de tópico em que as pessoas não podem simplesmente responder as questões com um sim ou não, elas precisam pensar, e ai que ta o problema, grande parte das pessoas tem preguiça de pensar.

SODAPOP
Veterano
# mai/12 · Editado por: SODAPOP
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muito massa! assistindo!

Scrutinizer
Veterano
# mai/12
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Adoro Justice.



SODAPOP
Veterano
# mai/12 · Editado por: SODAPOP
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O final do terceiro vídeo me deixou completamente desapontado...
Antes de ele ter concluído a parada do Michael Jordan, era MUITO necessário alguém jogar essa questão: "por que o dinheiro que o Jordan ganha é justo? Ele ter treinar 12 horas por dia vale 100 vezes mais do que um professor dando aula 12 horas por dia?"

tomara que falem disso no quarto vídeo

Meu filho ouvirá Classic Rock
Veterano
# mai/12
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SODAPOP

Mas no geral tú curtiu? Ainda não consegui ver os vídeos sobre Libertarismo, fuckin' internet 3 G =/

DrZaius
Veterano
# mai/12
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Baixei o livro. Já nas primeiras páginas já to com um pé atrás.

Primeiro ele trata o bailouts como béficos à economia de forma inquestionável (até aqui, ok. É o mainstream). Segundo ele trata, no decorrer do livro, o estado democrático como o canalizador perfeito da vontade do povo. E o erros dele como maus julgamentos da própria sociedade. Pra mom, é difícil de engolir.

DrZaius
Veterano
# mai/12
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Digo isso mesmo qundo, no teral, ele parece pender para o lado da liberdade.

Black Fire
Gato OT 2011
# mai/12
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simples e atual de se aprender

Com essa descrição Polishop, boa coisa não deve ser.

SODAPOP
Veterano
# mai/12
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eu to até agora incomodado sobre ninguém fazer a pergunta que eu fiz

Gustoau
Veterano
# mai/12
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hahaha polishop foi a primeira coisa que eu pensei ao ler o título

Meu filho ouvirá Classic Rock
Veterano
# mai/12
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Black Fire
Gustoau

O cara é o professor mais conhecido de Harvard. Não o culpem pela minha incapacidade publicitária =P

Meu filho ouvirá Classic Rock
Veterano
# mai/12
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DrZaius
Primeiro ele trata o bailouts como béficos à economia de forma inquestionável (até aqui, ok. É o mainstream). Segundo ele trata, no decorrer do livro, o estado democrático como o canalizador perfeito da vontade do povo. E o erros dele como maus julgamentos da própria sociedade. Pra mom, é difícil de engolir.

Eu vejo diferente. Pra mim, ele não coloca a opinião dele em nada, ele põe os dois lados. Na parte sobre os bailouts ele primeiro mostra a visão humanista, que não seria justo fazer aquilo com pessoas naquela situação de catástrofe. Depois ele mostra a visão dos Economistas e os benefícios que aquele aumento absurdo de preços pode trazer. Em nenhum momento o Sandel se posiciona, durante todo o livro. Ele apenas traz as teorias com exemplos fáceis. Caberá a você julgar se as teorias são justas ou não...

DrZaius
Veterano
# mai/12
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undefinedMeu filho ouvirá Classic Rock

Ele não considera a possibilidade de que os bailouts podem ser maléficos à conjuntura econômica, mas sim a moralidade de efetuá-los. Trata o keynesianismo como senso comum.

Mas, como eu disse, isso é apenas um detalhe, já que é a visão mainstream, e o livro não foca na economia.

Meu filho ouvirá Classic Rock
Veterano
# mai/12
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DrZaius

Sim, é um livro de filosofia focado no Direito ;)

Black Fire
Gato OT 2011
# mai/12
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O cara é o professor mais conhecido de Harvard

Agora sim que eu não quero ver.

TG Aoshi
Veterano
# mai/12 · Editado por: TG Aoshi
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Devo ter má sorte, vi um trecho de uma aula no canal UNIVESP e achei uma merda...

Vou dar outra chance mais tarde.

Nilton Rafael
Veterano
# mai/12
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Up esse tópico e dos melhores precisa estar na primeira página.

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