Dívidas de países e dívidas de pessoas - Ricardo Amorim

    Autor Mensagem
    Cavaleiro
    Veterano
    # abr/12


    Tem-se a impressão de que os governos podem gastar indefinidamente, mas a atual crise na Europa –a qual, dizem os especialistas, pode custar à região uma década de crescimento– nasceu, em essência, do descontrole de determinadas nações.

    Por anos, Grécia, Itália, Portugal, Irlanda e Espanha torraram bem mais do que arrecadavam com os impostos, e, a fim de fechar essa conta, precisavam pegar dinheiro emprestado.

    Da mesma maneira, muitas famílias pensam que conseguem viver sempre alavancadas, para usar o jargão do mercado financeiro. Fazendo despesas superiores à sua renda, sustentam-se com o cheque especial, o cartão, as modalidades de crédito ao seu alcance.

    País nenhum existe sem dívidas, e os financiamentos também são bastante úteis aos consumidores.

    “Em ambos os casos, a diferença entre o saudável e o prejudicial está na aplicação dos recursos captados”, esclarece José Geraldo de Mello, professor de economia da FAAP (Fundação Armando Álvares Penteado). “Uma usina hidrelétrica que será utilizada pelas próximas gerações sem dúvida é um bom objetivo, assim como, para um jovem profissional, um curso de pós-graduação que lhe proporcionará um emprego melhor. Trata-se, na verdade, de investimentos.”

    O tratado de Maastricht, que formou a União Europeia, estabelece um teto de 60% do PIB (Produto Interno Bruto) para o endividamento dos seus membros; os bancos igualmente definem montantes máximos de comprometimento do salário dos seus clientes em operações de crédito. Esses limites são facilmente ignorados, no entanto.

    Problema existe quando o dinheiro dos empréstimos é direcionado à manutenção cotidiana da estrutura: o pagamento dos funcionários públicos ou a fatura do supermercado. A bola de neve só aumenta mês a mês, pois os dispêndios não cessam.

    “Pessoas e empresas quebram mais rápido do que governos, porém esse é um destino inescapável”, frisa Angela Menezes, professora do Insper.

    Quando o orçamento fica totalmente fora dos trilhos, resta apenas cortar despesas e tentar renegociar os débitos. Roma, por exemplo, precisará vender algumas de suas companhias à iniciativa privada para, com os valores obtidos, abater pendências.

    Apertar os cintos, elevando a idade mínima para aposentadoria ou reduzindo direitos trabalhistas, leva a revoltas como as que tomaram as ruas de Atenas por diversas vezes neste ano.

    Entretanto, não existe outro jeito de convencer os credores a manter as torneiras abertas. A desconfiança já os faz aumentar demais os juros cobrados nas transações, empurrando o devedor para mais perto do precipício.

    A última hipótese é dar o calote. E foi justamente na inadimplência dos mutuários americanos que esta confusão começou, entre 2007 e 2008.

    O Brasil historicamente aumenta a SELIC para atrair investimento externo e manter a sua estrurura de despesas>receita funcionando.

    Só há futuro privatizando ao menos metade do que é hoje público ou diminuindo absurdamente o número de funcionários públicos e a máquina do governo de forma geral.

    Em Santa Catarina, por exemplo, temos as Secretarias de Desenvolvimento Regional que foram criadas para descentralizar o poder, entretanto cada uma tem a sua estrutura para funcionar que geram custos para manter-se funcionando e dificilmente alguém vê algum benefício na sua utilização.

    Já está chegando a hora de abandonar o barco porque o iceberg está próximo. Foram tomadas algumas medidas nos últimos dias de redução da cobrança de juros, mas só prolonga a viagem, a mudança tem que ser de mentalidade.

    Dissertem, ou não.

    O poder é do governo.

    Benva
    Veterano
    # abr/12
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    Diminuição de gastos públicos, com funcionalismo e principalmente com políticos. Resolve pelo menos 1/3 do problema.

    RafaelValeira
    Veterano
    # abr/12 · Editado por: RafaelValeira
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    Tornar a justiça mais eficaz para combater a corrupção tb é um meio.

    Tb apoio a ideia de um estado enxuto.

    (Mas acho que estou sendo meio óbvio... acabei de vir do almoço, to lento ainda! :P)

    François Quesnay
    Veterano
    # abr/12 · Editado por: François Quesnay
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    pinochet neles!

    snowwhite
    Veterano
    # abr/12
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    Só há futuro privatizando ao menos metade do que é hoje público ou diminuindo absurdamente o número de funcionários públicos e a máquina do governo de forma geral.

    Já já aparecem uns e outros pra dizer que isto aqui gera desemprego...

    Cavaleiro
    Veterano
    # abr/12
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    snowwhite

    Uma taxa boa do Brasil é o índice de desemprego, tá dentro dos limites desejáveis.

    0 de desemprego é suicídio econômico, o ideal é entre 5 e 6%.

    O único problema é como esta estatística foi feita, simplesmente começaram a regularizar tudo quanto era profissão informal a partir do apoio do Sebrae com o MEI com objetivos eleitoreiros.

    snowwhite
    Veterano
    # abr/12
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    Cavaleiro
    Uma taxa boa do Brasil é o índice de desemprego, tá dentro dos limites desejáveis.

    0 de desemprego é suicídio econômico, o ideal é entre 5 e 6%.

    O único problema é como esta estatística foi feita, simplesmente começaram a regularizar tudo quanto era profissão informal a partir do apoio do Sebrae com o MEI com objetivos eleitoreiros.


    Cara, eu sou totalmente cética quanto à pesquisas feitas pelos governos. Manipula, renomeia, recalcula, reconsidera e assim chega mais próximo de onde quer. Em ano de eleição então...

    Bizet
    Veterano
    # abr/12 · Editado por: Bizet
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    Cavaleiro
    0 de desemprego é suicídio econômico, o ideal é entre 5 e 6%.

    Eu sou ignorantíssimo em economia, por que seria suicídio econômico?

    Cavaleiro
    Veterano
    # abr/12
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    Bizet

    Se a taxa de desemprego é muito baixa, há aumento na inflação.

    Há também prejuízo nas relações de trabalho, principalmente para o empregador, um mercado onde não há mais oferta de profissionais faz com que o poder de barganha seja tão grande a ponto de comprometer a empresa.

    O empregado pede aumento de salário e se não receber o empregador não tem como repor aquela pessoa. Este segundo problema somente seria resolvido se também não houvesse mais demanda, mas isto não existe visto que há necessidade de crescimento por parte das empresas e do próprio país.

    tambourine man
    Veterano
    # abr/12
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    claro que todo esse lero-lero não vale para aquele país que tem a máquina de dinheiro infinito (os EUA )

    tambourine man
    Veterano
    # abr/12
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    neguinho usou a natureza como externalidade até hoje, criando um passivo ambiental enorme. Além de pagar essa conta temos que economizar também?

    VSF

    Cavaleiro
    Veterano
    # abr/12
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    ^

    Hippie do PSOL

    Die Kunst der Fuge
    Veterano
    # abr/12
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    Sente saudades do Ronald Reagan

    tambourine man
    Veterano
    # abr/12
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    ^
    hauahuahaua

    One More Red Nightmare
    Veterano
    # abr/12
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    O Artur demonstrando seu conhecimento político de 6ª série em doses homeopáticas à guisa de evitar constrangimentos é muito, mas muito fofinho.

    François Quesnay
    Veterano
    # abr/12
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    Eu sou ignorantíssimo em economia, por que seria suicídio econômico?

    exército industrial de reserva, tirar o poder de barganha do proletariado, passar pro empregador et al

    e viva Thatcher.

    tambourine man
    Veterano
    # abr/12
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    One More Red Nightmare
    à guisa

    VSF, seu pedantismo tá off bounds

    Cavaleiro
    Veterano
    # abr/12
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    e viva Thatcher.

    Thatcher > vocês

    Cavaleiro
    Veterano
    # abr/12
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    Ronald Reagan > vocês também

    tambourine man
    Veterano
    # abr/12
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    pelo visto o conservadorismo-coxinha é tão mainstream quanto o comunismo na década de 60

    Cavaleiro
    Veterano
    # abr/12
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    tambourine man

    Mainstream > Abismo > Slash > Hipster

    tambourine man
    Veterano
    # abr/12
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    Cavaleiro

    A cheia do “mainstream”: comentário sobre os rumos da ciência econômica
    Autores: Mario Possas

    Seguindo a imagem fluvial, são dois os efeitos típicos de uma cheia: o aumento da correnteza e a inundação das margens. O “mainstream” da ciência econômica tem mostrado fortemente ambos os efeitos na última década e meia, aproximadamente. De um lado, a corrente tornou-se mais caudalosa — arrastando uma proporção crescente e inusitada de economistas profissionais e acadêmicos — e mais rápida — abrindo sua agenda, fechando questões pendentes e uniformizando o discurso, cada vez mais formalizado, num ritmo sem precedentes, indicativo de grande vitalidade. De outro, vários temas relevantes considerados marginais ou intratáveis, e por isso relegados à heterodoxia (ou ao limbo), passaram a ser incorporados, ganhando o status de objetos cientificamente sérios.

    Cavaleiro
    Veterano
    # abr/12
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    tambourine man

    O texto é só isto mesmo ou tem algum argumento?

    tambourine man
    Veterano
    # abr/12
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    Cavaleiro

    é o resumo, né?

    http://www.ie.ufrj.br/index.php/publicacoes/revista-economica-contempo ranea/rec-artigos-publicados/1257-volume-1-n1

    Cavaleiro
    Veterano
    # abr/12
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    tambourine man

    Coloquei nos arquivos pra ler, valeu pelo link

    Cavaleiro
    Veterano
    # abr/12
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    tambourine man

    "mas a maior parte do mainstream prosseguiu em intermináveis refinamentos dos equilíbrios de Nash e Bayesiano"

    Interessou mais ainda em ler a crítica, ao menos ela foi bem direcionada. Até mesmo fora da economia, em modelos probabilísticos e computacionais, Redes Bayesianas e teoria dos jogos (Nash) é o que mais tenho estudado, inclusive é o projeto do mestrado.

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