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Cavaleiro Veterano |
# fev/12
(Carta para sua filha Juliet)
Querida Juliet,
Agora que você fez dez anos, quero lhe escrever sobre algo que é muito importante para mim.
Você já se perguntou sobre como sabemos as coisas que sabemos? Como sabemos, por exemplo, que as estrelas, que parecem pequenos pontos no céu, são na verdade grandes bolas de fogo como o Sol e ficam muito longe? E como sabemos que a Terra é uma bola menor, girando ao redor de uma dessas estrelas, o Sol?
A resposta para essas perguntas é "provas". Às vezes "prova" aignifica realmente ver (ou ouvir, ou sentir, cheirar...) que algo é verdade.
Astronautas viajaram longe o suficiente da Terra para ver com seus próprios olhos que ela é redonda. Às vezes nossos olhos precisam de ajuda. A "estrela-d'alva" parece uma sutil cintilação no céu, mas com um telescópio você pode ver que ela é uma linda bola – o planeta que chamamos de Vênus. Uma coisa que você aprende diretamente vendo (ou ouvindo, ou cheirando...) é chamada de observação.
Freqüentemente, a prova não é só uma observação por si só, mas há sempre observações em sua base. Se aconteceu um assassinato, é comum ninguém (menos o assassino e a pessoa morta!) ter visto o que aconteceu. Mas os detetives juntam diversas observações que podem apontar na direção de um suspeito. Se as impressões digitais de uma pessoa coincidirem com as encontradas num punhal, isso é uma prova de que ela tocou nele. Isso não prova que ela cometeu o assassinato, mas pode ser uma informação útil, junto com outras provas. Às vezes um detetive consegue pensar sobre várias observações e então de repente perceber que todas se encaixam e fazem sentido se fulano de tal cometeu o crime.
Os cientistas – os especialistas em descobrir o que é verdade sobre o mundo e o universo – freqüentemente trabalham como detetives. Eles dão um palpite (chamado de hipótese) sobre o que talvez seja verdade. Depois dizem para si mesmos: "Se isso realmente for verdade, devemos observar tal coisa". Isso é chamado de previsão. Por exemplo, se o mundo realmente for redondo, podemos prever que um viajante que caminhar continuamente numa mesma direção acabará no ponto de onde partiu.
Quando um médico diz que você está com sarampo, ele não olhou para você e viu sarampo. A sua primeira observação lhe fornece a hipótese de que você talvez tenha sarampo. Então ele diz para si mesmo: se ela realmente está com sarampo, devo encontrar... E ele então consulta sua lista de previsões e testa-as usando seus olhos (você está com pintas?), mãos (sua testa está quente?) e ouvidos (seu peito está com um chiado?). Só então ele toma a decisão e diz: "Meu diagnóstico é que essa criança está com sarampo". Às vezes, os médicos precisam fazer outros testes, como exames de sangue ou raios-X, que ajudam seus olhos, mãos e ouvidos a fazer observações.
O modo como os cientistas usam provas para aprender sobre o mundo é muito mais engenhoso e complicado do que consigo dizer numa breve carta. Mas agora quero deixar de lado as provas, que são uma boa razão para crer em algo, e alertá-la sobre três más razões para acreditar em algo. Elas se chamam "tradição", "autoridade" e "revelação".
Primeiro, a tradição. Alguns meses atrás, fui à televisão para ter uma conversa com cerca de cinqüenta crianças. Essas crianças foram convidadas por terem sido criadas segundo diferentes religiões: algumas como cristãs, outras judias, mulçumanas, hindus ou sikhs. Um homem com um microfone ia de criança em criança, perguntando no que acreditavam.
O que elas responderam mostra exatamente o que quero dizer com "tradição". Suas crenças não tinham nenhuma relação com provas. Elas simplesmente papagaiavam as crenças de seus pais e avós que, por sua vez, também não eram baseadas em provas.
Elas diziam coisas como: "Nós, hindus, acreditamos em tal e tal"; "Nós, muçulmanos, acreditamos nisso e naquilo"; "Nós, cristãos, acreditamos numa outra coisa".
Como todas acreditavam em coisas diferentes, nem todas poderiam estar certas. O homem com o microfone parecia achar que isso não era um problema, e nem tentou fazê-las discutir suas diferenças entre si. Mas não é isso que quero enfatizar no momento. Eu simplesmente quero analisar de onde vieram as crenças. Vieram da tradição. Tradição significa crenças passadas do avô para o pai, deste para o filho, e assim por diante. Ou por meio de livros passados através das gerações ao longo dos séculos. Crenças populares freqüentemente começam de quase nada; talvez alguém simplesmente as invente, como as histórias sobre Thor e Zeus. Mas depois de terem sido transmitidas por alguns séculos, o simples fato de serem tão antigas as faz parecer especiais. As pessoas acreditam em coisas simplesmente porque outras pessoas acreditaram nessas mesmas coisas ao longo dos séculos. Isso é tradição.
O problema com a tradição é que, independentemente de há quanto tempo a história tenha sido inventada, ela continua exatamente tão verdadeira ou falsa quanto a história original. Se você inventar uma história que não seja verdadeira, transmiti-la através de vários séculos não vai torná-la verdadeira!
A maioria das pessoas na Inglaterra foi batizada pela Igreja anglicana, mas esse é apenas um entre muitos ramos da religião cristã. Há outras divisões, como a ortodoxa russa, a católica romana e as metodistas. Todas acreditam em coisas diferentes. A religião judaica e a mulçumana são um pouco diferentes; e há ainda diferentes tipos de judeus e mulçumanos. Pessoas que acreditam em coisas um pouco diferentes umas das outras vão à guerra por causa discordâncias. Então você talvez imagine que eles têm boas razões – provas – para acreditar naquilo que acreditam. Mas, na realidade, suas diferentes crenças são inteiramente decorrentes de tradições.
Vamos falar sobre uma tradição em particular. Católicos romanos acreditam que Maria, a mãe de Jesus, era tão especial que ela não morreu, mas acendeu ao Céu. Outras tradições cristãs discordam, e dizem que Maria morreu como qualquer pessoa. Outras religiões não falam muito nela e, de modo diferente dos católicos romanos, não a chamam de "Rainha do Céu". A tradição segundo a qual o corpo e Maria foi levado ao Céu não é muito antiga. A Bíblia não diz nada sobre como ou quando ela nasceu; aliás, a pobre mulher mal é mencionada na Bíblia. A crença de que seu corpo foi levado ao Céu não foi inventada até cerca de seis séculos após a época de Jesus. No início, só foi inventada, da mesma forma que qualquer história, como "Branca de Neve". Mas, no transcorrer dos séculos, ela se tornou uma tradição e as pessoas começaram a levá-la a sério simplesmente porque a história havia sido transmitida ao longo de tantas gerações. Quanto mais velha a tradição se tornava, mais as pessoas a levavam a sério. Ela foi por fim escrita como uma crença católica romana oficial muito recentemente, em 1950, quando eu tinha a idade que você tem hoje. Mas a história não era mais verdadeira em 1950 do que quando foi inventada, seiscentos anos após a morte de Maria.
Vou voltar à tradição no fim de minha carta, e olhá-la de outro modo. Mas antes preciso tratar das outras duas más razões para crer em alguma coisa: autoridade e revelação.
Autoridade enquanto razão para crer em algo significa acreditar porque alguém importante ordenou que você acreditasse. Na Igreja católica romana, o papa é a pessoa mais importante, e as pessoas acreditam que ele deve estar certo só porque ele é o papa. Num dos ramos da religião muçulmana, as pessoas importantes são velhos barbados chamados de aiatolás. Muitos muçulmanos se dispõem a cometer assassinatos simplesmente porque aiatolás de um país distante deram essa ordem.
Quando digo que só em 1950 os católicos romanos foram finalmente informados que tinham que acreditar que o corpo de Maria havia subido para o Céu, quero dizer que em 1950 o papa disse que isso era verdade, e então tinha que ser verdade! É claro que algumas coisas que o papa disse ao longo de sua vida devem ser verdade e outras não. Não há nenhuma boa razão para você acreditar em tudo que ele diz mais do que você haveria de acreditar nas coisas que muitas outras pessoas dizem, só porque ele é o papa. O papa atual ordenou às pessoas que não controlasse o número de filhos que vão ter. Se sua autoridade for seguida com a obediência que ele deseja, os resultados poderão ser uma terrível escassez de alimentos, doenças e guerras, causadas por superpopulação.
É claro que, mesmo na ciência, às vezes nós mesmos não vemos as provas e temos de acreditar no que foi dito por outra pessoa. Eu não vi, com os meus próprios olhos, que a luz viaja à velocidade de 300 mil quilômetros por segundo. Mas acredito em livros que me dizem qual é a velocidade da luz. Isso parece "autoridade". Mas na realidade é muito melhor que autoridade, porque as pessoas que escreveram o livro viram as provas, e qualquer um de nós pode examinar as provas com atenção no momento que quiser. Isso é muito confortante. Mas nem mesmo os padres afirmam que há provas para a história de que o corpo de Maria subiu para o Céu.
A terceira má razão para acreditar em algo é "revelação". Se você tivesse perguntado ao papa, em 1950, como ele sabia que o corpo de Maria tinha subido ao Céu, ele provavelmente teria dito que isso lhe fora revelado. Ele se fechou num quarto e rezou, pedindo orientação. Sozinho, ele pensou e pensou, e na sua intimidade teve mais e mais certeza de suas idéias. Quando pessoas religiosas têm uma simples sensação de que algo deve ser verdade, mesmo que não haja provas de que o seja, eles chamam sua sensação de "revelação". Não só os papas afirmam ter revelações. Isso também acontece com muitas pessoas religiosas. É uma de suas principais razões para acreditar naquilo que acreditam. Mas isso é bom ou ruim?
Suponha que eu lhe dissesse que seu cachorro está morto. Você provavelmente ficaria muito triste, e talvez dissesse: "Você tem certeza? Como você sabe? Como aconteceu?". Suponha então que eu respondesse: "Na verdade, eu não sei se Pepe está morto. Eu não tenho provas. Só tenho uma sensação esquisita, bem dentro de mim, de que ele está morto". Você ficaria muito zangada comigo por tê-la assustado, porque você sabe que uma "sensação" por si só não é uma boa razão para acreditar que um cachorro está morto. Você precisa de provas. Todos temos sensações e pressentimentos de tempos em tempos, e descobrimos que às vezes estavam certos, às vezes não. De qualquer forma, pessoas diferentes podem ter sensações opostas, então como decidir quem teve a intuição correta? O único jeito de ter certeza de que um cachorro está morto é vê-lo morto, ou ouvir que seu coração parou de bater, ou obter essa informação de uma pessoa que viu ou ouviu alguma prova de que ele está morto.
As pessoas às vezes dizem que devemos acreditar em sensações íntimas, senão você nunca teria certeza de coisas como "Minha esposa me ama". Mas esse é um argumento ruim. Pode haver muitas provas de que alguém ama você. Durante todo o dia em que você está com alguém que a ama, você vê e ouve pequenas provas, e elas se somam. Não é somente uma sensação interior, como a sensação que os padres chamam de revelação. Há outras coisas para apoiar a intuição: olhares, um tom carinhoso de voz, pequenos favores e gentilezas; tudo isso serve de prova.
Certas pessoas têm forte sensação de que alguém as ama sem que isso esteja baseado em provas, e então é provável que estejam completamente enganadas. Há pessoas com uma forte intuição de que um astro do cinema está apaixonado por elas, mas na realidade o astro de cinema nem sequer as encontrou. Pessoas assim são doentes da cabeça. Sensações íntimas ou intuições precisam ser apoiadas por provas, senão você simplesmente não pode confiar nelas.
As intuições são valiosas na ciência também, mas só para lhe dar idéias que você então testa, procurando provas. Um cientista pode ter um "pressentimento" sobre uma idéia que ele "sente" estar correta. Por si só, isso não é uma boa razão para acreditar nela. Mas pode ser uma razão para passar algum tempo fazendo experimentos, ou à busca de provas. Cientistas usam a intuição o tempo todo para ter idéias. Mas elas não valem nada até que sejam apoiadas por provas.
Eu prometi que voltaria à tradição, para examiná-la de outro modo. Quero explicar o que a tradição é tão importante para nós. Todos os animais são construídos (pelo processo chamado de evolução) para sobreviver no local em que seus semelhantes vivem. Leões são construídos para sobre sobreviver nas planícies da África. O lagostim é construído para sobreviver na água doce, enquanto as lagostas são adaptadas para a vida na água salgada. As pessoas também são animais, e somos construídos para viver bem no mundo cheio de... outras pessoas. A maioria de nós não caça para obter comida, como as lagostas ou os leões; nós a compramos de pessoas que, por sua vez, a compram de outras pessoas. Nós "nadamos" num "mar de pessoas". Assim como um peixe precisa das brânquias para sobreviver na água, as pessoas precisam do cérebro que as torna capazes de se relacionarem umas com as outras. Assim como o mar está cheio de água salgada, o mar de pessoas está cheio de coisas difíceis de aprender. Como a linguagem.
Você fala inglês, mas sua amiga Ann-Kathrin fala alemão. Cada um de vocês fala a língua que lhes permite "nadar" no seu "mar de pessoas". A linguagem é transmitida por tradição. Não há outra alternativa. Na Inglaterra, Pepe é um dog. Na Alemanha, ele é ein Hund. Nenhuma dessas palavras é mais correta ou verdadeira do que a outra. As duas foram transmitidas ao longo do tempo, só isso. Para serem boas em "nadar no seu mar de pessoas", as crianças têm que aprender a língua de seu país, e muitas outras coisas sobre o seu povo; e isso só quer dizer que elas precisam absorver, como papel mata-borrão, uma enorme quantidade de informações sobre tradições (lembre que essas informações são aquelas passadas dos avós para pais e deste para filhos). O cérebro da criança tem que absorver informações sobre tradições. Não é de se esperar que a criança consiga separar a informação boa e útil, como as palavras de uma língua, das informações ruins e tolas como acreditar em bruxas, demônios e virgens imortais.
É uma pena – mas não deixa de ser assim – que, por serem sugadoras da informação sobre tradições, as crianças possam acreditar em qualquer coisa que os adultos lhes digam. Não importa se é falso ou verdadeiro, certo ou errado. Muito do que os adultos dizem é verdadeiro e baseado em provas, ou pelo menos sensato. Mas se parte do que é dito é falso, tolo ou até malvado, não há nada para impedir as crianças de acreditarem naquilo também. E quando as crianças crescerem o que farão? Bom, é claro que contarão as histórias para a próxima geração de crianças. Então, uma vez que uma idéia se torna uma crença arraigada – mesmo que seja completamente falsa e nunca tenha havido uma razão para acreditar nela –, pode durar para sempre.
Será isso o que aconteceu com as religiões? A crença de que há um Deus ou deuses, crença no Céu, crença em que Maria nunca morreu, que Jesus nunca possuiu um pai humano, que as rezas são respondidas, que vinho se torna sangue – nenhuma dessas crenças é apoiada por boas provas. E, no entanto, milhões de pessoas acreditam nelas. Talvez isso ocorra porque elas foram levadas a acreditar nessas coisas quando eram tão jovens que aceitavam qualquer coisa.
Milhões de pessoas acreditam em coisas bem diferentes, porque diferentes coisas lhes foram ensinadas quando eram crianças. Coisas diferentes são ditas para crianças muçulmanas e cristãs, e ambas crescem totalmente convencidas de que estão certas e as outras erradas. Mesmo entre cristãos, católicos romanos acreditam em coisas diferentes dos anglicanos ou de pessoas como os shakers [adeptos da Igreja milênio] ou quacres, mórmons ou Holy Rolers, e todos estão plenamente convencidos de que estão certos e os outros errados. Acreditam em coisas diferentes exatamente pela mesma razão que você fala inglês e Ann-Kathrin fala alemão. Ambas as línguas são, em seu próprio país, a língua certa para se falar. Mas não pode ser verdade que religiões diferentes estão corretas em seus próprios países, pois religiões diferentes afirmam que coisas opostas são verdadeiras. Maria não pode estar viva na Irlanda do Sul (um país católico) e morta na Irlanda do Norte (que é protestante).
O que podemos fazer sobre tudo isso? Não é fácil para você fazer alguma coisa, porque você só tem dez anos. Mas você pode experimentar o seguinte. Da próxima vez que alguém lhe disser algo que parecer importante, pense: "Será que isso é o tipo de coisa que as pessoas sabem por causa de provas?
Ou será o tipo de coisa em que as pessoas acreditam só por causa de tradição, autoridade ou revelação?". E, da próxima vez que alguém lhe disser que uma coisa é verdade, por que não perguntar: "Que tipo de prova há para isso?". E, se ela não puder lhe dar uma boa resposta, eu espero que você pense com muito carinho antes de acreditar em qualquer palavra daquilo que foi dito.
De seu querido Papai.
Texto grande, mas vale a leitura.
Dissertem, ou não (provavelmente não)
O poder é de vocês.
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brunohardrocker Veterano |
# fev/12
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Belas palavras de sedução. Só.
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tambourine man Veterano |
# fev/12 · Editado por: tambourine man
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Sr Dawkins
Não há essa suposta hierarquia de saberes, eles são em larga medida incomensuráveis, sr Dawkins. Pare de desqualificar os outros saberes e volte para o seu mundinho acadêmico delimitado, enunciando as suas verdades dentro dos seus círculos disciplinares, suas caixinhas de pensar.
A realidade é muito maior que qualquer caixinha. Não existe uma realidade científica ou que opere por provas, existe uma visão de mundo científica que se valida por esses procedimentos (que são, em larga medida, muito limitados).
grato
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tambourine man Veterano |
# fev/12
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brunohardrocker Belas palavras de sedução. Só.
Até os 12 anos deve convencer, depois disso vira lero-lero
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brunohardrocker Veterano |
# fev/12
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tambourine man
É muito bem escrita e até honesta, eu também gostaria de ter essa lábia pra conquistar alguém. Mas é a filha. Não se pode ser o mesmo pastife arrogante do mundo lá fora, se não a filha não vai gostar, porque tem o coraçãozinho mole graças à cultura cristã predominante.
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tambourine man Veterano |
# fev/12
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brunohardrocker
Não é honesta pois tenta desqualificar algo a partir da sua própria visão, ao invés de refutar pela lógica interna (coisa que Dawkins é incapaz). É arrogante e inconsistente
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Cavaleiro Veterano |
# fev/12
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brunohardrocker porque tem o coraçãozinho mole graças à cultura cristã predominante.
Esta frase foi séria ou uma ironia?
tambourine man
Não há essa suposta hierarquia de saberes, eles são em larga medida incomensuráveis, sr Dawkins. Pare de desqualificar os outros saberes e volte para o seu mundinho acadêmico delimitado, enunciando as suas verdades dentro dos seus círculos disciplinares, suas caixinhas de pensar.
Depende do que você considera hierarquia dos saberes, para mim quanto mais rígida a estrutura para validar um conhecimento (a partir de critérios que façam algum sentido como a observação, por exemplo) como verdadeiro, maior as chances de ele representar a verdade, embora já tenha dado meu posicionamento para validação de um conhecimento a partir da sua utilidade.
Então há uma tendência a confiar mais em um conhecimento que vem do método científico com as hard sciences, que presume-se independente de contexto frente a um que depende de contexto (e tem um método um pouco menor rigoroso) e é mais difícil de aplicar como um conhecimento das soft sciences das ciências sociais que por sua vez tem maior rigor que pseudociências e metafísica.
Eu digo que isto faz sentido do ponto de vista racional, agora se for analisar que há uma infinidade de proposições e possibilidades de atingir o conhecimento e o método foi criado pelo homem que por sua vez é falho e o próprio método não é auto-validado eu tenho a tendência a pensar que ele não é o melhor método possível e seja muito limitado na busca pelas verdades. Mas é o que trouxe mais resultados mensuráveis e avanços tecnológicos até então.
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brunohardrocker Veterano |
# fev/12
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Cavaleiro
Não foi séria.
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tambourine man Veterano |
# fev/12
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Cavaleiro
Existe uma realidade científica ou uma visão científica da realidade?
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Vick Vaporub Veterano |
# fev/12
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Grande Dawkins.
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One More Red Nightmare Veterano |
# fev/12
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O método científico deve ser utilizado para descrever as leis pelas quais os fenômenos da natureza ocorrem; talvez não a realidade per se, mas um modelo da realidade dos fenômenos.
Tudo depende daquilo que se entende por "realidade". O método científico é válido para descrever a realidade do ser humano no mundo? Acho que não, mas o que eu sei é que as respostas encontradas não terão a mesma validade que têm em outras ''realidades''.
Refutem, por favor.
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Cavaleiro Veterano |
# fev/12 · Editado por: Cavaleiro
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tambourine man
Uma realidade científica, embora a realidade não se limite a ela (ou o conhecimento que podemos extrair dela no paradigma atual).
A gravidade por exemplo, foi "descoberta" pela ciência embora sempre tenha existido.
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brunohardrocker Veterano |
# fev/12
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Cavaleiro
Você particularmente defende a idéia de quem não há absolutamente nenhuma boa razão para acreditar sem provas cientificas, mesmo depois de colocar em questionamento a tradição, que não temos culpa de ser passada, mas assumindo uma posição que parte do conhecimento filosófico, no entanto os outros preconceituosamente (e como manobra de marketing) retratam isso como "medo do desconhecido"?
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mateussch Veterano |
# fev/12 · Editado por: mateussch
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Deve ter sido o texto mais longo que eu li no OT.
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tambourine man Veterano |
# fev/12
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Cavaleiro One More Red Nightmare
para mim só existe uma realidade. Tratar como mais de uma só aumenta o problema e dificulta a solução
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Die Kunst der Fuge Veterano |
# fev/12 · Editado por: Die Kunst der Fuge
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tambourine man
Tenho uma dúvida sobre até que ponto vai essa sua desconstrução. Quando você mede a sua altura ou checa o seu peso pra postar no tópico, você considera que o valor obtido corresponde à realidade [com uma reconhecida imprecisão inerente ao método que você usa para medi-la]?
Pelo seu modo de interpretar a realidade, o que significa esta medida que você obteve?
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One More Red Nightmare Veterano |
# fev/12
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Pelo seu modo de interpretar a realidade, o que significa esta medida que você obteve?
Uma representação arbitrária da realidade.
tambourine man E você considera essa realidade única como completamente intangível?
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Die Kunst der Fuge Veterano |
# fev/12
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One More Red Nightmare Uma representação arbitrária da realidade.
A escolha do aspecto da realidade a ser representado foi arbitrário, ou seja, eu escolhi que gostaria de representar a altura.
Mas e o valor obtido através da medição, em relação a este aspecto, o que significa?
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Cavaleiro Veterano |
# fev/12
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brunohardrocker
boa razão para acreditar
Este é o ponto chave, acreditar racionalmente. Eu acredito naquilo que faz sentido por meio da razão pra mim, seja por hard science, soft science, filosofia (mesmo dialética).
Eu tenho dificuldades em crer sem que isto faça sentido pra mim por meio da razão, ou seja, o conhecimento adquirido não seja passível de análise por métodos que façam sentido pra mim (estatístico, observacional, análise contextual, lógica, por exemplo).
No fim tudo acaba sendo uma crença e até concordo de certa forma quando o Coltrane dizia que esta era a minha religião, mas também concordo com a citação do Jô Soares feita pelo Root quando falou sobre as ferramentas para a busca pela verdade. É mais fácil e racional no meu ponto de vista acreditar em um método que tenha passado por experimentação prática e trouxe resultados mensuráveis para a sociedade.
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Die Kunst der Fuge Veterano |
# fev/12
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Cavaleiro com a citação do Jô Soares feita pelo Root
suhsaushaushushu Eu que inventei aquilo, botei o Jô Soares de sacanagem, só pra avisar =P
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Cavaleiro Veterano |
# fev/12
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Die Kunst der Fuge
ahsuashuashasu
Foi uma boa citação, até estranhei.
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One More Red Nightmare Veterano |
# fev/12
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Die Kunst der Fuge A arbitrariedade está (também) na unidade da medida. Não há nenhum significado, pois a ciência ignora qualquer possibilidade de essência; ela investiga o fenômeno que, por definição, é desprovido de significado.
Que fique claro que não estou (nem quero) respondendo pelo Coltrane, só dei minha opinião.
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brunohardrocker Veterano |
# fev/12
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Cavaleiro É mais fácil e racional no meu ponto de vista acreditar em um método que tenha passado por experimentação prática e trouxe resultados mensuráveis para a sociedade.
Por ser mais fácil, considera exclusivo?
Se eu conseguisse romper todas as barreiras do seu íntimo (que viadagem!), tem absoluta certeza que sua resposta seria a mesma que me apresenta agora?
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Cavaleiro Veterano |
# fev/12
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brunohardrocker
Não considero exclusivo, embora teria uma certa dificuldade para mudar uma forma de pensar consolidada por muitas validações pessoais. Característica natural do ser humano somado a minha teimosia.
Mas se fizesse sentido pra mim, eu mudaria de opinião, inclusive em relação a religião. Já mudei várias vezes, quem não está aberto a mudanças fica mentalmente estagnado.
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brunohardrocker Veterano |
# fev/12
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One More Red Nightmare A arbitrariedade está (também) na unidade da medida.
Considera axiomas essencialmente arbitrários?
Cavaleiro
Boa.
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One More Red Nightmare Veterano |
# fev/12
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brunohardrocker Depende de que tipo de axioma. Um axioma matemático é arbitrário por definição; um axioma que é auto explicativo não.
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Die Kunst der Fuge Veterano |
# fev/12 · Editado por: Die Kunst der Fuge
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One More Red Nightmare A arbitrariedade está (também) na unidade da medida. Não há nenhum significado, pois a ciência ignora qualquer possibilidade de essência; ela investiga o fenômeno que, por definição, é desprovido de significado.
Eu pego um toco de tamanho X desconhecido e chamo ele de metro. [A escolha do toco foi arbitrária, bem como o tamanho que ele possui, bem como o nome dado a ele.]
Eu decido comparar a altura deste toco com outro toco. [A decisão de comparar foi arbitrária, a decisão de comparar a altura foi arbitrária, o outro toco que eu escolhi para comparar foi arbitrário.]
Eu coloco os dois tocos lado a lado e, com o grau de resolução que disponho, verifico que os dois tocos tem a mesma altura.
I. Qual a arbitrariedade no valor da relação de tamanho obtida na comparação entre os dois tocos?
II. Sabendo que é reconhecida uma margem de erro referente à resolução do método utilizado para medir, ou seja, sabe-se que há um erro atrelado ao resultado, no que se difere a relação de tamanho obtida entre os tocos, da relação que eles possuem na realidade?
III. Se ao invés do toco X que eu selecionei como padrão, eu tivesse escolhido um toco Y de tamanho diferente do tamanho de X, a relação entre os dois tocos que eu comparei inicialmente se alteraria?
Depois disto:
Você sabe o que significa dizer que uma coisa tem 1,75 metros de altura?
ps: Espero o mínimo de cooperação pra que eu não tenha de re-escrever a mesma coisa com 50 linhas só por causa de semântica.
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brunohardrocker Veterano |
# fev/12
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One More Red Nightmare Um axioma matemático é arbitrário por definição; um axioma que é auto explicativo não.
Mas o matemático é necessário, se não, não se chaga a ao método. Não é? Então podemos dizer que é uma arbitrariedade necessária.
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Mary Lennox Pitéu OT 2012 |
# fev/12
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Bato palma pra vocês.
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brunohardrocker Veterano |
# fev/12
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Mary Lennox
Bato pra vc tb.
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