Mantega botou o dedo na ferida: o mundo precisa de uma nova moeda

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SayArtur
Veterano
# nov/10


Mantega botou o dedo na ferida: o mundo precisa de uma nova moeda

A reunião de cúpula do G20 será aberta nesta quinta-feira (11) em Seul à sombra de uma guerra cambial que ameaça degenerar em conflitos comerciais e políticos mais sérios entre as nações. O ministro da Fazenda, Guido Mantega, botou o dedo na ferida ao defender a substituição do dólar como moeda mundial. Mas é pouco provável que a proposta seja debatida ou acatada. O encontro na capital da Coreia do Sul lembra o ruidoso parto da montanha que gerou um rato.

Por Umberto Martins

Mantega defende uma reforma no sistema monetário internacional que subtraia do dólar a condição de moeda mundial, aceita universalmente como meio de pagamento, unidade de referência para contratos e preços e reserva de valor.

O dinheiro de Tio Sam, que não leva em conta o interesse alheio na definição de sua política monetária, seria substituído por um novo papel, supranacional, cujo valor seria estabelecido com base nas principais moedas da atualidade: o dólar, o iuane (chinês), o euro, o iene (japonês), a libra esterlina (britânica) e, segundo a sugestão do ministro, o real brasileiro.

Privilégio americano
Mantega citou como exemplo o Direito Especial de Saque (DES) do Fundo Monetário Internacional (FMI), também baseado numa cesta das principais moedas (excluindo, entre as citadas, o real). A proposta não chega a ser propriamente uma novidade. A China já tinha lançado ideia parecida no ano passado, mas o debate não prosperou.

O ministro tem razão. O pano de fundo da chamada guerra cambial (expressão que ele usou pela primeira vez para caracterizar a instabilidade monetária desses dias) é a posição especial ocupada pelo dólar na economia internacional, ao mesmo tempo em que cabe aos EUA o privilégio da emissão, ou seja, a atribuição de estabelecer o valor relativo das verdinhas ou pelo menos influenciar poderosamente nesta direção, através das políticas monetária e fiscal.

Não se pode negar às autoridades estadunidenses a soberania sobre a política monetária e o direito de emitir dólares, do mesmo modo que não se pode negar à China a soberania sobre a política cambial. O problema, no primeiro caso, é que o dólar é a moeda mundial. Não circula apenas nos Estados Unidos, mas em todo o mundo. É a referência dos preços das mercadorias, a começar pelo petróleo, e dos contratos.

Inflação mundial
Sendo assim, é inevitável que a emissão excessiva de dólares (como no caso dos 600 bilhões para compra de títulos do Tesouro anunciado pelo Federal Reserve) resulte em desalinhamento cambial, gerando conflitos nos preços relativos das moedas (guerra cambial), reações unilaterais das nações e inflação mundial. Boa parte da alta das commodities, por exemplo, ocorre em contrapartida ao declínio do dólar.

A instabilidade cambial, conforme notaram vários empresários, é pior do que a valorização ou desvalorização da moeda para os negócios, pois inviabiliza o planejamento, sujeita exportadores e importadores a ganhos ou prejuízos inesperados, fomenta a especulação e, como inflação, transforma o comércio exterior num jogo perigoso.

Crise da hegemonia
Vítima dos desequilíbrios colossais e do crescente parasitismo cultivados pelo imperialismo, decorrentes de quatro décadas de acumulação de déficit comercial e refletidos numa escandalosa necessidade de financiamento externo, o padrão dólar há muito não é capaz de garantir estabilidade aos mercados de câmbio. Não tem mais condições de desempenhar as funções de moeda mundial. Daí o clamor crescente por sua substituição.

O diabo é que este tipo de problema não será resolvido apenas no campo da economia. Depende de condições políticas que certamente ainda não estão maduras. Afinal, a supremacia do padrão dólar é emblemática da hegemonia americana. A crise do dólar é mais uma expressão da crise da hegemonia dos EUA e sua solução envolve mudanças mais amplas em direção a uma nova ordem mundial. Mas não creio que isto seja sequer sinalizado pela cúpula de Seul. E tampouco que virá sem luta.

Dissertem, ou não...

fill.zanchez
Veterano
# nov/10
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e, segundo a sugestão do ministro, o real brasileiro.

E tem Real em outro país?

renansena777
Veterano
# nov/10
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Esse lance de nova ordem mundial me da medo

Cavaleiro
Veterano
# nov/10
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Nunca fui tão fã do Mantega, mas ele foi muito feliz em suas colocações, principalmente em:

cujo valor seria estabelecido com base nas principais moedas da atualidade: o dólar, o iuane (chinês), o euro, o iene (japonês), a libra esterlina (britânica) e, segundo a sugestão do ministro, o real brasileiro.

Claro que o real foi questão de nacionalização, mas já pensei nisso, um papel que corresponderia aos papéis dos principais países do mundo.

J. S. Coltrane
Veterano
# nov/10
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Sou a favor da quebra do monopólio estatal de emissão de moeda.

Cavaleiro
Veterano
# nov/10
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J. S. Coltrane

Você é contra tudo que é ortodoxo.

The Root Of All Evil
Veterano
# nov/10
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E tem Real em outro país?

Real Madrid

jimmy vandrake
Veterano
# nov/10
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Achar que a maior potência econômica mundial vai adotar medidas paternalistas em proteção à moedas estrangeiras de países em desenvolvimento é um tanto infantil. Principalmente quando um país como o Brasil reserva-se o luxo de operar com a maior taxa de juros anual do planeta aliado a uma política fiscal na orde de 35%.
Até eu que não sou economista diria para irem procurar sua turma.

J. S. Coltrane
Veterano
# nov/10
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Cavaleiro

mas quem defende isso são os pais da ortodoxia, Hayek e Friedman, um dos dois.

fill.zanchez
Veterano
# nov/10
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renansena777
Esse lance de nova ordem mundial me da medo


A mim também.

Cavaleiro
Veterano
# nov/10 · Editado por: Cavaleiro
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J. S. Coltrane

Eles eram liberalistas extremistas.

Acho estranho você ir de acordo com eles.

EDIT: Mas eu não vejo nenhum deles como defensores do que é ortodoxo.

fill.zanchez
Veterano
# nov/10
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The Root Of All Evil
E tem Real em outro país?

Real Madrid


¬¬

-Dan
Veterano
# nov/10
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Não tenho capacidade intelectual para comentar sobre, vou só le por eqto. =)

J. S. Coltrane
Veterano
# nov/10
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Cavaleiro

Isso porque essa polarização esquerda-direita é só uma simplificação para livros didáticos. Sou liberal no sentido que sou contra o estado, pelas liberdades pessoais, coisa e tal. Mas eu acho que eles ficam de mimimi quando o assunto deixa de ser liberal e passa a ser libertário.

Cavaleiro
Veterano
# nov/10
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J. S. Coltrane

Mas você como Marxista deveria ser contra o capitalismo de livre mercado.

The Root Of All Evil
Veterano
# nov/10 · Editado por: The Root Of All Evil
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Cavaleiro
Mas você como Marxista

Marxólogo, como ele se intitula.

J. S. Coltrane
Veterano
# nov/10
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Cavaleiro

É que eu sou groucho-marxista

EternoRocker
Veterano
# nov/10
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o mundo precisa de uma nova moeda

Concordo plenamente...

SayArtur
Veterano
# nov/10
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jimmy vandrake

É óbvio que os EUA não vão concordar... Para eles é muito interessante ter a sua moeda com essa importância toda... Afinal, nos momentos menos favoráveis da economia eles podem tomar medidas como a que estão tomando agora: Aquecer a sua economia esfriando todas as outras...

A idéia é interessante msm... Apesar de ser politicamente inviável por enquanto...

Aliás, o Mantega foi bem ácido nas críticas à desvalorização do dólar... Vi uma matéria com um depoimento dele descendo a lenha na medida...

J. S. Coltrane
Veterano
# nov/10
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esses ministros de países periféricos que acham que mandam em alguma coisa são muito engraçados. E ainda acham que o real é uma moeda.

Gui
Veterano
# nov/10
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ele botou o pau na mesa e falou "me chupem, seus bostas"

só isso.


eu ia tecer um comentario mais extenso e feliz, mas aqui no trampo não rola..só rola falar de futebol, que não precisa pensar muito.

r2s2
Veterano
# nov/10
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J. S. Coltrane
Sou a favor da quebra do monopólio estatal de emissão de moeda.


Mas nos EUA já é assim. E se vc pensar nos baixíssimos níveis de compulsório do mundo (coisa de 10% nos EUA), a criação de dinheiro escritural pode ser considerado uma forma de emissão de moeda da área privada.

É isso ou falei merda? Muita ou pouca?

SayArtur
Veterano
# nov/10
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Lula também comentou sobre o assunto:

http://economia.uol.com.br/ultimas-noticias/reuters/2010/11/11/lula-de fende-discussao-de-alternativa-ao-dolar-no-comercio.jhtm

r2s2
Veterano
# nov/10
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J. S. Coltrane
esses ministros de países periféricos que acham que mandam em alguma coisa são muito engraçados. E ainda acham que o real é uma moeda.


Pois é, ainda mais moedas sem valor de troca. Só pq o iene é do Japão e o yuan renmibi da China isso não quer dizer que sirvam como moeda de troca.

Acho que só o Euro e o Dólar têm essa força, e quem sabe, em muito menor importância, a libraq esterlina.

Codinome Jones
Veterano
# nov/10
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por duas vezes li 'manteiga''.

Zandor
Veterano
# nov/10
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Sou a favor da quebra do monopólio estatal de emissão de moeda.


Esse daí imprime nota de 50 reais e vai no mercadinho comprar uma batata

IgorC
Veterano
# nov/10
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SayArtur
kd a fonte brother?

abç

SayArtur
Veterano
# nov/10
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IgorC

http://www.vermelho.org.br/noticia.php?id_noticia=141302&id_secao=2

SayArtur
Veterano
# nov/10
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Pois é, ainda mais moedas sem valor de troca. Só pq o iene é do Japão e o yuan renmibi da China isso não quer dizer que sirvam como moeda de troca.

Provavelmente escolheram eles por questões políticas, ou pela importância dos dois países na economia mundial...

-Toolbar-
Veterano
# nov/10 · Editado por: -Toolbar-
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Ferida botou o dedo na manteiga.

\reversal

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