Felicidade Paradoxal - Ensaio (Lipovetsky)

    Autor Mensagem
    Cavaleiro
    Veterano
    # out/10


    Retirei um trecho de um ensaio sobre o livro de Lipovetsky - A Felicidade Paradoxal:

    "Numa era em que os princípios consumistas alcançaram todas as esferas da vida social e individual, a insatisfação existencial faz-se presente. Tornar-se sujeito, responsável por suas competências, torna-se, a cada dia, mais extenuante, depressivo é uma luta diária, sem trégua e solitária. A frustação, o medo, a solidão batem à porta, a felicidade não progride, escapa com obstinação ao controle dos homens.

    O mercado contemporâneo não vende mais um produto, mas um estilo de vida, encontra-se à disposição do consumidor pluralidade de estilos, dentre os quais ele decide o qual quer vivenciar hoje, amanhã é outro dia. Nesta busca incessante pela felicidade, pela realização, o homem consumericus vivencia o hedonismo; para alcançá-la não se estabelecem limites, mesmo os medicamentos passam a ser aceitos e desenvolvidos para atender à procura que se apresenta e cresce a cada dia – a busca pela felicidade.

    Quanto mais consumo, menos regras sociocoercitivas. Há liberdade individual, tem-se o poder de ser quem deseja ser, quando e por quanto tempo, o tempo, a velocidade e o momento do modo de viver e os prazeres que quer vivenciar – prevalecência dos desejos do gozo aqui e agora é determinado por cada um.

    Se por um lado na sociedade do hiperconsumo o indivíduo que alcançou o progresso das ciências e das técnicas tão almejadas tem toda a liberdade de escolha e sofre cada vez menor intervenção social coletiva, há algo que não coaduna com essa realidade, ele não está feliz e cada vez mais necessita de medicamentos para garantir a alegria, a esperança, ou até mesmo o apetite, o sono...

    Essas idéias são propostas nesse ensaio para nos fazer refletir sobre o que pode estar obscurecido e mostra que existe, independentemente do querer do ser humano, algo que não se compra – a Felicidade Paradoxal."

    Vocês se identificam com o texto e concordam com o autor?

    Se existisse uma pílula da felicidade, você a consumiria vorazmente?

    Vejo que as pessoas hoje tem dificuldade em aceitar o sofrimento, o que acarreta em um maior índice no número de suicídios.

    Sendo que o sofrimento é um processo natural que leva a reflexão e ao aprendizado.

    Enfim, dissertem, ou não.

    Abraço aos colegas pedantes e um salve ao mano Konrad por seu ato de heroísmo.

    Fonte

    izzystradlin
    Veterano
    # out/10
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    gerador de lero lero ON

    Clauber guns
    Veterano
    # out/10
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    Já dizia o grande sábio:

    Time is money
    Oh Yeah!

    J. S. Coltrane
    Veterano
    # out/10
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    Tornar-se sujeito

    que papo last week, o sujeito transcendental foi criado por um gerador de lero-lero iluminista burguês. No mais, afirmo de novo: viver buscando a felicidade é a maneira mais fácil de ser cronicamente infeliz.

    Cavaleiro
    Veterano
    # out/10
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    J. S. Coltrane
    viver buscando a felicidade é a maneira mais fácil de ser cronicamente infeliz.

    E é o mal do século.

    Estamos condenados ao hedonismo da sociedade.

    -Dan
    Veterano
    # out/10
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    Pensar demais faz mal.

    Acho que é isso.

    Headstock invertido
    Veterano
    # out/10
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    Sendo que o sofrimento é um processo natural que leva a reflexão e ao aprendizado.

    Porra nenhuma, ninguém gosta de sofrer, seja pra aprender, pra refletir, pra ganhar doce...

    Mas sem sofrimento não há felicidade, pois ela é o raro e curto momento onde o ser humano sai da sua condição natural de miséria.

    Machine Gun Man
    Veterano
    # out/10
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    Headstock invertido
    ninguém gosta de sofrer,

    Que o digam os masoquistas!

    Konrad
    Veterano
    # out/10
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    Cavaleiro
    Quanto mais consumo, menos regras sociocoercitivas. Há liberdade individual, tem-se o poder de ser quem deseja ser, quando e por quanto tempo, o tempo, a velocidade e o momento do modo de viver e os prazeres que quer vivenciar –

    Essa ideia é interessante.

    Mas eu tenho uma opinião muito pouco politicamente correta em relação a isso. Acho que grande parte da crise existencial em massa se deve em parte ao processo de feminização do homem junto com a velocidade que a informação tem.Mas isso é uma longa história.

    Cavaleiro

    Salve!

    Cavaleiro
    Veterano
    # out/10
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    Headstock invertido

    Porra nenhuma, ninguém gosta de sofrer, seja pra aprender, pra refletir, pra ganhar doce...

    Eu não disse que as pessoas gostam de sofrer, mas é um processo tão natural quanto a felicidade deveria ser.

    As pessoas crescem e aprendem mais em ambientes hostis e com a tristeza do que com a felicidade, que a mantém na sua zona de conforto.

    Um bom livro é aquele que te deixa pra baixo, auto ajuda só serve para auto ajudar o autor do livro.

    Headstock invertido
    Veterano
    # out/10
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    Machine Gun Man
    Ops...
    Mas masoquismo está relacionado com um conjunto muito limitado de sofrimentos, não vai muito além de dor física e humilhação. E a parcela de adeptos é pequena em relação ao restante. Errei, mas é um caso a parte.

    Cavaleiro
    Eu não disse que as pessoas gostam de sofrer, mas é um processo tão natural quanto a felicidade deveria ser.

    Sim, concordo. Acho que sofrer é algo ainda mais natural ao ser humano que a própria felicidade, que defini ali acima da forma como a vejo.

    brunohardrocker
    Veterano
    # out/10
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    Vocês se identificam com o texto e concordam com o autor?

    Me identifico, quanto a 'concordar' ainda preciso de um tempo.

    Se existisse uma pílula da felicidade, você a consumiria vorazmente?

    Não.

    Vejo que as pessoas hoje tem dificuldade em aceitar o sofrimento, o que acarreta em um maior índice no número de suicídios.

    Sendo que o sofrimento é um processo natural que leva a reflexão e ao aprendizado.


    Tenho uma posição mais ou menos parecida. Por isso tenho tanta aversão a intelectuais que falam da liberdade. De pessoas que falam da liberdade como se fosse uma só para todos, e não é assim. "Ah, eu trabalho com carteira assinada e tenho que possuir documentos pra poder viver inserido nessa sociedade cheia de regras, logo não sou livre." A pessoa que fala coisas assim, não tem idéia do que está falando. Eu poderia muito bem relativizar em cima disso e dizer "então você não é livre porque precisa de um nome para que os outros se comuniquem com você".
    Pra mim, é importante evoluírmos, mas as regras existem pra nos adequar ao momento que estamos e evitar o caos. É pura nóia falar em falta de liberdade por qualquer motivo banal.

    Cavaleiro
    Veterano
    # out/10 · Editado por: Cavaleiro
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    brunohardrocker
    Tenho uma posição mais ou menos parecida. Por isso tenho tanta aversão a intelectuais que falam da liberdade. De pessoas que falam da liberdade como se fosse uma só para todos, e não é assim. "Ah, eu trabalho com carteira assinada e tenho que possuir documentos pra poder viver inserido nessa sociedade cheia de regras, logo não sou livre." A pessoa que fala coisas assim, não tem idéia do que está falando. Eu poderia muito bem relativizar em cima disso e dizer "então você não é livre porque precisa de um nome para que os outros se comuniquem com você".

    Isso me lembrou a discussão de ontem.

    Por isso eu gosto de Montesquieu, ele é bem pragmático nesse sentido e não abre muito espaço para a visão romantizada da liberdade, parece um troll.

    Pra mim, é importante evoluírmos, mas as regras existem pra nos adequar ao momento que estamos e evitar o caos. É pura nóia falar em falta de liberdade por qualquer motivo banal.

    Headstock invertido
    Veterano
    # out/10
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    Se a quantidade de oxigênio pra cada ser humano fosse limitada, respirar teria um valor perceptivo absurdamente maior do que tem, mesmo sendo uma tarefa vital.

    Machine Gun Man
    Veterano
    # out/10
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    Headstock invertido

    Relaxa, só tô enxendo.
    Mas nem é um caso a parte... eles não gostam de sofrer, de fato. Só são masoquistas enquanto a dor e a humilhação geram prazer, e não sofrimento. Eles não devem apreciar a morte da mãe, por exemplo.

    Headstock invertido
    Veterano
    # out/10
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    Machine Gun Man
    Verdade, o sofrimento em si é apenas catalizador pra que a pessoa sinta prazer, sendo assim ela o faz pelo prazer, não pela dor.

    Cavaleiro
    Veterano
    # out/10
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    Headstock invertido
    Se a quantidade de oxigênio pra cada ser humano fosse limitada, respirar teria um valor perceptivo absurdamente maior do que tem, mesmo sendo uma tarefa vital.


    Assim como todo recurso em escassez.

    Cavaleiro
    Veterano
    # out/10
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    Fugindo do meu próprio tópico. Hume era genial:

    O argumento teleológico

    Um dos argumentos mais antigos e populares para a existência de Deus é o argumento teleológico - que toda a ordem e "objectivo" do mundo evidencia uma origem divina. Hume usou o criticismo clássico do argumento teleológico, e apesar do assunto estar longe de estar esgotado, muitos estão convencidos de que Hume resolveu a questão definitivamente. Aqui alguns dos seus pontos:

    1. Para o argumento teleológico funcionar, seria necessário que só nos pudessemos aperceber de ordem quando essa ordem resulta do desígnio (criação). Mas nós vemos "ordem" constantemente, resultante de processos presumivelmente sem consciência, como a geração e a vegetação. O desígnio (criação) diz apenas respeito a uma pequena parte da nossa experiência de "ordem" e "objectivo".
    2. O argumento do desígnio, mesmo que funcionasse, não poderia suportar uma robusta fé em Deus. Tudo o que se pode esperar é a conclusão de que a configuração do universo é o resultado de algum agente (ou agentes) moralmente ambíguo, possivelmente não inteligente, cujos métodos possuam alguma semelhança com a criação humana.
    3. Pelos próprios princípios do argumento teleológico, a ordem mental de Deus e a funcionalidade necessitam de explicação. Senão, podemos considerar a ordem do universo, etc, inexplicada.
    4. Muitas vezes, o que parece ser objectivo, onde parece que o objecto X tem o aspecto A por forma a assegurar o fim F, é melhor explicado pelo processo da filtragem: ou seja, o objecto X não existiria se não possuisse o aspecto A, e o fim F é apenas interessante para nós. Uma projecção humana de objectivos na natureza. Esta explicação mecânica da teleologia antecipou a selecção natural, e é de se observar que um século antes de Darwin.

    Para trabalho contemporâneo relevante, ver "Hume's Philosophy of Religion" de J.C.A. Gaskin e "The Existence of God" de Richard Swinburne. Para uma perspectiva de um filósofo da biologia, ver "Philosophy of Biology" de Elliot Sober.jj
    [editar] Sociologia da Religião de Hume

    David Hume ficou conhecido sobretudo pelas contribuições na filosofia. Mas não menos dignas de destaque são as observações na análise da religião. Pode falar-se de ideias pioneiras para a sociologia da religião, que ficam patentes na obra de 1757, The Natural History of Religion.
    [editar] Teoria da Oscilação

    Hume rejeita a ideia de uma evolução linear desde o politeísmo para o monoteísmo como um sumário da evolução histórica dos últimos 2.000 anos.

    Na verdade, Hume acredita que o que a história mostra é antes um oscilar irracional entre politeísmo e monoteísmo. Chama-lhe um "flux and reflux" (fluxo e refluxo, um oscilar) entre as duas opções. Nas palavras de Hume: "a mente humana mostra uma tendência maravilhosa para oscilar entre diferentes tipos de religião: eleva-se do politeísmo para o monoteísmo para voltar a afundar-se na idolatria"

    Como Gellner afirma, esta oscilação não é o resultado de qualquer racionalidade, mas sim com os "mecanismos do medo, incerteza, da superioridade e inferioridade".
    [editar] Do politeísmo para o monoteísmo

    Os povos que adoram vários deuses com poderes limitados podem facilmente conceber um Deus com um poder mais extenso, ainda mais digno de veneração do que os outros. "Neste processo, os homens chegam ao estágio de um só Deus como ser infinito, a partir do qual nenhum progresso é possível".
    [editar] Do monoteísmo para o politeísmo

    Esse Deus único, todo poderoso, é porém igualmente um Deus distante e de difícil acesso para o comum dos mortais (sobretudo se estes são analfabetos - e na Europa da Idade Média, a esmagadora maioria da população era analfabeta). O contacto directo com as escrituras sagradas na Idade Média permanecia um privilégio de uma casta limitada - o clero. A maioria do povo comum, analfabeto, sente-se impossibilitado de aceder a Deus por via "directa". Neste momento, torna-se visível um princípio psicológico que caminha numa direcção contrária.

    Esse princípio psicológico é a ideia de que os homens vivem em busca da protecção, do apoio. Torna-se necessária a figura de intermediários perante o comum dos mortais e o Deus todo poderoso. Uma função para os santos, relíquias, ... "Estes semi-deuses e intermediários, que são vistos pelos homens como parentes e lhes parecem menos distantes, são objecto da adoração e assim, a idolatria está de volta..."
    [editar] Novamente de regresso ao monoteísmo

    Mas mais uma vez, o pêndulo tem de retornar. Como Gellner afirma, em breve, "o Panteão torna a encher-se". Hume: "À medida que estas diferentes formas de idolatria dia por dia descem às formas cada vez mais baixas e ordinárias, acabam por se auto-destruir e as horríveis formas de idolatria vão acabar por provocar um retorno e um desejo de regresso ao monoteísmo... Por isso (entre os judeus e os muçulmanos) é que há proibição de figuras humanas na pintura e mesmo na escultura, porque eles receiam que a carne seja fraca e que acabe por se deixar levar para a idolatria".

    Hume mostra exemplos desta evolução: É a luta de Jeová contra os Bealim de Canaã, da Reforma contra o Papado, e do Islão contra as tendências pluralistas (ver sufismo).

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