Leiam e se revoltem Indenização de terrorista é maior que a da vítima

    Autor Mensagem
    Private Pyle
    Veterano
    # mar/08


    "O Globo" 12/03/08
    Em 2008, remunera-se o terrorista de 1968

    ELIO GASPARI

    Daqui a oito dias completam-se 40 anos de um episódio pouco lembrado e injustamente inconcluso. À primeira hora de 20 de março de 1968, o jovem Orlando Lovecchio Filho, de 22 anos, deixou seu carro numa garagem da Avenida Paulista e tomou o caminho de casa. Uma explosão arrebentou-lhe a perna esquerda. Pegara a sobra de um atentado contra o consulado americano, praticado por terroristas da Vanguarda Popular Revolucionária.

    (Nem todos os militantes da VPR podem ser chamados de terroristas, mas quem punha bomba em lugar público, terrorista era.) Lovecchio teve a perna amputada abaixo do joelho e a carreira de piloto comercial destruída. O atentado foi conduzido por Diógenes Carvalho Oliveira e pelos arquitetos Sérgio Ferro e Rodrigo Lefevre, além de Dulce Maia e uma pessoa que não foi identificada.

    A bomba do consulado americano explodiu oito dias antes do assassinato de Edson Luis Lima Souto no restaurante do Calabouço, no Rio de Janeiro, e nove meses antes da imposição ao país do Ato Institucional no5. Essas referências cronológicas desamparam a teoria segundo a qual o AI-5 provocou o surgimento da esquerda armada. Até onde é possível fazer afirmações desse tipo, pode-se dizer que sem o AI-5 certamente continuaria a haver terrorismo e sem terrorismo certamente teria havido o AI-5.

    O caso de Lovecchio tem outra dimensão. Passados 40 anos, ele recebe da Viúva uma pensão especial de R$ 571 mensais. Nada a ver com o Bolsa Ditadura. Para não estimular o gênero coitadinho, é bom registar que ele reorganizou sua vida, caminha com uma prótese, é corretor de imóveis e mora em Santos com a mãe e um filho.

    A vítima da bomba não teve direito ao Bolsa Ditadura, mas o bombista Diógenes teve. No dia 24 de janeiro passado o governo concedeu-lhe uma aposentadoria de R$ 1.627 mensais, reconhecendo ainda uma dívida de R$ 400 mil de pagamentos atrasados, Em 1968, com mestrado cubano em explosivos, Diógenes atacou dois quartéis, participou de quatro assaltos, três atentados a bomba e uma execução. Em menos de um ano esteve na cena de três mortes, entre as quais a do capitão americano Charles Chandler, abatido quando saía de casa. Tudo isso antes do AI-5.

    Diógenes foi preso em março de 1969 e um ano depois foi trocado pelo cônsul japonês, seqüestrado em São Paulo. Durante o tempo em que esteve preso, ele foi torturado pelos militares que comandavam a repressão política. Por isso, foi uma vítima da ditadura, com direito a ser indenizado pelo que sofreu. Daí a atribuir suas malfeitorias a uma luta pela democracia iria enorme distância. O que ele queria era outra ditadura. Andou por Cuba, Chile, China e Coréia do Norte. Voltou ao Brasil com a anistia e tornou-se o "Diógenes do PT".

    Apanhado num contubérnio do grãopetismo gaúcho com o jogo do bicho, deixou o partido em 2002.

    Lovecchio, que ficou sem a perna, recebe um terço do que é pago ao cidadão que organizou a explosão que o mutilou. (Um projeto que revê o valor de sua pensão, de iniciativa da exdeputada petista Mariângela Duarte, está adormecido na Câmara.) Em 1968, antes do AI-5, morreram sete pessoas pela mão do terrorismo de esquerda. Há algo de errado na aritmética das indenizações e na álgebra que faz de Diógenes uma vítima e de Lovecchio um estorvo. Afinal, os terroristas também sonham.

    makumbator
    Moderador
    # mar/08 · Editado por: makumbator
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    Private Pyle

    É complicada essa terminologia de terrorista. Na Paris ocupada por alemães na II guerra, a resistência francesa colocava bombas em bares, restaurantes, clubes, estradas, e locais públicos diversos frequentados pelos soldados alemães(principalmente se fossem oficiais), o que obviamente matava não apenas os alemães, como os colaboracionistas franceses(que também eram alvo legítimo) e franceses contrários à ocupação(por exemplo, funcionários desses estabelecimentos, pessoas que por azar estavam ali no momento, etc...). Esse procedimento era feito por todas as resistências, como a holandesa e a grega e os partisans iugoslavos(apenas para citar as mais importantes e ativas). Mas era o preço a se pagar para enfrentar o inimigo, e o estado nazista chamava todos esses atos de terroristas, embora depois da guerra, eles sejam vistos como resistência heróica, e não como terrorismo(apesar que se for tomar pela definição atual ao pé da letra, era isso que era).

    EDIT:

    Os russos adotaram expediente semelhante, e até mais radical e cruel quando Hitler invadiu a união Soviética.

    Private Pyle
    Veterano
    # mar/08
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    Esse cara não atingia inocentes apenas "colateralmente", mas visava aos próprio, como embaixadores de outros países. Além disso, ele não queria "liberar o Brasil", apenas transformar em uma ditadura muito pior.

    makumbator
    Moderador
    # mar/08
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    Private Pyle

    Mas aí que está, dentro da ótica deles, o embaixador americano era um grande inimigo(lembrando que os EUA com a CIA manipulava os governos da américa latina sem a menor cerimônia segundo seus insteresses). O cidadão machucado não era o alvo principal, mas um infeliz no local e hora errada.
    A questão de transformar o Brasil em uma ditadura pior também é controversa, pois não era esse o ideal dos revolucionários, assim como não era a ditadura do socialismo o objetivo dos combatentes populares da revolução russa(de Stalin e outros do topo ainda se pode afirmar isso, mas do grosso da "patuléia" com certeza não)
    Concordo que o homem que se machucou deveria receber uma boa indenização por isso, mas o outro também, acho eu.

    Horcruxes
    Veterano
    # mar/08
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    Citando Dire Straits: "we're fools to make war on our brothers in arms"
    Numa dessas, não adianta, os dois lados se fodem... e aqueles que tem pouco ou nada a ver com a bagunça acabam se fudendo ainda mais. Desculpem o palavreado, mas é o jeito mais direto de dizer o que penso!

    Private Pyle
    Veterano
    # mar/08
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    makumbator

    Mas aí que está, dentro da ótica deles, o embaixador americano era um grande inimigo


    Dentro da ótica dos terroristas islâmicos os EUA também são o grande satã. Isso não os torna corretos.

    Private Pyle
    Veterano
    # mar/08
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    makumbator
    A questão de transformar o Brasil em uma ditadura pior também é controversa, pois não era esse o ideal dos revolucionários,

    Era sim. Muitos eram agente soviéticos, cubanos, etc.

    Private Pyle
    Veterano
    # mar/08
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    makumbator
    mas o outro também

    Por que alguém que explode gente deve receber grana do estado?

    makumbator
    Moderador
    # mar/08 · Editado por: makumbator
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    Private Pyle

    Dentro da ótica dos terroristas islâmicos os EUA também são o grande satã. Isso não os torna corretos.

    Claro que não os torna corretos, mas quando os EUA se metem em outros países, devem receber o que merecem. Por exemplo, acho bastante salutar a resistência no Iraque matar soldados da coalizão invasora e seus colaboradores(nativos ou estrangeiros), pois eles são invasores inimigos e devem ser destruídos, não tenho a menor pena desses caras, tem mais é que morrer mesmo.

    Era sim. Muitos eram agente soviéticos, cubanos, etc.

    Eu falava do espírito dos revolucionários russos de 1917. Era esse o mesmo ideal dos revolucionários de esquerda brasileiros(claro que os soviéticos se aproveitavam disso, mas essa é outra história).

    Por que alguém que explode gente deve receber grana do estado?

    Porque eles combatiam o chamado "terror" de estado causado pela ditadura, a indenização não é pelas explosões, e sim pela perseguição e tortura. O estado brasileiro tem que responsabilizar por seus atos cometidos contra essas pessoas.

    BokuWa
    Veterano
    # mar/08
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    Porque eles combatiam o chamado "terror" de estado causado pela ditadura, a indenização não é pelas explosões, e sim pela perseguição e tortura. O estado brasileiro tem que responsabilizar por seus atos cometidos contra essas pessoas.

    Terror combatido pelo terror, vale salientar.

    Private Pyle
    Veterano
    # mar/08
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    makumbatorPor exemplo, acho bastante salutar a resistência no Iraque matar soldados da coalizão invasora e seus colaboradores(nativos ou estrangeiros), pois eles são invasores inimigos e devem ser destruídos, não tenho a menor pena desses caras, tem mais é que morrer mesmo.


    Eles estão lá libertando o povo de uma ditadura que massacrava minorias. Se você fosse um curdo, estaria tendo muita pena.

    BokuWa
    Veterano
    # mar/08
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    Private Pyle
    Eles estão lá libertando o povo de uma ditadura que massacrava minorias.

    Desculpa ai, mas o EUA não estão nem ai para as minoria, estão saindo da ditadura Sadam para então não ditadura imperialista norte-americana, se não fosse pela questão economica eles não estáriam nem ai.

    Private Pyle
    Veterano
    # mar/08
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    BokuWa
    Claro que eles têm interesses lá, mas isso não significa que também não possam melhorar a situação, sendo vantajoso pros dois.

    imperialista norte-americana

    Prefiro dez "imperialismos" desses que um Saddam.

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