Ed_Vedder Veterano |
# jun/07 · Editado por: Ed_Vedder
ABAIXO DE PAU
Expressão de largo uso, refere a circunstância de alguém ter apanhado (real ou metaforicamente) muito. Álias o "pau" propriamente pode ter
muitos outros usos, levar um "pau" pode significar levar uma surra, ou pode realmente ter uma conotação sexual, depende muito do contexto.
Outras expressões começam do mesmo jeito: abaixo de grito; abaixo de
pau (surra); abaixo de chuva.
ABAIXO DO CU DO CACHORRO
Também “abaixo do cu da cobra”, que é menos comum. A expressão designa a posição mais que humilhada, absolutamente subordinada de algo ou alguém. Quem foi insultado, quem foi desprezado, quem está deprimido, se sente assim, nesse lugar metafórico.
ABANAR AS TRANÇAS
Costuma-se usar a expressão em referência a gente jovem, em especial moças, que saem por aí, abanando as tranças, isto é, fazendo coisas livremente, irresponsavelmente. Claro que não precisa ter trança mesmo para dar origem ao uso. Tb pode-se substituir pela expressão "Voar as tranças"
ABATUMADO
Diz-se do pão ou da massa que ficou pesada, parece que por falta de fermento em quantidade adequada. Eventualmente se usa para situações que resultaram igualmente pesadas, confusas, malparadas. Se usa o verbo abatumar também.
ABOBADO
Trata-se de um insulto muito usado contra os xaropes (v.) em geral; comporta variações: “abobado da enchente”, alguns dizem que devido à famosa enchente de 1941, quando Porto Alegre submergiu; “abobado da tiriça” (v. “na tiriça”), expressão que pode ser derivada de icterícia. Tem também “abobado da ********, insinuação de que, conforme a velha idéia, o exercício reiterado da masturbação deixa o cara meio louco da cabeça.
ABOSTAR
Verbo de largo uso que significa aplastar-se, deixar-se ficar, afrouxar, relaxar, descansar, e não tem necessariamente sentido de reprovação; é, porém, insultuoso chamar alguém de abostado, que equivale a burro, matusco, bocó, mocorongo (v.); a palavra abostamento me parece ser usada com sentido positivo, de relaxamento. Terá surgido por analogia com a situação da bosta, que quando expelida do corpo de um animal fica ali, daquele jeito? O estado de quem fica abostando se chama de abostamento
ABRAÇAR
Encarar a tarefa, assumir a bronca, tudo isso é abraçar (às vezes “abraçar o lado”, lado como questão, tarefa).
ABRAÇO
Além de significar o abraço propriamente dito, significa outra coisa: costuma dizer-se que, se a tarefa estiver parecendo de fácil execução, “vai ser um abraço”.
ABRIR
Sair fora, cair fora: comum no convite que se faz, quando parece estar na hora de sair do lugar, “Vamo abrir?”. Mais raramente, fugir. “Abrir o tarro” significa chorar, berrar, reclamar. “Abrir a goela” ou “os peitos” quer dizer cantar. “Abrir o jogo” é sinônimo de falar às claras, desvendar implícitos; neste caso também se diz simplesmente “abrir”. Diferente de “se abrir” (v.).
ABRIR A GRAXEIRA
Voz popular para descrever a resolução de começar a falar tudo o que sabe, ou para gritar. É voz popular. Graxeira, de primeiro, era apenas aquela caixa de gordura que fica debaixo da pia da cozinha, e abri-la para limpar sempre foi uma coisa por demais.
ABRIR O AÇOUGUE
Na gíria futebolística, quando acontece o primeiro lance meio criminoso (contra o nosso time, em especial), com dano ou expectativa de dano físico, se diz que abriram o açougue.
ACOAR
Ladrar, latir (o cão). E o resultado é o acôo, mais uma palavra da língua que tem esse acento bacana.
ADIANTO
Vantagem, ganho, avanço. Algo que se consegue intermediariamente, na direção de um objetivo maior, é um adianto. Correlato do verbo “se adiantar” (v.).
AS GANHA
O que é “as ganha” é algo que sem dúvida está sendo levado a sério; no futebol, por exemplo, se o beque entra as ganha entra para o que der e vier, para quebrar, para, exagerando um pouco, matar ou morrer; também se diz “a morrer”, ou aind "as verda" no mesmo sentido; sinônimo: “às ganhas”; ver o oposto, “a não fazer”.
A FUDER
Pela ortografia brasileira deveria grafar-se “a foder”, mas é “a fuder” a expresão, que tem uma forma contrata, “a fu”, que também se diz, malandramente segundo o critério popular, “a fuzel”; designa aquilo que é muito bom, de alta qualidade, tanto uma situação (“Tava uma festa a fuder”) quanto um sujeito (“Bá, esse cara é a fuder”); também quer dizer a fazer (v.).
AGUACEIRO
Grande quantidade de água, especialmente em chuvas fortes e parelhas. Também dito aguaçal, no mesmo sentido.
AÍ
Saudação corrente: o cara enxerga o conhecido e simplesmente diz “Aí”, com o i bem espichado e ligeiramente anasalado, eventualmente com leve entonação interrogativa, algo como “aíiiããn”. Pode acontecer também a saudação muito mais formal, “E aí?”, significando “Como é que vão as coisas contigo, tudo bem?”. Pode ser também usada em composição, “E aí? Valeu? “(v.). Ver “firme?” e “No mais, tudo bem”.
AÍ É BRABO
Frase que resume um juízo sobre a impossibilidade ou a inviabilidade ou ainda a indisposição a respeito de certa pretensão. Te pedem para ires de carro até não sei onde, buscar não sei o quê e ainda pagar as despesas, e tu respondes “Mas aí é brabo”.
A LA MERDA!
Não sei se a grafia é a melhor. O “a” inicial é continuado, dito com ênfase, e o “la” aquele não sei como terá nascido, certamente do espanhol. O conjunto da expressão é uma interjeição de desagrado, de desabafo, de alívio. Comporta variações, como “Ô la merda”, “U la merda” e outras. Igual, em significado, à exclamação “Puta que o pariu”, também dito apocopadamente como “uta”, seguido de “merda” não. Também ocorre “A la putcha”, “A la fresca”, que são mais sociais.
AMORCEGAR
Retardar (o jogo, o serviço) deliberadamente, para ganhar tempo ou para irritar o adversário: “Contratei o cara para ele fazer a calçada mas ele ficava amorcegando tanto que eu resolvi fazer eu mesmo o serviço”.
APURADO
A gente se sente, às vezes, apurado para ir ao banheiro, especificamente, mas também para atender a algum compromisso. Vem direto do espanhol de uso popular, “apuro” como sinônimo de pressa.
A TODA
Rapidamente, velozmente, com toda a velocidade possível, tambem é usado o "a milhão".
ATRAVESSADO
Condição de algo que não foi muito bem digerido, real ou metaforicamente: “Tô com o Fulano atravessado aqui”, e aponta para a garganta, pondo toda a mão em pala encostada no pescoço, junto à base do papo.
A TRÊS POR DOIS
Também dito “a três por quatro”, no mesmo sentido: abundantemente, fartamente, continuadamente, em grandes proporções, etc. O mesmo que “a dar com pau” (v.).
A VARRER
Em grande quantidade, em abundância, a dar com pau (v.).
A-FIM
Não confundir com afim. “Estar a-fim”, que estou grafando com hífen, quer dizer estar disposto a, seja lá o que for que esteja em causa: “As gurias tão tri a-fim”, como diz a famosa canção Deu pra ti , do Kleiton e do Kledir.
ACABAR
Atingir o orgasmo. Também usado pronominalmente, “se acabar”.
ACABAR COM A RAÇA
Diz-se, em tom de ameaça a sério (raras vezes em tom de blague), “Vou acabar com a tua raça”, significando que vai estrachinar (v.) o cara, que se pudesse mataria fisicamente o cara e sua família.
AÇO
Se algo “está que é um aço”, é porque está no melhor de sua forma, está na ponta dos cascos (v.). Por outro lado, -aço é um sufixo muito produtivo na língua do local, significando a designação do ato ou efeito daquilo que a palavra-matriz indica, como cagaço (v.), guampaço, braguetaço (v.), relhaço, fundaço, ou um simples aumentativo, como em mulheraço, tranqüilaço, inteiraço, bonitaço, etc.
ACOCAR
Levar medo, se cagar, mijar pra trás, fazer papel de mulherzinha – tudo isso considerado o universo masculino e machista. “Acocar” alude ao modo feminino de fazer xixi, que implica justamente acocar, fisicamente. Também, no mesmo sentido, acocorar.
ADEUS, TIA CHICA
Forma de declarar que deu pra bolinha (v.) do que quer que seja, definitivamente, para nunca mais. “Se a gente conseguir a grana, aí adeus, tia chica”, por exemplo. Pode ser usada como comentário tanto de horrores como de maravilhas.
ADEVA
Advogado, em forma apocopada. Coisa aliás típica do porto-alegrês: ver refri, por exemplo.
ADIANTO
Uma coisa ou um gesto é um adianto se serve para abreviar o caminho que se precisa percorrer até o objetivo final; se o cara precisa de cinco mil e ganha mil, já é um adianto; tem a ver com se adiantar (v.).
ADMIRAR-SE
Verbo usado com certo conteúdo de desdém ou desaprovação ou ainda de relativa surpresa: “Me admira tu te incomodar com isso” diz quem quer significar que ou o interlocutor não se ocuparia habitualmente de tal coisa, daí o espanto, ou a coisa não vale a preocupação.
A FACÃO
Diz-se de algo que foi mal feito, ou feito às pressas, que foi feito a facão, isto é, sem o instrumento adequado, sem o refinamento exigido. Parecido com “à moda miguelão” (v.).
AFOFAR
Fazer carinhos. Muito usado a respeito de crianças pequenas.
AFROUXAR O GARRÃO
Levar medo, desistir da empreitada, tremer na base (v.) ou a perna (v.); origem óbvia no campo, do animal que, ao afrouxar o garrão, perde o impulso ou a força ou a posição; aliás, garrão designa pejorativamente o pé.
A GRITO
Tem gente que é criada a grito, isto é, abaixo de grito. Refere-se a ambientes em que costuma haver muito grito, propriamente dito.
ÁGUA
Bebedeira, porre. Diz-se que o sujeito que bebeu muito “está numa água” medonha.
AGUAÇAL
Uma chuvarada medonha, como acontece de vez em quando.
AGÜENTAR
Esperar. Diz-se “Agüenta um pouco aí que eu já volto”. Mais popularmente, “Güenta aí”. Tinha a expressão de mesmo sentido, pouco usada, “agüentar a mão”, que também significava sustentar uma posição, uma situação.
AGÜENTAR O TIRÃO
Do vocabulário gauchesco, significa agüentar o tranco, se é que dá pra entender. O “tirão” aí tanto pode ser a tarefa, quanto a responsabilidade, qualquer que seja, que esteja em causa. Originalmente, “tirão” pode ser um golpe, feito aqueles que o laço dá no animal. O mesmo que agüentar o golpe.
AH, PÁRA
Expressão muito usada em diálogos, para manifestar certa estupefação com a informação dada pelo interlocutor. “E tem mais: o cara é ladrão”, ao que se pode responder, incrédulo, “Ah, pára!” É de uso bem parecido com “Capaz” (v.), e diferente de “Te pára” (v.). Ver também “se parar”.
A LA LOUCA
Expressão adverbial que descreve o modo alucinado com que alguém faz alguma coisa. “O cara veio a toda e entrou a la louca aqui na esquina”, por exemplo. Aquele “la” deve ser platinismo, e se usa em outras expressões, como “a la merda”, “a la putcha”, “a la fresca”.
ALAÚZA
Palavra dicionarizada, significa confusão, desordem. Tem a forma “laúza”, mas aqui não, é só alaúza – e parece hoje meio desusada, parece coisa de Porto Alegre de até 1970.
ALCANÇAR
No português existe alcançar como sinônimo de obter, por exemplo uma grana. Aqui, inverteu-se a ordem entre quem precisa e quem dá (a grana): diz-se “Alcancei uma grana para ele” no sentido de “Emprestei uma grana para ele”. Ficaram invertidas as posições de agente e paciente.
ALEMOÍCE
Coisa típica de alemão, isto é, de descendente de alemão, tipo encontradiço na região. Tem a ver com a dureza de comportamento, com rigidez moral, com caretice, etc., coisas tidas como típicas dos caras esses. Tem a mesma formação de “negrice” e “gringuice” (v.).
ALERTAR OS GANSOS
Expressão que designa o despertar da consciência de alguém para algo que se desejaria que se mantivesse incógnito. Por exemplo: “Cuida pra não alertar os gansos” pode ser dito por alguém para um amigo que estava a ponto de dar pista sobre algo de muito bom que está pintando mas que deve ser de conhecimento de poucos.
ALI
Há uma expressão de ênfase para designar a difícil e custosa obtençaõ de certo resultado: alguém te relata que precisava comprar certo remédio e pagar alguma conta e ainda pagar o táxi, porque tudo tinha que ser feito rapidamente, e ainda por cima a grana era pouca; daí tu perguntas se deu tudo certo, se o dinheiro alcançou as despesas, e o cara te responde “Deu ali”, significando “Foi o exato suficiente, quase não deu”. Ver “até por ali”.
AZIRAS
Modo brincalhão de dizer “Azar!”, como quem diz “Dane-se”, “Foda-se”, “Piça”.
AMARRADO
O cara lento, que faz as coisas sem pressa, é um amarrado. Usa-se o verbo se amarrar, no mesmo sentido (v.).
AMIGO
Qualificativo de uso geral para descrever coisas ou situações tranqüilas, razoáveis, agradáveis: um rango amigo, uma carona amiga, um joguinho amigo.
AMIGO SECRETO
Aquela atividade que no Rio e em São Paulo se chama de amigo oculto, que consiste em trocar presentes entre certo grupo (de amigos, de colegas, de familiares) mediante sorteio.
A MIL
Expressão de valor adverbial, de uso brasileiro geral, parece. Aqui também se usa, para exagero, a milhão.
À MODA MIGUELÃO
Sei lá eu por que raios, mas o certo é que algum miguel (terá sido o anjo?) deu origem a dois termos do porto-alegrês, o migué (v.) e este agora. “À moda miguelão” qualifica certo procedimento, estabanado, impreciso, apressado, de que resulta um serviço mal feito.
AMOR DE PICA
Tem a frase “Amor de pica, quanto bate fica”, que resume toda uma filosofia a respeito. A expressão se opõe a outro amor, amor de coração, digamos. A propósito, tem outra frase da sabedoria popular, pertencente ao mesmo universo semântico: “Pau duro, juízo no cu”, que quer dizer, bom, dá pra entender.
-ÃO
Sufixo altamente produtivo no porto-alegrês. Aplicado em final de verbo, tem a mesma função que o “-eiro” em português, o –er do inglês etc: forma nome a partir de verbo. Então tem: cagão (o que se caga de medo); mandão (o que manda); regulão (o que regula a vida dos outros); mijão (o que se mija); furão (o que fura, isto é, o que entra sem ser convidado); mirão (o que fica mirando, isto é, coringando os outros); e outros.
A PAU E CORDA
Com muita dificuldade: “A pau e corda conseguimos essa grana”; “O carro saiu do lamaçal a pau e corda”.
APÁ-VAROTTI
Claro que não se escreve assim, é apenas “apavorado”, mas a pronúncia é que é: se diz bem como tá escrito, com total ênfase no “pá” e o resto tudo átono: “Quando veio a noite eu fiquei APÁ-VAROTTI”.
A PÉ
“Ficar a pé” pode significar simplesmente ficar sem o auto, sem condução, mas também quer dizer ficar sem algo imprescindível: “Fiquei a pé de grana”, por exemplo. Ver “de a pé”.
A PERIGO
Estar “a perigo” é o mesmo que estar “na unha” (v.): em situação-limite, nas últimas, matando cachorro a grito. Usado especificamente com relação a mulher, do ponto de vista do homem: cara que está a perigo é principalmente o cara que não transa há horas. Pode também acontecer em relação a grana.
APERTAR
Usa-se dizer que alguém apertou quando teve sensação de medo, e por isso contraiu os esfíncteres (se é que eles são mais de um). Em forma chula, “apertar o cu”; também se usa dizer “cortar prego”, no mesmo sentido mas com mais ênfase – dá pra imaginar quão apertado deve ficar o rabo do sujeito a ponto de conseguir cortar um prego. V. “fechar a rosca”.
APITAR
Sinônimo de mandar, ser ouvido, fazer-se ouvir; o uso mais comum é pra designar o sujeito que quer demonstrar importância sem ter nenhuma, dele se podendo dizer que 'não apita nada'.
A PONTA DE FACA
Expressão que designa a atitude espiritual de alguém que leva as coisas duramente, sem concessões, sem meios-tons; esta criatura leva tudo ‘a ponta de faca'.
APORRINHAÇÃO
Irritação, incomodação, encheção de saco. Está dicionarizado, mas parece que em várias partes do país se prefere usar apoquentar, no mesmo sentido.
APURADO
Apressado, e só isso. Fica-se apurado pra ir ao banheiro, pra ir ao banco, etc. Aqui não se usa o sentido de tornar mais puro. Parece ter alguma influência do espanhol nesse nosso uso.
AQUELE
Este é um termo que é difícil de registrar aqui. Trata-se do seguinte: nós temos a mania de botar um pronome desses (aquele, aquela) no fim da frase, como forma de ênfase. Por exemplo: “Aí o cara aquele veio com tudo”; “A guria aquela tava linda na festa”. Em vez de “aquele cara” e “aquela guria”, a gente faz essa inversão. Tem também com o pronome “esse”: “Aí a guria essa me pediu pra ver”. Vá entender. (Ouvi um palpite, não lembro de quem, que relacionava isso à língua alemã, de que sou quase inocente, de forma que não digo nada. Parece que tem a ver com a linguagem platina castelhana.) E tem uma sofisticação: “Não, tô falando no cara aquele um”, “A guria aquela uma”. Tem mesmo. Tem registro literário desde Simões Lopes Neto.
ARARA
Ficar uma arara é o mesmo que envaretar (v.).
À REVIRIA
Em grande quantidade, a rodo, a dar com pau (v.). De onde terá vindo isso? Talvez de “rêverie”, francês para sonho, devaneio? Ou uma corruptela de “à revelia”, expressão com a qual aliás a nossa não tem nada a ver, semanticamente? “Tinha gente à reviria”, por exemplo.
ARIGÓ
O mais desqualificado trabalhador da construção civil, aquele que senta tijolo, ou menos que isso, que carrega cimento, que traz a pá, qualquer coisa. Dito, por extenso, arigó de obra.
ARRASTAR
Levar junto, especialmente levar alguém junto para algum lugar: “Pode deixar que eu arrasto ela pra festa”. Ver “de arrasto”.
ARRASTAR ASA
Diz-se que quem está interessado por alguém, em estado de paixão, está arrastando (a) asa pra fulano(a). Deve ter alguma explicação quem sabe ligada ao pavão ou a algum outro bicho asado.
ARREGANHO
Tem o verbo (se) arreganhar, que aqui singnifica, como no Brasil em geral, mostrar os dentes, se abrir (v.) todo, e aqui é muito usado, inclusive familiarmente. Mas o termo “arreganho”, por aqui, ganhou o sentido de atividades lúdico-sexuais, atitudes libidinosas, arreto (v.). De dois adolescentes que estejam brincando as brincadeiras do sexo inicial, se diz que “estão de arreganho” ou, ainda, “estão se arreganhando”. Curiosamente, também se diz o mesmo de crianças, pré-adolescentes como se diz hoje em dia, que estejam de brincadeira no limite da tolerância. E este sentido não é único: há o caso de pais que, para fazerem sossegar um filho ou filha pequenos e inquietos que, por exemplo, estão incomodando para ganhar certo presente, rindo à toa numa antecipação da vitória sobre a resistência dos pais em comprar-lhes o presente, há o caso de pais que dizem a este filho: “Tu não fica te arreganhando que não vai levar”.
ARREGAR
Veio de arreglar, que significa arranjar uma solução, improvisar um arranojo, mas passou a significar ceder: “Eu entesei e o cara arregou pra mim”.
ARREGO
Veio de arreglo, arranjo, e perdeu o “l”. Ainda significa arranjo, acomodação de interesses, facilitação, mas passou a incorporar também o sentido de chance: “Pô, me dá um arrego pra eu entrar aí”, pode alguém pedir ao porteiro.
ARREMANGAR
Arregaçar as mangas, termo vindo direto do espanhol. Há um dito bravateiro, “Te arremanga e vem”, pronunciado como provocação a um interlocutor que hesita em entrar na briga ou na tarefa.
ARREPIAR
Levar medo, a ponto de fugir da responsabilidade ou da briga.
ARRETO
É mais que arreganho, no sentido de atitudes libidinosas, é já um prenúncio de ato sexual, envolvendo esfregação e tal. Talvez hoje em dia, com a novidade do “ficar” (no sentido de ter passageiras relações de ordem sexual, no mais das vezes sem penetração), o termo esteja perdendo seu uso, porque ele envolvia uma certa maldade, uma certa transgressão.
ARRIADO
Dois sentidos: ou é um cara que se arria (v. “se arriar”) nos outros, ou é um sujeito que está circunstancialmente frouxo, esgotado, cansado (v. “arriar”).
ARRIAR
Uso derivado do uso geral da palavra, quer dizer baixar, diminuir, desfazer(-se). Usa-se dizer “arriar as calças” para “abaixar as calças”. Também se usa o verbo num outro contexto, em sentido aproximado: quando a gente chega em casa muito cansado, esgotado, “arria na cama”. Ver “se arriar”, que é diferente.
ARRODEAR
Aquela dança, mais simbólica que real, que alguém faz em roda de alguém, com vistas a ganhar alguma coisa. Por exemplo, criança em volta do pai ou da mãe, querendo que o adulto a leve a passear: esta criança está arrodeando o pai ou a mãe.
ASA
Mau cheiro das axilas, ditas sovacos. Também se usa dizer, meio pudicamente, cecê, que o Aurélio dá como cê-cê (hipótese; cheiro de corpo). “O cara tá numa asa federal”.
ÀS BRINCA
O contrário de às ganha (pelo certo, seria “às brincas”): trata-se da qualidade de um jogo em que as apostas não serão consumadas, em que ninguém vai cobrar do perdedor, em que ninguém apanhará de verdade, etc. É do universo da bolinha de gude (v.), em primeiro lugar.
ASSIM, Ó
Expressão que preludia a explicação de algo: “Assim, ó: tu pega aqui na tua direita, segue duas quadras e tu vai sair bem lá perto”. Também usada apenas como ameaço: sujeito que queira demonstrar seu desapreço, seu desacorçôo com algo que lhe foi dito, comenta apenas “Assim, ó”, podendo acrescentar “tô de cara com essa pinta”.
ASSO NO DEDO
Curiosa expressão usada em situações de desafio: quando alguém garante a veracidade de alguma afirmação ou duvida radicalmente da veracidade de alguma (este o caso mais comum), proclama: “asso no dedo” (como isso é verdade/como isso é mentira/se isso for verdade). Parece ter nascido em analogia bravateira com o churrasco: como se o cara que fala a expressão estivesse disposto a fazer seu próprio dedo servir de espeto para assar a carne da afirmativa.
ASPAS
A cabeça, genericamente. Levar um trompaço no meio das aspas quer dizer bater com a cabeça.
ATACADO DAS BICHAS
Forma parecida com a atacação (v.). Também se usava dizer “atacado da fefa”, sei lá por quê.
ATÉ DIZER CHEGA
Até o limite imaginável: “Beberam ontem até dizer chega”.
ATÉ O CU FAZER BICO
De origem que nem consigo imaginar, significa até um limite inimaginável, até o limite do suportável, até o fim; para as crianças, há quem diga um trocadilho, até o bi fazer cuco.
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