Rato Veterano |
# mar/07
Câmbio News - Análise do Mercado
O mercado global está muito dependente de uma melhor definição das tendências da economia americana no que diz respeito ao perfil do desaquecimento econômico e do comportamento efetivo da inflação.
Como os dados que são freqüentemente apurados são contraditórios entre si, não há como não se conviver com as incertezas, incertezas estas que não permitem aos analistas e nem ao FED ter um posicionamento mais claro, e ainda bem, que o órgão gestor da política monetária americana tem tido sensatez em conviver com este cenário dúbio, sem precipitar declarações ou sinalizar decisões, restringindo-se a ratificar "que reconhece que os níveis inflacionários trazem desconforto e que o desaquecimento vem sinalizando números dispares, o que impõe que se mantenha atento para agir se necessário".
Incerteza é sempre "parceira próxima" da volatilidade, e é isto que faz com que os mercados convivam com momentos de euforismo e momentos de depressão, na razão direta da alternância de fatos sobre a economia americana.
Por isso, a expectativa de um pronunciamento de membro ou membros do FED, o anúncio de um dado econômico relevante ou mesmo um dado sobre a confiança do consumidor causa retração nos negócios, atitude defensiva já que o ambiente incerto faz com que, em princípio, o negativo prevaleça sobre o positivo, mas o fato é que não há como se vislumbrar uma tendência sustentável.
O dado de ontem sobre a queda nas vendas de moradias da ordem de 3,9%, quando os analistas chegavam a projetar alta de 7,0%, com a dimensão de uma queda de 18,3% sobre fevereiro de 2006 e maior queda desde Agosto de 2000, reacendeu as preocupações com o setor imobiliário, que havia produzido dado estimulante anterior que estava "acomodando os temores maiores".
Os analistas entendem que com a tendência de deterioração do segmento imobiliário americano, o FED tenderia a cortar o juro em breve. Contudo, a Presidente Regional do FED de Cleveland, Sandra Pianlato, falando hoje em Praga, reafirmou as atenções sobre o comportamento da inflação, já que existe o risco dos preços não desacelerarem no ritmo aguardado.
Por outro lado, o chamado "termômetro do medo de Wall Street", o índice de volatilidade VIX avançou ontem de 8 para 14, e há estrategista alertando que, se superar os 15, poderá haver um novo "selloff" no mercado acionário.
Como se vê, nada há de conclusivo ou mesmo que se possa dar um peso maior a uma tendência ou outra.
As bolsas americanas repercutiram bem estas incertezas ontem, primeiro instalando o humor negativo em conseqüência dos dados do setor imobiliário, para depois apresentarem recuperação em decorrência dos dados corporativos do setor de tecnologia. Perfil, volatilidade.
A nossa BOVESPA até que teve curva semelhante, mas se no primeiro momento repercutiu os temores vindos dos Estados Unidos porque é dependente do investidor estrangeiro, no segundo momento recuperou-se discretamente impulsionada por papéis brasileiros, como Petrobrás e Vale do Rio Doce.
Assim, verifica-se que nem sempre curvas idênticas têm os mesmos "agentes influenciadores".
Por outro lado, o índice das principais ADR´s brasileiros subiu 0,1% fechando 23.070 pontos. O GLOBAL 40, título de referência dos mercados emergentes, subiu para 134,813% do valor de face proporcionando juros "yeld" de 5,71% aa. E mais, o nosso risco-país registrou queda fechando a 173 pontos.
É evidente que o Brasil, a margem do que acontece no momento de incerteza em relação à economia americana, desde que não seja deflagrado nenhum movimento de turbulência em conseqüência, não é afetado no comportamento de seus mercados, exceto em termos parciais: a BOVESPA, pois tem atrativos próprios que o diferencia dos demais países emergentes.
Hoje as bolsas americanas tendem a operar em queda, já que o dado sobre a confiança do consumidor, anunciado pelo Conference Board's March, indicou queda para 107,2, quando os analistas já pessimistas apontavam 109,0.
E assim deve continuar o clima, com alguma alternância na eventualidade de dados corporativos muito positivos, ao longo da semana, sendo que amanhã ocorrerá pronunciamento do Chairman do FED, Ben Bernanke, no "Joint Economic Committee of Congress", onde falará de economia e na sexta-feira haverá a divulgação do PCE, índice de gastos do consumidor, atualmente o mais considerado pelo FED, por isso de grande impacto e novamente Ben Bernanke fará um pronunciamento.
O Brasil tem uma situação macroeconômica bastante positiva e um nível de reservas compatíveis com o nosso endividamento, o que é um dos pontos positivos, mas mais ainda temos a "taxa de juro real campeoníssima mundial" e totalmente incompatível com o nosso conceito de risco, e em realidade, este é o ponto determinante da atratividade.
Assim, o mercado de derivativos continua sendo ativado com perspectivas de excelentes ganhos pelos especuladores, com operações que compõe uma teia bastante complexa, na qual não entram divisas efetivas, mas contaminam a formação do preço da moeda americana no mercado físico, deprimindo-a normalmente.
Este cenário perdura e a moeda americana só não sofre uma depreciação mais acentuada, a despeito das incertezas externas predominantes, em razão dos bancos estarem buscando aumentar suas "posições vendidas", sendo esta nossa percepção, até que se compatibilizem com as "posições compradas" no derivativo. Vendendo a moeda no físico a preço não tão depreciado, buscando que seja o mais próximo possível dos preços de compra no derivativo. Este fato, no nosso entender, é que vem criando a sustentabilidade nos parâmetros atuais.
Quando ocorrer a equalização das posições dos bancos nos dois mercados, certamente, salvo se alguma turbulência externa vier a alterar o perfil atual do mercado, a tendência de depreciação do preço do dólar se instalará, passando a exigir uma atuação mais contundente do BC nos leilões de compra diários, ou mesmo, impondo que utilize os leilões de "swaps cambiais reversos".
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Rato Veterano |
# mar/07
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Os mercados voltaram a registrar volatilidade hoje em virtude de dados da economia norte-americana. De manhã, foram divulgados números negativos sobre vendas de novas moradias nos EUA em fevereiro. As bolsas caíram com o indicador, levando preocupação aos mercados de câmbio e juros. No fim da tarde, no entanto, Wall Street reduziu perdas e mostrou alguma recuperação. A Bovespa acabou fechando em terreno positivo, impulsionada também pelo desempenho favorável das ações da Petrobras e Vale do Rio Doce. Juros e dólar registraram ligeira baixa. Os mercados ainda estão na expectativa do depoimento que o presidente do Fed, Ben Bernanke, fará no Congresso norte-americano na próxima quarta-feira.
BOLSA
A Bovespa passou a maior parte do dia em queda, reagindo aos números negativos sobre vendas de novas moradias nos EUA em fevereiro. Mas acabou encerrando os negócios em alta, acompanhando a melhora das bolsas de Nova York. O bom desempenho das ações da Vale do Rio Doce e da Petrobras ajudaram a colocar a Bovespa em terreno positivo. O giro financeiro, no entanto, foi reduzido. O mercado está na expectativa do que o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, falará ao Congresso norte-americano na quarta-feira.
O Índice Bovespa fechou em alta de 0,25%, com 45.644 pontos. Operou entre a máxima de 45.712 pontos (+0,39%) e a mínima de 44.965 pontos (-1,25%). Com esse resultado, a bolsa passou a acumular altas de 3,99% em março e de 2,63% em 2007. O movimento financeiro foi considerado tímido, ficando em R$ 2,694 bilhões.
A bolsa paulista atingiu a mínima pontuação do dia durante a manhã de hoje. O Ibovespa despencou após o anúncio de que as vendas de moradias novas caíram 3,9% em fevereiro nos EUA, ante estimativas de aumento de 6,7%. "O mercado imobiliário está no olho do furacão das preocupações sobre a economia dos EUA. Com esse número ruim, as bolsas caíram em Nova York e levaram a Bovespa junto", comentou um operador.
No fim da tarde, no entanto, os principais índices de ações de Wall Street mostraram recuperação e a Bovespa, mais uma vez, foi junto. O Dow Jones fechou em ligeira baixa de 0,10%. Já o Nasdaq subiu 0,27% e o S&P 500 avançou 0,10%. "A bolsa (paulista) acompanhou Nova York hoje, o dia todo", disse um operador. Ele observou que, se dependesse apenas do cenário doméstico, o Ibovespa estaria bem acima dos atuais 45 mil pontos. Mas os números ruins da economia norte-americana "seguram" um melhor desempenho da bolsa paulista. O risco Brasil, por exemplo, chegou a cair para até 171 pontos base hoje de manhã, num nível abaixo do recorde de fechamento. Mas depois, com os dados dos EUA, o risco subiu e no meio da tarde estava em 175 pontos, depois de ter atingido 180 pontos base.
Operadores também disseram que os papéis da Vale e da Petrobras ajudaram a dar sustentação à Bovespa hoje. Petrobras PN fechou em alta de 1,18%, beneficiada pela cotação do petróleo, que fechou em nova máxima em três meses em Nova York. O conflito no Irã, que prendeu militares britânicos na semana passada, mantém o petróleo sob pressão. A alta dos preços da gasolina foi outro fator que levou o barril do óleo a fechar com valorização de 1,01% para US$ 62,91. Já Vale PNA subiu 1,27%, reagindo à alta dos preços dos metais, principalmente cobre e níquel.
A exemplo do que aconteceu na sexta-feira passada, o giro financeiro na Bovespa não chegou hoje aos R$ 3 bilhões. Operadores dizem que o mercado está na expectativa do que o presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke, falará durante depoimento no Congresso norte-americano na próxima quarta-feira. Bernanke vai discorrer sobre as perspectivas para a economia dos EUA. O mercado tentará perceber duas sinalizações: a tendência dos juros dos Fed Funds e também do mercado subprime.
Entre os papéis que compõem o Ibovespa, as maiores altas foram Telemar ON (+2,89%), Tim Par ON (+2,88%) e Ipiranga Petróleo PN (+2,67%). As maiores baixas foram TAM PN (-5,45%), BRT Par ON (-3,43%) e Gol PN (-3,16%). (Mario Rocha)
JUROS
Foi uma típica segunda-feira para o mercado de juros, no que diz respeito ao apetite para os negócios. O volume foi muito tímido na BM&F e o DI mais líquido, o janeiro de 2010, girava pouco mais de 85 mil contratos no término da sessão. As taxas ficaram próximas do fechamento da sexta-feira, com ligeira queda na maioria dos vencimentos. O DI janeiro de 2010 encerrou em 11,63%, de 11,65% no fechamento anterior, e o DI janeiro de 2009 passou de 11,69% para 11,68%.
A oscilação discreta das taxas foi atribuída à falta de notícias de impacto para o mercado de juros, que tende a ficar em banho-maria até quarta-feira. É quando a agenda começa a esquentar, com os eventos mais aguardados da semana: a divulgação do PIB de 2006 pela nova metodologia do IBGE e o discurso do presidente do Federal Reserve, Ben Bernanke.
Nesta segunda-feira, o dado considerado negativo sobre as vendas de imóveis novos nos EUA em fevereiro provocou uma leve pressão nos DIs, que, no entanto durou pouco e, no final da manhã as taxas já retomavam os níveis anteriores. As vendas recuaram 3,9% em fevereiro sobre março para a média anual de 848 mil unidades, o menor nível dos últimos sete anos, reacendendo as preocupações com relação à falta de vigor da economia americana. A projeção dos economistas era de um aumento de 6,72%. Em relação a fevereiro de 2006, a queda foi de 18,3%. O indicador deprimiu as bolsas, mas não chegou a alterar o mercado de Fed Funds futuros.
A alta dos preços do petróleo ainda não tem efeito direto sobre os juros, mas as notícias relacionadas ao assunto estão sendo monitoradas. Em Nova York, o barril para maio subiu 1,01%, para US$ 62,91, mas na máxima chegou a US$ 63,3. O mercado segue tenso com a questão do Irã. Os marinheiros ingleses capturados por tropas de elite do país na sexta-feira permanecem reféns. Para agravar o quadro, o Conselho de Segurança da ONU aprovou, no sábado, por resolução impondo novas sanções econômicas contra o Irã pela recusa do país em suspender suas atividades de enriquecimento de urânio.
À espera do desenrolar dos fatos no exterior, os investidores mantêm-se atentos ao noticiário doméstico, que hoje não empolgou. Pela manhã, a pesquisa Focus do BC não trouxe as esperadas revisões para a mediana do PIB em 2007, que já foram promovidas por algumas instituições. Houve elevação da projeção para 2008, de 3,50% para 3,55%. Para este ano, a estimativa foi mantida em 3,50%. Mas houve ligeira alta na média, que costuma sinalizar uma tendência para a mediana, para o PIB de 2007, de 3,84% para 3,85%.
No que diz respeito à inflação, a mediana da projeção de IPCA para 2007 ficou nos mesmos 3,87% da semana passada, assim como a de 4% para 2008. Na seleção Top Five médio prazo, a mediana avançou de 3,79% para 3,80% em 2007 e permaneceu em 4,41% para 2008. Na projeção do IPCA 12 meses à frente, houve queda de 3,79% para 3,73%. A média das expectativas para 2007 teve aumento, passando de 3,51% para 3,58%.
Como hoje foi um dia muito fraco, na opinião dos operadores, a liquidez deve melhorar nesta terça-feira, embora a agenda também seja enxuta. A FGV informa a sondagem do consumidor referente a março e, nos EUA, saem os índices de confiança do consumidor do Conference Board deste mês e o indicador de atividade industrial do Fed de Richmond.
Aqui, o Tesouro realiza a primeira das duas etapas do leilão de NTN-B. Os vencimentos são: 15/11/2009, 15/5/2011 e 15/5/2015. Na primeira etapa, amanhã, a oferta é de até 1 milhão de títulos a serem distribuídos nesses vencimentos, com pagamento em moeda corrente e liquidação a ser feita no dia 28 de março. Se houver venda integral dos títulos, o Tesouro realiza segunda volta com oferta de 15% dos volumes. Nesta primeira etapa, haverá ainda emissão de até 750 mil NTN-B para a carteira do Banco Central. (Denise Abarca)
CÂMBIO
O dólar à vista fechou com leve queda hoje, cotado a R$ 2,0595 (-0,07%) na roda da BM&F e a R$ 2,060 (-0,10%) no balcão. As cotações do pronto voltaram a oscilar de acordo com o humor dos mercados norte-americanos, que reagiram mal durante o dia à queda inesperada das vendas de imóveis residenciais novos nos EUA em fevereiro, pelo segundo mês consecutivo e para o menor nível desde junho de 2000, informou o Departamento do Comércio. Nos Estados Unidos, após os dados de moradia, cresceu a perspectiva de um corte no juro dos Fed Funds (hoje em 5,25% ao ano) no terceiro trimestre. O pronto abriu em queda, subiu após os números fracos do setor de moradia e desacelerou à tarde. O Banco Central ajudou a conter a baixa das cotações, ao comprar em leilão à tarde cerca de US$ 400 milhões, estimou um operador.
Nos Estados Unidos, as vendas de imóveis residenciais novos cederam 3,9% em fevereiro, para à média anual de 848 mil unidades, ante estimativa dos economistas de aumento de 6,72% (média anual de 1.002.500 unidades). Logo após esses dados, as Bolsas norte-americanas acentuaram as baixas exibidas, porém, no fim da tarde já se recuperavam. A Bovespa acompanhou esse comportamento: virou para queda logo após os dados e exibia ligeira alta no fim da tarde. Os preços dos Treasuries também começaram a subir com os dados de moradia, e os juros dos títulos registraram baixas. No fechamento, o T-Note 10 anos, por exemplo, recuava 0,19% para 4,599%. No mercado de moedas, o dólar passou a cair nos EUA após os dados. Por volta das 17h33, o dólar permanecia em baixa ante o euro, que era cotado a US$ 1,3327, alta de 0,47%. Mas a moeda americana recuperou-se ante o iene e era cotada nesse horário, a 118,10 ienes, em alta de 0,14%.
Internamente, nas máximas após os dados de moradia, o pronto na BM&F atingiu R$ 2,065, alta de 0,19%; e no balcão, R$ 2,066 (+0,19%). Na mínima, antes do dado de moradia, a cotação recuou até R$ 2,0569 (-0,20%) e R$ 2,057% (-0,24%), respectivamente. O giro total diminuiu 12% para cerca de US$ 2,950 bilhões, sendo cerca de US$ 2,178 bilhões em D+2.
No leilão de compra à tarde, o Banco Central pagou taxa de corte de R$ 2,0607 e pode ter aceitado quatro propostas de quatro bancos. No total, segundo um operador, foram apresentadas 14 propostas com taxas declaradas de R$ 2,060 (mínima) a R$ 2,062 (máxima). Cinco instituições não informaram as taxas apresentadas.
No mercado viva-voz de dólar futuro, os cinco vencimentos negociados projetaram baixas, com um giro de US$ 15,97 bilhões (319.629 contratos). O dólar abril07 indicou queda de 0,11% a R$ 2,062; e o dólar agosto07, recuo de 0,11% a R$ 2,099.
Não chegaram a afetar diretamente os negócios, mas foram bem recebidos nas mesas de câmbios os dados da balança comercial na quarta semana de março (dias 19 a 25). No período houve um superávit de US$ 658 milhões: as exportações totalizaram US$ 2,980 bilhões (média diária de US$ 596 milhões) e as importações somaram US$ 2,322 bilhões (média diária de US$ 464,4 milhões). No mês, o superávit acumulado passou para US$ 2,353 bilhões, com exportações de US$ 9,835 bilhões e importações de US$ 7,482 bilhões. No ano, o saldo positivo acumulado é de US$ 7,722 bilhões.
Também mexeu com o humor externo hoje o recrudescimento das tensões em torno do Irã, que deu suporte aos preços do petróleo. Até o início da tarde, o Irã mantinha sob sua guarda os 15 integrantes da Marinha britânica presos pelas forças iranianas na sexta-feira, acusados de terem invadido águas iranianas no Golfo Pérsico. Além do incidente, o Conselho de Segurança da ONU aprovou, no sábado, por unanimidade uma resolução impondo novas sanções econômicas contra o Irã pela recusa do país em suspender suas atividades de enriquecimento de urânio. O impasse deu impulso aos preços do petróleo, que subiram para nova máxima em três meses na New York Mercantile Exchange (Nymex). No fechamento, os contratos de petróleo para maio subiram US$ 0,63 (1,01%) e fecharam a US$ 62,91 por barril. (Silvana Rocha)
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