NoAlarms Veterano |
# nov/06
Gênio da gramática.
Esta é uma redação feita por uma aluna do curso de Letras, da
Universidade Federal de Pernambuco - Recife e que obteve vitória em um
concurso interno promovido pelo professor titular da cadeira de Gramática
Portuguesa.
"Era a terceira vez que aquele substantivo e aquele artigo se
encontravam no elevador.
Um substantivo masculino, com um aspecto plural, com alguns anos bem
vividos pelas preposições da vida e, o artigo, era bem definido, feminino
singular: era ainda novinha, mas com um maravilhoso predicado nominal.
Era ingênua, silábica, um pouco átona, até ao contrário dele: um
sujeito oculto, com todos os vícios de linguagem, fanáticos por leituras e
filmes ortográficos.
O substantivo gostou dessa situação: os dois sozinhos, num lugar sem
ninguém ver e ouvir. E sem perder essa oportunidade, começou a se insinuar,
a perguntar, a conversar.
O artigo feminino deixou as reticências de lado, e permitiu esse
pequeno índice.
De repente, o elevador pára, só com os dois lá dentro: ótimo, pensou o
substantivo, mais um bom motivo para provocar alguns sinônimos.
Pouco tempo depois, já estavam bem entre parênteses, quando o elevador
recomeça a se movimentar: só que em vez de descer, sobe e pára justamente no
andar do substantivo.
Ele usou de toda a sua flexão verbal, e entrou com ela em seu aposto.
Ligou o fonema, e ficaram alguns instantes em silêncio, ouvindo uma
fonética clássica, bem suave e gostosa.
Prepararam uma sintaxe dupla para ele e um hiato com gelo para ela.
Ficaram conversando, sentados num vocativo quando ele começou outra vez
a se insinuar.
Ela foi deixando, ele foi usando seu forte adjunto adverbial, e
rapidamente chegaram a um imperativo, todos os vocábulos diziam que iriam
terminar num transitivo direto.
Começaram a se aproximar, ela tremendo de vocabulário, e ele sentindo
seu ditongo crescente: se abraçaram, numa pontuação tão minúscula, que nem
um
período simples passaria entre os dois.
Estavam nessa ênclise quando ela confessou que ainda era vírgula ele
não perdeu o ritmo e sugeriu uma ou outra soletrada em seu apóstrofo.
É claro que ela se deixou levar por essas palavras, estava totalmente
oxítona às vontades dele, e foram para o comum de dois gêneros. Ela
totalmente voz passiva, ele voz ativa.
Entre beijos, carícias, parônimos e substantivos, ele foi avançando
cada vez mais: ficaram uns minutos nessa próclise, e ele, com todo o seu
predicativo do objeto, ia tomando conta.
Estavam na posição de primeira e segunda pessoas do singular, ela era
um perfeito agente da passiva, ele todo paroxítono, sentindo o pronome do
seu grande travessão forçando aquele hífen ainda singular.
Nisso a porta abriu repentinamente. Era verbo auxiliar do edifício.
Ele tinha percebido tudo, e entrou dando conjunções e adjetivos nos dois,
que se encolheram gramaticalmente, cheios de preposições, locuções e
exclamativas.
Mas ao ver aquele corpo jovem, numa acentuação tônica, ou melhor,
subtônica, o verbo auxiliar diminuiu seus advérbios e declarou o seu
particípio na história.
Os dois se olharam, e viram que isso era melhor do que uma metáfora
por todo o edifício. O verbo auxiliar se entusiasmou, e mostrou o seu
adjunto adnominal "Que loucura, minha gente"!
Aquilo não era nem comparativo: era um superlativo absoluto.
Foi se aproximando dos dois, com aquela coisa maiúscula, com aquele
predicativo do sujeito apontado para seus objetos.
Foi chegando cada vez mais perto, comparando o ditongo do substantivo
ao seu tritongo, propondo claramente uma "mesóclise-a-trois" !
Só que as condições eram estas: enquanto abusava de um ditongo nasal,
penetraria ao gerúndio do substantivo, e culminaria com um complemento
verbal no artigo feminino.
O substantivo, vendo que poderia se transformar num artigo indefinido
depois dessa, pensando em seu infinitivo,resolveu colocar um ponto final na
história: agarrou o verbo auxiliar pelo seu conectivo, jogou-o pela janela e
voltou ao seu trema, cada vez mais fiel à língua portuguesa, com o artigo
feminino colocado em conjunção coordenativa conclusiva."
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