Texto Non-Sense N° x²

    Autor Mensagem
    Zakk Wylde_
    Veterano
    # jun/06


    Cortês. Audaz. Varonil. Épico. Assim era visto Tião do Caminhão, o único açougueiro de Abricó do Agreste. Almejado pelas mulheres, respeitado pelos homens e admirado pelas crianças, que tinham o sonho de tornarem-se açougueiros assim como seu herói. E todo santo dia, antes mesmo do sol despontar no horizonte, Tião entrava em seu velho e companheiro caminhão, e ia até a fazenda de Seu Totonho, o grande criador de gado da cidade. Como de costume, juntos tomavam o café da manhã preparado pelas criadas do fazendeiro, e iam para o pasto escolher o bovino mais apropriado para o abate. Espingarda na mão, boi morto no chão. Arregaçando as mangas de seus trapos sujos, Tião pegava o boi nas costas, sozinho, e depositava-o na caçamba de seu caminhão. E voltavam para o centro da cidade, vagarosamente, já que o motor do debilitado caminhão mal dava conta do serviço. Já em seu açougue, Tião cortava a carne cuidadosamente, separando os melhores filés para as madames da região, e sustentando os cachorrinhos de rua com o que não seria aproveitado para comércio. Tião do Caminhão realmente era uma alma muito boa, pensava mais nos outros do que em si mesmo. "Se eu posso comer, respirar e ajudar ao próximo, nada mais me interessa", dizia o sensato homem

    Anos de trabalho duro e caridade passaram-se, até que um dia o caminhão de Tião não agüentou mais o tranco e deixou-o na mão. O parrudo parecia não acreditar no que acontecera. Seu eterno companheiro, presente de seu falecido e querido pai, havia batido o motor. Naquele dia, a população viu uma cena que jamais esperava ver: Tião do Caminhão, o homem mais feliz da cidade, havia chorado de tristeza. Seu Totonho, comovido com a cena a qual presenciara, ficou com muita pena do amigo, e disse que lhe daria um caminhão novo. Surpreendentemente, Tião recusou: "Obrigado, meu amigo, mas nenhum caminhão suprirá a falta de meu velho e querido companheiro. Ele não é apenas um caminhão, é um pedaço de minha vida, é a única recordação que tenho de meu falecido papai." Com lágrimas nos olhos, Seu Totonho diz que faria o que fosse necessário para recuperar o motor do caminhão. Levou-o a todos os mecânicos da cidade, mas nenhum deles achava o problema, tudo parecia estar em ordem. Inconformado, Seu Totonho colocou o caminhão em seu avião e levou-o até São Paulo, onde há alguns dos melhores especialistas em motor do país. Mas o diagnóstico era o mesmo: o motor estava em ótimas condições, e nada de o caminhão ligar. Os mecânicos ficaram inconformados, e decidiram desmontar todo o caminhão. De nada adiantou. Seu Totonho não sabia como contar a verdade para seu amigo Tião ao voltar para a cidade. Vendo a cara de desilusão do fazendeiro, um faxineiro da oficina onde estavam sendo feitos os exames aproximou-se de Seu Totonho:
    -Ele não tá ligando por nada, né?
    -Não... tem alguma coisa errada com o caminhão
    -E não é nada mecânico, já vi um caso assim
    -Não é mecânico? É claro que é, isto é uma máquina
    -Aí que o senhor se engana... esse caminhão tá com problema emocional
    -(Risos) Era só o que me faltava...
    -Com licença, deixe-me conversar com o caminhão

    E alí ficou o faxineiro, debruçado sobre o capô do caminhão, conversando com o caminhão. Após ter ouvido o caminhão, o faxineiro subiu na caçamba do caminhão com cuidado, contou 3 passos a partir da traseira e ficou pulando. Seu Totonho ficou parado olhando pra cena, ele não podia acreditar que o retardado estava fazendo aquilo. Depois de alguns pulos, o faxineiro desce, entra na cabine, vira a chave e... milagre! Estava o caminhão funcionando, fazendo um barulho que demonstrava força e jovialidade. O fazendeiro ficou admirado:
    -Nossa, está funcionando mesmo!
    -Pois é doutor, eu falei que ia dar um jeito
    -E então, qual era o problema? Tinha alguma peça solta por baixo da caçamba e com os pulos ajeitou né? Eu sabia que tinha algo errado!
    -Bem, num foi isso não. Acontece que o caminhão estava com dor na caçamba, e essa dor foi causada por stress e rotina
    Seu Totonho ficou olhando pra cara do faxineiro, que manteve-se sério. O rei do gado não agüentou e dobrou-se de rir. O "médico" do caminhão retrucou:
    -Ok, o senhor não é o primeiro que ri de mim... e não tentarei convencê-lo de que as máquinas têm sentimentos
    O faxineiro virou as costas e foi embora. Ainda rindo, o fazendeiro lhe fez uma proposta:
    -Ô "doutor"! Volta aqui! Se você é mesmo mágico, conserta esse meu relógio de pulso!
    O faxineiro voltou, pegou o relógio, levou até seu ouvido e depois falou:
    -Eu sei que ele é arrogante, mas ele precisa de você. Dê uma chance à ele...
    E nisso o relógio voltou a funcionar. Perplexo, seu Totonho não acreditava no que presenciava. O faxineiro falou com o fazendeiro:
    -Olha, é melhor o senhor parar de bater o relógio na mesa, senão ele vai fazer greve de novo
    -Meu Deus do céu! Como é que você sabe disto?!
    -O relógio me contou, oras. Ele acha o senhor meio arrogante. Seja mais carinhoso com ele...
    -Rapaz, isso é incrível! Um milagre! Me diga, você já tem um empresário?
    -Pra que isso, moço? Eu sou só um faxineiro!
    -Nada disso. Eu serei seu empresário, e a partir de hoje você será conhecido como o "Curandeiro das Máquinas"
    -Deixa de conversa, doutor...
    -É sério! Ande, pegue suas coisas. Nós vamos nos mudar para Abricó do Agreste. Uma grande vida o espera!
    -Bom, se o senhor tá dizendo...

    E ao invés de voltarem de avião, decidiram voltar no caminhão de Tião, que andava como nunca. Durante a longa viagem, o fazendeiro e o curandeiro conversaram sobre o incrível poder de entender as máquinas, que ele jurava ser de nascença. Após dias rodando na estrada sem o caminhão ter apresentado problema algum, Seu Totonho chega perto da ponte que liga a estrada à cidade de Abricó do Agreste, onde uma grande festa os aguardava. No horizonte, o fazendeiro avistou Tião, aquele gigante cheio de músculos, chorando feito uma criança ao ver que seu mais que querido caminhão havia voltado a vida. Sem poder conter sua emoção, Tião foi correndo em direção do caminhão. Muito feliz, seu Totonho avançou com o caminhão ponte adentro, mas ela acabou cedendo e o caminhão despencou de uma altura de 50 metros, matando o fazendeiro, o milagreiro e posteriormente Tião, que jogou-se em cima do caminhão e morreu com a antena do rádio encravada no peito. Mas mesmo com este final trágico, João do Caminhão e Seu Totonho são lembrados na cidade até hoje, já que os destroços de metal do caminhão foram usados para criar excelentes latas de sardinha

    Quem ler vai ganhar um beijo no coração

    PS: último tópico meu aqui

    gsprs
    Veterano
    # jun/06
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    PS: último tópico meu aqui
    pq man?

    Rafael Walkabout
    Veterano
    # jun/06
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    ok.

    Sem mais.

    Rafael Walkabout
    Veterano
    # jun/06
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    PS: último tópico meu aqui
    pq man?


    [2]?

    Zakk Wylde_
    Veterano
    # jun/06
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    PS: último tópico meu aqui
    pq man?


    Não esto afim de passar as férias na frente do computador, é melhor eu sair logo. Mas não vou desaparecer de vez

    gsprs
    Veterano
    # jun/06
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    Zakk Wylde_
    Não esto afim de passar as férias na frente do computador, é melhor eu sair logo. Mas não vou desaparecer de vez
    ah bom.. hehe... \o/

    eronslap
    Veterano
    # jun/06
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    adeus..

    Villts
    Veterano
    # jun/06
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    duvido que seja melhor que o meu

    Incubus
    Veterano
    # jun/06
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    Mais uma da série:

    As Crônicas de Zakk Wylde_

    niara oliveira
    Veterano
    # jun/06 · Editado por: niara oliveira
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    bla bla

    darkshark
    Veterano
    # jun/06
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    haha

    Héldinho
    Veterano
    # nov/07
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    tah loko nem lih tudo mtoo grande

    MANFREDINI
    Veterano
    # nov/07 · Editado por: MANFREDINI
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    até amanhã

    Rafael Walkabout
    Veterano
    # nov/07
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    Héldinho

    tah loko nem lih tudo mtoo grande

    Pra que upar o tópico então, imbecil?!

    MANFREDINI
    PS: último tópico meu aqui
    até amanhã

    ¬¬ --> 28/jun/06 14:06

    MANFREDINI
    Veterano
    # nov/07 · Editado por: MANFREDINI
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    Rafael Walkabout
    o que tem de mal falar até amanhã?

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