angus junior 2 Veterano |
# jul/05
O USO DE DROGAS
(Depoimento emocionado de Luiz Fernando Veríssimo sobre sua experiência
com as drogas).
Tudo começou quando eu tinha uns 14 anos e um amigo chegou com aquele
papo de experimenta, depois quando você quiser é só parar..." e eu fui
na dele.
Primeiro ele me ofereceu coisa leve, disse que era de "raiz", da terra,
que não fazia mal, e me deu um inofensivo disco do Chitãozinho e Xororó
e em seguida um do Leandro e Leonardo. Achei legal, uma coisa bem
brasileira. Mas a parada foi ficando mais pesada, o consumo cada vez
mais freqüente, comecei a chamar todo mundo de "amigo" e acabei
comprando pela primeira vez.
Lembro que cheguei na loja e pedi:
- Me dá um CD do Zezé de Camargo e Luciano.
Era o princípio de tudo! Logo resolvi experimentar algo diferente e ele
me ofereceu um CD de Axé. Ele dizia que era para relaxar; sabe, coisa
leve... Banda Eva, Cheiro de Amor, Netinho, etc. Com o tempo, meu amigo
foi me oferecendo coisas piores... o Tchan, Companhia do Pagode e muito
mais.
Após o uso contínuo, eu já não queria saber de coisas leves, eu queria
algo mais pesado, mais desafiador, que me fizesse mexer os quadris como
eu nunca havia mexido antes. Então, meu amigo me deu o que eu queria, um
CD do Harmonia do Samba. Minha bunda passou a ser o centro da minha
vida, razão do meu existir. Pensava só nessa parte do corpo, respirava
por ela, vivia por ela!
Mas, depois de muito tempo de consumo, a droga perde efeito, e você
começa a querer cada vez mais, mais, mais... Comecei a freqüentar o
submundo e correr atrás das paradas. Foi a partir daí que começou a
minha decadência. Fui ao show e ao encontro dos grupos Karametade e Só
Pra Contrariar, e até comprei a Caras que tinha o Rodriguinho na capa.
Quando dei por mim, já estava com o cabelo pintado de loiro, minha mão
tinha crescido muito em função do pandeiro. Meus polegares já não se
mexiam por eu passar o tempo todo fazendo sinais de positivo. Não deu
outra entrei para um grupo de pagode. Enquanto vários outros viciados
cantavam uma música que não dizia nada, eu e mais outros 12 infelizes
dançávamos alguns passinhos ensaiados, sorríamos e fazíamos sinais
combinados. Lembro-me de um dia quando entrei nas lojas Americanas e
pedi a Coletânea "As melhores do Molejo". Foi terrível! Eu já não
pensava mais!!! Meu senso crítico havia sido dissolvido pelas rimas
miseráveis e letras pouco arrojadas. Meu cérebro estava travado, não
pensava em mais nada. Mas a fase negra ainda estava por vir. Cheguei ao
fundo do poço, ao limiar da condição humana, quando comecei a escutar
popozudas, bondes, tigres, MC Serginho, Lacraias, motinhas e tapinhas.
Comecei a ter delírio e a dizer coisas sem sentido e quando saía à noite
para as festas, pedia tapas na cara e fazia gestos obscenos. Fui cercado
por outros drogados, usuários das drogas mais estranhas que queriam me
mostrar o caminho das pedras... Minha fraqueza era tanta que estive
próximo de sucumbir aos radicais e ser dominado pela droga mais poderosa
do mercado: Ki-Kokolexo.
Hoje estou internado em uma clínica. Meus verdadeiros amigos fizeram a
única coisa que poderiam ter feito por mim. Meu tratamento está sendo
muito duro doses cavalares de MPB, Bossa-Nova, Rock Progressivo e Blues.
Mas o médico falou que eu talvez tenha de recorrer ao Jazz, e até mesmo
a Mozart, Beethoven e Bach.
Queria aproveitar a oportunidade e aconselhar as pessoas a não se
entregarem a esse tipo de droga. Os traficantes só pensam no dinheiro.
Eles não se preocupam com a sua saúde, por isso tapam a visão para as
coisas boas e te oferecem drogas. Se você não reagir, vai acabar
drogado, alienado, inculto, manobrável, consumível, descartável, distante.
Vai perder as referências e definhar mentalmente. Em vez de encher a
cabeça com porcaria, pratique esportes e, na dúvida, se não puder
distinguir o que é droga ou não, faça o seguinte:
Não ligue a TV no domingo à tarde;
Não entre em carros com adesivos "Fui.....";
Se te oferecerem um CD, procure saber se o indivíduo foi ao programa da
Hebe e ou ao Domingo Legal do Gugu; Mulheres gritando histericamente são
outro indício;
Não compre um CD que tenha mais de 6 pessoas na capa;
Não vá a shows em que os suspeitos façam passos ensaiados;
Não compre nenhum CD que tenha vendido mais de um milhão de cópias no
Brasil (triste colocação...), e...
Não escute nada em que o autor não consiga uma concordância verbal
mínima.
A vida é bela!
Eu sei que você consegue!
Diga não às drogas!
Sei la se vcs ja viram
mais eh legal
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