Álbuns conceituais lançados em XXI: espaço para recomendações

    Autor Mensagem
    Cloudkicker
    Veterano
    # nov/21 · Editado por: Cloudkicker


    Não tenho ouvido falar tanto de álbuns conceituais lançados recentemente, principalmente a partir de 2010. Alguém tem sugestões para compartilhar aqui, por favor?

    Eu começo: depois que o usuário Luiz Almeida indicou a banda The Warning em outro tópico, resolvi aproveitar o gancho e falar sobre o álbum Queen of the Murder Scene aqui.

    Ele "conta uma história de saudade, arrependimento, auto-aversão e segue uma mulher em plena psicose", segundo tradução livre de uma resenha da Amazon. São 13 músicas divididas em 4 capítulos, além de um prólogo.

    Em alguns momentos, há "discussões" nas músicas, representadas pelos vocais da baterista (que assume o papel da mulher em seu estado, digamos, "normal") — adendo: é incrível ver gente que sabe tocar bateria e cantar (não apenas backing, falo de vocal principal, mesmo) ao mesmo tempo — e da guitarrista, que interpreta o alter ego sedento por atenção e, quando esta não é correspondida, crimes sanguinários. Vale ressaltar que, quando o álbum foi lançado, a integrante mais velha da banda (composta por 3 irmãs) tinha 18 anos, ou seja, há muito o que evoluir, mas é certo que o talento e o potencial para ser uma banda cada vez mais consolidada existem.

    Abaixo, há um show com as músicas apresentadas na ordem do álbum (além de algumas músicas do álbum anterior no meio desse show que, embora não tenham a ver com a história diretamente, ajudam a complementar o contexto). Um destaque aqui é como a guitarrista/vocalista incorpora cada vez mais a personagem na metade final do show, conforme a temática vai ficando mais sinistra.



    Wanton
    Veterano
    # nov/21
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    Ay, carajo!! Jodidamente buena!

    makumbator
    Moderador
    # nov/21
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    Cloudkicker

    Os álbuns conceituais caíram um tanto em desuso recentemente muito por conta da questão de consumo de música online (inicialmente baixada separadamente e posteriormente em streaming). Perdeu-se o costume de apreciação de um disco completo, do começo ao fim, tendo uma história sendo contada ao longo de várias músicas.

    Fazendo uma analogia com música erudita: é como comparar a audição de uma ópera completa com ouvir uma coleção de árias isoladas (de várias óperas). No primeiro caso você tem a história, os personagens e a ambientação sonora dando sentido a tudo, e no segundo há apenas várias belas músicas separadas.

    Hoje já é comum artistas muito novos lançarem apenas músicas isoladas ao longo do tempo. Pode observar que os grandes discos de hoje são lançamentos de artistas um pouco mais veteranos na cena.

    Pode ser que isso se altere no futuro, mas é claro que tal procedimento também tem aspectos positivos.

    Cloudkicker
    Veterano
    # nov/21 · Editado por: Cloudkicker
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    makumbator

    Sim, o lance de ouvir música por demanda contribuiu bastante pra isso. É muito mais comum ouvir músicas soltas ou criar playlists temáticas (não crítico, eu também faço isso, sou usuário assíduo do Spotify e concordo com você que há aspectos positivos dessa nova era do "music business"). Aí, acontece como você disse, lançam singles em espaços relativamente curtos de tempo em vez de álbuns completos. É até mais econômico para as bandas, mesmo que seja possível gravar e lançar algo sem sair do próprio quarto (tendo em mente as limitações em relação a um estúdio completo, logicamente) e possibilita mais agilidade na criação de conteúdo com todo esse lance de algoritmos que exigem atualizações cada vez mais constantes.

    No entanto... Ou melhor, até mesmo por isso, pensei na ideia de lançar um tópico pra gente manter no radar quem se arrisca a valorizar o formato álbum e cria essas obras conceituais. Podem ser bandas consagradas tentando a sorte com isso ou até bandas novas (como é o caso do The Warning, que aproveitei pra proposta pra divulgar aqui por ser uma banda que tenho curtido bastante... É legal ver como as gerações atuais pensam no que é uma história que vale a pena ser contada por meio da música, já que os tempos são outros e as visões de mundo se ampliam). Em tempos de "on demand", fico bem curioso pra ouvir iniciativas contra a maré e, quem sabe, descobrir novas bandas que vou gostar.


    Wanton

    Mexico intensifies... Ou melhor, ¡México se intensifica!

    Luiz Almeida
    Veterano
    # nov/21
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    Cloudkicker

    Valeu mano! Ótima iniciativa com essas garotas, elas merecem e são talentosas, estão evoluindo.

    Cloudkicker
    Veterano
    # nov/21
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    Luiz Almeida

    O The Warning é, literalmente, a banda que me animou a voltar a ser músico depois de tanto tempo. 10 anos sem tocar guitarra (estudei percussão japonesa por alguns anos e foi legal, mas não é a mesma coisa... quero realmente ter uma banda de novo).

    Cloudkicker
    Veterano
    # nov/21 · Editado por: Cloudkicker
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    Lembrei de outro álbum conceitual deste século que é incrível (e nacional, inclusive), mas não é tão recente assim, pois já tem quase 20 anos: Bigorna, da banda Cartoon!

    Uma resenha legal sobre ele: https://80minutos.com.br/albumreview/1855

    Show de lançamento do Bigorna:



    BrotherCrow
    Membro Novato
    # nov/21
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    Cloudkicker
    O Bigorna é bom demais! Acho que merecia ter tido mais repercussão, lembro de ter lido a respeito no Whiplash quando saiu. Esse The Warning eu não conhecia.

    Mas pô, eu acompanho mais o metal pesado, e tenho a impressão de que tem tido mais álbum conceitual do que de costume. Por exemplo, Dream Theater já tinha flertado com conceitual no Scenes From a Memory, e entrou de cabeça com o The Astonishing (apesar de eu não ter curtido o disco). O Metallica fez Lulu com o Lou Reed, Judas Priest fez Nostradamus... tem também essas bandas que praticamente só fazem discos conceituais, como King Diamond e Ayreon, que continuam nesse caminho.

    Aí entra a questão: o que é um álbum conceitual? É o álbum com "historinha" tipo os do King Diamond? Ou pode ser só uma temática, tipo o disco novo do Mastodon que é sobre os estágios do luto? E um disco tipo Mirror Reaper do Bell Witch, que é só uma música de uma hora e meia mas liricamente é super vago? E quando o conceito não está na letra, mas no processo criativo, tipo o Pyroclasts do Sunn? E se uma banda só fala de uma coisa (tipo Whitesnake que metade das músicas tem "Love" no título), dá pra chamar de conceitual? Hehe...

    Ainda dentro do metal, o Blaze Bayley lançou não só um disco conceitual, mas sim uma trilogia contando uma história (o Infinite Entanglement). Pain of Salvation tem lançado uns conceituais também, teve o In the Passing Light of Day sobre a quase-morte do vocalista e mais recentemente o Panther que é uma distopia furry. O Vektor lançou um disco que eu recomendo demais, que foi o Terminal Redux, bela história de sci-fi.

    Fora do metal, o último da Joanna Newsom é um conceitual monstruoso, com uma história loucaça sobre viagem no tempo e multiverso... o Kendrick Lamar fez o To Pimp a Butterfly (Good Kid MAAD City era conceitual tbm)... até o American Idiot do Green Day, ou o Danger Days do My Chemical Romance (Black Parade seria mais óbvio mas é anterior a 2010).

    E pra terminar a minha digressão, vi ontem uma notícia dizendo que a Adele conseguiu fazer o Spotify tirar o botão de shuffle dos discos, porque ela acredita que o disco novo dela deve ser ouvido na íntegra e na ordem que ela estipulou. Não é conceitual, mas acho a notícia relevante para o futuro dos discos conceituais.

    makumbator
    Moderador
    # nov/21
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    BrotherCrow
    The Astonishing (apesar de eu não ter curtido o disco).

    Pra mim é facilmente o pior disco do DT, e sou muito fã da banda. Acho que gostei de umas 2 músicas dele, e mesmo assim, tendo boa vontade.

    BrotherCrow
    Membro Novato
    # nov/21
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    makumbator
    Pra mim é facilmente o pior disco do DT
    Sim! Assim como Nostradamus é o pior do Judas Priest, e Lulu é um bicho estranho que não encaixa direito nem na discografia do Metallica nem na do Lou Reed. Há um precedente de bandas fazendo discos conceituais pra parecer "sérias" e soando só pretensiosas.

    makumbator
    Moderador
    # nov/21 · Editado por: makumbator
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    BrotherCrow

    E um dos melhores do DT (na minha opinião, óbvio) é também um disco conceitual, o Scenes from a memory (que pra mim só perde do Awake e do Images and words)

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