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Dr.Pacheco Veterano |
# set/13
Achei o texto bem interessante. Da umas discussões legais se a galera animar de ler.
texto
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rcorts Veterano |
# set/13
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Bom o texto. Infelizmente não acrescenta nada de novo. É algo que nós músicos já sabemos bem. É uma lógica já instaurada de música como puro entretenimento em vez de arte. A regra é "fabricar" o que tem demanda.
Mas acredito que uma hora a onda passa. Em algum momento a canseira em relação a essa superficialidade musical começa a bater nas "massas" e abre-se espaço para algo mais conceitual, original. Na história da música popular isto se observa. Sempre tem a época das ovelhas. Mas em algum momento a hora dos lobos chega com tudo de novo.
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Edson Caetano Veterano
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# set/13
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Música para as massas serve para: cumprir o papel de entreter, porem quando é: para uma população semiformada , este entretenimento pode parecer muito banal...
Porque será que a gente, que "teoricamente" somos mais abertos a música implicamos tanto com isso,acredito que seja exatamente por esta banalização da música. e, principalmente por uma inveja ferrenha deste sucesso e rios de dinheiro envolvidos
Como não tem espaço para música de qualidade?? tem, pior que tem, e porque não vemos mais em tanta quantidade, porque a gente não busca ela direto na fonte, aliás alguns o fazem, vou morrer um dia, e sempre estarei ouvindo música de qualidade, tenho certeza disso
Se mais o fizessem, tenho certeza que a balança iria pender um pouco mais
É assunto longo
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TheRover Veterano |
# set/13
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Não entendi nada do texto.
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rcorts Veterano |
# set/13
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Edson Caetano Como não tem espaço para música de qualidade?? tem, pior que tem, e porque não vemos mais em tanta quantidade, porque a gente não busca ela direto na fonte, aliás alguns o fazem, vou morrer um dia, e sempre estarei ouvindo música de qualidade, tenho certeza disso
Se mais o fizessem, tenho certeza que a balança iria pender um pouco mais
Tocou num ponto chave dessa questão. Lógico que tem música de qualidade. Se tem músico de qualidade (o que tenho certeza que tem de monte no Brasil) com certeza tem música de qualidade. O problema é que a demanda atualmente é baixa.
A questão é que falamos de entretenimento, mas às vezes nos esquecemos de que arte também é um objeto de consumo. Um breve exemplo é que tem uns milionários mundo afora que são capazes de pagar milhões em uma única peça de Rembrandt por exemplo. Assim como existem outros com os bolsos cheios que gastam fatias de suas fortunas em itens de colecionador como por exemplo a guitarra do Jeff Beck ou a do Jimmy Page.
Assim, não é muito difícil entender alguns dos porquês de hoje haver tanta coisa efêmera e banal no mercado fonográfico e do espetáculo. O cara que detém o capital o que quer? multiplicar este capital, o que chamam de rentabilizar. Investir o capital em "produtos" com grande demanda oferece uma certeza de lucro rápido e diminuição de riscos de perda financeira. É mais ou menos a mesma lógica da bolsa de valores.
Por isso o cara detentor do capital prefere investir num Calcinha Preta da vida do que numa banda de rock, pop, MPB ou regional com conteúdo autoral/conceitual por exemplo. A rentabilidade do investimento na primeira é muito mais líquida e certa do que na segunda, já que a população está habituada a consumir o "conteúdo" que a primeira oferece, e a segunda demanda um caminho mais complexo e caro até que as pessoas sejam capazes de digerir/assimilar/apreciar e assim, gastar seu dinheiro nisso.
Acaba que pra alguém com grana investir em uma banda, um artista com um trabalho autoral que aborda temáticas interessantes em profundidade, com um som original e por isso talvez "estranho" num momento inicial, tem que ser um cara que está mais preocupado em promover o trabalho do artista do que propriamente rentabilizar seu capital. Eu por exemplo, hoje, se fosse milionário, dedicaria boa parte da minha grana em captar artistas conceituais e promovê-los, pois tenho certeza que a rentabilidade não seria gigantesca (pelo menos inicialmente), mas a longo prazo a demanda acabaria sendo criada e cada vez mais um público maior seria capaz de assimilar/digerir, trazendo da mesma forma rentabilidade ao meu capital.
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rcorts Veterano |
# set/13
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TheRover
O texto fala de indústria cultural, que é um conceito criado por dois teóricos das Ciências Sociais (Adorno e Horkheimer) na chamada Escola de Frankfurt. Fala sobre padronização de elementos da cultura para transformá-los em produtos capazes de serem ofertados e consumidos pelas "massas". E que as manifestações autenticamente culturais e autorais eram meio que transformadas em algo mastigável, facilmente digerível, para alcançar o maior público possível com menor custo observável (esforço, tempo, gasto de capital).
Na época, se não me engano, aplicavam estes conceitos em músicas populares americanas como aquelas dos anos 50 que falavam sobre "o amor do mocinho pela mocinha", mas eram tão radicais que chegavam a tecer as mesmas críticas sobre o rock e até sobre o jazz. Diziam que apesar do Jazz teoricamente ser baseado no improviso, as escalas utilizadas na improvisação, assim como os padrões rítmicos e de fraseado constituiam-se já em uma espécie de padronização, ou seja, consensualmente entre os músicos a própria improvisação era algo "pré-fabricado".
Outra manifestação que foi amplamente utilizada como exemplo de indústria-cultura foi o punk. O argumento era de que inicialmente o movimento Punk consistia em uma manifestação cultural autêntica dos jovens de se rebelarem com o sistema vigente, se vestindo para chocar, com a chamada atitude punk e com a filosofia do Do it yourself (faça você mesmo, ainda que você não saiba fazer, o interessante é ser você mesmo). E que posteriormente os detentores do capital perceberam que poderiam explorar o boom! causado pelo movimento punk transformando-o em algo rentável/vendável/massificável, que pudesse ser explorado. Assim, por exemplo, o Sex Pistols sofreu várias críticas a respeito de ser uma banda "fabricada".
A diferença é que no texto sobre o "forró eletrônico" o autor utiliza esses mesmos conceitos de padronização/massificação, transformação da arte em produto, e adiciona outros como banalização das letras, superficialidade temática e de uma população semiformada.
Apesar dos conceitos de indústria cultural não serem de todo errados, nem de todo certos, cabe uma crítica de que se notava um pensamento elitista, purista, eruditista, uma vez que esses mesmos teóricos consideravam a música clássica sim, como arte, e a música popular apenas como produto, objeto de exploração do capital. OBS.: Cabe observar que essas idéias/conceitos não se aplicavam somente à música, mas a vários tipos de manifestações culturais como o cinema por exemplo.
No entanto, a própria música clássica, barroca, enfim, erudita, era feita para atender demandas, como festas da nobreza, cerimonias religiosas, apesar de em alguns momentos serem puramente autorais, como uma homenagem do autor a algo ou alguém especial, sem um propósito predominantemente financeiro.
Um abraço.
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Casper Veterano
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# set/13 · Editado por: Casper
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Só tem dois tipos de música no mundo:
1) As que eu considero boas; 2) As que eu considerou ruins.
Como eu tenho opção de escolha, ouço o que gosto e me afasto do que não gosto. Tem muita, muita, muita música de qualidade sendo feita a cada minuto. Quem procura acaba achando, tenho 100% de certeza sobre isso. Que só vê a decadência é limítrofe, e nisso também tenho 100% de certeza.
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Dr.Pacheco Veterano |
# set/13
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Acho que uma coisa importante nessa discussão é muitas vezes as pessoas acharem que quem faz música original e boa não tem que ganhar dinheiro, ou em teoria faz apenas pela arte, o que se configura como um absurdo.
Por isso o cara detentor do capital prefere investir num Calcinha Preta da vida do que numa banda de rock, pop, MPB ou regional com conteúdo autoral/conceitual por exemplo. A rentabilidade do investimento na primeira é muito mais líquida e certa do que na segunda, já que a população está habituada a consumir o "conteúdo" que a primeira oferece, e a segunda demanda um caminho mais complexo e caro até que as pessoas sejam capazes de digerir/assimilar/apreciar e assim, gastar seu dinheiro nisso.
Lógico, e sem contar que, usando o seu exemplo, o Calcinha Preta é uma peça de reposição muito mais fácil que um grupo conceitual, e música de "fácil aceitação". Isso acho um erro muito comum, sempre escuto pessoas falando que músicas que não se entende na primeira vez, ou que tem que prestar atenção para entender é música chata e entendiante.
Casper
Mas o autor não quis de forma nenhuma dizer isto, apenas quer discutir até onde vai a atuação, do que ele chama de industria cultural, na produção das músicas
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Casper Veterano
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# set/13
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Caro Dr.Pacheco:
Vou traduzir o que eu quis dizer:
No ponto de vista do consumidor da música calcinha preta, provavelmente ele deve achar que Bach é uma porcaria de música. Ele gosta de Calcinha Preta e acha Bach um saco.
Estaria ele errado?
Do meu ponto de vista, na comparação, eu diria que sim, mas eventualmente o cidadão nunca teve oportunidade de comparar as duas músicas, ou eventualmente a capacidade de comparação é insuficiente. Isso não significa que ele seja limítrofe.
O que leva a um outro mistério, que acho que já citei nesse fórum, de algumas pessoas que são muito capacitadas em uma área de atuação (Físico Nuclear, por exemplo, com Pós-pós-pós doutorados e o escambau) e que continuam a gostar de, por exemplo, música sertaneja universitária. Um caso onde a pessoa não desenvolveu a capacidade musical por opção, isso sim é um mistério bizarro.
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Edson Caetano Veterano
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# set/13
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Casper Meu pai é um exemplo disso, adquiriu grande conteúdo intelectual, pós, mestrado, ex gerente de banco, na época que isso significava algo e simplesmente sua bagagem musical é medíocre
Entre os seus maiores clássicos estão um tal de "garçom aqui nesta mesa de bar" até esqueci o nome do cantor, o que me leva a crer que é, cultural mesmo e regional, vai além do cara ser "semiformado"
Eu vivi sempre ampliando meus horizontes musicais, tem gente que se fecha na mesma concha para o resto da vida
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Dr.Pacheco Veterano |
# set/13
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Casper
Pois eh, mas o caso é que a gente enxerga a música de forma muito diferente da maioria esmagadora da sociedade. Para muitos a música é simplesmente um entretenimento barato e rápido, num mundo pós-moderno que beira o relativismo cultural, isso se da de forma quase natural. Muitas da vezes acho que essas discussões servem mais pra confirmar nossas opiniões que entender o fato que você mencionou (do físico com pós-doc etc...). Mais ainda tem aquela velha história que embora você tenha escolha cê é bombardeado por um tipo de música por todos os lados, não que isso impeça (de forma nenhuma) que a pessoa escute o que ele quiser, mas dificulta um pouco. A música clássica é um exemplo claro disso, por mais acessível que ela possa ser em determinado lugar ela tem um áurea que afasta uma gama muito grande de possíveis apreciadores. O José Ramos Tinhorão tem um livro chamado Cultural Popular - Temas e Questões que tem um capítulo muito interessante que ele mostra como a econômico influência na escolha musical do ouvinte. Acha fácil ai pela net esse capítulo, chama Esta música ou aquela, por que uns gostam e outros não?
Ah, sei lá, acho que o comodismo reina absoluto. O cara vê aquela música ali que é boa pra danças e dar uns pegas e se dá por satisfeito. Falei isso aqui outro dia, a "música fácil" é bem mais tranquilo de se aceitar, o que você acha que a pessoa prefere escutar um disco cheio de referências que tornam a música riquíssima como o Jorge Ben ou escutar uma música que ele pode dançar e dar uns pegas, e agora citando o texto do inicio do tópico, e que muitas vezes diz de uma realidade já vivida do amor perdido, do cifre levado etc...
Enfim, a discussão é longa, coloquei apenas alguns pontos que acho relevantes.
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Rabbit Veterano
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# set/13 · Editado por: Rabbit
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Acho esquisito a forma de avaliação e a forma de como a música atual é criticada.
Eu vejo muita gente criticando a música atual. Decadente, voltada à massa ignorante, sem apelo intelectual e voltada apenas ao mercado capitalista.
Quando eu leio essas críticas eu sempro tenho dificuldade em saber em que a crítica se baseia. Geralmente os exemplos que são dados para provar que a música está decadente são retirados do mercado voltado a vendas e entretenimento. A pessoa pega uma música que foi feita com a finalidade de entretenimento e vendas e reclama que a música só serve pra entreter e vender.
É como se a pessoa quisesse comer comida francesa de qualidade mas sempre frequenta o mesmo restaurante fast food.
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Marcos UNI Membro |
# set/13
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Levantar discussões onde um dos termos tem a ver com GOSTO PESSOAL, fica difícil chegar a alguma conclusão, mas...
Em toda história da música, sempre teve aquele estilo no momento que afetou a massa, e os oportunistas/marketeiros arrumaram um jeito belíssimo de ganhar dinheiro com isso. Simples assim.
A ideia inicial é até boa, mas ai vai saturando, saturando e saturando... Até chegar certo ponto daquilo ficar pobre musicalmente falando. Mas como a ideia inicial ERA BOA, e caiu na graça do público. Fica fácil bater na mesma tecla e dar certo e ganhar dinheiro. Como eu disse, a ideia inicial era boa e caiu na graça do público, só que, saturam de mais a ideia, e assim ficando pobre musicalmente, chegando até certo ponto de você ouvir a mesma melodia em músicas diferentes várias vezes num mesmo disco.
E no Brasil temos um choque cultural muito grande, são vários gostos, vários estilos. E isso é bom, MUITO BOM. E fico até orgulhoso do meu país em certos pontos. ( tirando a política, claro!)
O mal das pessoas hoje é nunca enxergar o lado bom das coisas, sempre o lado ruim. Porque assim ele tem assunto para bancar uma de fodelão intelectual.
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Marcos UNI Membro |
# set/13 · Editado por: Marcos UNI
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duplo post
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TheRover Veterano |
# set/13
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rcorts
Obrigado pela explicação. Não sabia que a música feita para atender demandas vinha já de tanto tempo.
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sebber Veterano |
# set/13 · Editado por: sebber
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Li partes da tese e gostei. Como o assunto é muito abrangente, vou procurar resumir meu pensamento em tópicos objetivos:
- A sociedade se auto regula, e o que pode ou não pode fazer, o que toca ou não toca, etc., tudo passa pela "aprovação" popular. Se esse forró eletrizado, sertanejo universitário, funk ou seja o que for estão em voga e continuam tendo a "bênção" social é porque o povo quer, mas se quer porque foi imposto ou por causa de alguma falta de refinamento no julgamento do que é bom aí é outra estória;
- Sem querer fazer uma comparação direta, mas até bandas como Beatles e Guns já fizeram músicas com objetivos não tão artísticos, por exemplo: no começo da carreira dos ingleses eles laçavam músicas como mercadorias, e no caso das rosas, letras como as de Mr. Brownstone e My Michelle são tão fracas e "imorais" como essas de aviões do forró;
- Por fim, se o indivíduo não concorda com o mecanismo, que não o alimente, mas realmente é muito difícil fazer com que uma massa vá contra a corrente (e aqui não me cabe julgar o nível intelectual desta massa). Neste último ponto cabe uma leitura que engloba temas que estiveram em evidência, pelo menos até pouco tempo, como big brother, esquemas de pirâmide financeira e estilos musicais predominantes...
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inExperienced Veterano |
# set/13 · Editado por: inExperienced
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Agora deem uma lida nesta reportagem. A música piorou nas ultimas decadas.
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