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patcha Veterano |
# fev/12
Galera gostaria de saber a opinião de vocês a respeito da musica instrumental, no Brasil porque a musica instrumental é separada da musica? ou seja, musica instrumental é uma coisa e musica "cantada" é outra? mas as duas não são musica do mesmo jeito? E outra... E porque esse "tipo" de musica é tao desvalorizado no brasil? Sera que a própria musica instrumental (me referindo mas para o lado erudito) trata de segregar, ou a media "tratou" de colocar ela longe do mainstream?
Obrigado gostaria de abrir essa discussão
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Edson Caetano Veterano
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# fev/12 · Editado por: Edson Caetano
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patcha Esta falando de música instrumental erudita? É polêmico, mas o público erudito considera esta forma músical ARTE, e o popular apenas DIVERTIMENTO para a massa, formado por um grupo, generalizando, mas este público é de de uma classe social mais elevada, principalmente elevada culturalmente... e acho que está casta prefere que seja assim, exclusividade, isso acaba transformando este tipo de música aqui a no Brasil restrito a um nicho muito pequeno
Em um país que consome o tipo de música que o nosso, como você acha que seria um meio viável de introduzir a música erudita, ou mesmo o popular de mais qualidade, aos ouvidos de nossos conterrâneos ...
É normal este tipo de música estar vinculado a pessoas de
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makumbator Moderador
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# fev/12
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patcha
porque a musica instrumental é separada da musica?
As duas são música, o termo instrumental é mais para fins de direcionamento de nicho (principalmente comercial).
Sera que a própria musica instrumental (me referindo mas para o lado erudito) trata de segregar, ou a media "tratou" de colocar ela longe do mainstream?
Acredito mais no oposto, a grande mídia que em geral segrega a música instrumental, mas há exceções, obviamente.
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Del-Rei Veterano |
# fev/12
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makumbator Acredito mais no oposto, a grande mídia que em geral segrega a música instrumental, mas há exceções, obviamente.
Concordo. O fato é que na maioria das músicas só vão pro mainstream se houver retorno finaiceiro. E obviamente o retorno financeiro de outros gêneros é muito maior que erudito aqui no Brasil.
Acho que no instrumental, seja qual for, a maior chance de entrar na grande mídia nacional, é através de trilha sonora de novelas.
Um aceno de longe!!!
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Casper Veterano
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# fev/12 · Editado por: Casper
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Minha tese é a seguinte:
O Brasileiro típico se gaba de ser musicalmente rico mas é exatamente o contrário. O Brasileiro típico é extremamente conservador e desconhece, musicalmente falando, sobre o que acontece até em um País que faz fronteira com ele. Não está aberto para nenhum tipo de música que foge dos padrões da mídia-FM-TV.
Música instrumental erudita tem penetração mínima, em uma pequena parcela da população. Não tenha dúvidas. Isso é trágico.
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francisco2004 Veterano |
# fev/12
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Não acredito que hoje em dia o pessoal que faz curso superior de música tem essa mentalidade preconceituosa. Caras respeitados no meio acadêmico, tipo Villa-Lobos, se alimentaram do popular, do choro, da música caipira, do baião, para criar algo novo e ao mesmo tempo convergente, a eterna busca da identidade cultural brasileira, que não existe numa forma única, monolítica.
Acho que a música instrumental não é tão popular porque ela não transmite uma mensagem direta, ela não tem nada objetivo a dizer, ela só te toca, mas não podemos descrever categoricamente as sensações transmitidas. É muito mais fácil dizer que "esta música fala disso e daquilo". É como um filme com um final fechado, explicado, versus um filme que é uma enxurrada de símbolos e que causam um desconforto psíquico.
Se você gosta de filmes lado B de diretores europeus de fora do mainstream e mesmo grande parte dos filmes brasileiros, então você vai gostar de música instrumental. A música instrumental é a mensagem em aberto, é a experiência psicoacústica sem interferências. Mas ao mesmo tempo é um exercício maior de abstração. Uma música instrumental pode transmitir alegria para um e tristeza para outro.
A suposta desvalorização da música instrumental tem a ver com o fato de que requer um esforço maior de reflexão e atenção, ou ainda é possível ignorá-la totalmente. A música letrada tem uma narrativa mais clara e, portanto, é mais popular e penetra com facilidade no cérebro. Não tem segredo, tudo o que é popular tem um alcance maior, mas nem por isso o popular é ruim.
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Black Horse Guitar Veterano |
# fev/12 · Editado por: Black Horse Guitar
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Pra responder essas perguntas eu faço uma comparação, não gosto de fazer comparações mas pra exemplificar o ponto no qual quero chegar é ótimo
Vamos comparar músicas consideradas baixas, ou seja, de baixo escalão, sem vergonha, etc e etc, para esse exemplo eu comparo esses dois países:
ARGENTINA = Tango O tango teve sua origem especialmente como um ritmo sensual para as prostitutas dançarem com os marinheiros que chegavam no porto e queriam diversão.
BRASIL = Funk Carioca (esse termo é uma monstruosidade ao verdadeiro Funk), melhor caracterizado como batidão. Música originária das favelas cariocas, desenvolvidas por traficantes para arrecadar mais fundos em prol ao narcotráfico. Organizavam bailes para o povão e como são pessoas de "cultura" fraca, quer dizer, sem cultura, esse batidão foi a forma que conseguiram pra ter algo "musical" nessas festinhas de arrecadação.
Comparando esses dois rítmos podemos ver claramente as diferenças musicais, tanto na instrumentação como nas letras, diferença essa monstruosa. Com base nas ações e não "fala vazia", vemos a clara diferença de quem realmente faz e quem realmente não faz. Claro, no Brasil tem sim músicas excelentes mas essas não são e NUNCA SERÃO prioridade do povão por QUESTÕES DE CULTURA E CULTURA NÃO SE MUDA ASSIM DE UMA HORA PARA OUTRA, ainda mais uma que vem se "subdesenvolvendo" a 512 anos pelo menos. Somente um RECOMEÇO de história que poderá mudar essa cultura
Abraços
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AceFrehley Veterano |
# fev/12
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Cara, me pergunto uma coisa... a voz não é considerada instrumento certo? Porque se uma musica com voz é "musica normal" e sem voz é "musica instrumental"...
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De Ros Veterano
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# fev/12
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Black Horse Guitar
Velho, tua comparação não foi la muito boa...
O equivalente Brasileiro do tango seria o choro ou o samba.
O equivalente do Funk Carioca na Argentina é a Cumbia Villera. E aí a coisa fica bem complicada.
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Black Horse Guitar Veterano |
# fev/12 · Editado por: Black Horse Guitar
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De Ros
Cara, não conhecia Cumbia Villera.
É, não fiz comparação justa, realmente esse batidão argentino é irmão gêmeo do Batidão carioca...
Pra conhecer vi alguns vídeos no Youtube
Cara, vou ter que tomar banho de duas horas, queimar as minhas roupas que estava usando na hora que vi, e fazer um retiro espiritual pra tentar me limpar dessa sujeira toda. Até tem umas "moças" bonitas dançando no palco mas não vale a pena não, no meio de outras músicas também tem "moças" bonitas, então a conclusão que tenho é que nada do que vi presta.
Mas sabe uma coisa pior?! Mulher brasileira curtindo e dançando "vem minha cachorra vem pro seu cachorrão, vem fazer têtê, vem vagabunda vem vagabunda vem pro malandrão"
Nessas horas eu penso, mesmo depois de milhares anos a diferença entre a época das cavernas e os dias de hoje é uma linha muita fina.
Acho que a primeira coisa que a Ciencia Médica do futuro deveria pensar é, ao programar como será o filho de um casal verificar as condições cerebrais e se for o caso fornecer um!
Observação: Não estou falando mal de tais rítmos musicais e muito menos chamando alguém de burro, caso aconteça é mera coincidência!
Abraços
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makumbator Moderador
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# fev/12 · Editado por: makumbator
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Black Horse Guitar
Acho sua definição do funk carioca extremamente preconceituosa. O choro, jazz, blues, e muitos outros que hoje são considerados grandes gêneros musicais, em sua origem também recebiam as mesmas críticas, sendo vistos como sons primitivos, de vagabundos, "crioulos", bandidos e pobres. E hoje, muitos deles tem um nível musical de verdadeira arte, música de câmara popular em sua essência( principalmente o jazz , nuevo tango e choro).
Eu imagino que daqui muitas décadas o funk carioca se transforme e vá aos poucos ganhando até certo respeito musical, da mesma forma que ocorreu com outros. Tudo é uma questão de prisma de cada época. Não compreendo o ódio atávico que muita gente tem contra esses gêneros.
O Hip Hop, rap e congêneres também enfrentou o mesmo tipo de preconceito, e eu vejo esses gêneros se transformarem, sendo aos poucos aceitos socialmente, e se combinarem com outros, gerando interessantes sinergias.
Já contei para algumas pessoas do FCC que o maestro da orquestra em que toco contrabaixo acústico acha que rock, blues, rap, funk carioca, pop, e tudo mais um monte de merda parecida, pois ele é de uma outra época(ele tem 92 anos). Com exceção de música erudita, ele só observa um caráter de música artística no choro, tango e no jazz tradicional(free jazz para ele é lixo). Ele diz que o resto é barulho...apesar de respeitar também música oriental(principalmente indiana clássica) e folclórica de raiz em geral.
P.S. É importante frisar que assim como muitos aqui, o chamado funk carioca definitivamente não é algo que me agrade musicalmente, entretanto, não nego a ele o caráter de importância cultural que exerce sobre muita gente(assim como muitos estilos "marginais" pelo mundo). Não o vejo como um mal a ser destruído.
Claro que isso é minha opinião pessoal, e ninguém é obrigado a concordar.
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Led Zé Veterano |
# fev/12
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makumbator Cara, o cara que conseguir enxergar algum tipo de arte nos funks das cachorras é um sujeito muito anormal. Pode ser muito forte como manifestação cultural , identidade, individualidade e outros aspectos da natureza humana. Mas passa longe de ser música ou arte. Como música é lixo.
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Black Horse Guitar Veterano |
# fev/12 · Editado por: Black Horse Guitar
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makumbator
Claro que isso é minha opinião pessoal, e ninguém é obrigado a concordar.
Com certeza. Respeito a sua opinião.
Quanto a eu ser preconceituoso, vamos lá
Se, eu não gostar de músicas com letras como todos já sabemos como é Se, eu não gostar da "verdadeira" origem desse "estilo" Se, eu não consigo ver arte nesse estilo Se, eu tenho uma evolução que me permite não gostar desse estilo Se, eu não compartilho dessa cultura baixa, medíocre e mesquinha Se, eu com o meu direito de continuar evoluindo menosprezo esse estilo Se, eu na minha atual evolução (ainda tenho muito a evoluir) não me rebaixo pra aceitar esse estilo como arte musical Se, eu com tudo isso dito sou considerado Preconceituoso, então eu SOU PRECONCEITUOSO!
PRÉ-CONCEITO = É ter um conceito, uma idéia, uma definição sobre algo usando determinados conhecimentos existentes para tal.
Tá muito na moda falar que tal pessoa é preconceituosa, que tal atitude é preconceituosa, mas esquecem que TODOS temos nossos Pré-conceitos sobre determinados assuntos, pois é nosso senso crítico onde comparamos as coisas com base na sabedoria e assim qualificarmos tais assuntos.
Nas questões raciais usam-se muito o termo preconceito, nesse caso as bases do PRÉ-CONCEITO que são "atrasadas" com base na evolução da inteligência, pois julgar alguém por sua cor é ter como base conhecimentos pífios, ou seja, sem conhecimento algum!
Porém, PRÉ-CONCEITO, tendo como base a estrutura de uma letra e seu significado, a harmonia, a melodia, a intenção da qual a música passa, é muito válida quando vem de quem conhece música e acima de tudo procura sempre evoluir MORALMENTE falando. Existem duas formas de inteligência: A Moral e a Intelecutal. A Moral é a forma que molda nosso carater e personalidade como ser e a intelectual é o domínio sobre o mundo em que vivemos.
Abraços
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makumbator Moderador
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# fev/12 · Editado por: makumbator
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Led Zé Cara, o cara que conseguir enxergar algum tipo de arte nos funks das cachorras é um sujeito muito anormal. Pode ser muito forte como manifestação cultural , identidade, individualidade e outros aspectos da natureza humana. Mas passa longe de ser música ou arte. Como música é lixo.
Tudo bem, mas é essa a mesma visão que muitas pessoas tem sobre a música amada por muita gente aqui no FCC, como citei no caso do maestro da orquestra aonde toco. Para ele, Pink Floyd, Beatles, Metallica, Dream Theater, B.B. King, James Brown e afins é só barulho, da mesma forma que consideramos o funk carioca da mesma forma. Vc acha que há arte no rock? Pois então, meu maestro acha que não passa de lixo.
Black Horse Guitar
Também não concordo com a moda do politicamente correto, e acho que todo mundo tem o pleno direito de gostar do que for, mas o que vale para mim, vale também para alguém que goste de funk carioca.
Se, eu não gostar de músicas com letras como todos já sabemos como é Se, eu não gostar da "verdadeira" origem desse "estilo" Se, eu não consigo ver arte nesse estilo Se, eu tenho uma evolução que me permite não gostar desse estilo Se, eu não compartilho dessa cultura baixa, medíocre e mesquinha Se, eu com o meu direito de continuar evoluindo menosprezo esse estilo Se, eu na minha atual evolução (ainda tenho muito a evoluir) não me rebaixo pra aceitar esse estilo como arte musical
Mas tudo isso era apontado como características do choro, jazz, rock, tango, etc...
Eles mudaram musicalmente ao longo do tempo? Sim, mas ao mesmo tempo as pessoas passaram a ver neles algo além dos conceitos das críticas.
E a origem parcialmente "bandida" do funk não invalida a legitimidade alcançada ao se alastrar para outros grupos sociais "não criminosos". A origem não diz tudo sobre o desenvolvimento do que quer que seja.
É a questão da época(entre outras coisas) que para mim altera o julgamento sobre a música ser ou não socialmente aceita ou relevante. O discurso de desprezo ao funk carioca é o mesmo de outrora em relação a outros gêneros.
Não quero dizer que eu ache Mozart e Mister Catra igualmente habilidosos, mas também não considero o funk carioca como o holocausto musical que muita gente apregoa.
Temos que conviver com ele(gostando ou não, está na sociedade), e talvez torcer para que no futuro o mesmo se desenvolva mais em direção a algo mais artístico.
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Black Horse Guitar Veterano |
# fev/12 · Editado por: Black Horse Guitar
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makumbator
Eles mudaram musicalmente ao longo do tempo? Sim, mas ao mesmo tempo as pessoas passaram a ver neles algo além dos conceitos das críticas.
Eu vivo no presente, e no presente batidão carioca é o que conhecemos e o que um dia possa ser, AINDA NÃO É, o que é, é o que se tem, o presente!
Agora quanto ao Jazz, rock, blues, etc terem suas críticas na época, a questão é muito diferente, já que a época a música era de certa forma elitizada entre outros tantos problemas sociais, morais, etc da época.
Quanto ao maestro citado por você, como eu disse antes, existem dois tipos de inteligência, a moral e a intelectual. E nesse caso não seria o exemplo de gente velha que acha que tudo da época deles era melhor? Tem gente que acha que máquina de escrever ainda é muito melhor que computador e afins
E a origem parcialmente "bandida" do funk não invalida a legitimidade alcançada ao se alastrar para outros grupos sociais "não criminosos". A origem não diz tudo sobre o desenvolvimento do que quer que seja.
Me desculpe, mas ao alastrar para comunidades não criminosas não quer dizer nada mais que quem ouve é muito burro! Uma pessoa de moral baixa e inteligência intelectual mais baixa ainda. Posso estar sendo duro, mas repara se alguém inteligente moralmente e intelectualmente escuta isso. Simplicidade é bom mas simplicidade ao extremo é mediocridade
Agora sobre as críticas do batidão carioca ser a mesma que de outros gêneros, não justifica, compara esses outros gêneros como eram antigamente com o batidão carioca, compara as letras, a melodia, a harmonia, a intenção, a inteligência dos seguidores, etc, você verá uma diferença gritante
Quanto ao que o batidão carioca possa se tornar, sinceramente não interessa, o que interessa é o presente e que não existem sinais nenhum de melhora nesse gênero, é só ver a capacidade de quem está envolvido, você ve algum tipo de capacidade pra fazer evoluir musicalmente?
Desculpa se fui duro demais, mas se não falasse o que penso estaria sendo falso. Respeito a sua opinião.
Voltando ao assunto do maestro, será que a questão do gosto não afeta a opinião dele?
Será que a questão de gosto não afeta a minha opinião? Claro que afeta, mas no meu caso uso minha inteligência pra deixar a questão de gosto de lado para fazer tal análise. Não gosto de Jazz, odeio choro e samba, não suporto MPB, etc, mas não falo que não prestam, simplesmente falo que não gosto e pronto, porque sei das qualidades de cada gênero. Já o batidão carioca, não existe nenhum fator (independente de gosto) que possa atestar uma mínima qualidade
É difícil entrar nesse assunto sem parecer metído, extremista, etc, mas para uma análise séria não posso ser falso, tenho que falar o que penso e mais do que isso, falar sobre algo do qual já analiso deixando a questão do gosto de fora
Abraços
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TG Aoshi Veterano |
# fev/12
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Casper O Brasileiro típico se gaba de ser musicalmente rico mas é exatamente o contrário. O Brasileiro típico é extremamente conservador e desconhece, musicalmente falando, sobre o que acontece até em um País que faz fronteira com ele. Não está aberto para nenhum tipo de música que foge dos padrões da mídia-FM-TV.
Música instrumental erudita tem penetração mínima, em uma pequena parcela da população. Não tenha dúvidas. Isso é trágico.
Tese? Pode considerar fato! =p E me pergunto se o mesmo não acontece em outras partes do mundo...
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makumbator Moderador
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# fev/12
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Black Horse Guitar Quanto ao maestro citado por você, como eu disse antes, existem dois tipos de inteligência, a moral e a intelectual. E nesse caso não seria o exemplo de gente velha que acha que tudo da época deles era melhor? Tem gente que acha que máquina de escrever ainda é muito melhor que computador e afins
Não necessariamente antiga, pois ele gosta de música recente, DESDE que seja escrita dentro de certos estilos e de acordo com determinados cânones de composição. Por exemplo, ele gosta de boa parte da música contemporânea, que para muita gente não é música.
Agora quanto ao Jazz, rock, blues, etc terem suas críticas na época, a questão é muito diferente, já que a época a música era de certa forma elitizada entre outros tantos problemas sociais, morais, etc da época.
Há problemas socias hoje, assim como antes. Não digo que seja o seu caso, mas acho que parte das opiniões ao funk carioca são contaminadas pelo racismo e preconceito a pobres(mesmo que velados ou inconscientes).
Da mesma forma, o jazz em seu início enfrentou essa barreira. No livro do Eric Hobsbawm, A História social do jazz, o famoso historiador(que é fanático por jazz) analisa justamente o contexto em que ele surgiu. Há interessantes similaridades de opiniões entre as épocas.
Inclusive, se dizia que o jazz era ultra sexualizado(sendo música de putas e cafetões) e que seus músicos não tinham noção correta de harmonia, condução de vozes, instrumentação, etc...resumindo, era coisa de gente ignorante na verdadeira arte musical.
E isso valia tanto para o aspecto puramente sonoro quanto às letras das músicas cantadas(em que os críticos não percebiam nenhuma poesia, apenas sexo e lamúrias baratas).
Toda essa opinião se modificou de maneira intensa. E hoje o jazz é a música americana vista como realmente artística, um tesouro nacional dos EUA.
É difícil entrar nesse assunto sem parecer metído, extremista, etc, mas para uma análise séria não posso ser falso, tenho que falar o que penso e mais do que isso, falar sobre algo do qual já analiso deixando a questão do gosto de fora
Sim, eu concordo. E até compreendo as pessoas serem tão extremas ao funk carioca. Mas veja o caso do rap, que em grande parte também era acusado de ser pobre musicalmente, e as letras eram vistas como racismo invertido ou apologia ao crime. Com o tempo esse estilo se infiltrou em outros, e hoje está em boa parte da música.
Voltando ao assunto do maestro, será que a questão do gosto não afeta a opinião dele?
Não exatamente. Pois o que ele relata é que o rock, pop e afins não é música dentro de um ponto de vista objetivo. Já conversei sobre isso com ele longamente(pois ele sabe que gosto de coisas fora do universo erudito), e os motivos que ele apresenta não são calcados no gosto, e sim na falta de "racionalidade superior" na criação desses estilos que ele chama de rasteiros. De certa forma, algumas razões que ele apresenta são parecidas com as que vc relata para descartar o funk carioca(essa é a ironia da coisa).
Ele brinca dizendo que eu não gosto dessas músicas, e sim que eu gosto "desses barulhos", pois não seriam música, mas imitação barata da arte musical. Ele faz uma comparação interessante:
A música pop, rock e afins estão para a verdadeira música artística tanto quanto o tagarelar de um papagaio está para o discurso de um orador habilidoso na arte da retórica.
Um é macaquice imitativa sem sentido e o outro construção consciente e intelectual com base no conhecimento.
É por tudo isso que eu me pergunto se daqui 50, 80 anos o funk carioca não estará integrado à música brasileira. Não sei responder isso...talvez sim, talvez não!
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Black Horse Guitar Veterano |
# fev/12 · Editado por: Black Horse Guitar
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makumbator
Há problemas socias hoje, assim como antes. Não digo que seja o seu caso, mas acho que parte das opiniões ao funk carioca são contaminadas pelo racismo e preconceito a pobres(mesmo que velados ou inconscientes).
Cara, um estilo que tem letras que nem preciso citar aqui e músicas muito mal feitas, INDEPENDENTE DE SER DE POBRE OU RICO, é evidente o porquê de se falar mal, você não acha?!
O que você "parece" estar querendo dizer é que a Batidão carioca é menosprezado pelo fato de que o público que gosta é pobre, gerando assim racismo e intolerância. Mas como pode chegar nessa conclusão ignorando o principal fator da crítica? A LETRA E A MUSICALIDADE? Até parece que está tentando mudar o FOCO e deixar de lado a "podreira" das letras e musicalidades e tentando transformar o batidão carioca num martir? Parece tática desesperada de advogado tentando livrar o réu quando todas as provas evidenciam o crime, mudando o foco da coisa!
Não exatamente. Pois o que ele relata é que o rock, pop e afins não é música dentro de um ponto de vista objetivo. Já conversei sobre isso com ele longamente(pois ele sabe que gosto de coisas fora do universo erudito), e os motivos que ele apresenta não são calcados no gosto, e sim na falta de "racionalidade superior" na criação desses estilos que ele chama de rasteiros.
Racionalidade Superior?! Estilos Rasteiros?! Bom, isso evidencia que sim, o gosto e o EGO é que comandam a opinião dele, qualquer psicólogo vê isso de cara. Pelo que você fala, pra ele somente a música erudita é que tem valor significativo, ou seja, típica mentaldiade da época da música elitizada, onde o EGO justifica essa atitude pra fazer com que o indivíduo se sinta superior.
A música erudita pode sim ser mais complexa e rica que outros estilos mas daí pergunto: Onde está o livro de regras que determina que somente erudito é música, e ainda superior, celestial?
Cara, sinceramente, esse tipo de pensamento antigo de uma época de burguesia elitizada é ridículo!
Agora você deve estar se perguntando? "Mas o Black Horse Guitar" não está fazendo o mesmo com o batidão carioca? Em partes, sim, quanto a me sentir superior, musicalmente falando, aos adéptos ao batidão carioca, mas não chego ao ponto de me sentir um deus perante ao outros humanos, um ser magnífico com evolução máxima, assim como esse mestre. Como eu disse, tem estilos que não gosto mas respeito, mas não respeito o tal gênero objeto dessa discussão (saudável) pelos motivos óbvios: Letra e musicalidade, pois considero esse gênero o pântano da música. Sei que existem músicas superiores ao que gosto mas o que vale pra mim é o gosto, aquilo que tem a ver com minha personaldiade, já que os nossos gostos nada mais é do que a exteriorização de nossa personalidade.
Para esse mestre achar isso, ele se considera um deus na terra, um cara superior a todos, pois ele fala que só erudito é que tem valor. Eu acho muita coisa de valor fora do que gosto, mas esse mestre sente uma enorme necessidade de se sentir superior (assim como a burguesia elitizada de antigamente), aliás esse ainda é um estigma onde alguns amantes da música clássica carrega em seus egos. Ele pode ser muito rico musicalmente falando mas é extremamente pobre moralmente falando. Gostaria muito de um dia trocar idéias com ele, não com a intenção de briga e sim de aprendizado, porque não somos perfeitos (ao contrário do que ele pensa de si mesmo), todos temos a aprender mas acredito que nós dois poderíamos ensinar algo um para o outro.
Claro que tudo isso que falei foi com base do que você falou sobre ele, mas posso estar errado em alguma coisa, assim como ele
Abraços
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makumbator Moderador
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# fev/12 · Editado por: makumbator
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Black Horse Guitar O que você "parece" estar querendo dizer é que a Batidão carioca é menosprezado pelo fato de que o público que gosta é pobre, gerando assim racismo e intolerância.
O meu ponto, é que a opinião sobre a musicalidade é afetada pelo racismo e preconceito a pobres, assim como ocorreu no passado com o jazz(por exemplo).
Não quero dizer que o funk carioca seja uma jóia rara, mas talvez as pessoas sejam especialmente duras com ele por causa de sua origem. E muitos nem devem se dar conta disso.
Sim, eu estou fazendo um pouco o papel de advogado do diabo, pois sempre tento me colocar no lugar do outro(no caso o cara pobre que gosta do batidão). Sem contar que sempre desconfio dessas noções extremas de que o estilo A ou B seja uma total porcaria. Sempre tem algo ali que pode ser apoveitado, nem que seja no aspecto de fenômeno social das pessoas envolvidas.
Mas como pode chegar nessa conclusão ignorando o principal fator da crítica? A LETRA E A MUSICALIDADE?
Como citei antes, o jazz era visto da mesmíssima forma, música sexualizada e de baixo valor musical(basta consultar material de época). E não foi a música que mudou tanto com o tempo até ser aceita, foi muito mais a forma que as pessoas olhavam para ela. É em grande parte uma questão do olhar.
Minha conclusão, é que parte de opinião é enviezada pela noção da época do que seria adequado(principalmente no que tange ao aspecto sexual). Assim como meu maestro não enxerga nenhuma qualidade no rock(por exemplo) a gente não vê qualidade nenhuma no funk carioca.
Eu acho muita coisa de valor fora do que gosto, mas esse mestre sente uma enorme necessidade de se sentir superior (assim como a burguesia elitizada de antigamente)
Ao contrário, é uma pessoa extremamente simples no trato, e não cospe sua erudição(que é grande) nos outros. Ele não coloca as coisas do ponto de vista do ego ou do gosto, e sim da construção musical. A opinião extrema nesse caso dá a entender que é um esnobe, mas definitivamente não é o caso!
Vc teve a visão errada do meu maestro, ele passa longe do "burguês elitizado".
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makumbator Moderador
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# fev/12 · Editado por: makumbator
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Gostaria muito de um dia trocar idéias com ele, não com a intenção de briga e sim de aprendizado, porque não somos perfeitos (ao contrário do que ele pensa de si mesmo), todos temos a aprender mas acredito que nós dois poderíamos ensinar algo um para o outro.
Então, é justamente isso que converso com ele, e ele é sempre aberto a esse tipo de discussão. Mas é muito fácil ele convencer alguém, ao mostrar justamente o que caracteriza a grande música em comparação a outras "rasteiras". Ele foca no que separa a arte do entretenimento meramente comercial (na opinião dele todo o rock e pop se encaixa nessa definição).
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Black Horse Guitar Veterano |
# fev/12
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makumbator
Como citei antes, o jazz era visto da mesmíssima forma, música sexualizada e de baixo valor musical(basta consultar material de época). E não foi a música que mudou tanto com o tempo até ser aceita, foi muito mais a forma que as pessoas olhavam para ela. É em grande parte uma questão do olhar.
OK, se esse gênero não mudou muito musicalmente então é justo que se faça uma comparação do Jazz com o batidão carioca, certo?
Quais diferenças ou semelhanças existem entre o Jazz e o batidão carioca?
Como disse antes, independentemente da classe social de quem ouve.
Muitos burgueses pra mim eram muito burros e comandado pelos egos de sentirem superiores. Então a condição social de um endivíduo influencia sim em sua personalidade mas nem para todos essas condições são a parte dominante, mostrando que existe algo por trás disso tudo que determina nossos gostos, justamente a parte da Inteligência Intelectual e Inteligência Moral. Não confunda Moral com sexo, moral que falo é algo muito maior, é a evolução do ser em sua plenitude
Abraços
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makumbator Moderador
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# fev/12
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Black Horse Guitar Quais diferenças ou semelhanças existem entre o Jazz e o batidão carioca?
As semelhanças estão nas críticas da época! Será que o jazz é assim tão anti musical, sexualizado e ignorante? Bem, na opinião da época era sim.
Como disse antes, independentemente da classe social de quem ouve.
Aí que está, não é possível separar a nossa classe social da opinião que damos a esse tipo de fenômeno cultural.
Muitos burgueses pra mim eram muito burros e comandado pelos egos de sentirem superiores.
Lembre-se que para o cara pobre da favela, eu e você somos burgueses, elitizados e esnobes. E é difícil convencer tal pessoa que a coisa não é bem assim.
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Black Horse Guitar Veterano |
# fev/12 · Editado por: Black Horse Guitar
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makumbator
Ao contrário, é uma pessoa extremamente simples no trato, e não cospe sua erudição(que é grande) nos outros. Ele não coloca as coisas do ponto de vista do ego ou do gosto, e sim da construção musical. A opinião extrema nesse caso dá a entender que é um esnobe, mas definitivamente não é o caso!
Então, é justamente isso que converso com ele, e ele é sempre aberto a esse tipo de discussão. Mas é muito fácil ele convencer alguém, ao mostrar justamente o que caracteriza a grande música em comparação a outras "rasteiras". Ele foca no que separa a arte do entretenimento meramente comercial (na opinião dele todo o rock e pop se encaixa nessa definição).
Legal, como disse antes, falei o que falei em cima das poucas palavras que você falou sobre ele, mas posso estar errado. Agora vejo mais claramente o que ele possa estar querendo dizer. Pra ele erudito é o superior da música e dá os motivos pra isso. Até concordo que o erudito seja musicalmente superior a todos os estilos existentes, mas não é o que busco ao ouvir música, assim como a maioria, nós buscamos músicas que tem a ver com nossa personalidade, que se encaixam em nossos gostos.
O maestro definiu pra ele que só vai gostar do que seja superior e isso moldou seu caráter influenciando seu gosto. Nada contra. Quanto a ele achar que o resto é Rasteiro, mesmo esse resto tendo suas qualidades musicais altas (não a altura da música erudita mas com muita qualidade) é uma definição pessoal dele e não, digamos verdade universal, assim como minha opinião sobre o batidão carioca, que pra mim é o aspecto mais baixo da música.
Um dos motivos existenciais da música é a diversão através das emoções que sentimos ao ouví-la, então o motivo principal, pra mim e pra muitos, não é procurar aquilo que seja classificado como excelência musical e sim algo que gostamos e tem a ver com nossa personalidade.
Vendo por essa visão, toda música tem o seu valor, até o batidão carioca, mas assim como o maestro chama o resto de rasteiro, eu chamo o batidão de pântano da música e a diferença entre o maestro e eu é que dou valor pra algo que não gosto mas que tenha certas qualidades musicais. Eu adoro metal (não todos pois sou muito chato e filtro muita coisa) mas também adoro música clássica, mas minhas preferências é aquilo que se assemelham a minha personalidade.
Peço desculpa pelo julgamento precipitado ao maestro, mas fiz com base a poucas palavras que você disse, me precipitei, porém, mesmo assim, um dia gostaria de conversar com ele, quem sabe possa ser aproveitoso para os dois lados
Abraços
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Black Horse Guitar Veterano |
# fev/12 · Editado por: Black Horse Guitar
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makumbator
As semelhanças estão nas críticas da época! Será que o jazz é assim tão anti musical, sexualizado e ignorante? Bem, na opinião da época era sim.
As semelhanças que falo são as letras e a parte instrumental, digamos assim. Comparar a "qualidade" das letras e das composições (Harmonia, melodia e desenvolvimento da música)
Independente das críticas de hoje e de antigamente, comparação real entre os estilos, sem julgamentos pré-concebidos
Abraços
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makumbator Moderador
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# fev/12
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Black Horse Guitar Peço desculpa pelo julgamento precipitado ao maestro, mas fiz com base a poucas palavras que o definiram, me precipitei, porém, mesmo assim, um dia gostaria de conversar com ele, quem sabe possa ser aproveitoso para os dois lados
Não há o que desculpar! Hhehe!
Vendo por essa visão, toda música tem o seu valor, até o batidão carioca, mas assim como o maestro chama o resto de rasteiro, eu chamo o batidão de pântano da música
Com certeza!
Um dos motivos existenciais da música é a diversão através das emoções que sentimos ao ouví-la, então o motivo principal, pra mim e pra muitos, não é procurar aquilo que seja classificado como excelência musical e sim algo que gostamos e tem a ver com nossa personalidade.
Ah! Isso é fundamental! E aqui é um dos pontos em que temos que aceitar que o batidão possa gerar um sentimento sincero em seu admirador, sem contar que ele funciona como importante "cola" social para a comunidade. Mesmo que a gente não goste da música(e eu também não gosto), ela pode "tocar" algumas pessoas que estão dentro daquele contexto.
Mas foi uma boa discussão essa nossa!
:)
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Black Horse Guitar Veterano |
# fev/12
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makumbator
Com certeza, ótima discussão :)
Pode-se chegar a uma conclusão de duas opiniões diferentes sem brigas, desde que a inteligência comande. E muitas vezes a conclusão é que os dois lados tem muitas semelhanças apenas formas diferentes de expressá-los e as partes diferentes podem ser "toleradas" sem brigas
Valeu
Abraços
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LifeLearner Membro |
# jul/13
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Concordo com você.
1- Acho inclusive que a música instrumental é separada de "música" não somente no Brasil, mas no mundo todo. Acho que a voz, é nada mais nada menos do que um instrumento a mais em uma banda. Assim como é possível fazer uma música sem bateria, sem guitarra, sem flauta, ou outro instrumento, é perfeitamente possível também fazer uma música sem voz, sem que se perca o ideal musical.
2- Os brasileiros se acostumaram não somente a dar importância à voz, mas a prestarem atenção SOMENTE na voz ao ouvirem uma música. Tanto é que, às vezes quando uma introdução é "demorada", muitos já me perguntaram: "Quando a MÚSICA(Voz cantada) vai começar?", sendo que a música já começou há muito tempo. Em conclusão acho que é uma forma "pobre" de ouvir música(Minha opinião), ou falta de interesse em música.
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