Relação entre música e sentimentos

    Autor Mensagem
    FAP
    Veterano
    # mar/10


    Pessoas, procurei sobre esse assunto no fórum e achei incrível que em 8 anos de existência não se tenha falado sobre isso por aqui (ou eu que fui burro em não ter encontrado)

    Que a música causa diversas sensações diferentes no ser humano isso todos já sabemos. Mas a questão é... qual a relação entre a música e os sentimentos? Há décadas cientistas pesquisam sobre as emoções proporcionadas pelos diferentes tipos de elementos musicais, porém permanece um assunto muito subjetivo.

    Na coluna de Paulo Costa Lima no Terra Magazine (http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI3293080-EI8214,00-Musi ca+e+Emocao.html), ele diz que "a paleta disciplinar se expande em direção à psicologia, biologia, antropologia, sociologia, musicoterapia, criação e performance, e, finalmente, o ponto de vista do ouvinte, teoria da recepção."

    Eu acho que estudar isso deve ser muito interessante. Como sou iniciante na música, até pouco tempo eu pensei que apenas as escalas musicais, com os modos e campos harmônicos, é que causavam diferentes emoções, mas há muitos outros fatores, como a maneira de tocar, o ritmo, o timbre, etc...

    Parece-me que um livro importante nessa área é o "Music and Emotion", de John Sloboda e Patrick Juslin. Já vi várias citações desses caras em artigos. Eles comentam que a relação entre música e emoções está muito interligada com as experiências vivenciadas no passado pelo ser humano (termo que chamam de anchoring).
    Eu concordo. Muita gente diz que, por exemplo, uma escala maior possui características que remetem à alegria. Mas isso é porque, quando crianças, ouvíamos músicas infantis alegres que usavam esse tipo de escala. Ou quando assistíamos um filme em que o personagem estava triste, uma música em escala menor era tocada. Tudo isso influencia. Aposto que a mesma música que hoje nos causa determinadas sensações talvez não causaria a mesma impressão para as pessoas de alguns séculos atrás. É tudo influência e cultura. Isso também explica as escalas exóticas que são agradáveis de se ouvir em certas regiões do mundo, e não para nós.



    Eu queria saber a opinião de vocês. Por acaso conhecem algum livro, artigo ou site que falam sobre isso também? Eu gostaria de pesquisar mais sobre o assunto, mas não encontrei muita coisa, e eu queria justificativas plausíveis, ou seja, comprovações de estudos ou experiências nessa área.

    Alvaro Henrique
    Veterano
    # mar/10 · Editado por: Alvaro Henrique
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    Há décadas os cientistas estudam o assunto? Véi, tu tá desatualizado... Aristóteles e Platão ja estudavam esse assunto lá em 2000 antes de Cristo, caramba! O primeiro trabalho filosófico que Descartes fez na vida, lá no século XVII, foi sobre isso, e influenciou a música nos 150 anos seguintes (Bach e cia)!

    O nome da área da ciência que estuda esse tema é Psicoacústica. Vai numa Amazon, digita psicoacoustics e se divirta. O que não falta é livro e pesquisador.

    makumbator
    Moderador
    # mar/10
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    FAP

    Assim como o Alvaro Henrique citou, procure por material de Psicoacústica. Há inclusive várias coisas em português.

    Caso queira enveredar mais pelo lado psiquiátrico da coisa, procure os livros do médico e pesquisador(e pianista nas horas vagas) Oliver Sacks. Ele já lançou alguns livros sobre o assunto, editados em português(destinado a público leigo).

    dom de Deus
    Veterano
    # mar/10
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    eu desconhecia esse assunto!
    me enteressei.

    FAP
    Veterano
    # mar/10
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    Alvaro Henrique
    Há décadas os cientistas estudam o assunto? Véi, tu tá desatualizado... Aristóteles e Platão ja estudavam esse assunto lá em 2000 antes de Cristo, caramba! O primeiro trabalho filosófico que Descartes fez na vida, lá no século XVII, foi sobre isso, e influenciou a música nos 150 anos seguintes (Bach e cia)!
    Desculpa cara, é que eu não vivenciei essa época huaeuha
    Na verdade me expressei mal, eu quis dizer estudos comprovados cientificamente. Se bem que naquela época o pessoal era ninja, descobria um monte de coisas com pouca tecnologia.

    Bom, agora ficou mais fácil sabendo o nome dessa ciência.
    Eu dei uma pesquisada sobre o Oliver Sacks e ele tem livros muito interessantes chamados Musicofilia e Alucinações Musicias. Até procurei as versões brasileiras.

    E eu fico cada vez mais surpreso com as pesquisas na área. Ano passado foi publicado no Estadão (http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090404/not_imp349798,0.php) uma coluna deveras interessante que fala a respeito do que William James especulou uma vez "sobre a nossa "suscetibilidade à música" (e suas propriedades sedativas, consolativas e emocionais) e o hype em torno do Efeito Mozart (as crianças ficariam mais inteligentes, as galinhas poriam mais ovos e as vacas dariam mais leite se expostas a longas audições de sinfonias e concertos do Wolfgang Amadeus). Sobretudo no campo científico, graças à dobradinha neurociência-informática, que tornou possível estudar e monitorar a complexa orquestração dos milhões de neurônios que compõem o cérebro."

    Outra citação no mínimo interessante:
    "Os mais estranhos sortilégios da música estão registrados em toda parte. Em seu último livro, Oliver Sacks registra dois casos extremos de musicofilia: o de um ortopedista que aprendeu música depois de atingido por um raio e o de um musicólogo inglês que teve toda a memória apagada, menos a musical. Tony Cicoria, o ortopedista atingido por um raio, saiu do choque com uma vontade louca de ouvir piano, especialmente Chopin, e em questão de meses, partindo do zero, transformou-se num pianista. Clive Wearing, o musicólogo que uma infecção meningocócica condenou à amnésia, não se lembra de nada, só das músicas que ouviu desde a infância. O próprio Sacks recuperou-se das dores num joelho avariado nas montanhas norueguesas ouvindo repetidas vezes o Concerto para Violino, de Mendelssohn."

    Muito legal!

    erick_guitar
    Veterano
    # mar/10
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    FAP


    Legal o tópico e a sua curiosadade sobre o assunto!

    Olha cara eu nunca pesquisei e nem estudei sobre este assunto, mas tenho certeza que a relação entre musica e sentimento existe e é muito bom isso.

    Acredito que todos aqui ja sabem disso. Existe também o feeling que nós vemos em muitos músicos!

    No estudo da teoria musical ensina-se que música é " A arte de combinar sons de maneira agradavel" e claro que isso envolve sentimento, tem muitos músicos e até guitarristas que atrávéz de um solo se expressam e isso faz com que consequentemente a música fique boa.

    Ta ai um bom assunto mesmo. Na minha opinião música tem que haver sempre uma relação com o sentimento, isso não pode acabar e acredito que não vai acabar.

    Vou citar alguns guitarristas que eu vejo que colocam muito sentimento em suas composições...


    Steve Ray Vaughan
    Jonh Mayer
    Juninho Afram
    Andy timmons
    Joe Satriane

    É claro que existe muitos como eles, mas esses são os que eu vejo mais evidente e que passa muita emoção para os ouvintes!

    Abraço

    FAP
    Veterano
    # mar/10
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    erick_guitar
    Pode crer. De todas as músicas de guitarra que eu conheço, a Cry For You do Andy Timmons é uma das com mais feeling que eu já ouvi.

    Bom, eu acredito que existem diversas categorias de música: arte, entretenimento, exibicionismo, experimental, etc. Sem dúvida todas são importantes e se encaixam em um determinado contexto, mas a que eu mais aprecio é a arte, aquela que realmente toca a pessoa, que tem o poder de causar emoções. Bons exemplos são músicas temáticas de filmes e de jogos.

    Inclusive, estou concluindo minha faculdade de Ciência da Computação e meu trabalho final é sobre composição através de computador. Uma das propostas é o usuário fornecer uma sensação a qual meu sistema deverá se basear para tentar compor músicas temáticas. Isso é extremamente difícil pois música é subjetivo, e tentar representá-la de forma matemática é algo muito avançado. Por isso estou estudando bastante esse assunto, que sempre me interessou e agora finalmente posso me dedicar e colocar em prática essas experiências.

    erick_guitar
    Veterano
    # mar/10
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    mas a que eu mais aprecio é a arte, aquela que realmente toca a pessoa, que tem o poder de causar emoções. Bons exemplos são músicas temáticas de filmes e de jogos.

    Exato!

    Boa sorte cara com a sua facul e o seu trabalho e bons estudos, se eu tivesse um pouco de tempo para estudar essas coisas, estudaria concerteza porque vale a pena!
    Abraço

    FAP
    Veterano
    # mar/10
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    erick_guitar
    Valeu ae :)
    Se eu concluir meu trabalho com sucesso, eu pretendo disponibilizá-lo pro pessoal avaliar.

    dom de Deus
    Cara, recomendo ler sobre isso porque é muito interessante. Isso é só pra você ter idéia do poder e da complexidade da mente humana!

    FAP
    Veterano
    # mar/10
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    Ouvi falar também que existe a teoria dos afetos, em que não somente a escala, mas também a tonalidade influencia de alguma forma. Acho que isso é perfeitamente possível, ainda mais porque tonalidade nada mais é que frequência, e já sabemos que os seres vivos reagem ao serem submetidos a determinadas frequências.
    Acho que vou largar minha faculdade de computação pra fazer psicologia uhaeuhae

    Alvaro Henrique
    Veterano
    # mar/10
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    Não é só isso a teoria dos afetos, mas tem a ver com isso. Essa teoria surgiu no Barroco, o Descartes (aquele do "penso, logo existo") foi o primeiro a dar o pontapé inicial nela, e foi muito empregada em uma novidade musical do Barroco, a ópera.

    Dá pra ficar anos estudando só a teoria dos afetos.

    Num resumão muito tosco, no século XVIII e início no XIX as pessoas acreditavam que líquidos internos do corpo determinavam a doença, a saúde, e o estado de espírito. Era preciso equilibrar esses líquidos, chamados de humores. A teoria dos afetos visava descrever que recursos musicais excitavam quais desses humores, em alguns casos até como recurso medicinal.

    FAP
    Veterano
    # mar/10
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    Alvaro Henrique
    Legal esse teu resumo. Eu já tinha ouvido uma história dessa de meu professor, e isso realmente tem alguma coisa a ver com psicoacústica, embora não seja comprovado cientificamente.

    Em outro site, eu li sobre a influência da música até na forma como nos movimentamos, e isso fica evidente em passagens rítmicas, que faz a gente se mexer às vezes até mesmo sem perceber hehehe

    riccieri
    Veterano
    # mar/10
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    FAP
    Inclusive, estou concluindo minha faculdade de Ciência da Computação e meu trabalho final é sobre composição através de computador. Uma das propostas é o usuário fornecer uma sensação a qual meu sistema deverá se basear para tentar compor músicas temáticas. Isso é extremamente difícil pois música é subjetivo, e tentar representá-la de forma matemática é algo muito avançado. Por isso estou estudando bastante esse assunto, que sempre me interessou e agora finalmente posso me dedicar e colocar em prática essas experiências.


    Cara, que bacana =DD
    Também faço ciência da computação, mas estou no 2º ano.
    Desde que comecei a tocar fiquei com essa vontade de misturar tecnologia com música.
    No futuro vou tentar uma iniciação científica nesse sentido, seria muito legal juntar as duas coisas que eu mais gosto de estudar XP

    FAP
    Veterano
    # mar/10
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    riccieri
    Cara, que bacana =DD
    Também faço ciência da computação, mas estou no 2º ano.
    Desde que comecei a tocar fiquei com essa vontade de misturar tecnologia com música.
    No futuro vou tentar uma iniciação científica nesse sentido, seria muito legal juntar as duas coisas que eu mais gosto de estudar XP


    Eu recomendo começar seus estudos agora, pois terá um melhor aproveitamento. Infelizmente comecei faz pouco tempo, então tenho que estudar meio às pressas e to com medo de não abranger o que pretendo.

    riccieri
    Veterano
    # mar/10 · Editado por: riccieri
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    FAP
    Eu recomendo começar seus estudos agora, pois terá um melhor aproveitamento. Infelizmente comecei faz pouco tempo, então tenho que estudar meio às pressas e to com medo de não abranger o que pretendo.

    Sou iniciante nas duas áreas (música bem mais do que comp.), então fica meio complicado ter noção do que dá pra fazer...XD
    Quem sabe daqui a um tempo, quando eu tiver mais noção teórica (musical), eu não consiga pensar em algo =]


    Mas de qualquer forma, seu projeto é interessantíssimo (e ambicioso também =P), torço pra que tudo dê certo ;D

    FAP
    Veterano
    # mar/10
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    riccieri
    Opa, valeu aí rapaz


    Só pra complementar mais o tópico, eu li também que ouvir a 5ª sinfonia de Beethoven estimula a criatividade (http://www.thegogreenblog.info/tag/beethoven-5th-symphony). E isso só complementa o que eu já ouvia falar antes... que algumas músicas eruditas são capazes de acionar certas partes do cérebro.

    Falando nisso, alguém já ouviu falar do I-Doser?

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