Autor |
Mensagem |
Paultx Veterano |
# jan/09
Nas letras de Canteiros (Fagner) e de Hora do almoço (Belchior) aparecem os versos:
Ainda sou bem moço pra tanta tristeza Deixemos de coisa e cuidemos da vida Pois senão chega a morte ou coisa parecida E nos arrasta, moço, sem ter visto a vida
Qual deles gravou-os primeiro?
Canteiros foi feita sobre um poema de Cecília Meireles, que não consegui achar na Web, e não sei se esses versos são originalmente dela.
Alguém sabe esclarecer isso? Grato agora.
|
CabeçaChataRocker Veterano |
# jan/09
· votar
Sei nao, mas essa musica eh foda.
Os dois sao mto bons, e cearenses, q nem eu. XD
|
Prof. Grosélio Veterano |
# jan/09
· votar
Paultx Qual deles gravou-os primeiro?
Me parece que foi o Belchior. Vou dar uma conferida.
|
alexandrememphis Veterano |
# jan/09 · Editado por: alexandrememphis
· votar
Na verdade, esse trecho não é do poema da Cecília. É da música "Hora do Almoço" do Belchior que Fagner usou como música incidental em Canteiros. Vou achar o poema de Cecília e posto.
|
alexandrememphis Veterano |
# jan/09
· votar
Marcha
As ordens da madrugada romperam por sobre os montes: nosso caminho se alarga sem campos verdes nem fontes. Apenas o sol redondo e alguma esmola de vento quebram as formas do sono com a idéia do movimento.
Vamos a passo e de longe; entre nós dois anda o mundo, com alguns mortos pelo fundo. As aves trazem mentiras de países sem sofrimento. Por mais que alargue as pupilas, mais minha dúvida aumento.
Também não pretendo nada senão ir andando à toa, como um número que se arma e em seguida se esboroa, - e cair no mesmo poço de inércia e de esquecimento, onde o fim do tempo soma pedras, águas, pensamento.
Gosto da minha palavra pelo sabor que lhe deste: mesmo quando é linda, amarga como qualquer fruto agreste. Mesmo assim amarga, é tudo que tenho, entre o sol e o vento: meu vestido, minha música, meu sonho e meu alimento.
Quando penso no teu rosto, fecho os olhos de saudade; tenho visto muita coisa, menos a felicidade. Soltam-se os meus dedos ristes, dos sonhos claros que invento. Nem aquilo que imagino já me dá contentameno.
Como tudo sempre acaba, oxalá seja bem cedo! A esperança que falava tem lábios brancos de medo. O horizonte corta a vida isento de tudo, isento... Não há lágrima nem grito: apenas consentimento. Cecília Meireles
|
alexandrememphis Veterano |
# jan/09 · Editado por: alexandrememphis
· votar
http://www.youtube.com/watch?v=lNHcVPH4lxQ A música do Belchior que contém esses versos.
|
Paultx Veterano |
# set/09
· votar
Ainda que tardio... valeu!
|
Fastturtle Veterano |
# set/09
· votar
Belchior malfeitor
[/chaves]
|
old steel Veterano |
# set/09 · Editado por: old steel
· votar
Foi adaptação do Fagner. Como sabemos, a história toda começou em 1973, com Raimundo Fagner gravando no elepê de estréia para a Philips a música Canteiros, até então creditada como sendo de sua autoria. Com poucas unidades vendidas, o disco de início não logrou nenhum sucesso comercial e foi tirado das prateleiras pouco tempo depois de lançado. Só que o estouro da música Revelação despertou a curiosidade de alguns radialistas que foram procurar as canções antigas e esquecidas de Raimundo Fagner. Encontraram Canteiros, começaram a tocar a música e descobriram ali um grande sucesso adormecido. Mas antes da música acontecer nacionalmente, ele já tinha dividido a parceria da letra com Cecília Meireles e inclusive divulgando-a em release de show, em 1977. No mesmo ano musicou o poema Epigrama No. 9, registrado no disco ''ORÓS''. E, novamente, em 1978, musicou Motivo, utilizando para fins comerciais alguns versos do poema na parte interna e na capa do elepê intitulado de ''EU CANTO''. No dia seis de novembro de 1979, Raimundo Fagner admitiu, ao ser interrogado no dia pelo Juiz Jaime Boente, na 16a. Vara Criminal, que ''sem tirar a beleza dos versos, procurou fazer uma adaptação à música'', reconhecendo o uso indevido do poema Marcha, de Cecília Meireles, na composição Canteiros, registrada na primeira edição do elepê ''MANERA FRU FRU, MANERA''. Para o Juiz Jaime Boente, Raimundo Fagner violou a lei de número 5.988/73 que regula os direitos autorais e com a agravante de plágio, nos artigos 184 e 185 do Código Penal. Eis, a título de curiosidade e comparação com a letra cantada por Raimundo Fagner, o poema ''Marcha'', original de Cecília Meireles:
''Quando penso no teu rosto, fecho os olhos de saudade
Tenho visto muita coisa, menos a felicidade
Soltam-se meus dedos tristes
dos sonhos claros que invento
Nem aquilo que imagino
já me dá contentamento
Gosto da minha palavra pelo sabor que me deste
Mesmo quando é linda, amarga
Como qualquer fruto agreste.
Mesmo assim amarga, é tudo que tenho
entre o sol e o vento.
Meu vestido, minha música,
meu sonho, meu alimento.''
|