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# set/05
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Entrevista da época do lançamento do "Deadland" (2002):
O CHAKAL é um exemplo vivo da brava cena mineira da década de oitenta. Depois de uma estréia histórica na coletânea "Warfare Noise I", o grupo oriundo de Belo Horizonte lançou "Abominable Anno Domini", até hoje considerado um dos melhores álbuns nacionais. Em uma entrevista com o vocalista Korg, com o baterista Wiz e com o baixista Drews sobre a carreira da banda e sobre o novo álbum "Deadland" lançado pela Cogumelo Records, eles deixam claro que ainda há muito a fazerem na cena nacional.
SOURCE - Primeiramente, quais os motivos que levaram o CHAKAL a dar um tempo em sua carreira e o que os integrantes estavam fazendo durante esse tempo ?
DREWS - Tem coisas que simplesmente acontecem... uns precisavam de mais tempo pra estudar e ou trabalhar, o cenário não estava nada favorável... dizer que foi isso ou aquilo que nos levou a dar um tempo seria simplista demais.
S - Qual o motivo do Laranja e do Mark não comporem a formação do novo disco ?
WIZ - O Laranja também não fez parte da composição do “Death Is Aa Lonely Business”, ele apenas aparece na foto do LP. O Drews atual baixista do CHAKAL foi quem fez os shows da turne do “Death Is A Lonely Business”... e foi por isso mesmo que eu o chamei. O que eles estão fazendo ? O Eduardo Paulista toca em uma banda de pop rock chamada Jonhnny Bravo, o Laranja trabalha com o irmão dele. O Mark está de volta.
S - Como você definiria a banda atualmente e o novo trabalho ?
KORG – Agora acho que podemos relaxar um pouco pois acho que os tempos são de estabilidade. Eu pessoalmente sinto o som do velho e bom CHAKAL voltando. Mark está de volta e isto trás de volta uma parte tecnicista que sempre foi característica da banda. Esta parte agregada a bateria insana de Wiz, os vocais que pretendo tornar cada vez mais agressivos e a base que André vem fazendo para a banda é como um solo sólido. André é um excelente compositor. Hoje, acredito que todos compõem para a banda. Eu, pessoalmente, me resguardo para a parte dos vocais onde posso compor também à minha maneira. A grande novidade para mim é ter um baixo com grande personalidade hoje no CHAKAL. Drews tem se mostrado competente em colocar suas particularidades. Eu tenho me esforçado em preservar o máximo as músicas do “Abominable...” na sua originalidade. Acho que fechamos nisso. Estamos tocando as músicas antigas como tocávamos na década de oitenta.
S - Quanto tempo durou o processo de produção do novo disco ?
K - Quatro longos anos. A minha parte eu já trouxe razoavelmente pronta. A parte do conceito deu um norte para as composições, mas mesmo assim não tivemos pressa para acabar. Não poderíamos fazer algo só para estar na cena. Tínhamos que fazer alguma coisa significativa.
S - Como vocês acharam os novos integrantes ?
W - Eu estava tocando com o André (guitarra) no VULTUR, mas estávamos com dificuldades com a parte de voz, o Vlad Korg nos chamou e nós começamos a compor para o novo projeto, quando o antigo baixista (Sandro) saiu eu chamei o Drews para o baixo.
S - Como foi o processo de produção do novo álbum ? A Cogumelo ainda paga todas as despesas no lançamento de um disco ?
K - Preferimos nós mesmos arcar com a produção de estúdio e parte gráfica para termos a liberdade total de composição. A Cogumelo entrou depois e bancou prensagem e divulgação. Nosso relacionamento com a Cogumelo nunca foi tão bom como é hoje.
S - Anos atrás, Minhas Gerais era o mais importante cenário de bandas nacionais. Aos poucos, foi perdendo a intensidade. THE MIST e EMINENCE foram uma das últimas bandas a ganharem destaque . Como você vê o cenário atualmente ?
W - Eu acho que antes a gente sempre sabia onde seriam os shows e quais as bandas estariam tocando. Depois isso foi se dispersando e perdendo força. Eu sei que tem muita banda legal aqui por BH, mas a maioria delas toca uma ou duas vezes em um ano e isso dificulta o crescimento da cena. Acho que a tendência é melhorar a cena não só aqui, mas em todo o país.
S - Quais as bandas novas que destacaria ?
W - Nós acabamos de chegar do Extreme Metal Fest II, e o DROWNED é bem legal. O SUBTERA eu vi duas vezes e até comprei um CD. Gostei do show do VALHALLA de Brasília. As outras bandas nós não conseguimos ver o show.
S - Quais são os planos para a carreira internacional do grupo ?
W - Agora nós estamos pensando basicamente em tocar aqui no Brasil. Se surgir uma oportunidade nós a estudaremos com certeza.
S - Algum disco foi lançado no exterior ?
W - De maneira oficial não, temos noticias de lançamentos piratas.
S - Vocês regravariam o "Abominable Anno Domini" ?
W - Nós estamos pensando em regravar as músicas que nós estamos tocando ao vivo do “Abominable...”. Apenas para efeito de comparação. Depois do material gravado é que nós pensaremos em que fazer com ele.
S - Atualmente o que andam fazendo o pessoal do OVERDOSE e os demais companheiros que integraram a Warfare Noise I e II ? Existe alguma banda voltando ?
W - O OVERDOSE acabou. Sei que o Claudio tem uma banda aqui em BH chamada ELETRIKA. O Bozó trabalha com tatuagem (e é foda no que faz). O André (Zé Baleia) tem um estúdio e é o baterista do EMINENCE. Quanto à volta das bandas do Warfare Noise eu não sei de nada.
S - O que fazem quando não estão envolvidos com a banda ?
K - Todos nós trabalhamos, estudamos, e temos nossas famílias. Temos um tempo que é dedicado a banda e suas demandas. Este tempo é intocável.
SOURCE - Algo a ser acrescentado ?
K - Nos veremos na DEAD MAN WALKING TOUR. Esperamos todos lá.
W - A volta do CHAKAL aconteceu quase que por acidente, mas os resultados tem sido incríveis. A receptividade do público tem sido surpreendente. Não fazíamos idéia que ainda tínhamos tantos fãs, muitos que nem eram nascidos na época do “Abominable...”, nem da importância do CHAKAL na vida de tanta gente, e está sendo o máximo para nós descobrirmos isso diretamente em contato com eles ! Visitem o site do CHAKAL para maiores informações sobre a banda.
Chakal
Cogumelo Records
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# set/05
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Os anos 80 mostraram ao mundo diversas bandas nacionais que não deviam em competência a nenhuma formação que provinha da Europa e um nome que se encaixa nessa afirmação é o ícone Chakal. Formado em 1985, o grupo iniciou a carreira se apresentando em alguns shows da cena mineira, mas explodiu seu nome após a entrada do vocalista e letrista Korg, oriundo da banda Mega Thrash. A demo Children Of Sacrifice foi o cartão de visitas do grupo, rendendo o interesse da Cogumelo Records, que gerou a participação do Chakal na mística coletânea Warfare Noise, de 1986. No ano seguinte a banda lançou seu debut que era, e ainda é, discoteca básica de qualquer banguer: Abominable Anno Domini.
Com o nome em alta, após uma turnê de sucesso, o Chakal lança, em 1988, o compacto Living With The Pigs, um projeto marcante e pouco difundido na época. Infelizmente, no ano de 1989, a instituição Chakal leva um grande golpe com a saída de Korg que montou outra bandaça, o The Mist. Um período de reflexões para o line-up restante iniciou-se, gerando uma nova formação e o disco The Man Is His Own Chakal que não alcançou um grande impacto, assim como o trabalho, de 1991, Death Is a Lonely Business que coloria o Chakal de molho por alguns anos. O fim desse período sem atividades se deu quando Korg voltou ao Chakal e, com uma nova formação, começaram os trabalhos que deram origem ao álbum Deadland que teve seu tema, inspirado na trilogia dos mortos de George Romero, feito em dois anos. Uma turnê gloriosa de volta, marcada por shows em festivais de expressão e uma apresentação ao lado do Destrcution, concretizaram o sonho dos fãs.
Uma pausa e todo o grupo começou a trabalhar em um novo trabalho, dando origem a Demon King que mostrou a banda apostando em seu estilo clássico de Thrash Metal, esse esquecido no álbum anterior. Atualmente o Chakal iniciou a sua Demon King Tour e para saber detalhes sobre o retorno da banda, a atual fase do grupo, os momentos de composição do novo petardo do Chakal, além de mostrar sua opinião sobre a atual cena, o Sounds Of Battle esteve batendo um papo com Korg. Veja abaixo o que tem a dizer um dos grandes personagens de toda história metálica no Brasil.
Sounds of Battle: Korg, vamos abordar inicialmente o retorno do Chakal aos palcos após 10 anos afastado da cena. Como ocorreram os entendimentos entre você e os outros membros que resultaram nessa volta?
Vladimir Korg:Acho que tudo começou com projeto do roteiro que escrevi baseado na trilogia dos mortos de George Romero e isto impulsionou-nos a transformar isto em música. O link desse trabalho com a música DEAD WALK do Abominable Anno Domini foi inevitável e, é claro, somada a nossa incompetência em achar um nome adequado para o projeto. O disco DEADLAND foi o combustível para que nossa volta formalizasse. As peças foram encaixando e quando vimos já estávamos no palco. Isto para nos já parece muito distante.
Sounds of Battle: O guitarrista Mark, membro original da banda, e o baixista Giuliano entraram na formação após algum tempo do retorno das atividades. Qual o motivo dessa troca de line-up logo no início da volta do Chakal?
Vladimir Korg: Estamos com uma formação bastante forte. Esperamos contar com isto de agora para diante. Mas sempre trocamos de formação e estamos atentos para a existência de algum fator que faça isso sempre acontecer. Estamos ainda aprendendo a fazer as coisas direito. Sabemos tocar, mas em um grupo não é só tocar, tem todo um aparato estrutural e psicológico que temos que lidar.
Sounds of Battle: A notícia que o Chakal lançaria um novo álbum, após muitos anos, deixou os fãs em grande expectativa. O álbum de retorno, Deadland, mostrou a banda apostando em uma sonoridade mais atual. Como você analisa a sonoridade desse trabalho?
Vladimir Korg:Não existiu nenhuma intenção em fazer um som mais atual. O que eu, como letrista, não queria era uma temática tipo "o mundo me odeia", "ninguém gosta de mim", "vou suicidar", blá, blá, blá... Eu já estou de saco cheio dessas letrinhas de coitadinhos. Fechei isso na época do The Mist e o que vejo é que há todo um panorama de letras que vão para essa direção, inclusive esses emo-não-sei-o-quê adoram isso. A sonoridade do DEADLAND pode não ter agradado alguns fãs ou zines, mas não estamos preocupados com isto. Eu pessoalmente acho um trabalho honesto e adoro o DEADLAND. Acho-o superior a trabalhos anteriores que eu fiz como, por exemplo, o THE HANGMAN TREE.
Sounds of Battle: A Dead Man Walk Tour marcou o encontro do Chakal com os fãs em definitivo. Gostaria que você descrevesse a sensação de estar no palco, ao lado de seus companheiros de banda, tocando músicas novas e clássicos como May Not The Mankind Suffer, Children Of The Cemetery, Jason Lives para os fãs antigos e os da nova geração. Nesse giro você destacaria algum show em especial?
Vladimir Korg: Cada show é especial para nós. Fizemos um show em Brasília que foi meio traumático, mas mesmo assim foi especial, pois foi o primeiro. O Old Metal Fest, no Rio, foi muito bom e gostaríamos muito de voltar ao Rio. Muita gente fala que há uma desunião no Rio e o que percebemos foi o contrário. Ainda sentimos por não termos tocado no nordeste, mas acho que eles não escapam esse ano. Shows que fizemos em Sta Luzia, Sete Lagoas e mesmo com o Sodom, Nuclear Assault e Destruction têm o mesmo peso. São especiais para nós .
Sounds of Battle: Após o fim da turnê vocês começaram a pensar no novo álbum, o sucessor de Deadland. Batizado Demon King, o novo trabalho trouxe de volta a sonoridade clássica do Chakal, mostrando algumas das músicas mais pesadas da carreira banda. Existiu alguma razão em especial para vocês retornaram com a sonoridade tradicional da banda?
Vladimir Korg: O momento pediu isto. Mark voltou, isto é, voltaram os solos que quase não existiram no trabalho anterior. Muitas coisas particulares graves nos aconteceram e isto motivou uma postura mais agressiva por parte da banda. Cuspimos tudo de volta e o resultado foi esse. Mas repito o que disse anteriormente. Não houve intenção de se mudar nada. Nosso modo de expressão neste trabalho foi esse porque o que sentimos nesse ano de 2004 e 2005 foi e é isso aí.
Sounds of Battle: Em poucas audições é perceptível que Demon King é disco mais técnico, brutal e de melhor produção da carreira do Chakal. Primeiramente, o fato da banda já ter entrado no estúdio bem entrosada, devido aos shows da turnê anterior, fez que o processo de composição saísse mais espontâneo gerando os ótimos temas encontrados no disco?
Vladimir Korg: Sim. Estamos muito entrosados. A entrada do Giuliano nos trouxe tranqüilidade e foi super importante. Giuliano estava na primeira fila, batendo cabeça, no show que fizemos na Casa do Conde, e depois, estava no palco com a gente. Estamos afiados! E compondo nosso set novo para a tour do DEMON KING.
Sounds of Battle: Korg, você é o responsável por toda parte lírica dos trabalhos do Chakal. Em Demon King, quais foram suas fontes de inspiração para compor as letras do trabalho? Existe alguma música que você gostaria de destacar por tratar de algum tema em especial?
Vladimir Korg: Ódio! Gosto da Flowers on your Grave.
Sounds of Battle: Além dos novos clássicos encontrados em Demon King, fica impossível não destacar a ótima versão que vocês fizeram para a clássica Evil Dead, do Death. Como surgiu a idéia de registrar essa música para o Demon King.
Vladimir Korg: Death foi uma das minhas bandas favoritas e o álbum Scream Bloody Gore é um clássico. Nos atrevemos a tocar a Evil Dead e parece que o pessoal gostou. Gostamos muito da música. Nada tem a ver com a morte do Chuck ou homenagem póstuma, só que gostamos da música e ela tem um pouco a ver com nossas preferências quanto a filmes de terror e o punch que essa música tem. Nossos respeitos pelo músico e a falta dele está dentro de nós. A música está perfeitamente adequada ao set do disco.
Sounds of Battle: O Chakal iniciou a divulgação do novo álbum tocando na turnê conjunta do Nuclear Assault e Sodom. Para você, qual foi a sensação de estar no mesmo palco que dois nomes seminais do estilo e que são provenientes da mesma época que vocês?
Vladimir Korg: Muito emocionados. Ver o Nuclear Assault foi muito bom, pois eu pessoalmente sempre fui fã do som dos caras. Depois de tocar com o Destruction, que realmente foi uma grande influência para nós, tocar com bandas que são contemporâneas a nós nos trás muito orgulho.
Sounds of Battle: Ainda sobre essa apresentação. Estive cobrindo o show e fiquei impressionado com vocês na ocasião. O público estava enlouquecido com a performance da banda e as novas composições caíram de jeito no gosto dos fãs. Você considera esse um dos principais shows desde a volta da banda?
Vladimir Korg:É só um começo para nós. Foi o primeiro show depois de uma parada bastante extensa. Tivemos diversas dificuldades em 2004, inclusive a não participação no Brutal Devastation do ano passado foi péssima para nós. Ainda bem que, como somos amigos do Tchesco e dos organizadores, eles entenderam a nossa situação e esperamos estar lá este ano. Este show com o Nuclear Assault e Sodom foi muito especial para nós e sempre nos lembraremos dos fãs insanos que estavam lá.
Sounds of Battle: Como estão as negociações para os próximos shows da Demon King Tour?
Vladimir Korg: Estamos fechando a agenda. Talvez chegaremos a alguns lugares que nunca fomos anteriormente e estamos ansiosos para isto acontecer. Faremos nossos shows nas cidades perto de BH como Sete Lagoas, por exemplo, e depois partiremos para onde nos chamarem. Estamos realmente ansiosos para vermos nossos amigos de Brasília, São Paulo, Rio e Recife.
Sounds of Battle: Korg gostaria que você comparasse o atual cenário metálico com o oitentista, onde surgiu o Chakal. O que de mudou em nossa cena nos tempos atuais? Você é saudosista ao se lembrar dos anos oitenta?
Vladimir Korg: Lembro com saudades, mas minha postura é viver o agora. Mostrar minha música ao público que está a ouvindo agora. Os anos oitenta foram bacanas, seminais, mas foram... Gosto de pensar que estamos construindo uma nova cena, com todos os requisitos para que ela seja forte
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