silvG8 Veterano |
# nov/15
Finalmente, depois de mais de um mês e meio de espera, estou com meu Volca Sample! Sinceramente, já estava até desestimulado, mas bastou abrir a embalagem que tudo mudou.
Vou tentar ser breve o tanto quanto possível para não prolongar demais com o review, mas ainda assim, vou descrever tudo o que acho mais essencial.
O que é? O Volca Sample é uma pequena groovebox da família Volca, produzido pela Korg. Diferente dos demais, o Sample é o primeiro que é inteiramente digital e trabalha apenas com samples.
Características físicas Mantém o padrão do Volca Bass. Carcaça praticamente inteira de plástico, mas bem construída, e com certo cuidado deve durar um bom tempo. Um crítica aos knobs de tamanho maior à esquerda, ligeiramente mais "bambos" do que os presentes no Bass. Visualmente é bonito.
A película para aplicar as notas é coberta por uma fina camada de vidro/plástico, sem problemas com a sensibilidade. Os knobs menores são um pouco apertados e pode ocasionar alguns acidentes na hora de editar as coisas. Botões emborrachados de boa qualidade. A iluminação é muito bem feita e fica fácil ver tudo o que acontece através dos LEDs e display.
As conexões também são limitadas, o instrumento recebe apenas mensagens de start/stop e clock, CCs para todos os knobs transparentes através do MIDI, não recebendo notas. Mantém alimentação por pilhas alcalinas ou fonte. Sync permite a sincronização da unidade com outras.
Samples A biblioteca do Volca Sample é limitada em 100 sons. Os inclusos de fábrica são até bons e formam uma biblioteca bem eclética - senti apenas falta de mais sons sintetizados e menos sons loucos. Ainda assim, o Volca se torna especial quando ele recebe samples do usuário.
A parte de baterias e batuques é bem representada e confesso que pretendo utiliza-los por um tempo, pelo menos enquanto monto a minha própria galeria/biblioteca.
Interessante também é o gerenciamento dos sons na biblioteca. O Volca Sample não é Sampler. Assim, o gerenciamento dos sons é feito através de aplicativos para iOS, OSX e Windows (talvez até Android). Na minha situação - tenho iPhone e iPad - a coisa é bem prática: abro o programa (da Korg ou outros - o Caustic é excelente!), edito o meu sample (copiado de outros programas, gravado em tempo real, etc.) e seleciono para transferência. Conecto um cabo P2 no Sync In e pronto, espero o upload e a amostra está lá. Funcional e fácil.
A memória para os samples não é a maior possível, mas se o objetivo é usar o instrumento como um groovebox, funciona muito bem. Dá pra encher com sons de bateria que vai sobrar espaço. No total são apenas 65 segundos, com 4 MB de RAM - grande parte dos sons de percussão possuem menos de 1 segundo por exemplo.
No meu caso, substitui 20 sons de fábrica com amostras próprias de synths tirados do Sunrizer para iPad, apenas como forma de teste. Não somente consegui resultados muito melhores do que com os originais, como percebi que o Volca Sample pode sequenciar de tudo, incluindo baixos e leads.
Cada sample pode ser editado em alguns parâmetros (11 no total), que incluem: sample start e lenght; LPF digital; speed (que altera o pitch da amostra - pode inclusive ser alterado em semi-tons); EG para pitch e amp; pan (sim, funciona em stereo!). Parece pouco, mas só isso muda várias amostras de forma incrível. Alguns ajustes no sample start e lenght permitem produzir sons sintéticos a partir de amostras de acordes de um piano por exemplo - uma espécie de síntese granular.
Sequencer e recursos O sequencer do Volca Sample tem um grande diferencial em relação aos outros modelos: é possível não somente sequenciar os steps, mas também todos os parâmetros de todas as 10 pistas/samples disponíveis. Não somente isso, é possível escolher se a gravação dessas automações é ativada ou não individualmente para cada pista, e mesmo se desligada, a automação não é perdida.
Enfim, o que isso significaria? Imagine uma linha de baixo apenas com notas repetidas em um padrão rítmico... você pode criar uma variação ao acionar a motion seq (automação), alterando as notas que são tocadas por exemplo.
Se usar todas as 10 pistas, é possível criar mais de uma linha de baixo e melodia seguindo um mesmo padrão rítmico. Usando 5 peças de bateria, ainda sobram 5 sequências diferentes que cabem qualquer outro recurso… ou usar todas as 10 pistas para criar percussões completas. É possível até usar amostras de uma bateria de verdade e botar dentro do Volca Sample.
Os sons podem ser sequenciados de algumas formas: a primeira, e mais comum, é acionando os steps da sequencia (step mode); segunda, gravando em tempo real acionando as “teclas” de cada som (o bom é gravar várias pistas de uma só vez); terceira, gravando “notas” passo a passo (step rec). Além desses métodos, existe uma forma muito intuitiva de criar linhas melódicas, descrito no parágrafo seguinte.
Para gravar melodias, basta alterar a velocidade da amostra (speed). Isso pode ser feito em incrementos não harmônicos (0 a -+63) ou em intervalos fixos de semi-tons (-+ 24 - pressionando o botão FUNC enquanto ajusta o speed). O interessante é que a Korg, em uma atualização, permitiu que isso fosse feito para cada step, sem ter que ficar tentando fazer enquanto a sequência é tocada - basta pressionar o passo que deseja alterar na sequência, e enquanto pressionado, alterar o speed. Isso altera o pitch apenas daquele step, e facilita muito na hora de gravar as linhas melódicas. Funciona mais ou menos como nos Elektrons. Esse mesmo método de alterar os parâmetros serve para todos os 11, não somente speed.
Alguns dos recursos não antes explorados em outros Volca são: reverb, swing, filtro analógico (6dB/oitava). O reverb é bem básico e a única coisa controlável é se ele está ligado ou não em cada pista e o mix geral - uma coisa legal é que ele permite que 100% do sinal seja o reverb, o que pode ser explorado como uma forma de criar passagens entre trechos de uma performance. Swing é como em qualquer outro sequencer e é global - excelente adição e fazia falta nos demais. O “analogue isolator” é bem bacana e realmente atenua os graves e/ou agudos, com dois knobs bem posicionados e maiores que os demais.
Som Aqui, as coisas são um pouco mais subjetivas. Em especificações, o Volca Sample possui uma taxa de amostragem de 31,25 kHz, 16 bits. Parece pouco, mas é suficiente - pelo menos pra minha proposta.
No geral, não temos aquela qualidade primorosa que se consegue por exemplo com um sampler no computador, com taxas de amostragem muito maiores. Aqui, o som é ligeiramente degradado quando jogado dentro do instrumento. Ainda assim, diria que é pouco. Esperava talvez ouvir chiados e muitos ruídos nos graves, mas sem alterar o pitch do sample, praticamente não se tem artefatos.
No geral, é possível manter alguma qualidade de amostras mais musicais se afinadas até 1 oitava acima ou abaixo. Passou disso, começa a degradar a qualidade. Uma coisa muito legal de se fazer é utilizar apenas paquena parte de um sample, ligar sample loop, e formar um novo som, quase como um wavetable. Se diminuir muito o sample lenght, acaba entrando no universo da síntese granular, que também gera sons muito legais.
Eu honestamente, consigo me ver usando isso em várias jams, como forma de criar idéias para músicas, e até mesmo para gravar algumas coisinhas mais simples. O som é bom, simplesmente isso. Imaginava algo mais brinquedinho, mas me surpreendi, assim como com o Volca Bass.
Tirando uma ou outra amostra que não faz o menor sentido em existir - como por exemplo “Dom Camatic” de uma drum machine antiga da Korg - diria que a seleção é boa o suficiente e dá pra extrair muita coisa boa apenas delas. Adicionando samples próprios, este é sem dúvida o melhor dos Volca, tanto em som quanto em versatilidade - o Volca Beats por exemplo, ficaria obsoleto!
Considerações finais Se tiver que escolher apenas um dos Volca como groovebox, escolha o Volca Sample. Digo isto porque de todos eles é o único que permite ao usuário criar algo completo do ponto de vista musical. Realmente, não é feito para tocar - não é possível conectar um teclado e tocar com os samples por exemplo - mas se for como uma caixinha de música, dá pra fazer de tudo.
Ainda assim, os pontos negativos: - Knobs do Analogue Isolator são de pior qualidade do que os equivalentes no Volca Bass; - Impossibilidade de inserir amostras em cartão SD (o que tornaria o Volca Sample épico!); - Falta de ajustes ao reverb; - Swing global e que não é enviado via Sync Out; - Apenas 16 steps, com a alma digital, acho que poderia ter sequências maiores (4 páginas com 16 steps).
No final das contas, estou muito satisfeito com o pequeno Volca. É exatamente o que eu imaginava que seria e não ficou deslocado de forma alguma no setup que tenho, e muito menos na idéia de usa-lo em um setup portátil. Com Volca Bass, Volca Sample e Bass Station II, tenho um setup portátil sensacional, que me permite criar música em tempo real e me divertir ao mesmo tempo, sem ter que carregar 200 kg nas costas. Coloco tudo em uma mochila e pronto. Na minha realidade, ainda vai ser melhor ainda quando chegar o Elektron Analog Four - poderei usar o Volca Sample exclusivamente para baterias eletrônicas, enquanto os demais cuidarão da parte de sintetizadores.
Não vou gravar muita coisa porque acho que a melhor demonstração da internet mostra praticamente tudo que ele pode fazer. Contemplem alguém de talento usando o Volca Sample:
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Casper Veterano
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# mar/20
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Por vários motivos estranhos, acabei pegando esse volca zero abaixo do preço de custo, com a fonte original da Korg, que custa sozinha um terço do preço do equipamento e não é inclusa no pacote.
O review acime é excelente, tenho pouco a acrescentar:
O Step Sequencer interno é divertido, mas não vou usar, porque estou controlando tudo por fora. A implementação MIDI é realmente estranha, mas como meu sistema é bem flexível, depois de algum tempo já mando tudo que interessa. Bem quase tudo. Os CC's estão sendo controlados por um sequenciado externo. Infelizmente alguns parâmetros não foram mapeados para CC e fazem falta:
SAMPLE (para mudar o sample por CC) Analogue Isolator (porque é analógico, evidentemente)
Os demais (Swing, Reverb mix e volume master não fazem falta na automação externa.
Sobre o som, eu diria que ele se aproxima bastante dos samples do final dos anos 80, com taxa de amostragem mais baixa. Usando um recurso malandro, dá para enfiar nele cerca de 520 segundos de samples com qualidade mais baixa (ou 65 segundos com qualidade alta):
Tem um truque também para tocar os samples cromaticamente, utilizando um arduino para redirecionar a afinação em tempo real:
Vou tentar fazer uma versão disso em breve e colocarei por aqui.
Um último detalhe:
Os Samples internos são convertidos em mono automaticamente (pelo menos no aplicativo Vosyr) e são automaticamente convertidos para a taxa de amostragem correta (31250Khz). Ainda não testei com o Caustic (que é aparentemente o mais "oficial"). De qualquer maneira, isso não é uma limitação, pois raramente se usa samples estéreo. O pan interno do volca sample serve para dar o efeito estéreo, sem os tradicionais problemas de fase.
Essas foram minhas primeiras impressões, quando estiver mais familiarizado com o equipamento coloco mais alguma coisa aqui.
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