A qualidade da conversão A/D D/A de uma pedaleira é igual à de pedais digitais?

    Autor Mensagem
    The Red Special
    Veterano
    # ago/12


    Então, ai ta a dúvida! Por exemplo, se eu tiver num setup:

    Boss DD7 - Whammy - Boss PS-5

    Todos digitais, certo?

    Em certo ponto do meu setup, considerando que antes destes pedais tinha um Fuzz por exemplo, e depois, o próprio amp.

    E do outro lado, uma Zoom G3, logo depois do Fuzz e antes do amplificador.

    Neste caso, a qualidade do sinal após à conversão, é melhor ou pior em algum dos casos? Porque eu vejo uma porrada de gente que não põe uma M5, M13, uma G3 no board pra trabalhar como pedais separados, mas facilmente põe um DD7, um Whammy, dentre outros digitais pelo fato de que eles são "pedais" e não "pedaleiras".

    É justificável este posicionamento?
    Realmente é válido? Os pedais tem uma conversão A/D D/A melhor que a das pedaleiras, ou isso é relativo?

    Abçs

    Bog
    Veterano
    # ago/12 · Editado por: Bog
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    The Red Special
    Os pedais tem uma conversão A/D D/A melhor que a das pedaleiras, ou isso é relativo?

    Conversores deste tipo são meio que padrão, não se pode afirmar que a conversão é melhor nos pedais. ALGUNS produtos usam conversores bem capengas (como as pedaleiras mais baratinhas da Korg), outros usam conversores mais parrudos (como o Axe-FX), mas na maior parte dos casos o "problema" (se há algum) com os pedais digitais não está na conversão do sinal, e sim no processamento que é feito sobre o mesmo. Por exemplo, uma Zoom G1 da vida não é limitada pela qualidade da conversão do sinal, e sim processamento do sinal dentro dela - isto é uma soma de poder de processamento, projeto e implementação dos algoritmos, escolha de técnicas de DSP, e medições feitas em laboratório.

    Note que alguns pedais digitais separam o sinal cru da guitarra antes da conversão, e fazem a mistura com o sinal processado (ex: as repetições de um delay) no domínio analógico.

    Dito isso, é óbvio que colocar em série 5 pedais digitais Behringer vai acabar com o seu sinal - se bem que 5 pedais analógicos Behringer terão o mesmo efeito, heheh.

    MauricioBahia
    Moderador
    # ago/12 · Editado por: MauricioBahia
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    The Red Special: Porque eu vejo uma porrada de gente que não põe uma M5, M13, uma G3

    Sei que você deve saber, porém acho legal ressaltar, que muuuuuuuita gente (incluindo profissionais), usa Nova Delays, Modfactors, DL6s da vida no set de pedais. Estes citados, na verdade são pedaleiras com diversos efeitos, porém, específicos.

    Valeu!

    ps. essa nomenclatura "pedaleira" me incomoda um pouco apesar de todo mundo usar. Eu prefiro dizer "multiefeitos". Pedaleira, pra mim, é um set de pedais num pedalboard, sem distinção.

    The Red Special
    Veterano
    # ago/12
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    MauricioBahia
    Então!
    Nova Delay, DL-6, Boss DD20, os Factors da Eventide, praticamente pedaleiras. Mas pelo formato pedaleira e ter mais de um "tipo de efeito" parece que o pessoal vê com um certo preconceito, não? Dai o cara prefere botar por exemplo, um Modfactor, um DL-6, um Pitch Factor, e um reverb, todos digitais, ao invés de uma M13, porque "não usa pedaleira! Pode isso Arnaldo?
    Bog
    Exatamente!
    Mas cara, uma pergunta. Em pedaleiras mais modernas como na G3 e na G2.nu, isso ainda existe? Essa mudança de sinal é brusca? Eu lembro que na época que usava uma Zoom G2 no loop do meu antigo valvulado, ela modificava um pouco o timbre, mas era algo muito sutil, mais ligada aos níveis de volume, coisa que numa regulada já se resolvia.

    Bog
    Veterano
    # ago/12
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    The Red Special
    Essa mudança de sinal é brusca?

    Então, como eu disse, o maior problema não é perda de sinal por conta da conversão AD/DA (que existe, mas não é necessariamente pior do que em um pedal digital). É o processamento. Ou seja, a mudança no timbre do sinal original é pequena, e às vezes nem é por causa da conversão, e sim de volume ou de impedância. A diferença que o processamento faz está não no sinal original, mas no processado.

    Suponha que eu tenho um DSP X que eu uso para uns 6 ou 8 efeitos simultâneos, como numa G2Nu da vida. Imagine que eu faço um produto que usa o mesmo DSP X, mas exclusivamente para delay. O número de operações por segundo que eu posso executar nos dois produtos é o mesmo, digamos, Y. Mas no primeiro caso, eu tenho Y operações para fazer 8 efeitos diferentes, no segundo são Y operações para um delay. É óbvio que, em princípio, o produto dedicado pode ter um resultado mais "refinado".

    Só que as coisas não são tão simples assim. O poder de processamento do DSP dentro de um delay da Line 6 não é necessariamente o mesmo de uma pedaleira da Zoom. Além disso, existem decisões de projeto que fazem o DSP trabalhar abaixo da sua capaciade - por ex, para economizar bateria, ou para ter produtos de níveis diferentes. Sem contar que esta parte de hardware, como todos sabemos, evolui MUITO rápido - não me surpreenderia saber que o DSP da G3 é mais parrudo que aquele que vinha numa unidade de rack de reverb de 15 anos atrás. E tem mais: nem sempre mais poder de processamento equivale a mais qualidade, primeiro porque o projeto e a implementação do software é que vão dizer O QUE será feito com este poder todo, segundo porque tem coisas que simplesmente não exigem muito processamento (o algoritmo para um delay hi-fi é ridiculamente simples, tanto que é um daqueles exemplinhos de tutorial para quem começa a programar VSTs). Isso sem falar nos pedais que misturam circuitos analógicos com processamento digital.

    Ou seja, são tantas variáveis em jogo que não dá para generalizar e dizer que "pedal é melhor". A gente até espera que um digital reverb da Boss tenha algo mais a oferecer se comparado ao reverb de uma ME-25, mas isso não é por limitações técnicas, e sim por uma questão mercadológica. Também esperamos que um pedal de reverb da Strymon (olha a chamada no site: "take a ridiculously powerful SHARC DSP and dedicate it to doing one thing only: producing the most lush, majestic and stunning reverbs ever.") produza reverbs mais detalhados que uma G3, mas nada garante que a pedaleirazinha mais furreca da Zoom daqui a 20 anos não tenha um poder de processamento 10x maior que este pedal - isso sem contar que para quem usa um reverbzinho de leve, pode ser que todo este poder de processamento a mais seja simplesmente inútil, com vantagens imperceptíveis.

    Enfim, no fim das contas a gente pode ficar aqui até amanhã falando de especificações, que o único critério que realmente vale vai ficar de fora: o bom e velho "ouvidômetro".

    The Red Special
    Veterano
    # ago/12
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    Bog
    Então! Concordo muito, e acho esse preconceito meio que descabido cara. Eu andei pensando aqui, nessa minha idéia:



    O cara misturou vários pedais caros e de qualidade, com uma G3, sem essas piras doidas de "pedaleira vs pedal", espetou no JTM dele, e ficou uma beleza. Eu vejo que é 80% no mínimo, proveniente da regulagem, de sentar e "optimizar" o board. Isso é importante demais. Eu quando mexo no meu setup ou no meu setup virtual + controlador, procuro optimizar o setup e pensar numa situação de show - ordem os pedais, como vão interagir entre si, como vão interagir com o amp, e baseado nisso monto a ordem deles, as regulagens, os níveis de saída de cada um. se um pedal puxa demais ou interfere nos outros, dedico uma fonte para ele, uso bons cabos, boas fontes. Porque acaba que esse tipo de coisa que acaba contando muito. E no fim das contas, com pedal ou pedaleira, ótimos resultados você consegue, e estas questões de processamento, conversões, acabam se tornando menores do que realmente pensamos que elas são.

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