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aluadohpr Veterano |
# nov/07
OS DOIS PARADIGMAS DO GAITISTA
Exato. O cara que vos direciona a palavra, é gaitista. Mas como tal tem feito certas observações que com certeza podem ser extrapoladas para outros campos da música.
Mas voltemos ao maravilhoso instrumento que é a gaita. "Gaita? Ah, aquela flautinha que a Alanis toca, né?" ou então essa, minha preferida: "Você já pensou em tocar um instrumento de verdade?"
Pois é. Ninguém acredita que a gaita é realmente um instrumento. Mas é. Só que esse não é o tema deste texto. A falta de reconhecimento - inclusive dos próprios músicos - da gaita como instrumento musical completo leva a um ônus ainda maior do que a pequena presença de gaitistas em bandas: a presença de gaitistas que cantam mal.
Não quero dizer que o gaitista não pode cantar. Mas digo que o cara não deve cantar só porque tem que fazer algo a mais na banda. Essa situação leva muitos músicos que nunca pensaram em cantar a tomar o papel de cantores das bandas, sem preparo nenhum. E cantores de talento e preparo acabam perdendo a vaga.
Ou seja, nós gaitistas temos que nos livrar do primeiro paradigma do gaitista: gaitista, além de tocar gaita, tem que cantar. Tem nada! Tem é que fazer aquilo que sabe fazer melhor: tocar gaita.
Tendo exposto o primeiro paradigma do gaitista, vamos ao segundo: todo gaitista tem que tocar blues.
Esse paradigma é um pouco mais complicado. É difícil explicar que a gaita tem uma pretensão natural ao blues. O cara põe os lábios na dita cuja e tchans, depois de Asa Branca e Oh, Suzana!, lá vem um blues meio que do nada.
Bem, o blues não veio muito do nada não. A gaita diatônica tem a disposição das suas notas que favorece muito melodias que seguem a escala de blues. Por isso a gaita ganhou um espaço de honra no blues, logo de início.
Gaitistas iniciantes querem ouvir como se toca gaita e acham as músicas em discos de blues. Agora, uma vez que se começa a ouvir blues, gosta-se do blues. E tenta-se tocar blues na gaita. E percebe-se que o blues sai bem na gaita. Pronto, o cara está tocando blues. Tanto blues que acaba deixando de lado as outras vertentes musicais. E isso é uma pena.
Uma vez desabafados os dois paradigmas, gostaria de realçar algumas relações entre eles.
A gaita diatônica permite algo fantástico ao gaitista: tocar música sem um pingo de teoria musical com muita naturalidade. Como a gaita vêm em diversos tons, uma vez com a gaita no tom certo, praticamente tudo que se tocar na bichinha cairá bem com a música nesse mesmo tom. Então, para tocar bem, não é necessário aprender inúmeros modos e escalas, basta apurar a técnica.
E a técnica, na gaita, é adquirida de ouvido. Isso. A gaita é barata. Você compra uma e tenta tirar Asa Branca. E a coloca no bolso e toca quando ninguém está vendo. E as músicas vão saindo. E você vai tocando cada vez melhor, e toca blues. Até o ponto que não repara mais que as pessoas estão olhando torto no ponto de ônibus.
Então, quando menos espera, alguém, com um violão, te chama para tocar alguma coisa junto. "Solta um blues em Mi", você diz, com tua gaita em Lá na mão. E, cara, que legal, mó sonzera! Só que a praia do violeiro é outra, talvez um rock, ou mpb. E então o gaitista fica meio sem saber o que fazer, só está acostumado com blues. E a coisa desanda.
E o desandar da coisa decepciona o violeiro que pensa que gaitista não é músico, pois só toca blues e não sabe teoria para tocar outra coisa. Pronto. Os dois paradigmas se entrelaçam e se justificam. O gaitista, que não é músico completo acaba como vocalista de uma banda de blues.
Mas ainda bem que a gaita, como a música, não tem fronteira. E com ela pode-se e deve-se tocar de tudo, com ou sem teoria. Existe a gaita cromática, existem afinações especiais, existe teoria. Todos esses suportes permitem ao músico conquistar o respeito de seus pares fazendo o que mais gosta, tocando gaita, não necessariamente blues. E deixa aquela tua prima bonita cantar na tua banda, vai!
Essa matéria foi publicada no Portal Gaita-BH em Janeiro de 2002 pelo Gaitista Fernando Bresslau.
Achei muito interessante e gostaria de compartilhar com todos os amantes desse instrumento maravilhoso chamado: GAITA
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ghostbastard Veterano |
# nov/07
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ja ouvi uma vez que gaita não era instrumento musical de verdade. foda
mas discordo qto a não precisar de um pingo de teoria para tocar tranquilamente gaita, eu não tenho muito repertório teorico e to me ferrando um monte.
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aluadohpr Veterano |
# nov/07
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Realmente, na internet nao se encontra mto material para estudo. Comprei um DVD de gaita muito bom, um otimo material para estudo e pratica. Quem quizer saber um poko mais, me mande um e-mail aluadohpr@hotmail.com
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AlexB Veterano |
# nov/07
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A gaita diatõnica foi criada em realidade para tocar musica folclórica alemã que tem apenas dois acordes I-V. Por ser um instrumento barato foi parte da mistura do blues criada por negros escravos que fundiram um som africano com o mundo da música européia. A gaita junto com o washtub bass, colheres, tabua de roupa, kazoo eram instrumentos que cairam nas mãos dos escravos para criar a mágica do Blues. Junto com o violão, os negros usaram estes instrumentos para reproduzir a sonoridade que trouxeram da áfrica e criaram novas técnicas para adquirir as sons que faltavam em seus instrumentos. Bends, slides e botlenecks, surgiram desta necessidade e enriqueceram a música, a ponto da pequena diatônica agora ser chamada de gaita de blues. A gaita é um instrumento limitado como todos os outros, se compararmos uma trompa com um piano, a trompa permite apenas uma nota por vez e tem um range limitado. Mas, mesmo assim usamos trompa. É preciso entender as limitações da gaita ou de qualquer outro instrumento, além disso para os muito obstinados, há o caminho das pedras onde as possibilidades do instrumento são expandidas, aí a gaita que já é um instrumento difícil torna-se mais difícil. Realizaçoes como o Edu da Gaita, Larry Adler, Howard Levy e Toots Thielemans, não vem com facilidade. Todo instrumento pode ser usado em todo tipo de música, se vai ficar bom ou não vai depender da criatividade do músico, e é lógico exige um tempo de estudo e dedicação. nenhum instrumento é exclusivo, você pode tocar gaita no blues e piano no rock and Roll, vai depender da sua dedicação para tocar ambos bem. Cantar também exige dedicação e técnica, além da sorte de ter ganho um instrumento musical com qualidade. Por outro lado tem gente com péssimos instrumentos que cantam e fazem sucesso pois criaram seus próprios estilos: Bob Dylan, Chico Buarque e muitos outro por aí. O problema é que todo mundo quer comprar uma guitarra e sair tocando como o Steve Vai, se não conseguir é melhor comprar uma guitarra e ampli mais caros... A maioria encara a gaita como um instrumento fácil... grande engano. Se quiser tocar mal como o Dylan e a Alanis... Você tem que escolher o instrumento que te agrada, aquele que vai te trazer prazer ao tocar, só assim terá animo para estudar. A diversão ao tocar o instrumento é a melhor ferramenta para aplainar as montanhas de dificuldades do estudo. Abraço, Alex
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aluadohpr Veterano |
# nov/07
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Realizaçoes como o Edu da Gaita, Larry Adler, Howard Levy e Toots Thielemans, não vem com facilidade.
Concordo Alex com sua opinião, mas sou um exemplo, nunca tive aula de musica, muito menos de gaita. Não sou profissional, mas "quebro um galho". Para uma pessoa sem conhecimento, vamos concordar que nao é tao dificil tocar umas musicas com qualidade, se a pessoa praticar com dedicação. E esse começo ja é de grande valor para dar continuidade ao aprendizado. Todo Instrumento necessita de estudo e aperfeiçoamento. Por isso que eu amo a gaita, ela é um eterno aprendizado. Abraço Evandro
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AlexB Veterano |
# nov/07
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Infelizmente para uma pessoa sem conhecimento é difícil tocar música com qualidade. "Praticar com dedicação" significa ganhar conhecimento. A maioria dos gaitistas de Blues não lê uma nota musical em uma partitura, mas tiveram que dedicar-se para tocar bem. Abraço, Alex
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vini guerra Veterano |
# dez/07
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Até o ponto que não repara mais que as pessoas estão olhando torto no ponto de ônibus.
AEUHSEASUIHEASUI Boa.
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marcioguita Veterano |
# mar/08
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Gaita,brinquedo? então nunca ouviu Charlie munselwhite heheh
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lupino Veterano |
# abr/09
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Estou no inicio do inicio e é verdade esse negocio de blues, aprendi asa braca, oh suzana e você do paralamas, mas o que eu estou aprendendo agora é aquele começo do nine below zero do Sonny Boy Willianson II. Tô fazendo no 4 com vamping, mas com minha hering free blues em C não consigo executar tudo, ele deve usar uma gaita numa afinação mais grave. Estou aprendendo partitura mas é muito dificil a gente seguir pela partitura logo de cara ao ponto que as tabs para gaita são muito mais fáceis, vc nem precisa saber que nota tá tocando desde que toque o buraco certo. É claro que quero aplicar a teoria a gaita, sou adepto do gospel (em 1° lugar) e é difícil levar a gaita pra igreja, já vi alguns musicos lá que sopram e aspiram a gaita pra lá e pra cá sem nem saber se estão fazendo a dita nota suja ou um acorde direito. O fato é que eu quero melhorar na gaita e ser bom o suficiente para inspirar outras pessoas a tocarem também e sei que só conseguirei se tocar a gaita com habilidade e cosciência do que eu tô fazendo.
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NillMaker Veterano |
# abr/09
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Caras, a questao é o seguinte.... um ovo de ferro pode brilhar tanto quanto um de ouro se voce se dedicar a poli-lo! E na boa, uma coisa tenho que concordar, temos que descobrir nosso proprio estilo.
lupino Eu também sou adepto ao blues gospel, e como ja tirei varias duvidas aqui, quero descobrir meu estilo na gaita. Sou tecladista e sinceramente, me apaixonei pela gaita desde quando era pequeno e vi aquele desenho, DIGIMON ( rsrsrsrs), em que um personagem la tocava a gaita... desde entao meu objetivo é introduzir a gaita como instrumento no louvor da minha igreja, ainda nao sei exatamente como, mas com muita oraçao e persistencia vou conseguir! Acho que todos deveriam achar seus estilos! Ah... e quando gaita for brinquedo, NASA é coisa de criança! ;)
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