Ária “Lascia ch’io pianga” (Händel) - guitarra e orquestra

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    makumbator
    Moderador
    # ago/15 · Editado por: makumbator


    Lascia ch’io pianga (deixe-me chorar) é uma das árias da capo mais conhecidas de Händel. Escrita inicialmente com outro nome, texto e formatação em 1707, e reaproveitada pelo próprio compositor em sua ópera “Rinaldo” (HWV 7), feita em 14 dias durante 1711 (e revisada pelo autor em 1731).

    Foi a primeira ópera em idioma e estilo italiano feita especialmente para o teatro de Londres. No original essa ária foi feita para soprano (e eventualmente cantada por castrato), e modernamente é cantada por sopranos e mezzos.

    A tonalidade original é fá maior (mas o lá de referência na época era bem mais baixo que os 440 e 442Hz comuns hoje). Minha versão é em mi maior. Nessa ária a personagem Almirena se lamenta por estar presa em um palácio em Jerusalém cercado pelos sarracenos (a trama se passa durante as primeiras cruzadas).

    Minha versão tem instrumentação diferente da original (que é apenas voz e cordas e eventualmente também com contínuo ajudando na base). Fiz uma parte de oboé d’amore (instrumento de som mais doce e cheio que o oboé normal, além de ter uma extensão no grave um pouco maior).

    Há uma parte de contrabaixo solo (concertino), em que eu toco sozinho o baixo (sem o reforço do baixo de tutti que o VSTi também executa junto comigo quando toda a orquestra toca). A realização da parte do cravo também foi de minha autoria (pois em muitas versões há apenas a cifragem barroca). Na guitarra, além de pequenas mudanças e ornamentações na linha melódica original na volta da capo (como de costume no formato), também fiz uma pequena improvisação no final.

    https://www.youtube.com/watch?v=aXHji1jNrNM


    Apenas o audio (mp3):
    https://app.box.com/s/s6fmtvu22geq0cb98q5mmbj4f2cvbg0u

    Partitura e partes (guitarra com e sem tab):
    https://app.box.com/s/yfwdik6sb1jd8v6r3kg1s4r0rg1brnxv

    Backing track - mp3:
    https://app.box.com/s/tjbggmqcfhrcw9vp9ispspu8okaibf2k

    Backing track (com metrônomo) - mp3:
    https://app.box.com/s/a8f59pwggvhj5lqlmojrczrnj3vgtpli

    Partitura original da ópera completa (a Ária está no segundo ato, na página 61 da partitura, que é a página 71 do arquivo PDF)
    http://petrucci.mus.auth.gr/imglnks/usimg/f/fa/IMSLP18971-PMLP44807-HG _Band_58.pdf

    Aqui duas versões dela que gosto (a primeira do filme Farinelli, em que a voz de canto resultante no filme é a mixagem da soprano Ewa Malas-Godlewska e do contratenor Derek Lee Ragin, numa tentativa de recriar o som de um castrato). A segunda é da mezzo soprano Joyce DiDonato(versão mais lenta e com belo peso da voz da cantora):
    https://www.youtube.com/watch?v=WuSiuMuBLhM
    https://www.youtube.com/watch?v=oJJnhp2CYnk

    Equipo:
    Guitarra: Jackson DX10D FS/Prodrive II/Wha-wha Dunlop Classic GCB95F/Ibanez Tube screamer TS 7 /Ibanez delay DE 7/Kuassa (caixas virtuais)/Reverb Lexicon LXP Hall/Wave arts noise gate

    Contrabaixo: contrabaixo acústico Höfner /arco Marcio Rupf /mic AKG P170 /reverb Vienna Mir Pro 24

    Cordas e oboé d’amore (VSTi): Vienna software special edition / reverb Vienna Mir Pro 24

    cravo (VSTi): Vienna software harpischord /reverb Vienna Mir Pro 24

    Desculpem pelo post gigante!

    pianoid
    Veterano
    # ago/15
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    marcando, pora

    pianoid
    Veterano
    # ago/15
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    legal, cara. instrumentos de corda tem muita flexibilidade pra simular a voz, mesmo. afinal, é tudo corda rs

    o improviso ad libidum ficou com cara de cadência de rock :)

    EduJazz
    Veterano
    # ago/15
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    makumbator

    Ficou algo entre maravilhoso e sensacional. Como sempre. O double bass combina demais com a guitarra, e você domina os dois com muita maestria.

    E, assim como na que você postou anteriormente, o wha casa muito bem com esse tipo de peça.

    Parabéns e, mais do que isso, muito obrigado.

    Lelo Mig
    Membro
    # ago/15 · Editado por: Lelo Mig
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    makumbator

    Acho sempre muito interessante como seu wah-wah é influenciado pelo arco. Não sei se você já percebeu isso, se é intuitivo, mas sua familiaridade com o arco se reflete no uso que você faz do wah. E isso é muito legal e original.

    A peça toda, como sempre, muito boa. Execução, leitura pessoal e arranjo.

    Esta melodia é foda! Uma das coisas mais poderosas já composta.... confesso que tenho uma inveja que sempre que a ouço penso: "Porque não fui em quem compôs essa poha!"

    Aproveito aqui e deixo uma versão "matadora" feita em cima dos escritos originais que Haendel fez para Farinelli, na tentativa de soar como Farinelli soaria. (detalhe, foram necessários 3 cantores para tentar soar como Farinelli).



    Adler3x3
    Veterano
    # ago/15 · Editado por: Adler3x3
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    Grande Arranjo.

    Das suas interpretações de guitarra e contrabaixo esta ficou entre as melhores.
    Se nota aqui uma certa evolução no trato geral e no uso dos recursos dos softwares, tem uma melhor integração entre o que é real e virtual.
    O som ficou muito bom.

    Esta Ária é uma das minhas preferidas.

    Edit:
    Saiu o resultado do Festival do Minuto 2015 organizado pelo Véio Casper, lá tem também umas três músicas novas do Bakumbator, e algumas minhas também,rss...
    prestigiem:

    http://forum.cifraclub.com.br/forum/9/323401/

    makumbator
    Moderador
    # ago/15
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    pianoid
    legal, cara. instrumentos de corda tem muita flexibilidade pra simular a voz, mesmo. afinal, é tudo corda rs

    Valeu! O Wha-wha ajuda muito na vocalização da guitarra.

    o improviso ad libidum ficou com cara de cadência de rock :)

    Hahah! Ficou mesmo! Me empolguei (na verdade antes de gravar eu nem ia tocar nada naquele final). Foi totalmente espontâneo.

    EduJazz
    Ficou algo entre maravilhoso e sensacional. Como sempre.

    Agradeço os elogios!O double bass combina demais com a guitarra, e você domina os dois com muita maestria.

    É, o acústico com arco dá uma cama e um peso legal para o cravo. Isso que eu fiz é até incomum, pois o que se espera é um cello fazendo esse papel junto ao cravo (com o baixo apenas reforçando nos tuttis).

    E, assim como na que você postou anteriormente, o wha casa muito bem com esse tipo de peça.

    Funciona muito bem! Tanto que tenho até que me policiar pra não dar uma de Kirk Hammett e colocar ele em tudo!

    Parabéns e, mais do que isso, muito obrigado.
    Eu que agradeço!

    Lelo Mig
    Acho sempre muito interessante como seu wah-wah é influenciado pelo arco. Não sei se você já percebeu isso, se é intuitivo, mas sua familiaridade com o arco se reflete no uso que você faz do wah. E isso é muito legal e original.

    Haha! Vou te confessar que isso é mera incapacidade minha de fazer aquela movimentação mais usual de wha-wha no rock (que gosto muito). Faço do meu jeito por não dominar realmente o pedal (fiquei mais de 10 anos sem nem encostar em um wha. recentemente que comprei um).

    A peça toda, como sempre, muito boa. Execução, leitura pessoal e arranjo.

    Muito obrigado!

    Esta melodia é foda! Uma das coisas mais poderosas já composta.... confesso que tenho uma inveja que sempre que a ouço penso: "Porque não fui em quem compôs essa poha!"

    Pois é, ela é simples mas muito forte!Aproveito aqui e deixo uma versão "matadora" feita em cima dos escritos originais que Haendel fez para Farinelli, na tentativa de soar como Farinelli soaria. (detalhe, foram necessários 3 cantores para tentar soar como Farinelli).

    Acho que você não percebeu, mas no meu post inicial eu indiquei justamente essa versão (ao lado da versão de uma mezzo, pra perceberem a diferença). Foram 2 cantores mixados pra fazer a voz do Farinelli ( a soprano Ewa Malas-Godlewska e do contratenor Derek Lee Ragin).

    Adler3x3
    Das suas interpretações de guitarra e contrabaixo esta ficou entre as melhores.

    Fico muito feliz que tenha curtido! Até por você ser bem exigente (o que considero positivo).
    Se nota aqui uma certa evolução no trato geral e no uso dos recursos dos softwares, tem uma melhor integração entre o que é real e virtual.
    O som ficou muito bom.


    Isso é reflexo de um maior minimalismo no uso de plugins e recursos da DAW. Agora penso sempre se preciso mesmo colocar mais coisa. Na menor dúvido deixo sem nada (não tenho mais aquela vontade de encher todo os slots de plugins só por eles estarem ali).

    Além disso o reverb da Vienna ajuda muito nos samplers. É ao mesmo tempo de ótima sonoridade e de uma facilidade franciscana na aplicação (basicamente dá pra colocar o instrumento no palco virtual e não mover mais controle nenhum que sempre fica legal).

    Saiu o resultado do Festival do Minuto 2015 organizado pelo Véio Casper, lá tem também umas três músicas novas do Bakumbator, e algumas minhas também,rss...
    prestigiem:


    Opa! Com certeza! Músicas variadas de muitos usuários!

    Lelo Mig
    Membro
    # ago/15
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    makumbator

    Realmente, olhando novamente agora, por algum motivo, eu pulei o bloco "Aqui duas versões dela que gosto".

    Pois é... eu sabia desta "nota oficial" dos dois cantores utilizados para cobrir a extensão de Farinelli... Mas assisti um documentário sobre uma pesquisa científica feita sobre Farinelli (acho que é da BBC, vou checar e retorno depois) onde inclusive os ossos dele foram estudados e eles disseram que além de Ewa Malas-Godlewska e Derek Lee Ragin, foi utilizada uma terceira voz para "equalizar o timbre" e um software para "fundir" tudo.

    Castratti tiveram vários, inclusive alguns bem ruins. Mas Farinelli foi um cantor excepcional, dono de uma técnica absurda e uma genética privilegiada.

    Adler3x3
    Veterano
    # ago/15
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    Lelo Mig e Makumbator

    O tema dos Castrati é obscuro.
    Imagine o que o mal engenho humano pode gerar.
    Por causa da Religião, mulher não podia conforme a missa cantar.
    Aí alguém teve esta ideia.
    As famílias mais pobres costumavam vender os seus filhos para os Castrati.

    Seria bom discutir isto mais a fundo num tópico especial, o Lelo tem um bom uso da palavra é poderia dar o pontapé inicial.

    Lelo Mig
    Membro
    # ago/15 · Editado por: Lelo Mig
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    Adler3x3

    Sem dúvida é um tema obscuro. Uma crueldade justificada em nome de crenças e sob o pretexto de "fabricar anjinhos".... (na verdade há um sexismo por trás disso tudo e uma espécie de tara pela androginia, disfarçada de "motivos divinos", lembre-se que nessa época os homens da nobreza eram quase travestis e isso era normal).

    90% dos castrati não seriam bons cantores, nem teriam belas vozes, o que torna ainda mais cruel o ato. Mas, Farinelli, por si só, merece um tópico especial.

    Diferente dos demais Castrati, em quase tudo, a começar pelo "início", já que ele não era de família pobre, pelo contrário, era de família da baixa nobreza, com posses e propriedades e foi castrado entre 7 e 8 anos, ou seja, muito antes do "período normal", que costumava ser entre 12 e 14 anos.

    Farinelli foi raro e especial em todos os aspectos e, apesar de ser de 1705-1782 existe muito material sobre sua história, porque ele foi muito, mas muito famoso (uma espécie de Madonna/Beyoncé/Beatles de sua época) e, ao contrário da maioria de seus contemporâneos, envelheceu e morreu rico, famoso, membro da realeza, considerado um dos maiores professores de canto de todos os tempos e conselheiro de nomes importantes da música, como Mozart, por exemplo.

    Enfim, escreveria um texto imenso sobre ele... Sou fascinado pela sua história e ele, independente da castração, foi um gênio sem precedentes.

    Ken Himura
    Veterano
    # ago/15
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    Parabéns, Marcão! Ficou sensacional! Como sempre! :D

    De Ros
    Veterano
    # ago/15
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    makumbator

    Putz velho, adorei!! Bela melodia! Curti muito tua improvisação, parabéns!!!

    makumbator
    Moderador
    # ago/15
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    b]Ken Himura[/b]
    De Ros

    Valeu galera! É sempre bom receber elogios de outros músicos!

    fernando tecladista
    Veterano
    # ago/15
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    makumbator
    tá muito bem feito
    o que vou comentar é coisa de gosto pessoal e não sobre o trabalho em sí

    eu estou acostumado com versões onde se mexe/moderniza em tudo como por exemplo essa aqui:

    e geralmente o povo esculhamba tudo e todo o resto do orignal: contracanto, arranjos de vozes vai tudo pro saco como vejo muita versão do canone do pachelbel como esse fica interessante mas o que seria o "canone" sumiu


    a sua versão ficou bacana mantem a ideia da época da música no acompanhamento, porém a timbragem da guitarra nesse arranjo me choca o ouvido
    mas como comentei, é gosto meu, o trabalho em si ficou muito bom

    makumbator
    Moderador
    # ago/15 · Editado por: makumbator
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    fernando tecladista

    Agradeço os comentários!

    Em geral eu ou mantenho bem próximo do original (incluindo até onde é possível na parte da guitarra) ou faço um arranjo diferente, seja na instrumentação, estrutura, etc... (mas sem descaracterizar muito, apesar de não ter nada contra quem vai pelo lado de mudar completamente a música). Pode-se dizer que eu busco o meio termo entre uma modernização completa e a tradição.

    Se você puder elaborar mais a questão do choque com o timbre (mesmo que seja uma questão pessoal, como você comentou) eu agradeço. É sempre bom ter um feedback desse tipo de análise.

    Vendo os vídeos que você postou me lembrou que em breve eu vou lançar uma versão do Canon dentro dessa minha proposta (arranjo respeitando o original, portanto sem guitarrices). No meu caso haverá algumas mudanças (incluí partes de viola e violinos de acompanhamento que não existem no original), mas as 3 linhas principais (feitas por guitarras) serão respeitadas à risca.

    Jabijirous
    Veterano
    # ago/15
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    makumbator
    Sem palavras, muito bom!

    makumbator
    Moderador
    # ago/15
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    Jabijirous

    Valeu compadre! Hehe!

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