cashandmoney Veterano |
# set/07
Boa Técnica. Primeiros Passos Tirar um bom som, com clareza, limpeza, e tendo controle sobre as inúmeras nuances que podemos criar na guitarra. Tudo isso é tocar com técnica.
Ter uma boa técnica no instrumento é algo fundamental. Não digo isso no sentido de tocar rápido e com virtuosismo, mas sim tirar um bom som, com clareza, limpeza, e tendo controle sobre as inúmeras nuances que podemos criar na guitarra. Tudo isso é tocar com técnica, ter liberdade, deixando a inspiração te levar para onde você quiser, sem as barreiras de uma possível falta de coordenação.
A primeira dica para termos uma boa técnica seria nunca deixar nossos músculos estarem tensos. Isso vale para as mãos, braços e, eu diria até, o corpo inteiro. Sua cabeça deve estar tranqüila, calma e relaxada, transmitindo isso para seus músculos, mesmo que você esteja tocando algo muito complicado e rápido. Este estado de espírito é o que um cara com técnica deve alcançar.
Tendo isso em mente o próximo passo é verificar se o posicionamento das mãos e braços estão corretos e confortáveis. Sabemos que a guitarra não é um instrumento que impõe regras neste sentido, mas é sempre bom seguirmos o que seria o ideal para depois ir acomodando-nos ao nosso jeito.
Temos sempre que lembrar que quanto menor o movimento das mãos, mais preciso o movimento poderá ser. Assim, em relação à mão direita, o quanto menos a palheta se afastar da corda, melhor será o rendimento do movimento, possibilitando assim, mais palhetadas em menor tempo.
Experimente fazer pequenos movimentos com a palheta em uma nota só, observando o quanto a palheta afasta da corda. Assim você poderá controlar esta distância e se preocupará com isso para todo e qualquer exercício de palhetada alternada. Depois de conseguir manter a palhetada sem se distanciar demais da corda, mantenha uma nota só em semicolcheia numa velocidade lenta e experimente abafar esta nota (sem alterar o movimento da mão, velocidade ou intensidade).
Conseguindo isto, tente abafar uma nota ou outra, para ter um controle perfeito deste movimento. Outra variação importante é conseguir acentuar algumas notas da semicolcheia. Por exemplo, procure acentuar a primeira nota da semicolcheia sem alterar o movimento da palheta ( bem próximo da corda), sem alterar velocidade e intensidade das outras três notas. Depois procure fazer o mesmo acentuando e segunda, terceira ou quarta semicolcheia. Assim o acento cada hora cairá em um lugar diferente.
Tendo o controle de todas estas variações, é possível experimentar aumentar a velocidade. Pode parecer simples, mas é um bom início para saber o que podemos fazer com a palhetada.
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Boa Técnica - Primeiros Passos II Vamos continuar a falar de técnica básica, dando continuação à coluna anterior.
Depois de fazer o exercício de palhetada alternada em uma corda só, obviamente o próximo caminho é passear pelas outras cordas.
Faça os movimentos alternados combinando uma, duas,três e quatro palhetadas por corda. Partindo da sexta corda até a primeira e retornando com uma nota por corda, depois com duas e assim sucessivamente. Isso vai preparar o condicionamento da mão direita para situações da arpegios no caso de uma palhetada por corda, situações de pentatônica no caso de duas palhetadas por corda, escalas diatônicas com três notas por corda e cromatismo com quatro notas por corda. Não que obrigatoriamente, você deva respeitar esta fórnula, pois claro que podemos tocar pentatonica com três notas por corda, arpegios com duas etc., mas o mais habitual é esta relação citada.
Lembre-se de enquanto praticar estas combinações, lembrar das variantes que podemos aplicar. Abafar cada nota, altenar a dinâmica ( forte-fraco), criar acentuações diversas, variar a divisão entre múltiplo de dois ( colcheia e semi-colcheia) ou multiplo de três ( tercina e sextina).
Depois destes exercícios é possível complica-los um pouco mais alternando a sequência das cordas. Ao invés de partir da sexta à primeira e retornar, experimente descer três cordas e voltar uma, e assim sucessivamente até a primeira corda. Depois retorne com a mesma sequência . Outro movimento possível é explorar os saltos de corda criando um padrão com as cordas como: sexta- quinta, sexta- quarta, sexta-terceira, sexta-segunda, sexta-primeira, e retornando; primeira-segunda, primeira-terceira, primeira-quarta, primeira-quinta, primeira-sexta. Esta sequência deve ser feita com uma, duas, três e quatro notas por corda.
Tenho certeza que passado todas estas possibilidades de exercícios, só a palhetada já estará mais "no lugar"e seus solos, como uma mágica, começarão a soar mais limpos...
Lembre-se sempre de comerçar de forma lenta, colocando o metronomo aproximadamente em 60-80 bpm ( semi-colcheia).
Por mais que seja lento, acredite que a lentidão é que fará sua mão aprender o movimento certo e balancear a força para cada nota em cada corda.
Procurar tocar rápido logo de primeira, ou forçar um velocidade que não existe ainda, só deixará seu som sujo, poluido, desigual e sem controle.
Boa Técnica: Primeiros Passos III Continuando o assunto de palhetada alternada. Até agora, falei sobre treinar a mão direita sozinha, com várias combinações, sendo: uma nota por corda, duas notas por corda, três e quatro. Agora, precisamos sincronizar as duas mãos.
Vamos continuar no assunto de palhetada alternada. Até agora, falei sobre treinar a mão direita sozinha, com várias combinações, sendo: uma nota por corda, duas notas por corda, três e quatro. Agora, precisamos sincronizar as duas mãos. Isso depois de praticar só com a mão direita e observar bem o movimento correto, acostumando com todas as possibilidades citadas e tocando com o metrônomo.
Tente usar as mesmas combinações que fizemos com a mão direita nas cordas soltas, unindo algum tipo de movimento com a mão esquerda, para fazer essa sincronia com as duas mãos. Assim sendo, no exercício de uma nota por corda, escolha colocar um dedo da mão esquerda em cada corda, (um, dois, três e quatro), sendo o dedo um na primeira casa, o dedo dois na segunda casa, três na terceira casa e o quatro na quarta casa. Depois, desça para as outras cordas. A palhetada será uma para cada nota em cada corda, alternando para baixo e para cima, descendo e subindo nesse movimento.
Uma outra forma de treinar o mesmo exercício é usar os desenhos de arpejos para a mão esquerda e executá-los com tudo que aprendeu de mão direita, nas matérias anteriores. (Caso não saiba arpejos, procure se informar, ao menos, sobre os desenhos de tríades maiores, menores, aumentadas e diminutas.) Você pode usar um acorde de Dó Maior simples e palhetar o acorde, com uma nota por corda. Neste caso da quinta até a primeira corda, ir e voltar e depois criar movimentos alternando as cordas. A partir disso, toque uma harmonia simples, por exemplo: C, G, Am, F... Ou qualquer seqüência que queira fazer, sempre arpejando e prestando atenção na movimentação da mão direita que você estudou antes. Lembre-se das dicas das colunas anteriores: fazer abafado, com a corda solta, acentuando diferentemente etc. Brinque de fazer saltos de cordas inverter as acentuações de cada nota, praticar em tercina/sextina e colcheia/semi-colcheia.
Depois de ter esse controle da mão direita, crie seus próprios exercícios e improvise dentro deles. Utilize as acentuações, abafado, solto, dinâmica (forte e fraco), etc. Vale lembrar que mudar a dinâmica não significa alterar a velocidade . Mantenha a velocidade com o metrônomo ou uma bateria eletrônica e alterne forte e fraco.
Ao mesmo tempo que você crie todas estas situações para o sincronismo das duas mãos, você pode mudar os acordes, e assim criar harmonias diferentes. De repente, é possível que apareça uma série de idéias de arpejos para músicas. Isso é uma forma de ser criativo enquanto se estuda técnica. Simultaneamente aos exercícios e criação, suba aos poucos a velocidade do metrônomo.
Tente sempre criar novas harmonias e seqüências de acordes, brincar com a dinâmica, com abafar, daí vão surgir sons, idéias, músicas, frases... Quer dizer, você brinca com a música enquanto estuda técnica, sem ficar tão mecânico, e vai tirar proveito da parte intuitiva da música. Não usar apenas o racional é importante para o exercício de técnica ser mais proveitoso. Além de que com isso, você conseguirá estudar por mais tempo e com mais prazer.
Se você fizer um exercício só simples e chato, talvez fique 10, 15 minutos ou meia hora no máximo, pois provavelmente o tédio tomará conta. Mas para desenvolver uma boa técnica, temos que fazer duas ou três horas diárias no mínimo. No primeiro dia, provavelmente você conseguirá, mas depois é difícil manter a mesma rotina monótona. Então, coloque um pouco de criatividade no exercício, improvise...
Você deve montar exercícios com as suas dificuldades, para que os estudos sejam sempre novos e interessantes.
Boa Técnica - Primeiros Passos IV Seguindo o raciocínio da coluna anterior, quando falamos de sincronizar as duas mãos, você pode fazer agora os exercícios de mão direita, com duas notas por corda.
Uma opção é usar os desenhos de pentatônica que têm duas notas por corda, aproveitar este estudo de técnica para passar pelos desenhos e se familiarizar com os mesmos, subindo e descendo as escalas, quais sejam: m7, m6 e M7.
Assim você pode mesclar os cinco desenhos de cada uma delas , estudando ao mesmo tempo, a técnica e o som das escalas. Isso lhe trará uma boa memória muscular, onde na hora do improviso, além ter a técnica da palhetada firme, as combinações de penta estarão automatizadas.
Depois, coloque uma base com uma harmonia, seja um Blues ou algo em tonalidade menor, e toque as pentatônicas, sempre mantendo a técnica de mão direita constante. Crie fraseados, passeando por todos os desenhos, sempre com a técnica de duas notas por corda.
Além de usar fazendo todas as variações de desenhos de pentatônica, estar ouvindo uma harmonia por trás, criando relações de intervalos, trará novos coloridos para os desenho da escala. Não esqueça da dinâmica (forte e fraco), abafar e soltar a corda e acentuar notas diferentes, como falado nas colunas anteriores. Tudo isso vai trazer mais musicalidade enquanto você ainda está mais preocupado com a técnica.
Como seqüência do estudo de palhetada alternada, experimente fazer a mesma coisa com três notas por corda. Neste caso, use os modos gregos, que tem este desenho de três notas por corda e estude da mesma forma.
Aproveite e decore os desenhos. Outra opção é fazer a escala menor harmônica com três notas por corda. Utilize uma base onde possa alterar a velocidade.
Por último, o cromatismo com quatro notas por corda. Nunca esqueça nas nuances possíveis de aplicar: dinâmica, abafar, acentuações etc.
Uma coisa legal é fazer também, como falei na segunda coluna de técnica: usar os múltiplos de 2 e de 3, tercina, sextina, colcheia e semicolcheia. Se você tocar um fraseado de 1, 2, 3, 4 que é o típico engrupamento de 4 notas, em sextina, dará uma acentuação interessante, porque a mudança de corda irá cair em lugares diferentes na rítmica do exercício. Essas coisas serão muito úteis no seu linguajar na hora improviso, do solo ou da criação de um tema. Tudo isso é possível desenvolver enquanto se estuda técnica.
Coloque uma base com uma harmonia legal, vá exercitando todas as possibilidades citadas em uma velocidade lenta e gradativamente aumentando a velocidade. Preocupe-se em não perder as outras nuances do seu fraseado, assim seu estudo de técnica poderá ser bem mais produtivo. O resultado vira rapidamente.
Torne sempre seu estudo de técnica em algo musical e divertido. Desta forma você conseguirá ficar horas e horas com seu instrumento.
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