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gabalp Membro Novato |
# nov/13
Caros colegas músicos, tenho esta dúvida que me acompanha há bastante tempo e eu ainda não cheguei a uma conclusão. Na opinião de vocês, um músico deve optar por desenvolver a LEITURA ou o OUVIDO, ou ele deve tentar desenvolver as duas coisas ao mesmo tempo? Para um músico de jazz, ler partitura não tem tanta importância, não é mesmo?
Outra dúvida, para um adulto, é possível desenvolver o ouvido até que ponto? É possível memorizar os tons depois de adulto? Pergunto isso porque costumam dizer que para as crianças é mais fácil...
Gostaria de pensar no som e automaticamente conseguir transferi-lo para o instrumento... Para isso eu teria que memorizar todos os tons? Para eu poder "tirar" qualquer música que vier na minha cabeça?
Agradeço a todos que se dispuserem a ajudar! Valeu!
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gabalp Membro Novato |
# nov/13
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Ah, deixa eu contar um pouco sobre mim. Talvez isto ajude para vocês entenderem minha angústia. (rs)
Eu tenho 32 anos. Comecei a tocar violão com uns 12 anos, mais ou menos. Depois ganhei uma guitarra. Meu sonho era viver de música, mas já não preciso mais disso. Gostava de rock, hoje gosto mais de jazz. Comprei um trompete há um ano e meio. Fiz um mês de aula. Hoje, tenho sonhado em tocar em público novamente, mas sei que para isso, vou ter que me desenvolver... Nos instrumentos de cordas, durante todos estes anos, sinto que pouco desenvolvi meu ouvido. Quer dizer, eu consigo tirar umas músicas mais simples, tipo músicas de quatro acordes no rock. Mas vou por tentativa e erro. Não tenho os tons gravados na memória... A mesma coisa no trompete. Tirei algumas de ouvido (por tentativa e erro): "Bêbado e o Equilibrista", a primeira parte do Hino do Flamengo, e "Redemption Song" do Bob Marley...
Enfim, eu queria ficar "fera" mesmo, entende? Ouvir uma música e rapidamente pegar o tom, o tema, e sair improvisando em cima... hehe Mas acho que estou sonhando demais.
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makumbator Moderador
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# nov/13
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gabalp
Um músico que busca ser mais completo (o que não significa necessariamente em ser o melhor, o mais criativo, o mais musical, etc...) vai desenvolver ambos. As duas capacidades não são excludentes (como muita gente pensa), e inclusive se complementam.
É possível memorizar os tons depois de adulto?
É possível. Aparentemente é mais difícil comparando-se a crianças, mas varia também de pessoa a pessoa.
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Cochise Veterano |
# nov/13 · Editado por: Cochise
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makumbator
Memorizar os tons acho que ele não vai conseguir, pois isso é ouvido absoluto.
gabalp
O que vc deve fazer é treinar seu ouvido quanto aos intervalos (ouvido relativo), pois é essa a estrutura que forma a música, ouvir e reconhecer qualquer um dos 12 intervalos pela sua sonoridade, em ordem ascendente, descendente e harmonicamente. Vc pode utilizar um programa como earmaster, isso vai te ajudar muito. mas conhecer os intervalos no seu instrumento e a distancia dos dedos também é importante. Tirar muita música, transcrever partitura e solfejo também ajuda muito.
É verdade que as crianças aprendem bem mais rápido a percepção do ouvido e de uma forma bem interna, assim como aprendem o idioma materno, mas dá pra um adulto aprender também,. só não sei até que nivel da pra chegar, isso só vc pode descobrir,
Eu comecei a tocar tarde, apenas como hobby, não reconhecia os intervalos, mas depois de praticar por alguns meses focado na percepçao passei a reconhecer os intervalos reconheço qualquer um deles, como se tivesse um sentimento em cada um .
Mas não é tão facil assim pra mim, eu não reconheço esses intervalos dentro da música, pois acontece tudo muito rápido e com muitos instrumentos, Só o que consigo fazer é tipo, se alguém toca 2 notas eu sei qual é o intervalo entre elas, então se eu souber qual a primeira nota então vou saber qual a segunda, ou se alguém toca perto de mim e me pede pra dizer se o acorde, se é menor ou maior , ou se tem uma 7, 9 etc, (mas não sei dizer em que tom está, isso só quem tem ouvido absoluto sabe dizer), ...
Mas por falta de pratica ainda assim não é tão claro e fácil para mim sou bem iniciante até pq atualmente tenho muito pouco tempo para música, então tenho evoluido pouco.
Então fica a dica, se você gosta mesmo de música, pratique, pois só você pode saber até que nivel você pode chegar.
Abçs
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makumbator Moderador
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# nov/13
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Cochise Memorizar os tons acho que ele não vai conseguir, pois isso é ouvido absoluto.
Então, eu também o ouvido relativo, e portanto consigo pensar de cabeça em um intervalo corretamente. Eventualmente posso ter errado o tom, mas os intervalos da música ficam certos. Pra mim isso já é suficiente para "tirar" uma música mesmo sem o instrumento na mão. Imagino que alcançar isso já seria ótimo para ele.
Minha professora de contrabaixo acústico desenvolveu o ouvido absoluto no fim da adolescência, de tanto estudar. Então considero que com alguma propensão e treino também se possa chegar a ele.
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Cochise Veterano |
# nov/13 · Editado por: Cochise
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makumbator
Concordo com você, que ouvido relativo é o suficiente para se 'tirar' qualquer música, só comentei quanto a 'memorizar os tons' pois podia da uma ideia errada, de querer memorizar as notas isoladas, quando na verdade seriam a distancia entre elas, que formam uma sonoridade.
Outra pessoa que desenvolveu Ouvido absoluto durante a adolescência é o Fernando tecladista, mas pelo que li em um tópico dele, foi algo natural que ele aprendeu enquanto tocava, então acredito que era algo que ele já tinha com ele, e que desenvolveu quando passou a tocar um instrumento.
Se vc pegar bons músicos que praticam todo dia, durante a vida inteira, a maioria deles só desenvolve ouvido relativo, então acho que só prática não é o suficiente pra se desenvolver o ouvido absoluto. Mas não é minha intenção dizer que quem tem ouvido absoluto é melhor, um bom ouvido relativo, muita teoria e criatividade é o suficiente para ser um bom músico, existem centenas de exemplos de músicos com grandes composições e que não tinham ouvido absoluto.
Abçs =)
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gabalp Membro Novato |
# nov/13 · Editado por: gabalp
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cochise e makumbator
Muito grato por suas explicações. Eu acabo de tirar de ouvido o início de uma música da Preservation Hall Jazz Band. Fui até a padaria e voltei pensando na música, sentindo ela, sendo que eu já tinha estudado um pouco o instrumento antes de sair de casa. Ou seja, eu tenho mais ou menos o dó e o sol na cabeça. Quando me esqueço, uso a música introdutória do Superman (rs). Daí, voltei pra casa e para minha surpresa consegui tirar o som da Preservation sem muita dificuldade. Bateu certinho com o que eu achava que era (as posições nos pistões).
Acho que é isto, né? Questão de estudo mesmo. E não adianta se dedicar apenas quando dá... Tenho uma teoria, meio radical, que o músico tem que pensar em música o dia todo. Claro, ninguém pode forçar isso... Tem que ter paixão para isso ser possível. E, enquanto as pessoas estiverem conversando sobre o José Dirceu, ou então nossas namoradas nos perguntarem se é melhor levar a maionese normal ou light no mercado, a gente está com a cabeça lá no "pã pã pããã pã pãã pã pã..." rs
Pra ser músico, acho que não tem outro jeito... Tem que ser meio "retardado". É ou não é? rs
(obs.: uso a palavra "retardado" aqui sabendo que ela tem uma conotação negativa, e penso que é como a sociedade em geral vê quem é meio "desligado", digamos assim...")
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gabalp Membro Novato |
# nov/13
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Outra dúvida que surgiu agora, baseada na explicação de vocês.
Eu estou estudando basicamente a escala de Dó Maior. Então, tenho um ouvido relativo bom nesta escala. De vez em quando faço outras escalas, no Ré Maior e no Fá Maior, basicamente.
A dúvida é esta: existe um método para não embolar tudo? Porque sinto que quando mudo de um tom para outro, começa a gerar um pouco de confusão.
Valeu!
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Cochise Veterano |
# nov/13
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gabalp
Isso ae, lembrando que o Do e o SOl formam uma quinta justa, formando a sonoridade característica desse intervalo, o mesmo vale para Re e La que vão ter a mesma sonoridade de quinta justa.
Além do que eu recomendei, recomendo também você testar o GNU solfege, é gratuito, pra você testar como anda sua percepção, ou até mesmo praticar. Começa dando uma olhada nos intervalos melódicos ascendentes que tem lá.
Pratique o que vc puder, e tenha paciência pois demora bastante, e tente sempre se divertir no processo.
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Cochise Veterano |
# nov/13
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gabalp Eu estou estudando basicamente a escala de Dó Maior. Então, tenho um ouvido relativo bom nesta escala. De vez em quando faço outras escalas, no Ré Maior e no Fá Maior, basicamente.
Vc vai ter que praticar até perceber que a sonoridade do intervalo é a mesma independente do tom. Uma terça menor tem a mesma sonoridade em qualquer tom.
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Engenheiro Membro |
# nov/13
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Eu li um artigo sobre ouvido absoluto uma vez e fiquei um tanto entusiasmado. Basicamente, você pode fazer uma analogia entre sons e cores. Por exemplo, cada cor emite um certo comprimento de onda de luz, assim como cada nota emite uma certa frequência. Entretanto, não é necessário decorar os vários comprimentos de onda pra saber que uma cor é azul ou verde. Cada cor possui uma certa característica. Podemos pensar assim para notas musicais. Cada nota emite uma frequência, que não é necessária ser decorada para poder diferenciá-las. Por sua vez, cada nota possui uma certa característica. Ritchie Blackmore, que possui ouvido absoluto, costumava dizer: "Just in practice, I can hear different keys. I was obsessed with G for a while. G is very bright, and very obvious. F# minor is very moody, and very subtle, yet it can be very eerie. E is just very powerful. Then you've got D, which is very spring-like. Plus, D is a very old chord, more of Renaissance chord. A minor is probably my favorite key right now. With E, I think it's a bit too basic sometimes." É essa a ideia. De qualquer maneira, quando somos crianças, nossos pais apontam para as várias cores diferentes, nos dizendo seus nomes. O mesmo pode ser aplicado no caso de música. Basta expor a criança a várias notas musicais devidamente identificadas, que ela eventualmente desenvolverá o ouvido absoluto. Meu filho terá ouvido absoluto! HAHAHA
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gabalp Membro Novato |
# nov/13
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Valeu demais, cochise.
Já estou baixando o programa. Vou tentar o earmaster também.
Um Abraço!
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gabalp Membro Novato |
# nov/13
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Engenheiro
Interessante esta comparação com cores... Vale a pena tentar. rs
Também curti o texto do Ritchie. Acho que tem a ver com o que cochise falou, tentar ligar os intervalos aos sentimentos. Mas quando se trata de uma nota solta, um tom apenas... Tenho dificuldade, desde a época do violão e da guitarra... Mas talvez com o trompete seja mais fácil! Este instrumento realmente me faz vibrar! Abraço a todos e um sonzinho para inspirar...
http://www.youtube.com/watch?v=QjZrsVI0IXg
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gabalp Membro Novato |
# nov/13 · Editado por: gabalp
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E agora, que já estamos todos esfolados de tanto tocar e treinar, um vídeozinho para descontrair... hehe
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