ENTREVISTA INTERESSANTE, LEIAM!!!

    Autor Mensagem
    Matheus_Strad
    Veterano
    # out/04


    GALERA, PESQUISANDO SOBRE ARTE NA NET ENCONTREI ESTA ENTREVISTA DE UM CARA, QUE NÃO CONSEGUI IDENTIFICAR CLARAMENTE, CLIQUEI EM SEU CURRÍCULO PARA PODER DESCOBRIR QUEM É, MAS NÃO ESTAVA DISPONÍVEL. O NOME DELE É DENILSON. COMO A INTENÇÃO DESTE FORUM É A DISCUSSÃO DE IDÉIA, RESOLVI TRANSCREVER A ENTREVISTA AQUI PARA QUE VCS ANALISEM O PONTO DE VISTA DO CARA. EMBORA EU DISCORDE DE VÁRIAS COISAS, COMO JÁ DISSE, E COMO ELE MESMO DIZ EM SEU TEXTO, GOSTO É GOSTO. NA ARTE NÃO EXISTE CERTO OU ERRADO, TUDO DEPENDE DE QUEM A AVALIA. DEÊM UMA LIDA E FALEM O QUE ACHAM!

    ABRAÇO.


    ENTREVISTA:
    Uma pequena entrevista sobre música e pintura ( 2002 )
    Depois de uma palestra, dei uma pequena entrevista para o jornal universitário.
    Eis o texto, na íntegra.

    P – Qual o período mais rico da música erudita e da pintura?
    Denison: Eu diria que, em termos estruturais, foi o do séc. XVII e, sobretudo, o XVIII. Mas, se levarmos em conta a linguagem pessoal e a diversidade, o século XX se revela mais rico. Aaron Copland não concordaria comigo, mas considero os artistas do séc. XX mais pessoais do que os antigos românticos. Eles apenas conseguem conciliar, com mais eficácia, uma linguagem pessoal com um objetivo universal.

    P – Século XX, rico? Não se diz que neste século a arte se tornou vazia?
    D: Só os cegos enxergam isso. Neste século os paradigmas se multiplicaram.
    Os artistas do século passado ( séc. XX ) são os mais personalizados, porque com a fragmentação das idéias após a eclosão da Primeira Guerra e o desmantelamento das bases sólidas, os criadores fragmentaram e individualizaram suas idéias. Na pintura do século XX há gênios do nível de um Michelângelo ou Rafael. Henri Matisse, por exemplo, um líder nato, é um Rafael moderno. Picasso, capaz de assustar discípulos, titânico em seu altar, é um Michelângelo moderno. Há outros gênios...Francis Bacon, Franck Auerbach,
    Willen De Kooning, Paul Klee, Balthus ( morto em 2001 ), Henri Rosseau, Magritte...há mais gênios no séc. XX que em qualquer época, tanto na música quanto na pintura.

    P – Na música, talvez não. A Segunda Escola de Viena não assassinou a harmonia?
    D: Isso é um absurdo! No séc. XX, a harmonia apenas continuou evoluindo, nada foi assassinado. Em nenhum momento histórico deixou de evoluir. A música de Schoenberg é tão fina, delicada, sofisticada quanto a música de Schumann ou a de Brahms. E igualmente intelectual, sendo que, particularmente, acho mais fácil ouvir obras líricas de Schoenberg do que suas obras instrumentais. Entretanto, apesar da revolução harmônica, vejo-o um criador conservador, herdeiro do romantismo, cheio daquilo que chamo de nostalgia tonal. Criou todo um sistema, mas não conseguiu se desvencilhar do romantismo.
    Alban Berg é um romântico maravilhoso. Mas não um romântico piegas. Sua música é de um romantismo desfigurado, que eu adoro. E Webern? Um monstro. Criou um universo particular – comparável ao universo de Debussy – que é só dele. Foi o único da Escola de Viena que conseguiu, de fato, algo novo.
    Sua música é atômica, detalhista, você ouve cada timbre, cada acorde é um acontecimento, livre do romantismo. É como o embrião do Universo, a música das esferas. Adoro tudo de Anton Webern, mas tenho consciência que não é acessível a todos. Aliás, gosto desses compositores que criaram um mundo próprio; Satie, Messiaen...o mundo deles é extravagante e particular, mas não é vulgar. É perigoso ser original. Uma pena que as pessoas não se esforcem em conhecer arte moderna, pois só é possível amar algo que se conhece. E as pessoas criticam sem conhecer. E o que me impressiona é que em todas as artes, seja na literatura, no cinema, nas artes plásticas, os jovens tem acesso primeiro ao contemporâneo, depois, com a maturidade, passa a se conhecer as obras dos antigos, dos clássicos. Na música, ao contrário, se prendem ao antigo e pronto. Isso é lamentável.

    P – Você disse que o mundo de um Satie ou de um Messiaen não é vulgar. E existe artista vulgar?
    D: Claro. Carl Orff, Cage, Glass e Gorecki são exemplos de artistas pequenos, vulgares, picaretas. É possível vermos os concertos de Paganini como algo mais exibicionista do que artístico.
    Salvador Dali, às vezes, foi hipócrita. Rodin, também, mas só às vezes. Andrea del Verrocchio pintava mal e Bernardino Luini, apesar de dominar bem a técnica, era uma imitação barata de Da Vinci. Gentileschi também não me convence. Parece um cover do Caravaggio.

    P – Há pintores e compositores consagrados que você não goste?
    D: Vários. Detesto a linha afetada maneirista de um Rosso, Pontormo, Bronzino...o único maneirista que se salva é El Greco. Não gosto do Neo Classicismo de um Jacques-Louis David, mas já gosto de Ingres. Não me emociono com um quadro de Poussin ou Lorrain, pelo classicismo forçado. O modismo em torno de Monet e Van Gogh é um saco! Eles são bons, mas não são únicos. Acho que a super valorização em torno deles atrapalha a apreciação. Nunca vi beleza em Goya, confesso. Não gosto das paisagens de Constable. Gentileschi pinta bem, mas é uma imitação barata de Caravaggio. Não suporto pintura Rococó, só se for de Boucher ou Tiepolo. E descarto todos os românticos, menos Delacroix e Turner. Pintura abstrata, nem pensar. Dos compositores, não gosto de Prokofiev, Cezar Franck, Sibelius, Grieg, Hindemith, Janacek e Martinu...Mendelssohn é bom, mas não oferece nada de novo. Acho a estrutura de Dvorak desigual. Fazer o que?

    P – O que acha dos românticos?
    D: Seja na música ou na pintura, a arte romântica é, muitas vezes, afetada, excessiva, desequilibrada. Essencial historicamente, mas não faz meu tipo ouvir horas e horas de Schumann ou Mendelssohn. Prefiro os românticos avançados, desfigurados: Wagner, Mahler, Berg, Debussy, Liszt ou Chopin. Quanto a Brahms - essa mistura perfeita de Schubert, Beethoven e Schumann - não vou colocar no meio, pois é inclassificável.
    Gosto de música avançada. O Barroco é avançado, o Moderno é avançado, o Romantismo inicial, não. Na pintura também não prefiro os românticos. Fico com os modernos, renascentistas e barrocos, apesar de, por ironia, um dos quadros que mais me intriga é do pintor romântico Géricault, A Jangada do Medusa.

    P – Disse que não gosta da pintura Neo Clássica. E gosta de Música Clássica?
    D – Não. Desprezo os compositores deste período. Apenas idolatro Mozart, Beethoven. E só. Haydn, gosto de tudo, mas não me empolga tanto quanto Mozart, que possui uma música graciosa, fora do normal, se destacando de tudo que fosse de seu tempo. Beethoven é o meu compositor predileto e não é clássico - como dizem - ele é inclassificável. Apenas sua primeira fase é clássica. Pena que ele nasceu no período clássico, pois se tivesse sido do séc. XX teria mais liberdade ainda.
    A pintura neo-clássica também não me interessa; sua retidão, sua imitação grega e sua pretensão em vão não funcionaram. Tanto a escola pictórica quanto a musical não durou muito, pois são mais retrocessos do que evoluções. A música Clássica, para evoluir, precisou retornar onde Bach e Haendel pararam.

    P – E a música e pintura antiga? O que acha?
    D: Parece tudo igual, mas não é. Nas artes plásticas, Giotto chama a atenção pela originalidade, ainda no período gótico, abrindo as portas para a Renascença. Sassetta e G. Bellini são gênios do séc. XV que profetizam a pintura surrealista e ingênua de um H. Rosseau. É uma época de descobertas, carregada de ingenuidade e de beleza, com exceção de Bosch. Gosto de Michelangelo mais como escultor, na pintura fico com Rafael e Da Vinci. Os italianos são notáveis, mas não podemos nos esquecer da Europa Setentrional de um Holbein ou Campin, além de outros artistas internacionais; todos descobriram técnicas e estilos. É arte muito bela, mas é preciso não se prender à beleza gótica, renascentista e barroca apenas. Há muita genialidade depois da Primeira Guerra.
    Na música, o canto a capella parece tudo igual, mas há diferenças. Eu ouço coisas avançadas em um Gesualdo. Palestrina e Josquin De Prèz são distintos também dos outros. Ockeghem e Monteverdi são inventores gigantescos.
    A música antiga pertence à Inglaterra, Itália, França, Holanda e só.

    P – O que acha da pintura abstrata?
    D: Piet Mondrian tem um estilo que evoluiu naturalmente para o abstrato, que eu respeito e admiro. Turner, ainda no romantismo, já era um abstrato, sem intenção de sê-lo, e eu o considero um dos cinco maiores pintores de toda a História. Os impressionistas e cubistas tendiam para o abstrato, e eu gosto deles. Mas, em se tratando de arte abstrata mesmo, não gosto. Prefiro o figurativo. É mais humano. Gosto da divagação abstrata na poesia literária, mas não admiro na música ou na pintura.

    P – E quando música e pintura ficam submetidas a textos literários?
    D: Na pintura acho que funciona. Mas na música é meio estranho. Acho mais sincera a proposta de Saint Saens ou de Brahms, mestres que odiavam submeter suas obras a textos literários, do que as idéias ilusionistas de Liszt ou Berlioz, que tentam adaptar textos. Aliás, uma das maiores vitórias do séc. XX foi retornar à idéia do séc. XVIII de música pura, sem influência de textos.
    Quando ouço Liszt, R. Strauss ou Berlioz, prefiro nem saber em que texto se basearam, até porque é uma ilusão mostrar em música uma idéia literária. Isso funciona na ópera ou no balé, que por sinal, prefiro ver ao vivo a ouvir em Cd’s. Aliás, é inviável OUVIR óperas. Balé até se passa por poema sinfônico numa audição, mas ópera não dá. Só vendo mesmo.

    P – O que gosta no Barroco?
    D: Na pintura, idolatro Caravaggio, Rubens e Rembrandt. Já não gosto muito da escola Rococó e do Maneirismo, que são parentes do Barroco. Na música, o ápice, para mim, é a música vocal de Haendel e a música instrumental de Bach. Não é toda hora que estou disposto a ouvir a obra coral comportada de Bach, mas sua música instrumental é a melhor. Com Haendel, é o contrário.
    Fora eles, gosto da obra, não importa o gênero, de Vivaldi, mas tenho consciência de que é um compositor que não evoluiu. Criou algo novo e parou ali, como a maioria dos italianos.

    P – Quais os compositores que você gostaria de ter a obra completa para ouvir?
    D: São poucos. Vivaldi, Mozart, Beethoven, Saint Saens, Chopin, Debussy, Stravinsky, Ravel e Webern. Gosto de qualquer coisa deles. Compositores como Haydn ou Berlioz, gosto de tudo, mas não justifica investir na obra completa.
    Dos outros compositores gosto de parte de suas obras. Por exemplo, como disse, gosto do Bach instrumental e do Haendel vocal. Admiro as óperas de R. Strauss e as obras de Liszt, mas não tenho prazer em escutar seus poemas sinfônicos.
    Adoro as canções e obras líricas de Mahler, Britten, Finzi e Fauré, mas suas obras puramente instrumentais não me gratificam intelectualmente. Gosto de algumas obras de Brahms, mas não tudo, sendo que as obras dele que gosto, amo mesmo, prá valer. O mesmo não ocorre com Schumann, Wagner, Mendelssohn, Schubert ou Tchaikovsky, que gosto de algumas poucas obras, mas não me enchem os olhos. Estou sendo sincero. Da obra de Shostakovich só gosto dos concertos. Adoro mesmo. Outra coisa...gosto da música orquestral de Bela Bartok, mas acho desagradável toda a sua música para piano solo e para dois instrumentos. Não é que não entenda, acho chata mesmo. Gostaria de ter todos os cadernos de madrigais de Monteverdi. Um tesouro! A obra para teclado de Rameau e Frescobaldi. As sinfonias de Bruckner e Nilsen para mim são as melhores já escritas depois de Beethoven.

    P – E qual a sua relação com Beethoven?
    D: Gosto de tudo que escreveu. E olha que são obras bem diferentes umas das outras. Destaco aqui as sinfonias ímpares, a partir da Terceira, o concerto Tríplice, os concertos p/ piano 3, 4 & 5, as Variações Diabelli p/ piano, as Sonatas p/ piano A Tempestade, Appassionatta, Hammerklavier e a op. 111, a Missa Solemnis e os últimos quartetos. Tenho quase tudo de Beethoven.

    P – E Mozart?
    D: Eu me impressionei com a música dele, mas depois deixei de lado. Enjoei. Achei que era tudo igual e tal. Só deixei reservada a Grande Missa em C menor como a obra máxima de Mozart, a que eu mais respeitava. Depois de muito tempo descobri seus quintetos e minha visão de Mozart deu uma reviravolta. Passei a escutar a sua obra em geral com admiração renovada. Voltei a me apaixonar por tudo de Mozart. Destaco seus quintetos em geral, a Missa em C menor, as sinfonias 25-41, Don Giovanni, Flauta Mágica, os concertos p/ piano 18-27, os concertos p/ instrumentos de sopro, a Sinfonia Concertante, as sonatas p/ piano mais maduras e suas sonatas para violino e piano. Não é muita coisa?

    P – E Debussy, Stravinsky, Ravel, Webern...?
    D: Os outros que citei como os que gosto de tudo, gosto de tudo mesmo. Vivaldi é gostoso de se ouvir em qualquer gênero. Webern, Ravel, Saint Saens e Chopin não destaco nada. Tudo é bom. Adoro a clareza da música de Saint Saens, apesar de admitir que ele não é tão genial, mas Vivaldi também não é um Bach e eu prefiro ouvir tudo de Vivaldi; nem tudo de Bach eu estou sempre disposto a ouvir. Quero destacar obras de Stravinsky, que considero um gênio titânico. Sua ambiciosa invenção, de cunho sacro, Trehni é a obra dodecafônica mais maravilhosa que ouvi, seus diversos concertos, sempre alegres, suas sinfonias, que são obras mais profundas e sérias, a divina obra lírica Les Noces, o Poema Sinfônico Canto do Rouxinol, que me solicita inúmeras audições ( adoro! ), seus balés são belíssimos e revolucionários, sua obra para piano solo é digna de Ravel, sua obra coral é linda, A sua música cênica História do Soldado é mágica. Como não gostar de um gênio desses com tantas obras-primas?
    Entretanto Debussy foi o compositor que mais me envolveu em sua beleza estranha. Admiro igualmente sua obra para piano, orquestral, lírica ou de câmara. Isso é raro de ocorrer...eu gostar de todos os gêneros de um compositor.

    P – E a música espanhola, russa, americana, brasileira...?
    D: Após pesquisas mais aprofundadas, descobri jóias na música espanhola. Compreendo mais hoje a música de Falla e não o vejo como dependente de Debussy. Assim como Ravel, ele conseguiu se desvencilhar do Impressionismo nebuloso. Mas acho que Ravel e Bizet fizeram música espanhola tão bem quanto os próprios espanhóis. Acho que Falla é o representante mais digno da Espanha e não gostaria de comentar os outros. A América tem ótimos compositores, mas não comparáveis aos europeus. Suas orquestras são melhores que os criadores.
    Os russos tentaram de tudo para se desvencilhar da hegemonia musical alemã e criaram algo interessante, mas não tão sólido. Mussorgsky é o mais genial nesta tentativa de liberdade. Gosto muito de sua música. Gosto também dos concertos de Shostakovich, algumas obras de Tchaikovsky e idolatro Stravinsky. Borodin, se não tivesse se dedicado tanto a outras atividades, teria sido o melhor compositor daquele país. O triunfo deles foi aprofundar dramaticamente o balé francês. E o Brasil...bem, você acha que Villa-Lobos pode ser comparado com um Debussy? Mignone com Chopin? Carlos Gomes com Wagner? Você compara Padre José Maurício com Bach? Bem, deixo para você a resposta.

    P – E os pintores preferidos?
    D: Caravaggio é o maior. Coloco no Panteão também Correggio, Velazquez,
    Da Vinci, Rubens, Carracci, Cezanne, Rembrandt, Henri Rousseau, Matisse, Picasso, Balthus, Robert Campin, Delacroix, Tiepolo, Ingres, a luz num quadro de Vermeer ou de Pieter Saenredam é coisa divina, mas gosto também de Boucher, Sargent, Turner, Millet, todos os impressionistas, pós-impressionistas e os modernos não-abstratos em geral. Se tivesse que escolher os que mais me emocionam, escolheria, a dedo, Vermeer, Caravaggio, Da Vinci, Turner, Toulouse-Lautrec, Balthus e Rubens.

    P – Gosta de Instalações, de música conceitual, eletrônica, ruído?
    D: É bonito e chama a atenção, mas é como a Pop-arte; é efêmera, volúvel, cotidianiza demais a arte. É uma novidade maravilhosa na primeira noite, depois é algo digno de se esquecer. Vale pelo momento de vernissage. A música eletrônica, ruído, música de colagem, me lembra coisa de DJ de discoteca. Gosto de presenciar os artistas de hoje desafiarem os artistas do passado com partitura, notações normais, claves normais, tela, pincel e tinta. Isso gosto de ver.

    _music_4_ever_
    Veterano
    # mar/08
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    este tópico ficou completamente eskecido , mas eu achei-o bastante interessante.

    E o Brasil...bem, você acha que Villa-Lobos pode ser comparado com um Debussy? Mignone com Chopin? Carlos Gomes com Wagner? Você compara Padre José Maurício com Bach? Bem, deixo para você a resposta.

    enfim....

    _music_4_ever_
    Veterano
    # mar/08
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    P – Gosta de Instalações, de música conceitual, eletrônica, ruído?
    D: É bonito e chama a atenção, mas é como a Pop-arte; é efêmera, volúvel, cotidianiza demais a arte. É uma novidade maravilhosa na primeira noite, depois é algo digno de se esquecer.


    ora aí está uma boa questão. se há alguma koisa de ke os compositores de música tonal se podem orgulhar em geral é de ke as suas músicas são fáceis de se lembrar e de se entoar...

    Ricnach
    Veterano
    # mar/08
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    Parece uma pessoa bem consciênte da história da musica e pintura, e com experiência de escuta. COncordo com todos os principios de seu gosto, só censuro este gosto por Ravel, eu colocaria Ravel no bojo dos compositores vulgares. E é uma pena que ele não sacou o barato da pintura abstrata... espere até ele criar algum paralelo entre Kandiski e Stravinsky... rapaz!!!

    Agora o que é pessoal não dá para opnar, Mendelssohn, compositor bom? sim, ele tinha bom coração mas não muito talento. Parece que ele tem dificuldades em ouvir os "Orientais" (Europa oriental, ou Europa não ocidentalizada) como Sibelius, Jancek, grieg e etc... não que sejam meus compositores preferidos mas não há desequilibrio em suas composições... enfim, pessoal.

    Sua analise da segunda escola de Viena é perfeita! SIm, Schoenber não deu o golpe final, ele criou as ferramentas e criou uma poética poderosa.. é um gênio mesmo, Berg nem se propos alguma revolução, e Webern simplesmente fazia musica de um outro tempo.... podemos dizer que a musica se divide em antes de Schoenberg e depois de Webern. (Webern é meu ponto de concordância, com certeza o maior compositor do século vinte).

    Não concordo com o seguinte.. Beethoven Romantico... não não.. era um musico clássico sim, Charles Rosen também concorda, me mostre o que em sua harmonia o torna Romantico... sua predileção, ao final, pelos tons menores?... um inicio e com certeza uma inspiração para a futura geração, mas, Classico sim.

    A avaliação do seculo XX também está coberta de razão.

    Ótima entrevista!!!!

    _music_4_ever_
    Veterano
    # mar/08
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    Ricnach
    Não concordo com o seguinte.. Beethoven Romantico... não não.. era um musico clássico sim, Charles Rosen também concorda, me mostre o que em sua harmonia o torna Romantico... sua predileção, ao final, pelos tons menores?... um inicio e com certeza uma inspiração para a futura geração, mas, Classico sim.

    Se Beethoven não é romântico...também Schubert não é, certo? Eu acho ke têm estilos parecidos (em comparação a outros românticos como Wagner ou Liszt), são românticos conservadores (no caso de Beethoven nem por isso. o romantismo ainda mal estava a começar...)

    Ricnach
    Veterano
    # mar/08
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    _music_4_ever_

    Não entendo direito o que você quis dizer.

    De qualquer forma, o que Schubert e Schumman faziam não era o que Beethoven fazia... tem um livro, "A geração Romantica".. ali fica claro a diferença do trabalho harmonico, estrutural, poético, o movimento Sturm und drang, a "brincadeira" com a escrita musical, o escrito e não audito.. entre outras questões..

    É claro que Schubert e Schumman figuram o começo do movimento, Chopin o meio, ou o apogeu, e Wagner e Liszt o final, ou decadência... mas não diria que Schubert ou Schumman são conservadores, pelo contrario, faziam musica radical e experimental, o Romantismo de inicio ao fim foi radical.

    Beethoven está para Schubert assim como Mahler está para Schoenberg.

    _music_4_ever_
    Veterano
    # mar/08
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    Ricnach
    o movimento Sturm und drang

    mas isso não foi entre o Barroco e o Classicismo?

    Ken Himura
    Veterano
    # mar/08
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    Eu acho que o Denílson analisou mais por gosto pessoal que por maneira imparcial. Há diversos antíteses e paradoxos pelo texto, do tipo "Eu odeio poemas sinfônico, mas os poemas sinfônicos de fulano são muito bons". "Os compositores russos não me agradam, mas Stravinsky é um deus."

    Ricnach
    Veterano
    # mar/08
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    _music_4_ever_

    Foi um movimento do final do século XVIII, propriamente o movimento Romantico. Este movimento teve inicio na literatura e na filosofia... na musica seu eco foi ouvido mais tarde... Entre o barroco e o classicismo na musica eu conheço apenas o Rococó.

    Ken Himura

    Acho que foi um misto na verdade... por exemplo, Stravinsky não é como Tchaicovisky, pode-se não gostar de musica russa feita antes de Stravinsky e amar este último. Mas em questão de estilo é impossivel negar que Stravisky faça musica russa, que tenha escutado Mussorgsky e etc... Mas eu mesmo adoro musica "eslava", o que inclui em alguma parte Mussorgsky e Stravinsky... agora todo o resto de compositores russos não me interessam, é uma questão de uso de um estilo nacional... Na antiga Tchecoslovaquia eu gosto muito de Janacek, mas Kodaly, as vezes comparado a este, não me interessa de forma nenhuma, porem seu conterraneo Bartok me fascina... claro que possuiam influências proximas, mas o uso destas influências é quem faz o compositor, e claro, seu talento pessoal.

    _music_4_ever_
    Veterano
    # mar/08
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    Ricnach
    Entre o barroco e o classicismo na musica eu conheço apenas o Rococó.


    eu lembro-me de ter dado o ano passado em História da Música o Movimento Sturm und Drang, do qual fazia parte, por exemplo, Carl Philip Emanuel Bach.

    Ricnach
    Veterano
    # mar/08
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    _music_4_ever_

    Recapitulando... O Romantismo na musica foi marcado por Schubert e Schumman e alguns indicam que Beethoven já seria Romantico e outros que ele seria um percurssor. Minha opinião é de que ele seria um percurssor... pelos motivos que já coloquei.

    O romantismo na musica é, como todo movimento do romantismo, inspirado diretamento no movimento Sturm und drang. Na filosofia e e na literatura... e até mesmo na pintura, os ecos do romantismo foram ouvidos conjuntamente, já na musica apenas no século XIX.

    Há uma confusão temporal entre o Neo-classicismo e o sturm, pois acabaram sendo contemporâneos, mas mesmo influenciado por este movimento, como todo alemão, a musica de Carl faz parte das raizes da musica clássica, ou seja, acabou por incorporar os valores do neo-classicismo, notamos claramente sua estética barroca ao fundo e ousadias do que viria a ser a musica classica... bom, a este periodo damos o nome de Rococó, galante etc... ele é pouco usado em musica, mas não há outro estilo para o que Carl fez.
    No caso da pintura o neo-classicismo se confundiu ao sturm, mas no caso da musica o romantismo veio após a primeira escola de Vienna.

    O sturm und drang deve ser incluido como informação da musica Romantica, mas no caso de se querer complementar o conteudo deve ficar claro o hiato historico que a musica viveu neste periodo, e principalmente que a harmonia romantica não se confunde com a pré-classica ou mesmo a clássica.
    Na verdade eu acho ótimo que o classicismo tenha se imposto, acho um periodo fascinante, inclusive gosto desta transação, barroco, rococó, classica e romantica... Harmonicamente há uma evolução gradual e coerente.

    Se o romantismo tivesse se apoderado logo no final do século XVIII acho que não teriamos o tonalismo em sua forma clássica, o desenvolvimento da forma sonata, o rigor formal, a simetria, a modulação... etc, valores neo-classicos.

    Ken Himura
    Veterano
    # mar/08
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    Ricnach
    É, concordo bem com você sobre esses pontos da música russa.


    Aliás, eu gosto muito destes períodos, principalmente o galante com o JC Bach e o classicismo. Creio que o classicismo é meu período favorito. Mas não sei hahaha, eu gosto de tudo, praticamente.


    Bartók é um monstro, um dos meus ídolos.

    Ricnach
    Veterano
    # mar/08
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    Ken Himura


    BARTOK!!! Concordo absolutamente. Os três B's pra mim:

    Bach
    Beethoven
    Bartok

    _music_4_ever_
    Veterano
    # mar/08
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    Ricnach
    Os três B's pra mim:

    Bach
    Beethoven
    Bartok



    Brahms se visse isso ficava doido! rsrsrs Ele adorava a tonalidade de Mi bemol Maior por causa dos 3 b's:
    Bach
    Beethoven
    Brahms

    J. S. Coltrane
    Veterano
    # mar/08
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    Up

    Boa entrevista, mas chamar John Cage de picareta é meio complicado... O cara teria que se explicar nesse ponto.

    Ricnach
    Veterano
    # mar/08
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    J. S. Coltrane

    Vc gosta do John Cage?

    Eu tenho as peças para piano preparado e uma outra peça mais ousada, de maior fôlego... não tenho o nome de cór, mas posso colocar depois.

    E eu acho ele meio picareta mesmo, não o aprecio como compositor, mas como um pensador da musica, bons textos, muitos bons textos, cage é um filosofo da musica. Mas como compositor não gosto não, e acho até simpático chamá-lo de picareta, suas melhores obras não são musicas são mais "arte conceitual sonora" e ele sempre se expos muito, ele abriu caminhos para a musica contemporânea, mas não como um compositor, mas um propagador mesmo, ele foi um pioneiro do dodecafonismo nos EUA. Eu vejo ele no mesmo papel que Mendelssohn, grande estudioso, redescobriu Bach, apoiou compositores, inclusive foi mecenas... mas... não era um grande compositor, eu mesmo não me interesso em nada que já escutei dele...

    Em resumo, adoro Cage... deste jeito, meio picareta mesmo!!!

    J. S. Coltrane
    Veterano
    # mar/08
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    Ricnach

    Concordo com voce, muito embora tenha ouvido muito pouco do J Cage. Mas só pela contribuição teórica o cara já não pode ser chamado de picareta.

    Ricnach
    Veterano
    # mar/08
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    J. S. Coltrane


    Está certo.. na verdade o entrevistado só fala que ele é picareta e não dá mais explicações, não dá direito para saber o que ele pensa sobre o assunto...

    _music_4_ever_
    Veterano
    # mar/08
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    Ricnach

    Eu vi há uns tempos atrás a partitura das Variações dele. Parecia mais pintura abstracta.

    Ricnach
    Veterano
    # mar/08
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    _music_4_ever_


    Parece que John cage tinha uma formação em design ou alguma área próxima a esta, inclusive ele foi um dos primeiros a pensar em novas possibilidades de notação, não só nas possibilidades como também lançou alguns modelos...

    Ele realmente teve um papel importante... mas não incluo ele no "primeiro escalão" dos compositores não...

    _music_4_ever_
    Veterano
    # mar/08
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    Ricnach
    mas não incluo ele no "primeiro escalão" dos compositores não...

    Mesmo acho que ele não é tão falado como Schonberg ou outros vanguardistas...

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