Matheus_Strad Veterano |
# out/04
WOLFGANG AMADEUS MOZART
Salzburgo, 27 de janeiro de 1756 Viena, 5 de Dezembro de 1791
BIOGRAFIA
Nosso Wolfgang Amadeus Mozart nasceu Johannes Chrysostomus Wolfgang Gottlieb Mozart, no dia 27 de janeiro de 1756, em Salzburgo, Áustria. Seu pai, Leopold Mozart, era um músico de talento e excelente professor de violino. Ele trabalhava como segundo mestre de capela da corte do arcebispado (Salzburgo era um Estado papal), servindo diretamente ao Príncipe-Arcebispo Siegmund von Schrattenbach, um homem culto e sensível às artes.
A infância de Wolfgang foi encantadora. Desde muito cedo mostrou extraordinária vocação musical. Com quatro anos começou a ter aulas de música com o pai, e rapidamente aprendeu cravo e violino. Não tardou a compor pequenas peças, deslumbrando o pai e os amigos da família Mozart.
Mas o que chamava realmente a atenção de todos era a perícia do menino ao teclado, e a carreira de virtuose que o pequeno Wolfgang poderia ter fez Leopold brilhar os olhos. Era uma oportunidade imperdível, tanto para mostrar os seus dons como educador como para mostrar a glória que era seu filho. E, com seis aninhos, o prodígio fez sua primeira turnê pela Europa.
Wolfgang fez estrondoso sucesso nas cortes. Maravilhou a todos, soberanos, príncipes, cortesãos, com suas peripécias (muitas vezes mais acrobático-circenses que musicais). O garoto era um verdadeiro milagre e passou vários anos entre viagens com o pai e a casa em Salzburgo. Mas encontrava tempo para suas primeiras composições mais sérias, como a primeira ópera, La finta semplice, escrita em 1768 (quando tinha doze anos!).
Com treze anos, Wolfgang foi nomeado Konzertmeister da corte, o que equivaleria ao cargo de primeiro-violino. Passou algum tempo em Salzburgo e partiu para a Itália, onde recebeu algumas honrarias e conheceu a música e, principalmente, a ópera italianas. Foi uma viagem reveladora, que marcou o amadurecimento de jovem, que começava a imprimir sua marca pessoal às composições, como as óperas Mitridate e Lucio Silla.
Porém, quando voltou sofreu a linha dura do novo arcebispo de Salzburgo, Hieronymus Colloredo. De gênio ditatorial, Colloredo considerava os Mozart arrogantes e relaxados - ou vagabundos - demais. E apertou as rédeas nos dois músicos. Por quatro longos anos, ambos não saíram da corte (deram apenas umas "escapadas" à Viena), o que fez Wolfgang dar impulso às suas composições. Compôs copiosamente - quartetos de cordas, concertos, sinfonias, óperas...
Foi em meio a esse período fértil, repleto de peças encantadoras, feitas tanto para a corte como para nobres e burgueses da cidade, que Mozart decidiu largar essa vida servil. Em 1777, pediu demissão ao arcebispo Colloredo, que - máximo da humilhação - não aceitou e ainda devolveu a carta.
Mesmo assim, Mozart seguiu com seus planos. Partiu em busca de emprego e oportunidade pela Europa, acompanhado pela mãe, já que Leopold ficara em Salzburgo, por conta de suas obrigações com Colloredo. O compositor, em suas andanças, tomou contato com a orquestra de Mannheim, que o incentivou a escrever novas obras, mais livres que as compostas na corte. E conheceu a jovem cantora Aloysia Weber, por quem se apaixonou. Mas, no final das contas, foi rejeitado.
Em 1779, a contragosto, Mozart teve que voltar a Salzburgo, que considerava insuportável. Passou mais dois anos preso na corte, "tocando para as mesas e cadeiras", como escreveu depois. Era um clima obviamente ruim, pela hostilidade de Colloredo e pela indiferença da corte, mas Mozart não parava de compor: são do período a Missa da Coroação, a Sinfonia Concertante, para violino e viola, a Posthornserenade, a ópera Idomeneu, entre outras obras-primas.
Colloredo, no entanto, tratava o compositor como um "empregado doméstico", usando as palavras do próprio Mozart. Em 1781, o arcebispo e a corte foram ao encontro de José II, o novo imperador da Áustria, em Viena. Mozart fez algum sucesso na cidade e obteve bom número de admiradores. Queria ficar, mas Colloredo queria enviá-lo a Salzburgo para entregar uma encomenda. O pedido foi prontamente recusado. Em maio, após outra negativa do compositor, Colloredo o chamou de crápula, cafajeste e vagabundo e o expulsou. Mozart pediu demissão, mas só teve ela "aceita" no dia 8 de junho, quando foi posto na rua aos pontapés pelo chefe de pessoal de Colloredo, o conde Arco. "Então, essa é a maneira de convencer as pessoas, de amolecer as pessoas? Jogando-as porta afora com um chute na bunda? Esse é o estilo?", desabafou o compositor em uma carta.
Mas Mozart estava feliz. Conseguira a liberdade que desejava, e só restava conquistar o público vienense. O que ele conseguiu, pelo menos nos primeiros anos. Ele se tornou um virtuose (era mais respeitado como intérprete do que como criador, mal, aliás, que atingiu grande parte dos grandes compositores) conhecido e requisitado, e levava a vida com certa fartura.
Casou-se em 1782 com Constanze Weber, irmã de Aloysia, uma musicista de talento apenas mediano, mas mulher afável e carinhosa. Os dois, apesar de não estarem exatamente apaixonados, conviviam muito bem. Neste clima, os primeiros anos vienenses de Mozart foram tranqüilos, mas ele não era exatamente uma pessoa tranqüila. Como escreveu seu cunhado Lange, que pintou seu retrato, o compositor exprimia uma certa "angústia íntima", que contrastava com a alegria e frivolidade que demonstrava em sociedade. Era uma pessoa melancólica e irriquieta ao mesmo tempo.
A busca deste "eu", que sempre angustiou Mozart, levou-o à maçonaria. Ele entrou na ordem como aprendiz em 1784, e no ano seguinte já era mestre. Foi uma adesão séria, e realmente engajada, como atestam uma série de obras de inspiração maçônica, que datam desta época.
A influência da maçonaria não se limitou a essas obras dedicadas à ordem. Em outras peças do período, Mozart atinge o ponto alto em matéria de profundidade e expressão pessoal. São obras às quais não foram impostas nenhuma amarra - nem a corte, nem a burguesia - e simbolizam a conquista da liberdade tão almejada pelo compositor. Era um homem livre, talvez o primeiro da História da Música.
Mas sua popularidade entre a sociedade vienense cai, talvez em conseqüência disso - afinal, Mozart estava compondo mais para si do que para o público. A grande ópera As Bodas de Fígaro, estreada em 1786, foi um fracasso financeiro, e as preocupações materiais começam a aparecer.
Um refúgio temporário foi Praga. Lá a acolhida de As Bodas de Fígaro foi entusiástica, o que levou à encomenda de outra ópera: Don Giovanni. Foi um sucesso estrondoso entre os tchecos, mas a estréia em Viena resultou em fiasco igual ou maior ao da ópera anterior. A situação econômica de Mozart piora muito, o que pode-se notar pelo número de empréstimos e de dívidas. As encomendas rareavam, e a fama já não mais existia.
Em 1791, recebeu, de um amigo maçom, a encomenda de uma ópera. Seria uma ópera diferente, não para ser encenada para o Imperador, mas para o povo. A história, por meio de um conto de fadas, fazia a apologia da maçonaria e de seus valores (a busca de si mesmo, a sabedoria e a fraternidade). Era A Flauta Mágica, a maior obra-prima de Mozart. Sua estréia, em um pequeno teatro popular na periferia de Viena, foi um triunfo total e contínuo. As apresentações não cessavam e a fama da ópera correu toda a cidade, como uma coqueluche.
As encomendas a Mozart, conseqüentemente, aumentaram de maneira substancial. Entre elas, um réquiem. Há muitas lendas em torno deste assunto. Fala-se de um "homem misterioso", que teria feito a encomenda, sem se identificar, e cuja presença aterrorizaria Mozart, já próximo de sua própria morte. O homem misterioso seria a Morte personificada?
O filme Amadeus, de Milos Forman, mostra o compositor rival, Antonio Salieri, como o encomendante. De fato, por algum tempo acreditou-se que Mozart teria sido envenenado pelo invejoso e rancoroso Salieri. Atualmente, não há porque levar a sério essa hipótese, mas a vida de grandes artistas sempre suscitam grandes fantasias - como exemplo, as lendas em torno de Paganini.
Na realidade, não há nenhum "homem misterioso". O Requiem fora encomendado por um nobre, o conde von Walsegg-Stuppach, que queria homenagear a memória da esposa e fazer-se passar como o compositor da música.
Mozart, muito atarefado (muitas encomendas e apresentações da Flauta Mágica) e doente (seus rins estavam quase destruídos), foi escrevendo o Requiem quando podia, apressadamente, dando até mais importância para outras obras. Estaria ele incomodado pelo fato de escrever uma missa fúnebre? Especulações à parte, o fato é que não conseguiu cumprir a encomenda.
No final das contas, o Requiem, completado pelo discípulo Franz Xaver Süssmayr, acabou sendo composto para si mesmo.
Em 4 de dezembro de 1791 seu estado de saúde piorou. Pediu à sua esposa e seu aluno Süssmayer que cantassem seu Réquiem. Quando chegaram ao "Lacrymosa", a partitura escapou das mãos do compositor. Horas depois, à uma da madrugada de 5 de dezembro, em Viena, Mozart morreu.
Ao amanhecer, o caixão foi levado ao cemitério sob forte chuva. A tempestade impediu seus poucos amigos e mesmo sua mulher de acompanhar o enterro, e não havia ninguém, além dos coveiros, no momento em que ele foi enterrado. No dia seguinte, quando Constanze foi tentar encontrar o túmulo do marido, ninguém sabia onde estava o caixão. Até hoje ninguém sabe onde está enterrado Wolfgang Amadeus Mozart.
Foi enterrado em vala comum, como indigente, que depois não foi possível identificar. O túmulo no Cemitério Central de Viena é um cenotáfio. Quer dizer que é um monumento erguido em sua memória, mas que não contém os seus restos mortais, perdidos para sempre.
Alguns ocultistas do século XIX sustentavam que Wolfgang Amadeus Mozart teria sido Mestre Rosacruz e que, passados alguns dias de sua morte, o corpo fora removido de um jazigo provisório para ser secretamente cremado.
CRONOLOGIA
1762: Primeira viagem para dar um concerto: Linz, Munique, Viena. O pequeno prodígio de seis anos regozija-se com o seu êxito e salta no pescoço da imperatriz. Improvisa pequenas peças, que o pai anota religiosamente.
1763-1766: Segunda viagem: Munique, Ausburgo, Mannheim, Magúncia, Frankfurt (Conhece Goethe), Aquisgran, Bruxelas, Paris, Dijon, Lyon, Zurique, Munique.
1768-1770: Nomeado Mestre de Concerto na orquestra da corte do Arcebispo de Salzburgo, detesta-a e pretende abandoná-la. Primeiras obras importantes (Quarteto em Sol maior).
1770-1771: Terceira viagem (sempre acompanhado do pai): Innsbruck, Verona, Mântua, Lodi, Bolônia, Florença, Roma, Nápoles, Veneza.
1778: Segunda viagem à Paris: A frívola sociedade que tinha se extasiado perante o pequeno prodígio já não quer mas ouví-lo. A mãe que o acompanhara nessa viagem, morre subitamente. O seu grande amor, a cantora Aloysa Weber, casa-se com outro.
1781: Depois de uma violenta briga com o Arcebispo Hyeronimus, que o humilha desde sua chegada de Paris, Mozart é despedido. Instala-se em Viena, na casa dos Weber, e depois por sua conta no Graben.
1782: Sua música triunfa no Burgtheater. Gluck está animado com Mozart: Mozart almoça várias vezes na casa de Gluck. Após mil dificuldades e apesar da negativa do pai, casa-se com Constanze Weber.
1783: Tinha feito votos de executar uma nova missa em Salzburg se levasse Constanze como esposa. A missa em Dó menor é executada na igreja de San Peter, com Constanze como soprano solista.
1784: Iniciação na maçonaria, pela qual se sente atraído há bastante tempo.
1785: Haydn (primeiro violino), Diitersdorf (segundo Violino), Mozart (viola), Vanhal (Cello) tocam perante Leopoldo Mozart os seis quartetos dedicados a Haydn. Graves crises financeiras, que já não cessarão nos últimos seis anos que lhe restam de vida.
1786-1787: Duas permanências em Praga para a estréia de Don Giovanni.
1787: Músico de câmara do imperador em substituição de Gluck, com um salário de oitocentos florins (Gluck cobrava dois mil).
1788-1789: Períod de uma instensa atividade: As três últimas sinfonias (as três compostas em 6 semanas), Die Zauberflöte, La Clemenza di Tito, os dois últimos concertos para piano, os quintetos em mi bemol e ré maior, entre outra obras. Os apuros econômicos são dramáticos.
1791: No dia 26 de julho nasce o seu segundo filho. Mozart está super angustiado e emotivo. Recebe a encomenda anônima do Réquiem, e pensa que é um sinal de que trabalha para o próprio funeral. O misterioso desconhecido que encomendou o Réquiem é o Conde Welsegg, que encomendava músicas para depois executar com o seu nome. Em setembro, ao ir para Praga, está no limite de suas forças; em outubro e novembro está esgotado totalmente, já sem forças, pede que Süssmayer termine o Réquiem, coisa que esse faz. Mozart morre no dia 5 de Dezembro, e no seu atestado de óbito estava escrito " Eine Hitziges Frieselfieber" que quer dizer Nefrite Crônica (Mal de Bright), outros falam em tifo, urêmia. Seu corpo foi enterrado numa vala comum, e até hoje ninguém sabe onde está o seu corpo.
Fonte: Livro História da Música Clássica
CURIOSIDADES: CONHECENDO MOZART
Wolfgang Amadeus Mozart foi, certamente, um dos maiores gênios da humanidade. Menino prodígio, compositor, pianista, organista, violinista e regente, nasceu no dia 27 de janeiro de 1756 em Salzburg, na Áustria, e viveu apenas 35 anos.
Seu nome de batismo, JOHANNES CHRYSOSTOMUS WOLFANGUS THEOPHILUS MOZART, é tão grande quanto sua importância como homem e músico. Theophilus, em grego - "o amigo de Deus" - foi latinizado para Amadeus. Ele nunca assinou Chrysostomus - "o que tem a boca de ouro" - mas a natureza de sua música confirma a qualidade áurea de sua personalidade.
Desde cedo o "amigo de Deus" produziu obras perfeitas, quase oitocentas, sendo que hoje conhecemos pouco mais de seiscentas. A lista cronológica organizada em 1862 por Ludwig Ritter von Köechel, registra uma provável primeira composição datada de 1761, "Menuett und Trio" composta quando ele tinha apenas 5 anos. As composições de Wolfgang são seguidas de um "k" numerado que se refere ao catálogo de Köechel. Por exemplo: "Sinfonia no.13 em Fá Maior, k.112" ou "Quinteto de Cordas em Ré Maior, k.593".
Wolfgang Amadeus compôs sua primeira Sinfonia aos 8 anos e as primeiras óperas com apenas 12. O primeiro quarteto de cordas, aos 14.
Uma história, contada por Schachtner, trompetista e amigo da família Mozart, testemunha os esforços da criancinha, com apenas quatro anos:
"Certo dia o pai, Leopold, surpreendeu Amadeus escrevendo algo:
- O que você está fazendo, Wolferl?
- Estou compondo um concerto, disse o menino.
- Deixa-me ver, disse o pai.
- Ainda não acabei.
- Não faz mal, quero ver assim mesmo.
Leopold pegou o papel e mostrou-me umas notas rabiscadas. O pequeno Wolfgang mergulhava a pena até o fundo do tinteiro, fazendo borrões e tentava apagá-los com a palma da mão. Rimos, a principio, do que nos pareceu uma bobagem. Mas, de repente, ficamos imóveis, com os olhos fixos no papel. Leopold deixou cair algumas lágrimas de emoção e de alegria observando a composição.
- Veja, senhor Schachtner, disse ele, tudo isto está concebido com clareza! Pena que seja inexecutável, de tão difícil que é.
- Mas, replicou a criança, não é um concerto? Sendo um concerto é preciso estudar até conseguir executá-lo.
E começou a tocar no cravo, mostrando-nos que tinha a noção exata do que estava criando."
Quando Wolferl completou 6 nos, Leopold imaginou a possibilidade de ganhar muito dinheiro exibindo-o numa árdua tournée pelas cortes da Europa. Os resultados financeiros dessa aventura foram pequenos se comparados com os danos causados à frágil saúde do menino.
Aos 10 anos, Wolfgang era um dos mais respeitado "virtuoses" da Europa, tanto no piano como violino. Improvisava como um mestre maduro e regia as principais orquestras e corais das cortes . Além disso sabia cantar com uma linda voz infantil de contralto.
O Papa Clemente XIV ficou tão admirado com Wolfgang Amadeus que concedeu, pela primeira vez a uma criança, a condecoração da "Ordem dos Cavaleiros da Espora de Ouro". Goethe também ouviu o menino Wolferl em 1763 e declarou: "além do que ouvi, lá estava um homenzinho de peruca e espada...”
Outro fato curioso nos revela a genialidade de Amadeus. Durante dois séculos, uma das atracões turísticas de Roma era o famoso "Miserere" de Gregorio Allegri (1584-1652) cantado na Capela Sistina apenas na quarta-feira da Semana Santa. Desde que o "Miserere" fora composto, a Igreja proibiu copiar os originais da obra.
Em 1770, aos 14 anos, o jovem Mozart esteve em Roma e, depois de ouvir uma só vez essa obra de enormes complexidades polifônicas, escreveu-a toda de memória. Depois conferiram seu trabalho com o original constatando-se que não havia sequer uma falha!
Wolfgang tinha uma espantosa facilidade para matemática. Enquanto apenas aprendia ler, já sabia as tabuadas de cor. Logo depois, fazia cálculos complexos de memória. Para espanto de seus instrutores, aprendia com rapidez os princípios mais adiantados de álgebra e geometria. Aos 15 anos falava francês, inglês, italiano e conhecia as regras da língua latina.
Wolfgang Amadeus era também um mestre no jogo de bilhar. Depois dos instrumentos musicais, o objeto de que ele mais se orgulhava em possuir era uma grande e bem conservada mesa de bilhar. Convidava parceiros para noitadas desse jogo no qual sempre saia vitorioso. Às vezes, quando compunha, espalhava os papéis de música sobre a mesa de bilhar e, enquanto empurrava bolas de um lado para outro, ia anotando as notas na partitura. Para ele, o ato de compor era diferente da maioria dos compositores. A obra era concebida inteira na imaginação onde ele ouvia mentalmente os ritmos, a melodia, cada detalhe harmônico e instrumental antes de passar a música para o papel. Depois, o trabalho consistia em apenas transcrever para códigos musicais convencionais o que ouvira nos planos mentais. Este é o motivo pelo qual os manuscritos de Amadeus não apresentam rasuras ou correções significativas.
Mozart era um espírito livre, muitas vezes irreverente diante dos falsos princípios morais de sua época. Freqüentemente debochava dos nobres com trocadilhos e jogos de palavras. Era "especialista" num certo tipo de humor picante que chegou a registrar em peças musicais cantadas. Para provocar seus rivais, redigia cartas que podiam ser entendidas com duplo sentido, lendo algumas frases do começo para o fim ou do fim para o começo. Essa rebeldia lhe valeu muita perseguição e críticas negativas que repercutiram sobre a aceitação de algumas de suas obras.
Apesar da propaganda turística hoje existente em Salzburg, envolvendo a figura de Mozart, sabe-se que ele detestava sua cidade natal e que seu verdadeiro desejo era viver em Londres.
Wolfgang ingressou na Maçonaria aos 28 anos. Mas o curioso é que, aos 16 anos já havia composto a canção "O heiliges Band" dedicada a uma cerimônia maçônica na Loja de Tobias Gebler. Uns cinco anos mais tarde Wolfgang Amadeus estabelecia contatos "sigilosos" com Theobald Marchand, fundador da Loja de Mannheim. No entanto, a iniciação de Wolfgang na Loja "Zur Wohlthätigkeit" (Beneficência) aconteceu bem mais tarde, em 14 de dezembro de 1784 Ele foi elevado ao Grau de Companheiro em 7 de janeiro de 1785 e tornou-se Mestre uma semana depois.
Embora não haja registros históricos, existem indícios de que Amadeus teve contato com os Rosacruzes.
Ele teve bastante "tempo livre" em Paris e suas famosas cartas revelam pouco do que andou fazendo por lá enquanto não estava compondo ou se apresentando. Mozart é evasivo na correspondência com o pai e desconversa queixando-se de "muita lama pelas ruas de Paris". Naquela época o pensamento filosófico e exotérico da Europa era liderado a partir da França por Cagliostro e
|
Matheus_Strad Veterano |
# out/04
· votar
e Saint-Martin. Depois, em Viena, o compositor deve ter conhecido algumas Lojas Rosacruzes. Por volta de 1777 o livro "Nuvem Sobre o Santuário" de Karl von Eckartshausen estava bastante difundido entre livres-pensadores cristãos. A linguagem e o pensamento místico de Wolfgang são fortemente influenciados por esse tipo de literatura.
Wolfgang Amadeus nutria interesse por fenômenos "sobrenaturais" e freqüentava grupos do racionalismo iluminista liderados por Franz Anton Mesmer, médico vienense e membro da Ordem Rosacruz. Mesmer formulou a teoria do magnetismo animal e praticava curas através do "fluido" universal (mesmerismo). Amadeus aprendeu com Mesmer a existência de um "sentido interior" no homem além das sensações e da razão. O médico Rosacruz e o jovem compositor foram amigos íntimos. Desenvolveram juntos um instrumento musical, a "harmônica de vidro" ou "glass-harmonika" a partir de um projeto de Benjamim Franklin, que também era Rosacruz. Segundo alguns ocultistas da época, esse instrumento "arrebatava" o corpo psíquico dos ouvintes. Por isso o instrumento caiu em desuso. Todavia, Mozart compôs para ele o "Adagio para Harmonika, k 356" e o "Adagio e Rondo para Harmonika, Flauta, Oboé, Viola e Violoncelo k 617".
As três últimas obras de Wolfgang, todas do ano de 1791, foram "A Flauta Mágica", o "Concerto para Klarinette" e o famoso "Requiem".
A ópera "A Flauta Mágica" está repleta de princípios Rosacruzes, simbolos Maçônico e ideais dos Cavaleiros Templários. O aspecto geral da ópera é de um conto de fadas com elementos de comédia. Tudo se passa próximo a um templo egípcio. Osires e Isis são invocados pelo Mestre do Templo, Sarastro, uma alusão à realeza e ao princípio solar (Sar + Astro). Tamino, o herói masculino, representa o princípio "animus" da iniciação; Tamina é o amor feminino sublimado dos antigos Templários e representa "anima". Papageno, figura meio homem e meio pássaro, é o "bom selvagem" rousseauniano; ele não consegue guardar silêncio durante a iniciação mas, mediante a combinação de sons e repetição de certas vogais, alcança seus modestos desejos - obter boa comida, bebida farta e uma linda companheira que lhe dê muitos filhos. "A Flauta Mágica" teve sua primeira apresentação em 30 de setembro de 1791, dois meses e cinco dias antes da morte de Wolfgang Amadeus.
Um fato intrigante é que, nove anos após sua morte, a viúva Constanze entregou a Härtel um plano redigido pelo marido visando a criação de uma sociedade secreta com o nome de "A Gruta". Esse manuscrito, também de inspiração rousseauniana, encontra-se "desaparecido".
A morte de Amadeus está intimamente ligada à composição do "Requiem". No final de 1791, Mozart estava envolvido com o sucesso de "A Flauta Mágica". Mas sua saúde vinha decaindo rapidamente. Ele se queixava de traição e afirmava que o haviam envenenado. Era freqüentemente visto pelos cantos, calado e entristecido.
Nesse meio tempo, recebeu a visita de um estranho, vestido de negro, com um pedido para compor uma missa fúnebre, o "Requiem". Wolfgang, fragilizado pela doença que o consumia, encarou o fato como premonição de sua própria morte. O estranho adiantou-lhe parte do pagamento e, mesmo assim, Wolfgang Amadeus continuava convicto de que aquele homem era a visão da morte.
Nas semanas seguintes, ele mal conseguia andar. Delirava de febre a maior parte do tempo com as pernas e braços muito inchados.
Com isso o "Requiem" ficou inacabado e foi terminado por seu aluno Sussmayer, segundo anotações deixadas pelo Mestre.
Amadeus morreu cercado de poucos amigos, em Viena, na madrugada do dia 5 de dezembro de 1791. Seu sepultamento foi simples e acompanhado por poucas pessoas. Chovia muito. O local de seu sepulcro permanece ignorado até hoje.
A OBRA
Mozart, Haydn e Beethoven são os grandes pilares do Classicismo. Mas, enquanto Haydn, mais velho, pioneiro e iniciador, tinha um pé no Barroco, e Beethoven, mais novo, ampliador e revolucionário, tinha um pé no Romantismo, Mozart é o elemento central do período. Schumann costumava dizer que "Mozart é a Grécia da música" e a frase não poderia estar mais correta. Se Mozart não tivesse existido, a segunda metade do século XVIII poderia até ser considerada apenas uma fase de transição. A obra mozartiana representa, então, a maturidade do estilo clássico, e sua expressão mais pura e elevada.
Entretanto, Mozart foi ainda além. Ele estava longe de ser uma personalidade frívola e despreocupada como uma criança, como acreditou-se até algum tempo. Mozart era uma pessoa extremamente angustiada e irriquieta em busca de seu "eu". "Em Salzburgo, não sei quem sou, eu sou tudo e também muitas vezes nada. Eu não peço tanto, mas tão pouco assim também não: basta-me ser somente alguma coisa!", reclamou ao pai, quanto tinha dezessete anos. Mais velho, encontrou sua resposta na maçonaria, mas toda sua obra reflete essa busca interior. Como escreveram Jean e Brigitte Massin, "é essa busca que faz de Mozart o primeiro dos gênios musicais de nossa modernidade mental".
Ao mesmo tempo, portanto, Mozart consegue ser, dos clássicos, o mais clássico e também o mais romântico. Em sua obra, o formalismo, a frivolidade e a superficialidade unem-se à expressividade, à subjetividade, ao sentimento. É uma grande contradição que Mozart trata sempre do modo mais harmonioso possível. O resultado é uma obra sublime e apaixonante, que nunca deixa de envolver o ouvinte.
Os gêneros mozartianos por natureza são dois: o concerto, principalmente para piano, e a ópera. Mas ele cultivou também todos as formas de sua época, em uma produção vastíssima (cerca de seiscentos obras) para uma vida tão curta, de apenas 35 anos.
Sinfonias
Mozart escreveu 41 sinfonias. As primeiras são, em geral, obras bastante curtas, em três movimentos. Dessa fase inicial, destaca-se a Sinfonia no. 25, justamente uma das pioneiras a incluir um minueto entre o movimento lento e o Finale. O início dessa sinfonia original é bastante vigoroso e tenso, e tornou-se famoso.
Outra peça chave na produção sinfônica mozartiana é a Sinfonia no. 35, Haffner. Ela é a primeira sinfonia composta em Viena, e a partir desta, só aparecerão obras-primas: a Sinfonia no. 36, Linz, e as três últimas, a Sinfonia no. 39, K.543, a célebre e feérica Sinfonia no. 40, K.550 e a Sinfonia no. 41, Júpiter, considerada a maior de todas. Só pela última trilogia (que, aliás, foi composta para um concerto depois cancelado por falta de público), Mozart garantiria lugar como grande precursor de Beethoven.
Serenatas
Música de entrenimento é um gênero recorrente na obra mozartiana. Isso se deve, principalmente ao seu período na corte de Salzburgo, quando lhe era constantemente solicitada a composição de serenatas e divertimentos, música leve para animar festas, bailes e comemorações.
A mais conhecida peça do gênero é a Serenata em Sol Maior, K. 525, mais conhecida como Eine Kleine Nachtmusik, cujas primeiras notas ficaram tão famosas que tornaram-se algo como a assinatura de Mozart para o ouvinte comum. Também são célebres a Serenata K. 239, Serenata Noturna, e a Serenata K. 250, Haffner. Entre os divertimentos, poderíamos destacar o K. 251, em Ré Maior.
Música de Câmara
Haydn foi o grande criador e consolidor da música de câmara clássica - isto é, aquela que gira em torno do quarteto de cordas e da forma-sonata. Mozart levou isso adiante, e sentiu-se sempre devedor do mestre. Tanto que suas maiores obras-primas no gênero são dedicadas a ele: são seis quartetos, compostos em 1785. O último deles, K. 465, em Dó Maior, conhecido como o Quarteto Dissonante, é o mais célebre deles, tanto pela "dissonância" inicial como pelo sublime movimento lento.
Mozart também tentou outras formações instrumentais e praticamente inventou uma: o quarteto com piano. Ele escreveu dois deles, e o primeiro, K. 478, é o mais importante. No campo dos quintetos, Mozart compôs dois exemplares famosos: o Quinteto de Cordas K. 515 e o Quinteto para Clarinete K. 581.
Música Instrumental
Mozart era um grande virtuose do piano, e não poderia esquecer seu instrumento predileto. Além da Sonata em Lá Menor, K. 331, a do famosíssimo Rondó alla Turca, destacam-se as sonatas K. 310 (também em Lá Menor) e K. 457, em Dó Menor. Para violino e piano, são importantes as sonatas K. 454 e 526.
Fora do gênero sonata, Mozart escreveu uma obra belíssima e altamente pessoal, a Fantasia para Piano em Dó Menor, K. 396. Foi composta em 1784, época em que estava apaixonado por Theresa von Trattner; a peça é uma confissão de seus sentimentos. Em muitos aspectos, é quase um prenúncio do romantismo.
Música Sacra
Mozart, que trabalhou um período da vida em um Estado papal, Salzburgo, tendo como patrão um Príncipe-Arcebispo, escreveu um bom número de peças destinadas à liturgia católica.
O Requiem, sua última obra, é a maior representante do gênero. Ele impressiona pela nobreza, pela beleza dos temas e pela densidade. É companheira digna da Paixão Segundo São Mateus, de Bach, e da Missa Solene, de Beethoven, pela grandiosidade e pelas profundas reflexões que provoca no ouvinte.
Mozart escreveu também duas importantes missas: a Grande Missa em Dó Menor (que ficou inacabada) e a Missa da Coroação. Ave Verum, obra coral de pequena proporção, porém de grande beleza, também se destaca entre a produção sacra mozartiana.
Óperas
Mozart foi o maior operista de sua época e tinha grande senso dramático. As óperas mozartianas são divididas em dois grupos: as menores, geralmente as primeiras de sua carreira, e as grandes, as óperas imortais.
Dentre as primeiras, além das compostas quando muito jovem, estão Mitridate, Lucio Silla, O Rei Pastor, Idomeneu e La Clemenza di Tito. São obras que não negam a genialidade de Mozart, mas não são um tanto tradicionais. Curiosamente, estas óperas foram a que receberam melhor acolhida do público em suas estréias.
O grupo das óperas imortais é composto pelos tradicionalmente eleitos "cinco pontos máximos" da dramaturgia mozartiana. Em ordem cronológica: O Rapto do Serralho, As Bodas de Fígaro, Don Giovanni, Così fan Tutte e A Flauta Mágica. A última é considerada a maior delas, e uma das mais importantes óperas de todos os tempos. Ela, como O Rapto do Serralho, é um singspiel, gênero alemão que alterna música com diálogos falados.
Concertos
O concerto, especialmente para piano, em Mozart, tem papel e importância semelhante ao da sinfonia, em Beethoven. Mozart compôs concertos para piano em toda sua vida (ao todo, são 27), e praticamente criou o gênero, definindo seus moldes para os compositores seguintes.
Ele começou no gênero com apenas nove aninhos, em um concerto baseado em três sonatas de Johann Christian Bach. Mas o primeiro concerto para piano realmente digno de nota é o de número 9, em Mi Bemol Maior, K. 271, composto em 1777 para a pianista Jeunehomme. A dedicatória valeu o apelido do concerto, e até hoje ele é conhecido como Jeunehomme.
Já em Viena, Mozart compôs o Concerto no. 17, K. 453, que seria seguido de uma série de 14 concertos escritos entre 1784 e 1786. Entre eles, os de número 20, dramático, o famosíssimo 21 (cujo Andante foi usado no filme sueco Elvira Madigan), o alegre e angelical 23 e o denso e quase sinfônico 24, em Dó Menor, talvez o maior de todos.
Para outros instrumentos, destacam-se os três primeiros concertos para violino (em especial o terceiro, K. 216), o quarto concerto para trompa, K. 495, o Concerto para Flauta e Harpa, K. 299, o Concerto para Flauta no. 1, K. 313, o Concerto para Fagote, K. 191, e o belíssimo Concerto para Clarinete, K. 622.
Mozart também escreveu exemplares de um gênero herdeiro do concerto grosso barroco: a sinfonia concertante, que equivale ao concerto para mais de um solista. A mais conhecida é a Sinfonia Concertante para Violino e Viola, K. 364, uma obra belíssima, profundamente pessoal e emocionante.
OBRAS MAIS POPULARES
· Eine kleine Nachtmusik (Serenata para quarteto de cordas e baixo).
· Rondo Alla Turca (Sonata para piano).
· Sinfonia n.º 25.
· Sinfonia No 40, 1o Movimento - Allegro .
· Sinfonia n.º 41, “Júpiter”.
· Ópera 'Le nozze di Figaro' (As bodas de Fígaro).
· A Flauta Mágica (Abertura).
· Concerto nº 3 em Sol maior KV 216.
· Concerto para piano nº 21, “Elvira Madigan”.
· Réquiem em Ré menor.
Nota: As obras de Mozart se identificam pelas letras "KV" seguidas de um número. As iniciais significam Köchel Verzeichnis (Catálogo Köchel), já que foi Ludwig von Köchel quem classificou toda a obra de Mozart.
ESCLARECENDO A HISTÓRIA
Antonio Salieri (1750-1825), o grande “rival” de Mozart, pode ser comparado a Bach e a Beethoven (do qual foi professor), enquanto, em sua pátria, a Itália, continua a ser erroneamente ignorado pelo grande público, apesar de “ser muito conhecido no setor”...
A redescoberta de Salieri iniciada há alguns anos com os filmes “O Divino Mozart” e “Amadeus”, atingiu seu ponto culminante com o anúncio da publicação de documentos de sua vida, escrito por Rudolf Anger Müller, diretor do Mozarteum, de Salzburg, Áustria.
Dessa forma foi preenchida uma considerável lacuna com relação àquele que foi considerado, entre os séculos XVIII e XIX, um dos maiores conhecedores da “palavra música”.
No final do século passado Rimsky-Korsakov encenou uma ópera intitulada “Mozart e Salieri”, onde este último assassina o “gênio de Salzburg” e que deu margem a uma distorção dos fatos reais, transmitida às gerações que se seguiram, resultando, na atualidade, no filme Amadeus, uma história fantasiosa do relacionamento entre os dois grandes músicos.
A “estória” de Rimsky-Korsakov teve também base em afirmações duvidosas da viúva de Mozart e, ainda, em texto de Alexander Puschkin, o maior poeta russo do século passado.
Entretanto, Salieri foi, em seu tempo, compositor oficial da Corte de José II, da Áustria quando contava apenas 24 anos de idade, substituindo Florian Gassman nessa função.
Tal posição granjeou-lhe renome internacional e, como bom professor, teve como alunos, nada menos que Beethoven, Schubert, Weigl e o jovem Franz Liszt, que muito o apreciavam.
É verdade que foi rival de Mozart, mas essa rivalidade era decorrente do fato de Salieri defender a ópera italiana, vigente no seu tempo, enquanto “Amadeus”, lançava as bases para uma genuína ópera alemã.
Se Salieri não teve o estilo nem o gênio de Mozart, teve com certeza, um “savoir faire” e uma mestria que nada deixavam a desejar.
É o que atestam cerca de 46 obras de palco, como: Falstaff, A Europa Desconhecida, A Escola de Ciumentos e Les Danaides, com a qual teve a honra de inaugurar o famoso Teatro Alla Scala de Milão, fato que denota a importância de seu nome na época.
Mas Salieri, segundo Rudolf Anger Müller, em seu livro, tinha outras virtudes : cuidou generosamente de seus alunos, vários deles destinados a ocupar um papel destacado na história da música e que ajudaram a perpetuar a memória do grande mestre de Legnano: Antonio Salieri!
FONTE: Autor Aristides A. J. Makowich, em 12/1/2004
DICA
Assista Amadeus, de Milos Forman, ganhador de 8 Oscar, inclusive o de melhor filme. Trata-se de uma adaptação da peça de Peter Shaffer, criticada por alterar fatos históricos ou no mínimo controversos sobre a vida de Mozart. A história cria antipatia por Salieri, mostrado como um invejoso que teria envenenado Mozart.
REFERÊNCIAS
http://certasmusicas.digi.com.br/erudita/mozart.html
http://www.movimento.com/mostraconteudo.asp?mostra=2&escolha=12&codigo =1967
http://www.bravissimo.hpg.ig.com.br/biografias/WAMozart.htm
http://www.starnews2001.com.br/mozart.html
http://www.infonet.com.br/mozart/ArqF_Mzt.htm
http://www.calleres.net/compositoresfamosos/mozart.htm
|