CURIOSIDADE III...

    Autor Mensagem
    Matheus_Strad
    Veterano
    # out/04


    Você sabia?...

    ... que o precursor do violoncelo, o Ravanastron, teve origem no Ceilão há 5000 anos atrás? Ainda hoje pode ser encontrado em versões usadas por monges budistas. É um instrumento menor que o cello atual, com caixa de formato retangular.

    ... que um violoncelo pode custar até 4 milhões de dólares? É o caso dos instrumentos contruídos pelos lutaios legendários do Século 18 (como Antonio Stradivari).

    ... que um dos maiores violoncelistas da atualidade é brasileiro? Trata-se do pernambucano Antonio Meneses, que vive na Suiça mas frequentemente se faz presente no Brasil para apresentações.

    Na cidade de Nova York, em maio de 2001, o músico Lynn Harrel esqueceu num táxi seu violoncelo Stradivarius, avaliado em quatro milhões de dólares. O instrumento foi fabricado pelo músico italiano Antonio Stradivari em 1673. Mohamed Ibrahim, o motorista, conseguiu devolver o violoncelo ao dono. Agradecido, Harrel deu uma recompensa em dinheiro ao taxista.

    Foram ancontrados 3 violoncelos na oficina de Antonio Stradivari, após seu falecimento em 1737.

    O instrumento mais valioso do mundo não é nenhum violino Stradivarius, mas sim o contrabaixo Amati de 1611 que pertence ao espólio de Sergei Koussevitzky, professor do Gary Karr, e que está sob a guarda deste desde a morte daquele. O bicho está segurado em 8 milhões de dólares.



    NICOLÒ PAGANINI (1782-1840)

    Em 1828, Niccolò Paganini colocou seus sete violinos Stradivarius na bagagem e deu início a um tour de seis anos pelos palcos europeus. A popularidade do violinista já era enorme na Itália. O chanceler austríaco, Klemenz Metternich, que o havia escutado em Roma, lhe fizera um convite para que se apresentasse em Viena.
    A vida do grande virtuose era cercada por uma série de lendas. Corriam boatos, que as cordas de seu violino haviam sido feitas com as tripas de uma amante, que ele assassinara. Ao passar alguns anos na prisão, o violinista fizera um pacto com o demônio, vendendo-lhe a alma, para receber em troca a técnica com que dominava seu instrumento.Parte desses mitos, aliados à feiúra e ao aspecto sinistro do personagem, fez com que milhares de pessoas acudissem aos teatros, não para escutá-lo, mas sim, para vê-lo. O pintor Eugène Delacroix, num momento de inspiração, retratou Paganini como a perfeita encarnação de uma alma torturada, representando o músico como um necromante cadavérico, tocando seu violino. A pintura está em exposição no Museu do Louvre.

    Essa sua fama de demoníaco, ao mesmo tempo que chocava, atiçava a curiosidade do público que lotava os teatros para vê-lo tocar. E dizem... sempre chegava em uma carroagem negra puxada por cavalos negros.

    Alguns mais exaltadados, juravam que durante suas apresentações tinham visões estranhas, com luzes e fogo-fátuo. Mas era apenas ele e seu violino, Il Cannone, no palco.

    E querem mais? Haviam várias lendas sobre ele e seu violino, mas vejam só essas duas:

    - Um versão diz que Paganini aprendeu a tocar na prisão. Teria sido condenado pelo assassinato de sua amante e com os anos, aperfeiçoou sua técnica. E que as cordas do violino teriam sido feitas com os intestinos de sua vítima.

    - Outra versão dizia que o pacto feito com o diabo, incluia o fato de que as cordas do violino eram feitas com os cabelos do próprio diabo.

    Um dos fatos mais marcantes em sua carreira, segundo reza a lenda, foi uma apresentação em que uma corda do violino arrebentou enquanto ele tocava freneticamente. A orquestra havia parado e o público olhando para Paganini assustado, pois ele não parou. Continuou olhando sua partitura e tocando. A orquestra voltou a tocar até que uma segunda corda arrebentou. Novamente a orquestra pára e ele não. Continuava a tirar os mesmos sons, tirando notas de onde ninguém conseguiria. Depois disso... acreditem se quiserem, uma terceira corda rompeu, mas ele continou tirando o mesmo som do violino com apenas uma corda. Os músicos da orquestra, mesmo assustados, foram conduzidos por seu entusiamo ao tocar e continuaram tocando até final. Foi a consagração de Nicolo Paganini.


    Niccolò Paganini, filho de um violinista amador e de uma cantora, nasceu em Gênova, no dia vinte e sete de outubro de 1782. Assim que a família descobriu seu grande talento, decidiu levar o jovem de treze anos à Parma, para estudar violino com o professor Alessandro Rolla. Este chegou a conclusão de que não tinha muito que ensinar ao aluno prodígio e, em poucos meses, Paganini retornou à sua cidade natal. Durante quatro anos, ele treinou exaustivamente, explorando todos os recursos do instrumento e refinando a técnica de trabalhar com o arco.

    Seu primeiro concerto, realizado na cidade de Lucca em 1801 consagrou-o como intérprete.

    Paganini caiu nas graças de uma mulher da Toscana, que o tomou sob sua proteção. O violinista viveu com ela um idílio de três anos, durante os quais escreveu os 24 Caprichos para violino. Terminado o romance, Paganini retornou para Lucca e assumiu o cargo de diretor da ópera. Quando a princesa Elisa Baciocchi, sua nova patrocinadora e amante, mudou-se para Florença, Paganini buscou a independência. Cansado de ser tratado como um lacaio, passou a viajar pela Itália, onde se apresentava como solista.

    Ele foi o grande showman do século XIX, pois sabia como ninguém agradar e estimular o público. Utilizando todo o seu virtuosimo, era capaz de tocar uma peça inteira, utilizando apenas a corda de sol do violino. Ao executar pizzicatos com a mão esquerda, combinados com a passagem do arco, ele conseguia efeitos musicais surpreendentes. Os membros mais supersticiosos da platéia afirmavam sentir a presença do demônio no palco, sob o manto da invisibilidade, guiando as mãos do intérprete.

    Ao iniciar sua viagem pela Europa, em 1828, Paganini já tinha produzido várias obras. Entre elas, destacamos os 24 Caprichos para violino, opus 1 (1805), Le Streghe, opus 8 (1813), o Concerto nº 1 em ré maior para violino e orquestra, opus 6 (1817) e o Concerto nº 2 em lá menor, opus 7 (1826). Recomendamos aos leitores este último concerto, também conhecido como La Campanella.

    Paganini foi recebido em delírio tanto na Áustria, como na Alemanha. Seu longo roteiro de apresentações também incluiu Praga, Varsóvia, Inglaterra, Escócia e Irlanda. Goethe, Heine, Schumann e Schubert foram conquistados pela música e pela arte do violinista. Dizem que Rossini foi às lágrimas, ao escutar o adágio do Concerto nº 1. Franz Lizst, então com vinte anos, ficou profundamente impressionado com a técnica do compositor, sem imaginar que em poucos anos, seria considerado o Paganini do piano.

    Em março de 1831, Paganini fez sua estréia na Opera de Paris. Os preços dos ingressos foram triplicados e a platéia que lotou o teatro, ficou eletrizada com o espetáculo proporcionado. Nenhum solista do século XIX havia experimentado tanto triunfo e ganho tanto dinheiro, quanto ele. Seus doze concertos em Paris lhe renderam a importância de 165.000 francos. Na mesma época, Hector Berlioz recebia um salário anual de 1.300 francos, como bibliotecário do Conservatório de Paris.

    Ao final de seu périplo pelos principais palcos europeus, Paganini estava exausto e com a saúde debilitada pela tuberculose e por um câncer na laringe. Como jogador inveterado que era, investiu grande parte de sua fortuna na abertura do Cassino Paganini. A casa noturna, localizada em Paris, tinha como atrações espetáculos musicais e jogos de azar. O empreendimento foi um fracasso e após dois meses de atividades, o negócio foi fechado. Paganini passou os últimos anos de sua vida na cidade de Nice, aonde iria morrer no dia 27 de maio de 1840. Por ter se recusado a receber os últimos sacramentos, o bispo da cidade negou autorização para que o músico fosse sepultado em campo santo. Seu corpo foi trasladado para Parma, oportunidade em que as autoridades locais, alegando os mesmos motivos, impediram que se efetuasse o enterro. Durante sete anos, o corpo de Paganini ficou depositado no porão de uma adega, até que a Princesa Maria Luisa da Áustria, grande benfeitora das artes, resolveu dar-lhe sepultura em sua villa de Parma.

    Apesar de Paganini ser mais lembrado em virtude de seu talento como intérprete, não devemos subestimar seus atributos como compositor. Os seis concertos para violino e os 24 caprichos que ele deixou como legado, são verdadeiras obras primas.

    Juliano de Oliveira
    Veterano
    # jan/05
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    Matheus_Strad
    Cara, parabéns pelo seu trabalho.Muito interessante!

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