Pseudonimum Veterano |
# fev/09 · Editado por: Pseudonimum
Bom, há um tempo eu penso em fazer uma postagem sobre essa moçoila. Devo admitir que me encantei não só com sua excelência absurda e inquestionável no que diz respeito à música, como também - aliás, bem mais - com sua pessoa cativante e ligeiramente enigmática. Não tive aqui nenhum compromisso em ser exclusivamente informativo, de maneira impessoal, por isso "artigo pessoal".
Nascida na Argentina, Martha aproximou-se do piano desde cedo, como acontece com a grande maioria daqueles que se destacam na música. Diz-se que foi aos três anos - o que eu acho meio bizarro, mas é plausível, sim. Em 1955, já com quatorze anos, se mudou para a Áustria, afim de estudar a fundo. Participou de várias competições pela Europa, ganhando notoriedade. Mas seu destaque maior veio em 1965, quando conseguiu o primeiro lugar na Competição Internacional Frederic Chopin, em Varsóvia, com destaque ao Estudo em Dó Maior, op. 10 no. 1. Não achei vídeos dessa perfomance no YouTube, mas há uma que eu gostaria de frisar aqui, o da Polonese Heróica nº 6 de Chopin.
- Nessa competição, ela desbancou o brasileiro Arthur Moreira Lima, que ficou em segundo lugar e é, também, um dos monstros do piano na atualidade;
- Nota para o minuto 5:32. Como se já não bastasse a peça impecavelmente tocada, é perfeitamente compreensível e qualquer um entra em total acordo com os jurados quanto à qualificação da Martha. Um sorrisinho cativante desse amolece o coração de qualquer carrasco.
Martha Argerich, vale lembrar, é amiga íntima de Nelson Freire - outro dos grandes pianistas da atualidade, e brasileiro, bastante injustiçado e merecedor de nossa atenção, tendo tocado até mesmo os concertos de Rachmaninoff (vide vídeo), que estão no topo de peças mais difíceis pra piano - e, dizem os boatos (tremendamente plausíveis), eles já andaram se pegando, o que é de se entender, levando em consideração o nível de intimidade que eles têm e o quão sexy, meiga e misteriosa a Martha é (ou era). É possível vê-los juntos num pequeno documentário, dividido em duas partes - no YouTube - onde o Nelson Freire a visita em sua casa em Bruxelas, em 2001, e os dois falam em Português sobre sua amizade e tocam algumas músicas.
Ela tomou uma postura, por toda a vida, de afastar-se das câmeras, mídias, entrevistas, o que reforçou sua imagem de pessoa blasé, fechada e enigmática, mas basta vê-la em entrevistas, das poucas que ela deu, e se notará que ela é uma pessoa simpática e que gosta de conversar. Outra coisa notável é que ela é poliglota, como pode-se concluir ao ver todos esse vídeos - ela é fluente em Espanhol, Português, Inglês, Francês, Italiano, diz-se que também Alemão e Russo.
Quanto ao seu estilo de tocar, o que claramente percebe-se é a agressividade. Como ela própria descreve, "É uma energia que não é real, é só... uma dessas coisas!" Tendo entrado no hall dos virtuosos do piano, foi e é largamente reconhecida por tocar peças de extrema dificuldade, como o Concerto no. 3 para Piano op. 26, de Prokofiev, o Concerto no. 1 para Piano op. 11, de Chopin, o Concerto no. 1 para Piano op. 23, de Tchaikovsky e o Concerto no. 3 para Piano op. 30, de Rachmaninov. Sua perfomance desse último, largamente aclamado pela sua beleza e absurda dificuldade, é considerada por muitos superior à de Vladimir Horowitz, cuja perfomance deste foi reconhecida pelo próprio Rachmaninoff, o compositor, como melhor do que a dele mesmo. Recentemente, ela enveredou-se também pela música popular, algo inédito na sua carreira e vida pessoal, tocando alguns sons meio tango, e tendo, naturalmente, executado com grande notoriedade.
Enfim, falar em Martha Argerich é pensar em virtuosismo e perfomances agressivas, mas também de uma pessoa apaixonante, linda, gostosa, simpática, tão incrivelmente genial que facilmente seria aceita no Mensa, seja por fluência em vários idiomas, transcendência inquestionável da arte de tocar piano, por conquistar qualquer um com sua meiguice, ou por todos esses motivos.
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