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Ricnach Veterano |
# abr/08
Criei este tópico para descobrirmos e discutirmos modelos e métodos de educação, a partir do referencial de Portugal em relação ao Brasil.
Estou pensando desde a formação escolar até a chegada na Universidade, e como na universidade são organizados os cursos.
Este tópico conta com a participação exclusiva de _music_4_ever_
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Ricnach Veterano |
# abr/08
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Aqui no Brasil, o ensino publico não dá garantias de aulas de musica para a formação do jovem músico, não existe música no colégio, com a exceção de colégios que incluem na aula de artes a modalidade musica, o que ocorre em uma série do ensino médio e uma do ensino básico... quando muito!
No caso do ensino Particular vai da opção do colégio, e a maioria opta por não incorporar o ensino de musica a seu currículo, eu mesmo mandei um projeto para uma escola particular, mas esta escola tinha abolido a musica do curriculo.
A opção para quem mora no interior é se juntar a bandas regionais ou quando for o caso, a um conservatório em sua cidade ou cidade próxima. Nas capitais as opções para o estudo musical se dá com escolas particulares, ou mesmo professores particulares, as vezes os próprios professores da faculdade. Quando não é possível estudar em uma escola particular, deve-se apelar para alguma instituição artistica, caso exista.. aqui em Belo Horizonte existe a opção do Palacio das artes, que dá um curso de alguns instrumentos da orquestra e teoria...restringindo a idade de entrada.
Aqueles que se qualificam por estas escolas podem prestar um Vestibular para o ensino superior, nas faculdades, e ingressar no curso de seu instrumento, regência, composição ou licenciatura (curso que permite dar aulas em colégios públicos)
_music_4_ever_, como isto acontece em portugal?
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Pardal Veterano |
# abr/08 · Editado por: Pardal
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Ricnach
Belo Horizonte
Aqui no Brasil surgiu uma lei que torna obrigatório o ensino de música nas escolas. E eu sou de BH também, uai! Minha monografia foi justamente identificar os recursos da educação musical interiorana. Fechei no município de Belo Vale. Foi muito bom fazer isso.
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Ricnach Veterano |
# abr/08
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Pardal
Que bacana, então fale mais sobre esta lei, como está organizado o ensino de musica na escolas?
Fale um pouco da sua monografia também!!
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_music_4_ever_ Veterano |
# abr/08 · Editado por: _music_4_ever_
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Ricnach
Este tópico conta com a participação exclusiva de _music_4_ever_
Os outros membros com dúvidas também podem participar... :)
Antes de começar a descrever o que se passa aqui no meu país, gostaria de começar por explicar como são feitos aqui os anos de escolaridade (tanto comum, como nos conservatórios públicos), para que se possa compreender melhor o que digo (pois sei que o 10º ano de escolaridade, por ex, aqui não corresponde ao vosso...).
Nas escolas comuns, a progressão é feita da seguinte forma (idades normais, sem repetição de ano ou entradas com idade inferior ou superior à estabelecida):
até aos 5 anos de idade - Jardim de Infância. Escola Primária ou 1º ciclo do ensino Básico - 1º até 4º ano (dos 6 aos 9 anos) Ciclo ou 2º ciclo do ensino Básico - 5º e 6º ano (dos 10 aos 11 anos) Liceu ou 3º ciclo do ensino Básico - 7º até 9º ano (dos 12 aos 14 anos). Ensino Secundário - 10º até 12º ano (dos 15 aos 18 anos). Ensino Superior - Universidades - acima dos 18 anos.
Nos Conservatórios Públicos, a contagem faz-se da seguinte forma:
Iniciação Musical - 1º até 4º ano - crianças com idades entre os 6 e os 9 anos (corresponde à Primária). Há transição para o estágio seguinte, sempre que a criança mostre capacidade suficiente para o efeito ou quando transita para o 5º ano na escola comum. Tem por disciplinas Iniciação Musical (a mais importante - disciplina de teoria, onde dão os primeiros passos na descoberta da música; 1x50 min por semana), a de instrumento (1x50min por semana) e uma disciplina de opção entre ballet e coro (1x50min por semana).
Formação Musical : Curso Básico - 1º até 5º ano - corresponde aos 2º e 3º ciclo na escola comum. A transição depende exclusivamente do desempenho do aluno. Não é comum se proceder a transições de ano, quando o aluno demonstra capacidades mais avançadas para o ano em que se encontra. As disciplinas que os alunos podem ter são a de Formação Musical (obrigatória, é a mais importante - disciplina de teoria; 2x50min por semana), instrumento (1x50min por semana), e disciplina de opção entre coro ou conjunto instrumental (a opção de coro está só disponível até ao 2º ano; 2x50min por semana). No final do estágio, o aluno é submetido a 2 exames, um de Formação Musical, outro do instrumento que aprende, mas só se tiver tirado nota positiva no final do período. Se o aluno não transitar no exame de Formação, ele chumba o ano todo e tem de voltar a repetir o 5º ano integral (se quiser permanecer no Conservatório, é claro). Mas se ele só chumbar no de instrumento, ele transita para o estágio seguinte, excepto o instrumento, que continua no 5º ano.
O aluno agora, se quiser seguir no Conservatório, tem outras opções:
Curso Complementar - 6º até 8º ano - equivale ao Ensino Secundário na escola comum. Neste curso, as disciplinas diferem entre si, consoante as opções que fazem. Mas uma disciplina é comum a todas as opções: a de Formação Musical (2x50min por semana). No final dos 3 anos, o aluno tem de fazer um Exame de Formação Musical e se não transitar no exame, pode transitar às outras disciplinas que tem. As disciplinas são independentes entre si, neste estágio da aprendizagem.
Curso Complementar de Formação Musical: Nesta opção, o aluno tem só Formação Musical(2x50min) e Instrumento (1x50min). O que sucede é o facto do aluno ter o instrumento atrasado (quando instrumento ainda está no Básico) em relação a esta disciplina.
Curso Complementar de Instrumento: É a opção mais completa do Complementar. O aluno que escolhe esta opção, continua a ter as aulas de Formação Musical (2x50min), de instrumento(1x50min), de Conjunto Instrumental (2x50min), e ainda as disciplinas teóricas de Análise e Técnicas de Composição (3x50min - 1º até 3ºano), História da Música (2x50min - 1º até 3º ano), Acústica (apenas 1 ano, que pode ser escolhida ser feita em qualquer ano do Complementar - 2x50min) e ainda há a disciplina opcional de Prática ao Teclado (2 anos, que também podem ser escolhidos serem feitos em qualquer ano do Complementar, seguidos ou interrompidos por um ano de descanso - 1x50min). No final da disciplina de Acústica, o aluno é submetido a um Exame. No final dos 3 anos das disciplinas de História, Análise, Instrumento e Formação, o aluno tem de fazer exame também. As disciplinas de conjunto e de Práticas ao Teclado não são submetidas a Exame.
Curso Complementar de Técnica Vocal - semelhante ao de Instrumento, só que o aluno tem disciplinas de línguas como o Italiano, o Alemão e o Francês. Não conheço muito bem este curso, visto que só me lembro de um aluno que o tenha feito e foi só durante um ano.
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Ricnach Veterano |
# abr/08
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No Brasil o ensino Básico se divide em:
Educação Infantil- Creche (até os 6 anos)
Ensino Fundamental- 1a até 8a série (6 aos 14 anos)
Ensino Médio- 1a até 3a série do ensino médio. (15 aos 17)
A única etapa de ensino obrigatório que o Governo oferece é o ensino Fundamental. As outras modalidades não contemplam obrigatoriamente toda a população. O ensino Particular contempla todo o ensino básico.
O ensino superior também é oferecido pelo governo, tanto federal quanto estadual. As universidades Federais são as melhores do pais. Existe também o ensino superior particular, que vêm crescendo muito nos últimos anos. Mas ainda não possuem grande tradição e raros são os casos onde se aproximam da qualidade das Universidades Federais.
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_music_4_ever_ Veterano |
# abr/08
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Agora que já esclareci sobre como é feita a aprendizagem nos Conservatórios Públicos, irei falar de como está inserido o ensino da Música nas escolas comuns. É verdade, eu não falei das escolas particulares de música, pois desconheço de como se procede lá. Acho que isso fica ao critério de cada uma.
No Jardim de Infância, o ensino da música passa mais pelo cantar de canções populares. É um dos estágios em que se investe mais no ensino da música, mas mais a nível de quantidade do que propriamente de qualidade (apenas insiste nas canções e pouco mais, talvez com um pouco de sorte na distinção visual e auditiva dos diversos instrumentos).
No Ensino Primário, o ensino da música quase como que morre. Os professores primários e pré-primários não têm formação para isso. O Governo diz ter uma solução...bastante contestada, como adiante tentarei explicar.
É no 2º ciclo que se volta a dar algum ênfase à música. Os alunos têm uma disciplina obrigatória - a Educação Musical - 1x90 min por semana, durante 2 anos. Consiste no ensino da música duma forma muito elementar. Cantam canções, tocam melodias fáceis numa flauta de bisel, batem ritmos simples, aprendem noções sobre o timbre, as barras de divisão dos compassos, a clave de sol e a respectiva escala Dó maior, também a de Fá Maior, os acidentes, a intensidade, a dinâmica, os andamentos (movimentos no Brasil), o cânone, aprendem a distinguir os diversos instrumentos (a dizer se são madeiras, metais, e as diversas famílias de instrumentos, etc) e também sobre os instrumentos tradicionais portugueses. Apenas os alunos que já se encontram matriculados nalgum conservatório ou escola particular de música é que poderão não ter essa disciplina (aqui as bandas filarmónicas não contam...heheh).
Após estes 2 anos, acaba-se o ensino musical nas escolas. Apenas se investe nas artes visuais e também um pouco nas artes de representação. O ensino da Música é deixado exclusivamente para os conservatórios, as bandas filarmónicas, os grupos corais e outras entidades privadas. É permitido aos alunos que têm aulas de Música profissionalmente fazerem o chamado Ensino Articulado desde o 5º ano da escola comum. Funciona da seguinte maneira: No 2º ciclo, eles podem ficar sem Educação Musical. No 3º ciclo, eles podem ficar sem uma ou outra disciplina de Artes Visuais. No Secundário, todos os alunos têm de escolher um Curso que contém as disciplinas que os melhor direccionarão para o curso superior que querem tirar. Ora, os alunos de Música, após escolherem um curso (não importa qual, pois no fim vai dar tudo no mesmo para estes alunos), eles, ao renovarem a sua matrícula no Conservatório e escolherem o Ensino Articulado, é como se escolhessem o curso de música. O que ele faz é trocar as disciplinas específicas do curso que ele escolheu pelas que ele tem no Conservatório. Desta forma, ele está a reduzir a carga horária, de forma a só ter as disciplinas comuns a todos os cursos, mais as do Conservatório (Curso Complementar).
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_music_4_ever_ Veterano |
# abr/08
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Ricnach A única etapa de ensino obrigatório que o Governo oferece é o ensino Fundamental. As outras modalidades não contemplam obrigatoriamente toda a população.
Aqui o Governo oferece até ao Ensino Secundário (corresponde ao vosso Médio). Existem Universidades Públicas e Privadas no nosso País, sendo as Públicas não-gratuitas, temos de pagar propinas bem caras.
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_music_4_ever_ Veterano |
# abr/08
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A Polémica Proposta do Governo:
Consiste no seguinte. O Governo está a cortar com os serviços públicos. A Saúde no nosso país tem sido um caos. Esse foi dos primeiros cortes que se fez (ela continua a ser gratuita, mas os serviços têm-se restringido). A Música foi dos cortes que se seguiu.
Houve uma ameaça de fechar o Conservatório Nacional (em Lisboa). Felizmente, isso ainda não aconteceu, mas já não falta muito para acontecer de verdade...
Agora o Governo quer tirar a Iniciação Musical dos Conservatórios Públicos e substituí-la por um ensino medíocre de música (semelhante ao administrado no 2º ciclo actualmente) nas escolas comuns. Assim, se os pais quiserem um ensino de qualidade para os seus filhos, terão de recorrer às Privadas.
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_music_4_ever_ Veterano |
# abr/08 · Editado por: _music_4_ever_
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Há outra crítica que eu gostava de fazer à já instituída carga horária no Curso Complementar e no Básico (nos Conservatórios Públicos).
Tanto no Básico como no Complementar, eles dão menos ênfase ao instrumento. Enquanto temos 1 vez por semana as aulas de Instrumento, tanto no Básico como no Complementar, temos 2 de Conjunto Instrumental/Coro. Ora, se o aluno não domina bem o seu instrumento, quanto mais em conjunto ou em coro??
O mesmo sucede com as restantes disciplinas do Complementar. E o mais grave de tudo é que o curso se chama "Complementar de Instrumento "! Ora se o Instrumento é que é o mais importante, porquê que só dão 1 aula por semana, enquanto que temos logo 2 de Formação, de História, de Acústica, de Conjunto e 3 de Análise e Técnicas de Composição!!! A esta última é que poderíamos retirar uma das suas horas e também uma ao Conjunto, para assim ficar justa a proporção de aulas que eu acho que devíamos de ter...
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Ricnach Veterano |
# abr/08
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Achei bem interessante o fato do Conservatório funcionar em acordo com o ensino escolar e dele acompanhar as diversas etapas do aprendizado da criança.
Na minha cidade em especifico não existe Conservatório, mas há uma Fundação que faz este papel, o CEFAR do Palácio das Artes. São inscritos cerca de 40 alunos por ano para os cursos dos principais instrumentos da orquestra e canto. Podem se inscrever alunos de 13 a 25 anos para instrumentos e de 16 a 30 anos para canto. O curso têm a duração de 4 anos e serve como preparação para se ingressar no curso superior. Este curso possui grande abertura para a musica popular. (não sei se isto é ruim ou bom)
A escola de musica da Universidade Federal oferece um curso de musica infantil, como parte de um laboratório didático do curso de musica, são selecionados alunos de 6 a 12 anos, também em um numero muito restrito. São administradas aulas de instrumentos e musicalização, bem ao modo do seu 2o ciclo, com canções e noções elementares da musica.
Qualquer outra formação, que eu tenho conhecimento, é feito por escolas particulares, algumas oferecem bolsas outras não. Minha formação em específico foi feita em uma escola particular com bolsa de 30%.
Tendo em vista que minha cidade possui 2.412.937 habitantes, as vagas disponiveis acabam por demosntrar a falta de planejamento no ensino musical. Se não fosse a Fundação Clovis salgado e o Centro pedagógico da UFMG não existiria ensino publico de musica, mesmo que somente para umas 100 pessoas por ano.
Nas escolas publicas, como foi dito por Pardal, agora é obrigatório o ensino de musica nas, porém ela deve contemplar poucas séries, e não deve ser possível uma continuidade.
Estamos engatinhando ainda em relação a educação musical, e da estruturação destes cursos em conjunto com a educação escolar.
Vejo que vocês já tem uma estrutura bem organizada, mas como você disse, sofre ameaçar de corte de verbas. É, vocês não podem perder o espaço que já conseguiram, pois a reconstrução é um processo muito lento e complicado.
A geração dos meus avós tiveram ensino musical no ensino publico, já na dos meus pais não se existia mais. O período de Ditadura Militar no pais contribuiu para esta atual realidade.
Uma pergunta que tenho, agora sobre a própria estrutura do ensino superior. Aqui no Brasil o curso superior, de um instrumento, por exemplo de tromba, está condicionado ao plano de aula do próprio professor, se ele quiser contemplar um repertório mais contemporâneo ou não vai de sua decisão pessoal, ou da própria exigência do aluno em querer um repertório mais recente. Em Portugal há algum plano de aula obrigatório nos cursos de instrumento? Há uma obrigatoriedade de se fazer certos compositores? estão contemplados compositores pós século XX?
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Pardal Veterano |
# abr/08
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Ricnach
A educação musical ainda não foi bem definida pela lei. Será obrigatória, mas a interpretação do projeto de lei só deve sair depois da votação na segunda casa de poderes, pois da primeira já passou.
Quanto à educação musical que descobri na cidade de Belo Vale (Por favor, defina bem sua monografia no espaço e no tempo: não pesquise sobre todo o Brasil, só no PhD, ok? Te dará muuuuuito trabalho agora), cidade que escolhi (amostra intencional) por estar perto de Bh (60Km) e ter menos de 20.000 habitantes (como mais de 80% dos municípios em Minas), a situação é precária. Há uma banda marcial (tradicional Banda de Santa Cecília) que acumula codecoarções elevadíssimas, mas não há o devido diálogo com a prefeitura e não há recursos. Só recentemente a escola da banda conseguiu um espaço para as aulas: um porão. Os instrumentos ficam empilhados de um lado, a aula acontece do outro Os alunos tem dificuldade de adquirir mesmo uma flauta doce, e a maioria consegue uma por doações esparsas. Há apenas uma professora, cuja identidade manterei eticamente em segredo, e alguns jovens que a auxiliam nas aulas. A situação é, como se vê, difícil e precisa ser mudada. Sabendo que a amostra do meu trabalho é deficiente para qualquer generalização, ele pode servir apenas como base para que outros estudos no mesmo sentido sejam realizados. Descrevo, portanto, apenas a situação de Belo Vale.
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Ricnach Veterano |
# abr/08
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Pardal
É, o que você me descreveu não me surpreendeu muito (infelismente), realmente não há direção alguma para a educação musical.
Ouvi uns boatos que a Fundação de Educação Artística está com um projeto junto ao Estado, para fazerem uma espécie de oficinas e recuperação de Conservatórios... (Em São joão Del Rey já possui uma faculdade nova.) Mas ouvi apenas como boato mesmo... Então parece que está se esboçando um projeto musical por ai.
Você conhece a Fundação de Educação artistica? Você formou onde mesmo, em que ano? (curiosidade mesmo)
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Pardal Veterano |
# abr/08 · Editado por: Pardal
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Ricnach
Fundação de Educação Artística
Não seria a FUMA? Pois ela não existemais... Agora é UEMG.
Você formou onde mesmo, em que ano?
Eu ainda não me formei. Apenas sou apressado. Minha monografia já está quase pronta (Falta a análise teórica da situação pedagógica, que eu acho uma covardia de se fazer, verdadeiro urbanocentrismo, falta de senso de contexto) e ainda estou no quinto período. Já fiz cinco das duas matérias eletivas necessárias no meu currículo para me formar...
A divisão estadual de educação superior realmente está investindo, visto que na rede federal isso deu muito certo. O que eu não concordo é que algumas faculdades são criadas às vezes na mesma cidade onde existem outras. O ideal seria distribuir nos centros macrorregionais e microrregionais onde a população é maior.
Mas infelizmente música é transcendente demais para as faculdades e escolas rivadas. Já pensou construir uma boa escola de música, com bons pianos, sempre afinados, tubas e fagotes, violões e outros instrumentos de excelente qualidade, a dispor para os alunos? Isolamento acústico, para não incomodar a vizinhança, professores de cada instrumento, bons e bem pagos? Quanto seria a mensalidade de um curso desse nível em faculdade privada?
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Ricnach Veterano |
# abr/08
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Pardal
Já pensou construir uma boa escola de música, com bons pianos, sempre afinados, tubas e fagotes, violões e outros instrumentos de excelente qualidade, a dispor para os alunos?...
Bom, isto é a Fundação de Educação Artistica, ela fica na rua Gonçalves dias, Funcionários. Por ser uma fundação ela distribui bolsas... mas não é um curso superior, apenas uma escola de musica, inclusive, fiz contraponto, materias de composição e instrumento, o contrapondo por exemplo, amigos meus que cursaram a UFMG preferiram o curso da Fundação, e o mesmo se dá com estudo de solfejo... Estou puxando a sardinha para meu lado mas a Fundação de Educação Artistica (FEA) (ela é independente, não tem nada a ver com o governo, ufmg ou uemg) é o melhor ensino não superior de musica em Bh.
Eu também sou apressado, não fiz graduação em musica não, fui direto para o mestrado, conclui o mestrado na UFMG no começo de 2007. Eu me graduei na verdade em filosofia.
Eu já dei umas aulas na UFMG e na UEMG, onde vc estuda?
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_music_4_ever_ Veterano |
# abr/08
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Ricnach Eu me graduei na verdade em filosofia.
Filosofia musical?
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Ricnach Veterano |
# abr/08
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_music_4_ever_
Não, eu fiz faculdade de Filosofia mesmo.
Como eu estudava musica em uma fundação, pude fazer meu Mestrado na faculdade de musica!!
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Pardal Veterano |
# mai/08
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Ricnach
Eu esou no quinto período da UEMG, em Licenciatura em Música- Habilitação em Educação Musical Escolar, que é o curso da manhã. O labiritno de Creta, digo, a escola de música fica no Padre Eustáquio.
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Ricnach Veterano |
# mai/08
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Pardal
Sei Sei, eu dou aula para a pós-graduação da UEMG...
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Pardal Veterano |
# mai/08
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Ricnach
Você vai lá sábado, portanto. Será difícil que nos encontremos... A FEA é realmente famosa, perto da Primeira Igreja Presbiteriana. Ela é excelente mesmo, e tem esse lance de ser Fundação. Mas uma não-fundação dificilmente daria os mesmos recursos a preços acessíveis a músicos...
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_music_4_ever_ Veterano |
# mai/08
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Retomando um pouco o tema principal do tópico, irei falar-vos duma nova medida polémica (outra, sim...:( )que atenta de novo contra o ensino musical.
Desta vez, o Governo pretende cortar com o ensino musical supletivo, ou seja, todos os alunos que estejam a estudar paralelamente noutro sítio (eu inclusivé), não terão direito aos estudos musicais.
http://www.myspace.com/contraofimdoensinoespecializadodemsica
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_music_4_ever_ Veterano |
# mai/08
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Este link sintetiza o que o Governo vai cortar a nível do ensino musical.
http://www.petitiononline.com/CFEEMP/petition.html
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_music_4_ever_ Veterano |
# jul/08 · Editado por: _music_4_ever_
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A propósito destas reformas que o governo pretende realizar no ensino musical, assunto que tem gerado bastante polémica cá em Portugal e manifestações, recebi recentemente um e-mail que segue logo abaixo.
Aos cidadãos interessados na questão da reforma do ensino especializado da música;
Aos cidadãos para quem a cultura é um valor inalienável Foi publicado no passado dia 4 de Julho o despacho º 18041/2008, Diário da República, 2ª série, nº128, que regulamenta as normas de matrícula para o ano lectivo 2008/2009, no âmbito do regime supletivo dos cursos do ensino especializado da música. Remetendo-vos para uma leitura na íntegra do documento, que se junta em anexo, salienta-se os seguintes aspectos: 1. de acordo com o despacho, por matrícula considera-se o ingresso, pela primeira vez, num curso básico e secundário de música em regime supletivo - abrange portanto todos os novos alunos que tenham feito acesso e sido admitidos aos conservatórios. Embora não esteja claro (e aguarda-se uma resposta a esta questão), abrangerá também, provavelmente, os alunos que mudam de ciclo, ou seja, poderá estar em causa a continuidade de estudos no curso complementar de música a um aluno que concluiu o curso básico (5º grau) e que esteja fora das condições que seguidamente se enunciam; 2. o acesso aos conservatórios no regime supletivo está vedado a alunos com idades superiores a 18 anos, assim como a alunos que não estejam a frequentar um outro curso básico ou secundário; como se enquadra o curso de canto neste despacho? e alunos que, oriundos de outros instrumentos querem reformular a sua opção e começar a estudar instrumentos cuja escolha implica uma maior maturidade, nem que seja pelo facto de serem pouco conhecidos (alaúde, viola da gamba,...); 3. o grau correspondente ao curso de música terá de ser equivalente ao grau frequentado no ensino básico ou secundário (1º grau para alunos a frequentar o 5º ano de escolaridade; 2º para o 6º; 3º para o 7º; 4º para o 8º; 5º para o 9º; 6º para o 10º; 7º para o 11º; 8º para o 12º). Para casos considerados excepcionais (alunos com capacidades de aprendizagem excepcionais) admite-se um desfasamento máximo de dois anos entre o grau de ensino da música e o do ensino regular; 4. os alunos terão que frequentar obrigatoriamente todas as disciplinas do plano de estudos. Isto implica, no caso dos alunos do ensino secundário, uma carga horária de cerca de 12h semanais na escola de música, que se irá somar à carga horária do ensino regular (acrescendo ainda o tempo necessário ao estudo em casa, no curso secundário e no curso de música). As condições expressas no despacho revelam: que os projectos de reformulação efectuados pelas escolas foram completamente ignorados - ou seja, continua-we a fundar a restruturação do ensino da música em pareceres e decisões de quem está fora do sistema; que o desígnio inicial do Ministério em anular o regime supletivo está consagrado (não explícitamente, uma vez que o regime é possível mas implicitamente pois a sua exequibilidade é quase nula); que a especificidade deste ensino, embora proclamada no preâmbulo do despacho, 2º parágrafo, está completamente posta em causa (aliás, o objectivo deste despacho é '(...) a inserção deste domínio de ensino [o da música] no enquadramento geral em vigor para os níveis de ensino básico e secundário.' - 1º parágrafo - triste desígnio para justificar uma reestruturação!); que o curso de canto ou foi anulado ou está esquecido - o que fazer om os alunos que entretanto se candidataram?; que, de facto, futuros Mários Laginha estão completamente impossibilitados de se candidatarem às escolas do ensino especializado da música. As direcções das escolas públicas de música já reagiram a este despacho, através de um documento conjunto que foi enviado ao Ministério - está-se a aguardar uma resposta da tutela. É necessário que a comunidade escolar - alunos, professores, pais e encarregfados de educação se mobilize de novo. Os encarregados de educação já tomaram a dianteira e elaboraram um comunicado que juntamos em anexo. Estão a ser pensadas outras medidas que brevemente serão transmitidas e aceitam-se igualmente sugestões. Importante para já é divulgar o que está a contecer - a outros pais, alunos, professores, pessoas amigaas e conhecidos, particularmente a todos os que possam fazer ouvir as muitas vozes do descontentamento. Fait divers... Provavelmente muitos de nós terão recebido nas caixas de correio nos últimos dias publicidade aos cursos das 'Novas Oportunidades. Aprender compensa'... É fantástico e fundamental que o ensino técnico reentre no léxico da formação de jovens. E na lista de cursos surge, em 2º lugar, nas artes, o curso de instrumentista... Diz-se que o 9º ano é só o começo, ou seja , o único pré-requisito. Estes hipotéticos alunos serão então colocados num 6º grau de instrumento ad-hoc? Em que escolas? Em que contexto formativo? É um facto que já existem cursos de música a nível superior em que não há pré-requisitos musicais exigidos... Por que teria de haver no secundário? Será sem dúvida uma porta aberta para qualquer coisa... Mas os alunos que actualmente querem continuar uma formação que já tem raízes mais antigas - iniciaram o estudo do instrumento alguns anos atrás e, chegados ao 10º ano de escolaridade querem, como diz a Benedita Gonçalves no comunicado da associação de pais, ter portas abertas e conciliar outra formação com o estudo da música, terão de se armar em super heróis, tomar provavelmente muitas vitaminas, aditivos e outras coisas acabadas em minas, como anfetaminas talvez, para poderem sobreviver à carga horária brutal que lhes será exigida. Talvez seja o preço a pagar por serem jovens esforçados, com horizontes largos e que consideram com seriedade a sua formação intelectual e artística, e isto sem menorizar quem faz logo uma escolha nesta fase pela profissão de músico e ingressa num regime integrado, embora não seja a maioria dos casos. Sendo a fraca qualificação dos portugueses um dos grandes handicaps do país, é de lamentar que se corte as pernas a quem tem pernas para fazer duas formações paralelas numa fase da vida em que as decisões futuras muitas vezes não podem ainda ser exclusivas (ninguém no ministério da educação aprendeu nada sobre as questões e inquietações da adolescência?). É um desperdício para o país ter doutores, engenheiros, professores, escriturários, contabilistas, etc, que tenham um curso dos conservatórios ou formação musical exigente? De que se alimentam, por exemplo, muitos coros amadores, semiprofissionais e profissionais (um exemplo recente é o do Orfeão de Coimbra que conquistou há dias um primeiro prémio num concurso internacional - mas não é o único); e muito da música ligeira;...; como se forma público informado e melómano? Como se alimenta e diversifica a indústria da música (ou vai começar a ser tudo e cada vez mais pimba?). Para já não falar que ter dois cursos na mão, em que um deles dá competências factuais e não só um diploma - o da música, será uma mais valia numa sociedade em que o desemprego está a aumentar e cada vez mais um diploma não é garante de coisa alguma. E se ficarmos desempregados, ao menos sempre poderemos ir para o metro tocar ou cantar com qualidade, afinados e com um repertório rico e variado. Economicamente terá seguramente maior viabilidade... Se nos tiram os cursos de música, arriscar-nos-emos a ser presos por atentado ao bom ambiente sonoro dos espaços públicos - ou talvez não, pois o público informado também será diminuto. Humor ou falta de graça à parte, a questão é séria e exige reacção. Desculpem a missiva longa. Faço-a na qualidade de professora do ensino da música, não tendo sido mandatada por ninguém nem em representação de ninguém, embora muito do que escrevi seja partilhado por muitos colegas, alunos e pais. Está-se a formar uma comissão no Conservatório Nacional para emitir uma posição da comunidade escolar, fora dos orgãos executivos da EMCN. Será divulgada em breve. Só me resta agradecer quem teve a paciência de ler este meu desabafo e, se acharem pertinente, façam-no circular pelos vossos contactos, ou então somente o comunicado da Associação de Pais, relativamente ao qual fui autorizada a fazer o envio. E agradeço que o leiam, esperando que este meu palavreado não vos tenha disso dissuadido.
Cordialmente
Helena Lima
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