IL BARBIERE DE SIVIGLIA - O BARBEIRO DE SEVILHA

    Autor Mensagem
    Matheus_Strad
    Veterano
    # set/05


    IL BARBIERE DE SIVIGLIA - O BARBEIRO DE SEVILHA


    Contexto Histórico do Barbeiro de Sevilha, de Rossini


    Em dezembro de 1815, o proprietário e empresário do Teatro da Torre Argentina, Duque Francisco Sforza-Cesarini contratou Rossini para compor uma nova ópera para seu teatro. Nos termos do contrato, Rossini teria que compor uma ópera em cinco semanas a partir de qualquer libreto que o Duque lhe desse, adaptar a música às vozes de determinados cantores, assistir aos ensaios e conduzir partes da música. Uma vez que o Duque Sforza-Cesarini havia gasto muito dinheiro em suas outras produções, ele aplicou consideravelmente menos nesta nova ópera. Em conseqüência, Rossini recebeu somente uma pequena parte do dinheiro por seu trabalho, enquanto o astro da produção, Manuel Garcia, recebeu o triplo.

    O Duque Sforza-Cesarini procurou Cesare Sterbini, um poeta e funcionário do Vaticano, para escrever o libreto da nova ópera. O assunto deveria ser delineado apartir da peça satírica de Beaumarchais, Le Barbier de Seville, ainda que já existisse uma ópera muito popular com o mesmo tema. Giovanni Paisiello foi o compositor da versão original, a qual foi apresentada pela primeira vez em San Petersburg, em 26 de setembro de 1782, e que mais tarde foi encenada, com grande aclamação, nas casas italianas de ópera. Consciente de que isso poderia causar uma ofensa ao velho compositor, Rossini escreveu a Paisiello explicando-lhe porquê e como estava compondo sua versão. Paisiello respondeu-lhe que não considerava o fato uma ofensa e desejava sucesso para o novo projeto.

    Sterbini prometeu aprontar o libreto em doze dias e o submeteu a Rossini, que por sua vez completou o primeiro ato em 06 de fevereiro de 1816 e o entregou, nesse mesmo dia, ao violinista principal. Os ensaios deveriam começar em 07 de fevereiro, mas na noite anterior ao primeiro ensaio ocorreu uma tragédia: o Duke Sforza-Cesarini morre de uma hemorragia cerebral, aos 45 anos de idade. Nem seu sucessor, Nicola Ratti, nem Rossini, tiveram tempo para lamentar a morte do Duque; a nova ópera deveria estar pronta em breve, pois parte da renda arrecadada seria destinada à viúva de Sforza-Cesarini e seus filhos. Rossini compôs rapidamente o restante da ópera, tomando partes de cinco de seus trabalhos anteriores e de vários outros compositores. Contando do início até o final, Rossini compôs seu trabalho em três semanas.

    A versão de Paisiello do Il Barbiere de Siviglia era altamente popular, conseqüentemente Sterbini, Rossini e o novo empresário Ratti estavam apreensivos quanto a reação do público à nova cena. A fim de distinguir seu trabalho, Rossini intitulou a nova ópera de Almaviva, ou A Precaução Inútil. Um anúncio impresso no libreto continha a seguinte nota: "A comédia do Sr. Beaumarchais denominada O Barbeiro de Sevilha, ou A Precaução Fútil está sendo encenada em Roma, adaptada como um dramma comico sob o título de Almaviva ou A Precaução Inútil". Esta nota tinha o propósito de convencer o público do sentimentos de respeito e veneração, que o criador da música do presente dramma tinha em relação ao aclamado Paisiello, que havia desenvolvido este mesmo tema sob seu título original.

    Comprometido a desenvolver a mesma difícil tarefa, Rossini não querendo ser acusado de uma rivalidade com o imortal compositor que o antecedeu, pediu expressamente para que O Barbeiro de Sevilha fosse reversificado completamente e para que se incorporassem novas situações em algumas peças musicais. Posteriormente solicitou também que estas situações fossem do gosto do teatro moderno pois muitas mudanças haviam ocorrido desde a época em que o célebre compositor havia escrito sua música. O que Rossini estava tentando prevenir não era algo vindo de Paisiello, mas de seus admiradores. Paisiello tinha um apaixonado seguimento de dedicados fiéis que viam a versão de Rossini como um atrevido insulto à apreciada ópera. Na noite da estréia, 20 de fevereiro de 1816, estes mesmos fãs, chamados de Paisiellisti, invadiram o Teatro Argentina para provocar o compositor e o elenco. Nesta noite, Rossini foi ao teatro vestindo um terno castanho com botões dourados no estilo espanhol. A multidão demonstrou sua opinião com apitos, assobios estridentes e gargalhadas. Este tipo de comportamento marcou o resto da noite.

    Quando o cantor que representava Basilio, Zenobio Vitarelli, entrou no palco com uma caracterização extremamente peculiar, ficou momentaneamente distraído com as vaias e assobios e caiu sobre a dobradiça de uma porta no soalho do palco, arranhou seriamente seu rosto e quase quebrou o nariz. Ele cantou mesmo sangrando muito e tentando estancar o fluxo de sangue com o auxílio de um lenço. Em conseqüência, Vitarelli teve que se colocar em posições estranhas o que fez com que a audiência ascendesse a um novo turno de ruídos e gargalhadas de desaprovação.

    Logo após, um gato perambulava no palco misturando-se com os atores. Luigi Zamboni, que representava Fígaro, perseguiu o gato para fora do palco, mas este apareceu do outro lado e pulou, dramaticamente, nos braços de Bartolommeo Botticelli (que representava Dr. Bartolo). Então o gato pulou novamente ao chão e começou a molestar tanto Geltrude Righetti (Rosina) quanto Elisabetha Loyselet que estavam receosas de serem arranhadas. O gato saiu somente quando o personagem do policial se aproximou com uma espada na mão, mas não antes que toda a audiência o chamasse e imitasse seus miados.

    Nestas alturas, a audiência estava próxima de um levante. Os cantores duramente podiam concentrar-se em seus papéis pois a multidão mantinha um fluxo constante de ruídos. O pior aconteceu quando Fígaro e Rosina cantaram seu dueto, esta maravilhosa atuação foi quase sufocada pela audiência. Quando o primeiro ato terminou, Rossini se retirou mas não antes de aplaudir os atores por terem se mantido admiravelmente serenos e pelo alto nível de profissionalismo demonstrado.

    Rossini inventou uma frágil desculpa, dizendo-se doente foi para casa prometendo não sair da cama. Na noite seguinte, na segunda apresentação de Almaviva, o público, arrependido de seu comportamento injusto, decidiu ouvir atentamente a nova produção. Todos estavam em silêncio e reconheceram que estavam assistindo a uma nova obra-prima. Aplausos calorosos irromperam inesperadamente, para a alegria do elenco. Porém, o criador do trabalho ainda continuava ausente, fingindo estar recuperando-se da doença e fingindo dormir. Alguns amigos de Rossini foram à sua casa e o levantaram exaltando o sucesso do seu trabalho. As apresentações que se seguiram somente aumentaram a aprovação da audiência.

    Em junho de 1816 morre Paisiello. Rossini sentiu que agora ele poderia, com todo o respeito, trocar o nome de sua ópera Almaviva para O Barbeiro de Sevilha sem uma desaprovação pública. Em setembro, Il Barbiere de Siviglia foi encenado em Bologna, onde os bilhetes foram vendidos com esse nome e, mais tarde, neste mesmo ano foi apresentado em Florença. Nos próximos dois anos, a ópera foi apresentada através da Itália e em outros países. Na época em que novamente foi apresentada em Roma, cinco anos mais tarde, milhares de apresentações adornaram centenas de palcos através do mundo. Hoje, O Barbeiro de Sevilha permanece como uma das óperas mais populares e é freqüentemente encenada por companhias ao redor do mundo.


    FONTE: http://archive.operainfo.org/broadcast/operaBackground.cgi?id=37&langu age=4

    Marcelo Torca
    Veterano
    # set/05
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    Muito bom o seu trabalho de informar.
    Nem sempre os compositores tiveram uma vida boa, é preciso lembrar disto sempre, e geralmente quem foi vaizdo num determinado presente, poderá ser o imortal do futuro.

    Ata
    Veterano
    # set/05
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    Muitos compositores que hoje são famosos morreram sem serem reconhecidos. O mesmo vale para várias obras, que em sua estréia foram caóticas e hoje são aclamadas.

    Muito bom o texto, parabéns aí =]

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