Os sexólogos mirins.

    Autor Mensagem
    Joseph de Maistre
    Veterano
    # jul/15 · Editado por: Joseph de Maistre


    Olavo de Carvalho
    Diário do Comércio, 23 de junho de 2015

    “Maturidade é tudo” (Shakespeare)

    Em praticamente tudo o que leio e ouço a respeito de sexo, desejo e amor, reina a mais tosca e pueril indistinção entre as experiências mais diversas associadas a esses termos, quase sempre tomados como sinônimos.

    No seu nível mais imediato e fisiológico, o desejo é um fenômeno puramente interno, produto da química hormonal sem objeto definido e que, por isso mesmo, pode ser em seguida projetado sobre qualquer objeto real ou imaginário. É uma pura urgência fisiológica, um “desejo de gozar” que aparece sem a necessidade de nenhum excitante externo e pode ser satisfeito por mera fricção mecânica da genitália – masculina ou feminina.

    Bem diferente é o desejo despertado pela visão direta ou indireta de um objeto, de um corpo desejável. Invariavelmente o fator excitante é aí algum traço sexual secundário ao qual o sujeito seja particularmente sensível: peitos, traseiros, pernas, olhos, etc. Este é o nível que corresponde tecnicamente à noção escolástica da concupiscentia. Comentários de garotões de praia ante as transeuntes que lhes parecem gostosas são uma enciclopédia das expressões verbais que manifestam esse tipo de desejo.

    Num terceiro nível o desejo não é despertado por nenhuma característica física mais saliente, mas por uma impressão geral, indefinida e não-localizada de beleza ou charme, quase uma aura mágica em torno do objeto desejado.

    Logo acima disso vem a paixão, o enamoramento, o coup de foudre que torna o objeto uma presença obsessiva e insubstituível na mente do apaixonado. Esta emoção é repleta de ambiguidades. Traz inevitavelmente consigo a ansiedade, o medo da rejeição, e aciona um conjunto de mecanismos psicológicos de defesa contra a frustração possível.

    Vencidas essas ambiguidades, o enamoramento pode se consolidar num sonho conjugal, o anseio de ter a pessoa amada ao nosso lado para sempre. Neste nível o desejo assume tons de um valor moral, destinado a manifestar-se na aceitação comum de sacrifícios para o benefício mútuo, para a criação de uma família, para a aceitação de responsabilidades sociais, etc. A resistência maior ou menor às dificuldades pode levar a resultados que vão desde a criação de uma família estável até uma variedade de desastres conjugais.

    Só no topo da experiência conjugal com todas as suas ambiguidades é que pode, no entanto, surgir o verdadeiro e genuíno amor, no sentido pleno da palavra, que é o impulso firme, constante e irrevogável de tudo sacrificar pelo bem da pessoa amada, de perdoar sempre e incondicionalmente os seus defeitos e pecados, de protegê-la de todo mal e de toda tristeza, ainda que com o risco da nossa própria vida, e de conservá-la ao nosso lado como o nosso bem mais precioso, não só nesta existência terrestre, mas por toda a eternidade.

    Cada um desses níveis engloba e transcende o anterior, e só quem passa à fase seguinte compreende o que estava em jogo na anterior.

    É evidente que só quem percorreu o trajeto inteiro está habilitado a formar uma visão abrangente e objetiva da experiência sexual, que os outros só enxergam de maneira parcial e subjetivista – não raro solipsista – determinada pela sua fixação numa etapa que se recusa a passar.

    Infelizmente, este último é o caso da maioria dos “formadores de opinião”, universitários ou midiáticos, que se oferecem gentilmente para modelar a vida sexual alheia segundo a medida do seu próprio subdesenvolvimento existencial.

    Muitos não se contentam com isso e fazem da sua própria consciência atrofiada um critério de moralidade com base no qual julgam e condenam o que não compreendem. São esses que denomino “sexólogos mirins”: almas atrofiadas que querem ajustar vida sexual alheia ao molde da sua própria pequenez.

    Nota publicada no Facebook:

    Todo animal cresce e se desenvolve no sentido de alcançar a realização das potencialidades máximas da SUA espécie, NÃO DE QUALQUER OUTRA. Esse auge é o que se chama "maturidade". Uma vaca leiteira alcança a maturidade quando se torna capaz de produzir quarenta litros de leite por dia. Um urso, quando se torna grande, pesado, forte e feroz o bastante para matar outros ursos -- fêmeas e filhotes inclusive. Um bloodhound, quando se torna capaz de seguir uma pista por cem quilômetros. A escala do desenvolvimento sexual que expus no artigo "Sexólogos mirins" é própria do ser humano. Ela é a medida de aferição da maturidade humana. Quem não chegou à última etapa está abaixo da medida humana.

    Headstock invertido
    Veterano
    # jul/15
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    Olavo de Carvalho

    brunohardrocker
    Veterano
    # jul/15
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    One More Red Nightmare
    Veterano
    # jul/15
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    O texto é um grande ad hominem aos idiotas que falam coisas que não devem. Especificamente, àqueles que falam coisas que só a experiência habilita. Eu concordo, embora ache o objeto da crítica ( pessoas incapazes) tosco.

    Apesar, também, da cavalice de confundir causa com expressão, ao se referir ao desejo como produto da química hormonal, acho a sua escalonação válida para fins didáticos, embora não me pareça científico ou filosoficamente aproveitável.

    Viciado em Guarana
    Veterano
    # jul/15
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    Headstock invertido
    Grande sexólogo hindu.

    sallqantay
    Veterano
    # jul/15
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    acho a sua escalonação válida para fins didáticos, embora não me pareça científico ou filosoficamente aproveitável.

    OdC in a nutshell

    Joseph de Maistre
    Veterano
    # jul/15 · Editado por: Joseph de Maistre
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    brunohardrocker

    Que mulher zoada.

    "rachada"
    "rolada"
    "coalheira"
    "bambolê de otário no dedo"

    huahuahuahuahua

    One More Red Nightmare
    O texto é um grande ad hominem aos idiotas que falam coisas que não devem.

    Não é. Ad hominem é atacar a validade de uma proposição argumentando contra a pessoa, ao invés de contra a proposição em si mesma.

    O que o O. de C. fez foi o contrário: contestou a validade das proposições dos sexológos mirins apresentando proposições alternativas ao debate. Aí, só depois, sim, fez os insultos de costume -- que são mais um adorno estilístico do que, propriamente dizendo, um argumento.

    acho a sua escalonação válida para fins didáticos, embora não me pareça científico ou filosoficamente aproveitável.

    A experiência direta é a base de todos os conceitos e reflexões filosóficos: do cogito ergo sum à capacidade de discernir entre o.bem e o mal.

    O problema é que só pode entender esses conceitos e reflexões quem já possui alguma noção inata/latente dos mesmos. P. ex.: Fulano tem certeza absoluta de que sua mente existe e produz pensamentos, e não duvida desse fato por um segundo que seja (se essa certeza e esse ato de conhecimento prévios não existissem, o silogismo de Descartes seria filosoficamente inaproveitável para Fulano); Fulano nasce com um certo senso de justiça, ainda rudimentar e implícito embutido em seu comportamento, que sempre "apita" quando ele faz algo errado e que vai se desenvolvendo e se tornando mais explícito à medida que ele analisa novas situações e precisa decidir o modo correto de se comportar (se Fulano fosse um completo psicopata e essa experiência prévia de uma consciência moral não existisse, ele jamais conseguiria entender o que é se inibir diante de uma situação "errada" e, muito menos, desenvolver um senso de justiça explícito -- e todas as filosofias morais do mundo seriam inúteis para ele).

    Ou seja, a questão aqui não é a filosofia em si, mas a falta das experiências diretas (ou "maturidade", como dito no texto) necessárias à sua adequada compreensão.

    _Excelion
    Veterano
    # jul/15
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    muito blábláblá e pouco siriri na siricutica

    brunohardrocker
    Veterano
    # jul/15
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    Joseph de Maistre

    Paga de modernosa, mas fala em "ele não me comeu", "o homem que não quis comer no primeiro encontro".

    Não tem cacife pra ser modernosa ao ponto de falar "quero dar", "se ofereçam no primeiro encontro".

    Esse povo tenta, mas não resiste à moda antiga (que nem é antiga, é atemporal).

    Discípulo do fogo preto
    Membro Novato
    # out/19
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    Esse é outro que eu tomaria como mestre se ainda fosse ativo no fórum.

    brunohardrocker
    Veterano
    # out/19
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    Discípulo do fogo preto

    Tudo está eternizado aqui. Vá atrás das escrituras.

    sandroguiraldo
    Veterano
    # out/19
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    se ainda fosse ativo no fórum.
    Ele está no meio de vós

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