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One More Red Nightmare Veterano |
# abr/13
Os pobres viajam, Na estação rodoviária eles alteiam os pescoços como gansos para olhar os letreiros dos ônibus. E seus olhares são de quem teme perder alguma coisa: a mala que guarda um rádio de pilha e um casaco que tem a cor do frio num dia sem sonhos, o sanduíche de mortadela no fundo da sacola, e o sol de subúrbio e poeira além dos viadutos. Entre o rumor dos alto-falantes e o arquejo dos ônibus eles temem perder a própria viagem escondida no névoa dos horários. Os que dormitam nos bancos acordam assustados, embora os pesadelos sejam um privilégio dos que abastecem os ouvidos e o tédio dos psicanalistas em consultórios assépticos como o algodão que tapa o nariz dos mortos. Nas filas os pobres assumem um ar grave que une temor, impaciência e submissão. Como os pobres são grotescos! E como os seus odores nos incomodam mesmo à distância! E não têm a noção das conveniências, não sabem portar-se em público. O dedo sujo de nicotina esfrega o olho irritado que do sonho reteve apenas a remela. Do seio caído e túrgido um filete de leite escorre para a pequena boca habituada ao choro. Na plataforma eles vão o vêm, saltam e seguram malas e embrulhos, fazem perguntas descabidos nos guichês, sussurram palavras misteriosas e contemplam os capas das revistas com o ar espantado de quem não sabe o caminho do salão da vida. Por que esse ir e vir? E essas roupas espalhafatosas, esses amarelos de azeite de dendê que doem na vista delicada do viajante obrigado a suportar tantos cheiros incômodos, e esses vermelhos contundentes de feira e mafuá? Os pobres não sabem viajar nem sabem vestir-se. Tampouco sabem morar: não têm noção do conforto embora alguns deles possuam até televisão. Na verdade os pobres não sabem nem morrer. (Têm quase sempre uma morte feia e deselegante.) E em qualquer lugar do mundo eles incomodam, viajantes importunos que ocupam os nossos lugares mesmo quando estamos sentados e eles viajam de pé.
Morreu esse baita poeta já tem um tempo, eis um poema que eu acho excelente.
Boa noite.
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Jack Kerouac... Veterano |
# abr/13
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achei maneira.
*post pro tópico não cair no esquecimento*
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pinuccad Membro |
# abr/13
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Mais um post
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sallqantay Veterano |
# abr/13
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então esse era o cara que a snowwhite plagiava?
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Simonhead Veterano |
# abr/13
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Gostei do texto. Belo mesmo.
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One More Red Nightmare Veterano |
# abr/13
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mas o toque especial é o poema ser lido pelo próprio autor, ou qualquer outro com sotaque alagoano.
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brunohardrocker Veterano |
# abr/13
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minha garota me abando nou, numa estação de trem
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One More Red Nightmare Veterano |
# fev/14
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up
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brunohardrocker Veterano |
# fev/14
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O nome do cara é Lêdo.
Lêdo.
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One More Red Nightmare Veterano |
# fev/14
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A Marmita
Em sua marmita não leva o operário qualquer metafísica. Leva peixe frito, arroz e feijão. Dentro dela tudo tem lugar marcado. Tudo é limitado e nada é infinito. A caneca d'água tem espaço apenas para a sua sede. E a marmita é igual à boca do estômago, feita sob medida para a sua fome. E quando termina sua refeição, ele ainda cata todas as migalhas, todo esse farelo de um pão que suasse durante o trabalho. Tudo quanto ganha o operário aplica como um capital em sua marmita. E o que ele não ganha embora trabalhe é outro capital que também investe: palavra que diz em seu sindicato, frase que se escreve no muro da fábrica, visão do futuro que nasce em seus olhos que só com fumaça se enchem de lágrimas. Em sua marmita não leva o operário o caviar de qualquer metafísica. E sendo ele o mais exato dos homens tudo nele é físico e material, tem seu nome e forma, seu peso e volume, pode-se pegar. Seu amor tem saia pêlos e mucosas e, fecundo, faz novos operários. As coisas se medem pelo seu tamanho: sono, mesa, trave. No trem ou no bonde nenhum operário pode se espalhar sem fazer esforço. É como no mundo: — tem que empurrar. Vasilhame cheio de matéria justa, sua vida é exata como uma marmita. Nela cabe apenas toda a sua vida. E não cabe a morte que esta não existe, não sendo manual, não sendo uma peça de recauchutar. (Artigo infinito, sem ferro e sem aço, qualquer um a embrulha sem usar barbante ou papel almaço.) Fabril e imanente o operário vive do que sabe e faz e, sendo vivente, respira o que vê. O tempo que o suja de óleo e fuligem é o mesmo que o lava, tempo feito de água aberta na tarde e não de relógio. E a própria marmita também é lavada. E quando ele a leva de volta pra casa ela, metal, cheira menos a comida do que a operário.
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Simonhead Veterano |
# fev/14
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One More Red Nightmare
Fera! \o
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Konrad Veterano |
# mai/15
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Upando só para dizer que eu tive a grande honra de partilhar da amizade e da convivência desse grande poeta.
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One More Red Nightmare Veterano |
# mai/15
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Konrad Opa, legal. Vocês eram conhecidos de onde?
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