Tópico em homenagem à poesia marginal

    Autor Mensagem
    Atom Heart Mother
    Veterano
    # out/12


    No Brasil, poesia marginal é a designação dada à poesia produzida pela geração mimeógrafo, incluindo aí poetas absolutamente desconhecidos que produziram suas obras fora do eixo Rio-São Paulo, embora ao redor do mundo se use o termo para referir-se à tendências que funcionam independentemente de uma poesia "oficial", canonicamente aceita.
    O gênero de poesia que foi denominado de "marginal" no Brasil se tornou conhecido por este nome porque seus poetas abandonaram os meios tradicionais de circulação das obras, através de (editoras e livrarias), e buscaram meios alternativos, realizando cópias mimeografadas de seus trabalhos, comercializados a baixo custo, vendidos de mão em mão, nas ruas, em praças e nas universidades. Através dela, os poetas da geração mimeografada queriam se expressar livremente em pleno regime da ditadura militar, bem como revelar novas vozes poéticas.

    Eu hoje, acordei mais cedo
    e, azul, tive uma idéia clara
    só existe um segredo
    tudo está na cara.

    - PAULO LEMINSKI

    veiu uns ômi de saia preta
    cheiu di caixinha e pó branco
    qui eles disserum qui chamava açucri.
    aí eles falarum e nós fechamu a cara.
    depois eles arrepetirum e nós fechamu o
    corpo.
    aí eles insistirum e nós comeu eles.

    - CHACAL

    preso por
    penetrar na festa
    jogar pedra no monumento
    arrotar no juramento
    mijar na praça pública
    cuspir no reitor
    jogar dinheiro fora
    trepar com a filhinha do papai
    brincar demais
    dar bandeira
    se olhar no espelho
    tirar a calça na rua
    matar o industrial
    fumar maconha
    roubar um queijo
    ganhar um beijo

    - CHARLES

    Viciado em Guarana
    Veterano
    # out/12
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    Eu fiz uma versão da oração do "pai nosso" que ficou legal até.
    Mas não vou postar aqui.

    Julia.
    Veterano
    # out/12
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    era legal quando eu tinha 15 anos.
    minha preferida é a ana cristina césar.

    tambourine man
    Veterano
    # out/12
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    leminski já virou mainstream

    leo2505
    Veterano
    # out/12
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    "Canhões à direita dele
    Canhões à esquerda dele
    Canhões à sua frente
    Uma salva de tiros e um estrondo!"
    - DO GUETO, Rafael.

    Índio_DT
    Veterano
    # out/12
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    Achei que vinha algo sobre Rap...=(

    tambourine man
    Veterano
    # out/12
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    poesia marginal é esse cara:

    http://noticias.terra.com.br/brasil/noticias/0,,OI1755127-EI8139,00-Mo rador+de+rua+escreve+livros+em+Sao+Paulo.html

    Cavaleiro
    Veterano
    # out/12
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    Negro drama,
    Entre o sucesso e a lama,
    Dinheiro, problemas,
    Inveja, luxo, fama.

    Negro drama,
    Cabelo crespo,
    E a pele escura,
    A ferida, a chaga,
    A procura da cura.

    Negro drama,
    Tenta ver
    E não vê nada,
    A não ser uma estrela,
    Longe meio ofuscada.

    Sente o drama,
    O preço, a cobrança,
    No amor, no ódio,
    A insana vingança.

    Negro drama,
    Eu sei quem trama,
    E quem tá comigo,
    O trauma que eu carrego,
    Pra não ser mais um preto fodido.

    O drama da cadeia e favela,
    Túmulo, sangue,
    Sirene, choros e vela.

    Passageiro do Brasil,
    São Paulo,
    Agonia que sobrevivem,
    Em meia as zorras e covardias,
    Periferias, vielas e cortiços,

    Você deve tá pensando,
    O que você tem a ver com isso,
    Desde o início,
    Por ouro e prata,

    Olha quem morre,
    Então veja você quem mata,
    Recebe o mérito, a farda,
    Que pratica o mal,

    Me ver,
    Pobre, preso ou morto,
    Já é cultural.

    Histórias, registros,
    Escritos,
    Não é conto,
    Nem fábula,
    Lenda ou mito,

    Não foi sempre dito,
    Que preto não tem vez,
    Então olha o castelo e não,
    Foi você quem fez cuzão,

    Eu sou irmão,
    Dos meus trutas de batalha,
    Eu era a carne,
    Agora sou a própria navalha,

    Tim..tim..
    Um brinde pra mim,
    Sou exemplo, de vitórias,
    Trajetos e glórias.

    O dinheiro tira um homem da miséria,
    Mas não pode arrancar,
    De dentro dele,
    A favela,

    São poucos,
    Que entram em campo pra vencer,
    A alma guarda,
    O que a mente tenta esquecer,

    Olho pra trás,
    Vejo a estrada que eu trilhei,
    Mó cota
    Quem teve lado a lado,
    E quem só fico na bota,
    Entre as frases,
    Fases e várias etapas,

    Do quem é quem,
    Dos mano e das mina fraca,

    Hum..

    Negro drama de estilo,
    Pra ser,
    E se for,
    Tem que ser,
    Se temer é milho.

    Entre o gatilho e a tempestade,
    Sempre a provar,
    Que sou homem e não covarde.

    Que Deus me guarde,
    Pois eu sei,
    Que ele não é neutro,
    Vigia os rico,
    Mas ama os que vem do gueto,

    Eu visto preto,
    Por dentro e por fora,
    Guerreiro,
    Poeta entre o tempo e a memória.

    Hora,
    Nessa história,
    Vejo o dólar,
    E vários quilates,

    Falo pro mano,
    Que não morra, e também não mate,

    O tic tac,
    Não espera veja o ponteiro,
    Essa estrada é venenosa,
    E cheia de morteiro,

    Pesadelo,
    Hum,

    É um elogio,
    Pra quem vive na guerra,
    A paz nunca existiu,
    Num clima quente,
    A minha gente sua frio,
    Vi um pretinho,
    Seu caderno era um fuzil.

    Um fuzil,
    Negro drama.

    Crime, futebol, música, caraio,
    Eu também não consegui fugi disso aí.
    Eu so mais um.
    Forrest gump é mato,
    Eu prefiro conta uma história real,

    Vô conta a minha....

    Daria um filme,
    Uma negra,
    E uma criança nos braços,
    Solitária na floresta,
    De concreto e aço,

    Veja,
    Olha outra vez,
    O rosto na multidão,
    A multidão é um monstro,

    Sem rosto e coração,

    Hey,
    São paulo,
    Terra de arranha-céu,
    A garoa rasga a carne,
    É a torre de babel,

    Famíla brasileira,
    Dois contra o mundo,
    Mãe solteira,
    De um promissor,
    Vagabundo,

    Luz,
    Câmera e ação,

    Gravando a cena vai,
    Um bastardo,
    Mais um filho pardo,
    Sem pai,

    Ei,

    Senhor de engenho,
    Eu sei,
    Bem quem você é,
    Sozinho, cê num guenta,
    Sozinho,
    Cê num entra a pé,

    Cê disse que era bom,
    E a favela ouviu, lá
    Também tem
    Whiski, red bull,
    Tênis nike e
    Fuzil,

    Admito,
    Seus carro é bonito,
    É,
    Eu não sei fazê,
    Internet, video-cassete,
    Os carro loco,

    Atrasado,
    Eu tô um pouco sim,
    Tô,
    Eu acho,

    Só que tem que,

    Seu jogo é sujo,
    E eu não me encaixo,
    Eu sô problema de montão,
    De carnaval a carnaval,
    Eu vim da selva,
    Sou leão,
    Sou demais pro seu quintal,

    Problema com escola,
    Eu tenho mil,
    Mil fita,
    Inacreditável, mas seu filho me imita,
    No meio de vocês,
    Ele é o mais esperto,
    Ginga e fala gíria,
    Gíria não, dialeto

    Esse não é mais seu,
    Hó,
    Subiu,
    Entrei pelo seu rádio,
    Tomei,
    Cê nem viu,
    Nóis é isso ou aquilo,

    O quê?,
    Cê não dizia,
    Seu filho quer ser preto,
    Rhá,
    Que irônia,

    Cola o pôster do 2Pac ai,
    Que tal,
    Que cê diz,
    Sente o negro drama,
    Vai,
    Tenta ser feliz,

    Ei bacana,
    Quem te fez tão bom assim,
    O que cê deu,
    O que cê faz,
    O que cê fez por mim?

    Eu recebi seu tic,
    Quer dizer kit,
    De esgoto a céu aberto,
    E parede madeirite,

    De vergonha eu não morri,
    To firmão,
    Eis me aqui,

    Voce não,
    Se não passa,
    Quando o mar vermelho abrir,

    Eu sou o mano
    Homem duro,
    Do gueto, brow,

    Obá,

    Aquele louco,
    Que não pode errar,
    Aquele que você odeia,
    Amar nesse instante,
    Pele parda,
    Ouço funk,

    E de onde vem,
    Os diamantes,
    Da lama,

    Valeu mãe,

    Negro drama,
    Drama, drama.

    Aê, na época dos barracos de pau lá na pedreira onde vocês tavam?
    O que vocês deram por mim ?
    O que vocês fizeram por mim ?
    Agora tá de olho no dinheiro que eu ganho
    Agora tá de olho no carro que eu dirijo
    Demorou, eu quero é mais
    Eu quero até sua alma
    Aí, o rap fez eu ser o que sou
    Ice Blue, Edy Rock e Klj, e toda a família
    E toda geração que faz o rap
    A geração que revolucionou
    A geração que vai revolucionar
    Anos 90, século 21
    É desse jeito
    Aê, você sai do gueto, mas o gueto nunca sai de você, morou irmão?
    Você tá dirigindo um carro
    O mundo todo tá de olho em você, morou?
    Sabe por quê?
    Pela sua origem, morou irmão?
    É desse jeito que você vive
    É o negro drama
    Eu não li, eu não assisti
    Eu vivo o negro drama, eu sou o negro drama
    Eu sou o fruto do negro drama
    Aí dona Ana, sem palavras, a senhora é uma rainha, rainha
    Mas aê, se tiver que voltar pra favela
    Eu vou voltar de cabeça erguida
    Porque assim é que é
    Renascendo das cinzas
    Firme e forte, guerreiro de fé
    Vagabundo nato!

    rock roll e pra quem merece
    Veterano
    # out/12
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    Cavaleiro

    procura no you tube o seu jorge recitando, muito legal

    rock roll e pra quem merece
    Veterano
    # out/12
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    lembrei disso aqui


    Canhões a direita deles!
    Canhões a esquerda deles!
    Uma salva de tiros e estrondos!
    Rafael do gueto

    O tic-tac do relógio
    O relógio conta as horas por você
    Porque eu não me canso de esperar o amor
    Que você me prometeu, meu bem
    Então entre no ritmo do relógio
    Mantenha os pés no chão
    Porque quando o Tic fizer Tac
    Eu estarei batendo na sua porta
    Rafael do gueto


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