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Cavaleiro Veterano |
# mai/12
"Se medir a inteligência de alguém já é tarefa inglória, imagine estimar seus valores médios em populações inteiras. Talvez não exista na Biologia campo mais sujeito a interpretações contraditórias, preconceituosas e apaixonadas.
Em 1990, foi descrito o efeito Flynn, segundo o qual ocorrem aumentos significantes das médias do quociente de inteligência (QI) em curtos intervalos de tempo, à medida que as nações se desenvolvem.
Em 2001, Lynn e Vanhanen fizeram a primeira tentativa de relacionar inteligência com desenvolvimento econômico, ao publicar um estudo sobre o QI médio dos habitantes de 81 países.
Em 2005, N. Broder levantou a hipótese de que a inteligência, como outros traços psicológicos, é altamente plástica, portanto adaptável ao ambiente. Como consequência, tende a crescer com a escolaridade e com os desafios cognitivos impostos pelo meio, como os que surgem na migração do campo para a cidade.
Baseado no fato de que os níveis nacionais de QI são menores nos países com mortalidade infantil elevada e naqueles em que os bebês nascem com baixo peso, Broder concluiu que saúde e nutrição podem afetar a inteligência.
O que esses estudos não esclarecem, no entanto, é se existe relação de causa e efeito entre essas variáveis, isto é, se a instrução ativa a inteligência ou se indivíduos mais inteligentes estudam mais. O mesmo vale para os que abandonam a agricultura para tentar a sorte na cidade.
Duas conclusões retiradas de vários estudos dão idéia da complexidade dessas interações:
1) O QI de uma população é menor nos países em que as temperaturas permanecem mais altas durante o inverno. Tem certa lógica: frio e neve exigem maior criatividade para sobreviver.
2) Como regra, quanto mais distante da Etiópia estiver o país, mais alto o QI de seus habitantes. Tem a mesma lógica: quanto mais se afastou da terra natal, mais desafios adaptativos o homem foi obrigado a vencer.
A você, leitor que resistiu com bravura à introdução, está reservada a cereja do bolo.
Cristopher Eppig e colaboradores escreveram um artigo na prestigiosa Proceedings of The Royal Society, propondo uma explicação unificadora, daquelas que nos deixa a sensação do porquê não pensei nisso antes.
Segundo eles, as causas apresentadas estão por trás de uma variável bem mais relevante: as infecções parasitárias.
Do ponto de vista energético, o cérebro é o órgão do corpo humano que mais consome energia: 87% no recém-nascido, 44% aos cinco anos; 34% aos dez; 23% nos homens e 27% nas mulheres adultas.
As infecções parasitárias interferem com o equilíbrio energético: 1) alguns micro-organismos se alimentam de tecidos humanos que precisam ser reparados; 2) outros vivem nos intestinos e prejudicam a absorção de nutrientes; 3) para multiplicarem-se, os vírus dependem da maquinaria de reprodução da célula, processo que exige energia; 4) o hospedeiro infectado precisa investir energia para ativar o sistema imunológico por longos períodos, nas infecções crônicas.
As diarreias na infância têm custo energético especialmente elevado. Primeiro, por causa da alta prevalência – estão entre as duas principais causas de óbitos em menores de cinco anos. Depois, porque dificultam o aproveitamento de nutrientes.
Quadros diarreicos de repetição durante os primeiros cinco anos de vida, podem privar o cérebro das calorias necessárias para o desenvolvimento pleno e comprometer a inteligência para sempre.
Diversos trabalhos demonstraram que infecções parasitárias e QI trilham caminhos opostos. Um deles, realizado no Brasil pelo grupo de Jardim-Botelho, mostrou que crianças escolares com ascaridíase apresentam performance mais medíocre nos testes de capacidade cognitiva. E mais: naquelas parasitadas por mais de um verme intestinal, os resultados são piores ainda.
A hipótese de que infecções parasitárias prejudicariam o desenvolvimento da inteligência, explica por que a média do QI aumenta rapidamente quando um país se desenvolve (efeito Flynn), por que o QI é mais alto nas regiões em que o inverno é mais frio (menos parasitoses) e por que nos países pobres os valores médios do QI são mais baixos.
No Brasil, existem 38 milhões de residências sem esgoto"
http://drauziovarella.com.br/wiki-saude/inteligencia-e-pobreza/
Gostei deste ponto de vista em relação a análise do QI. Parece fazer sentido.
Dissertem, ou não.
O poder é de vocês.
Abraços pro Root.
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brunohardrocker Veterano |
# mai/12
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Cavaleiro
Achei meio "distante" uma coisa da outra ou carente de mais informações estes trechos aqui:
1) O QI de uma população é menor nos países em que as temperaturas permanecem mais altas durante o inverno. Tem certa lógica: frio e neve exigem maior criatividade para sobreviver. 2) Como regra, quanto mais distante da Etiópia estiver o país, mais alto o QI de seus habitantes. Tem a mesma lógica: quanto mais se afastou da terra natal, mais desafios adaptativos o homem foi obrigado a vencer.
Ele afirma que o QI é maior com base nos desafios para sobrevivência? Pode ter uma relação sim, mas é seria só um dos motivos. A relação causa/efeito fica muito isolada ao meu ver.
Lendo o texto, eu lembrei da pirâmide de Maslow. Imagino que a explicação fica simples se levarmos em conta que onde se passa fome, primeiro se busca comida, item de primeira necessidade. A inteligência viria depois, nos territórios que oferecem melhores condições de vida.
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Die Kunst der Fuge Veterano |
# mai/12 · Editado por: Die Kunst der Fuge
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Cavaleiro
Achei o texto interessante, mas ao meu ver, este tipo de estudo envolvendo inteligência ainda é muito rudimentar. Vivemos numa época que ainda está engatinhando sobre o assunto, o fato de usar o QI pra medir alguma coisa já mostra isso. Sei que é necessário passar por momentos assim para que o conhecimento possa crescer, mas ainda não tem como levar muito à sério estes estudos. Todos se baseiam em quantificações de inteligência, o que ainda é feito de maneira muito subjetiva. Quando descobrirem um meio de medir a inteligência de maneira direta no cérebro da pessoa, preferencialmente de maneira molecular, aí sim que o negócio vai ficar maneiro.
Sobre dois pontos do texto:
1) O QI de uma população é menor nos países em que as temperaturas permanecem mais altas durante o inverno. Tem certa lógica: frio e neve exigem maior criatividade para sobreviver.
Achei péssima esta lógica. Se fosse assim, isso também se aplicaria a viver na pobreza, em regiões com falta d'água, escassez de alimentos, temperatura elevadíssimas e desérticas, etc...
2) Como regra, quanto mais distante da Etiópia estiver o país, mais alto o QI de seus habitantes. Tem a mesma lógica: quanto mais se afastou da terra natal, mais desafios adaptativos o homem foi obrigado a vencer.
Tendo em vista que o local de origem também se modifica com o tempo, permanecer na terra natal também tem muitos desafios adaptativos a serem enfrentados, especialmente quando este local acaba se esgotando em riquezas naturais. Fora isso, o fato do ser humano estar presente há muito mais tempo em um lugar, permite a maior diferenciação - e com maior especificidade e seleção - dos microrganismos patogênicos. Tem vários exemplos de doenças altamente virulentas que surgiram lá pela África justamente por conta disso, Ebola é um ótimo exemplo.
Não achei convincentes nenhum destes dois argumentos apresentados como justificativa par ao aumento da inteligência.
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Cavaleiro Veterano |
# mai/12
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brunohardrocker
Nem estou considerando esta questão no texto, mas sim o ponto de vista de energia disponível para atividade cerebral e a redução dela por efeitos externos.
Como é um material midiático, ele não coloca as fontes. Normalmente eu tenderia a discordar da simples relação hostilidade/QI. Na verdade este item 1) ficou até distoante da conclusão dele, que em um país frio o QI seria maior devido a menor quantidade de infecções parasitárias, acho que ele se perdeu um pouco ali.
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Cavaleiro Veterano |
# mai/12
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Die Kunst der Fuge
Como eu coloquei anteriormente no posto pro bruno, o que despertou minha curiosidade em relação ao texto foi a simples relação com as infecções parasitárias. Este início escrito pelo Drauzio também não achei nada convincente.
O texto deveria iniciar aqui:
Cristopher Eppig e colaboradores escreveram um artigo na prestigiosa Proceedings of The Royal Society, propondo uma explicação unificadora, daquelas que nos deixa a sensação do porquê não pensei nisso a
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Die Kunst der Fuge Veterano |
# mai/12 · Editado por: Die Kunst der Fuge
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Cavaleiro mas sim o ponto de vista de energia disponível para atividade cerebral e a redução dela por efeitos externos.
Isso é verdade, já é bem relatado e documentado que, por exemplo, desnutrição ou má nutrição na infância acarreta prejuízos - alguns irreversíveis - no desenvolvimento cerebral do indivíduo.
Ps: esta condição é medida e constatada anatomica e fisioloficamente.
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Cavaleiro Veterano |
# mai/12
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Die Kunst der Fuge o fato de usar o QI pra medir alguma coisa já mostra isso.
Lembrando que QI ainda é só uma delas. Um cara bacana que fala sobre o assunto e as múltiplas inteligências, como são auferidas algumas delas hoje em dia e qual a relação com outras variáveis como sucesso profissional é o Gardner.
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Kensei Veterano |
# mai/12
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Sem esgoto e muito provavelmente sem comida, que dirá acesso a alimentos de boa base nutritiva, certamente deve ocorrer um impacto no desenvolvimento do cérebro.
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François Quesnay Veterano |
# mai/12
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se tratam de barreiras manipuladas pela burguesia para adiar o inexorável avanço do proletariado.
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Black Fire Gato OT 2011 |
# nov/19
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Amanhã vou na palestra do Dráuzio Varella, morri em vintão por dois ingressos.
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Zebreiro Veterano |
# nov/19
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Pagando para ouvir o Mr Burns?
PQP
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entamoeba Membro Novato |
# nov/19
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Dráuzio Varella faz um trabalho importantíssimo em um país com um povo extremamente ignorante e supersticioso.
Zebreiro Mr Burns?
O véio da Havan?
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Zebreiro Veterano |
# nov/19
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Dráuzio Varella utilizou presos como cobaias para a indústria farmacêutica
Lacaio do capital
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makumbator Moderador
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# nov/19 · Editado por: makumbator
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Zebreiro Dráuzio Varella utilizou presos como cobaias para a indústria farmacêutica
Estilo Umbrella corporation (Residente Evil). Não duvido nada que o Dráuzio Varíola...quer dizer, Varela, esteja envolvido na criação do T vírus e do G vírus.
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Zebreiro Veterano |
# nov/19
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makumbator
O cara usa presidiário de cobaia e hoje fica lacrando nas internet com a agenda prog
piada
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PaulGomez Membro Novato |
# ago/21
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Em muitas coisas, seus pensamentos parecem interessantes e construtivos para mim.
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PaulGomez Membro Novato |
# ago/21
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Considerando os fatos que você citou, sim, inteligência e pobreza podem, em muitos casos, estar relacionadas. É uma pena que tantas crianças, devido à pobreza, possam não estar recebendo alimentos suficientes.
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Ken Himura Veterano |
# ago/21
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PaulGomez inteligência e pobreza podem, em muitos casos, estar relacionadas O grande problema - e muito comum - é esse: correlação não indica necessariamente efeito causal. Pior, em cenários complexos assim, com inúmeras variáveis atuando no sistema, é também muito comum confundir causas com consequências e vice-versa.
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