Ateísmo sociológico - A religião na teoria de Émile Durkhein

    Autor Mensagem
    Cavaleiro
    Veterano
    # abr/12


    "Em uma importante obra, publicada em 1912, As Formas Elementares da Vida Religiosa, E. Durkheim propõe a elaboração de uma teoria geral da religião fundamentada nas formas mais simples e primitivas das instituições religiosas. Durkheim acredita, assim, que se possa apreender a essência de um fenômeno social observando suas formas mais elementares. Por isso parte do estudo do totemismo nas tribos australianas, chegando à conclusão de que os homens adoram uma realidade que os ultrapassa, que sobrevive a eles, mas que esta realidade é a própria sociedade sacralizada como força superior. Nem as forças naturais, nem os espíritos, nem as almas são sagradas por si mesmas. Só a sociedade é uma realidade sagrada por si mesma. Pertence à ordem da natureza, mas a ultrapassa. É ao mesmo tempo causa do fenômeno religioso e justificativa da distinção entre sagrado e profano. Para Durkheim, qualquer crença ou prática religiosa é semelhante às práticas totêmicas.

    Mas por que a própria sociedade torna-se objeto de crença e culto? Durkheim explica: "De maneira geral, não há dúvida de que uma sociedade tem tudo o que é preciso para despertar nos espíritos, unicamente pela ação que ele exerce sobre eles, a sensação do divino; porque ela é para os seus membros o que um deus é para os seus fiéis. Um deus, com efeito, é antes de tudo um ser que o homem imagina, em determinados aspectos, como superior a si mesmo e de quem acredita depender. Quer se trate de personalidade consciente, como Zeus ou Javé, ou então de forças abstratas como as que estão presentes no totemismo, o fiel, tanto num caso como no outro, acredita-se obrigado a determinadas maneiras de agir que lhe são impostas pela natureza do princípio sagrado com o qual se sente em relação. Ora, a sociedade também alimenta em nós a sensação de contínua dependência. Como tem natureza que lhe é própria, diferente da nossa natureza de indivíduo, ela visa a fins que lhe são igualmente especiais: mas, como só pode atingi-los por nosso intermédio, reclama imperiosamente nosso concurso. Ela exige que, esquecidos de nossos interesses, nos tornemos seus servidores e nos impõe toda espécie de incômodos, de privações e de sacrifícios sem os quais a vida social seria impossível. É por isso que a cada instante somos obrigados a nos submeter a regras de comportamento e de pensamento que não fizemos nem quisemos, e que às vezes são até contrárias às nossas tendências e aos nossos instintos fundamentais.

    Todavia, se a sociedade só obtivesse de nós essas concessões e esses sacrifícios por imposição material, não poderia despertar em nós senão a idéia de força física à qual devemos ceder por necessidade, e não a idéia de força moral do gênero das que as religiões adoram. Mas na realidade, o domínio que ela exerce sobre as consciências vincula-se muito menos à supremacia física de que tem o privilégio do que à autoridade moral de que está investida. Se nos submetemos às suas ordens, não é simplesmente porque está armada de maneira a triunfar das nossas resistências, é, antes de tudo, porque constitui o objeto de autêntico respeito".

    Em As Regras do Método Sociológico, de 1895, Durkheim propõe, com sua sociologia formular uma teoria do fato social, demonstrando que pode haver uma ciência sociológica objetiva e científica, como nas ciências físico-matemáticas.

    Para que haja tal ciência são necessárias duas coisas: um objeto específico que se distinga dos objetos das outras ciências e um objeto que possa ser observado e explicado, como se faz nas ciências."

    Daí duas outras importantes afirmações de Durkheim:

    · os fatos sociais devem ser considerados como coisas

    · os fatos sociais exercem uma coerção sobre os indivíduos.

    E explica: "É um fato social toda a maneira de fazer, fixada ou não, suscetível de exercer sobre o indivíduo uma coação exterior; ou ainda, que é geral no conjunto de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existência própria, independente das suas manifestações individuais".

    Temer e/ou adorar o desconhecido é um tema interessante e com viés histórico.

    O que vocês acham da visão de Durkhein?

    Dissertem, ou não.

    O poder é de vocês e não do governo.

    François Quesnay
    Veterano
    # abr/12
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    nobre caminho óctuplo >

    Cavaleiro
    Veterano
    # abr/12
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    * Compreensão correta: Conhecer as Quatro Nobres Verdades de maneira a entender as coisas como elas realmente são, e com isso gerar uma motivação de querer se liberar de dukkha e ajudar os outros seres a fazerem o mesmo.
    * Pensamento correto: Desenvolver as nobres qualidades da bondade amorosa, não tendo má vontade em relação aos outros, não querendo causar o mal (nem em pensamento), não ser avarento, e em suma, não ser egoísta.
    * Fala correta: Abster-se de mentir, falar em vão, usar palavras ásperas ou caluniosas, e ao invés disso, falar a verdade, ter uma fala construtiva, harmoniosa, conciliadora.
    * Ação correta: Promover a vida, praticar a generosidade e não causar o sofrimento através de práticas moralistas.
    * Meio de vida correto: Compreender e respeitar o próprio corpo, olhar os outros com amor, compaixão, alegria e equanimidade, que são as quatro qualidades incomensuráveis, e na prática do dia-a-dia, praticar os seis paramitas da generosidade, ética, paz, esforço, concentração e sabedoria. Também inclui ter uma profissão que não esteja em desacordo com os princípios.
    * Esforço correto: Praticar autodisciplina para obter a quietude e atenção da mente, de maneira a evitar estados de mente maléficos e desenvolver estados de mente sãos.
    * Atenção correta: Desenvolver completa consciência de todas as ações do corpo, fala e mente para evitar atos insanos, através da contemplação da natureza verdadeira de todas as coisas.
    * Concentração correta: A partir da concentração, a mente entra em estado contemplativo e em seguida vem o nirvana.

    Tenso esses pontos em negrito, hahah

    Benva
    Veterano
    # abr/12
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    Cavaleiro

    Cara, esses teus tópicos grandes... bom, pelo menos esse não é em inglês. =P

    megazord
    Veterano
    # abr/12 · Editado por: megazord
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    Vou ler depois.

    Cavaleiro
    Veterano
    # abr/12
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    Benva

    Já melhorou um pouco, viu?

    hahah

    Ia fazer um pequeno sobre imparcialidade, mas já existia :(

    snowwhite
    Veterano
    # abr/12
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    Durkhein chapava todas pelo visto. Misturou religiosidade com relações interpessoais do coletivo social.

    François Quesnay
    Veterano
    # abr/12 · Editado por: François Quesnay
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    Cavaleiro

    PS: pótico interessante

    megazord
    Veterano
    # abr/12
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    Cabei de ler, e achei perfeita as colocações. Ótimo tópico.

    Vick Vaporub
    Veterano
    # abr/12
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    Peguei um ódio dessa cara por causa das aulas de Sociologia.

    Vick Vaporub
    Veterano
    # abr/12
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    desse*

    Atom Heart Mother
    Veterano
    # abr/12
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    Descobri esses dias que se lê "Dukaim" e não "Dukenrrain"

    Cavaleiro
    Veterano
    # abr/12
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    Atom Heart Mother

    Sempre achei que fosse "Durkaim"

    tambourine man
    Veterano
    # abr/12
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    Enquanto isso, nas terras da antropologia

    "Durkheim, pondo a origem da religião nos estados de efervescência coletiva, é em parte responsável pelo erro que se comete definindo os transes primitivos como pura efervescência. Mas basta reler "As formas elementares da vida religiosa" para perceber que os exemplos que ele dá em favor de sua tese se voltam contra ele, porque o transe só aparece em certos indivíduos, ele começa e termina em hora fixa, ele se desenrola segundo um cenário dado de antemão e que não muda de uma cerimônia para outra; ele só faz representar na terra o que se passou outrora no mundo do sonho; quando há orgia, o que é raro, a orgia, ela mesma, obedece a regras estritas.

    Porém, mais que Durkheim, certamente são os exploradores, os viajantes e os missionários os responsáveis por esta imagem de selvageria no encontro extático dos homens e dos deuses - sobretudo quando estes viajantes eram médicos ou ainda mais: psiquiatras, porque eles chegaram de um mundo "outro" com seus preconceitos de ocidentais, que desconfiam da linguagem do corpo - com seu cristianismo mais ou menos maniqueísta, que os impele a identificar os deuses e os demônios e a ver, consequentemente, nos cultos de possessão, um fenômeno análogo àquele dos possessos da Idade Média, pela legião de Satã - com uma educação médica que não lhes havia feito perceber senão crises de histeria e que, desse modo, não podiam pensar o transe senão através da única categoria que a clínica lhes havia revelado na Europa ou nos Estados Unidos."

    O Sagrado Selvagem
    (Le sacré sauvage)
    Roger Bastide
    Payot, Paris, 1975.


    Tradução de Rita Amaral

    One More Red Nightmare
    Veterano
    # abr/12
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    Tópico maneiro, mas to cansado pra caralho. Amanhã nois se tromba.

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