Hawklord Veterano |
# jan/12 · Editado por: Hawklord
...e depois reorganizei os paragrafos aleatoriamente,conferiram o resultado:
Ônibus lotado,frustração metropolitana pós-moderna. Um homem oferece seu lugar para um senhor,presencio a cena. O coletivo segue lotado,esvazia um pouco.Chego ao meu ponto,desço exausto,mal posso esperar para chegar em casa,mas preciso comprar pão.Vou até a padaria,longo caminho,minhas pernas doem.
Sigo o caminho do expresso,ora por ruas laterais,ora ao lado do caminho do ônibus.Lamento minha solidão...Penso em quem poderia encontrar,me distraio com algo.Penso em como seria ser atropelado na frente de uma funerária.Penso em quem iria me visitar no hospital se fosse atropelado,penso nas chances de sobrevivência.Paro para comprar um copo de chá gelado.Tomo enquanto caminho,o tempo passa,avanço sem notar,já estou no centro.Surpreendo-me com a tirania do cimento,dos prédios que se erguem diante de mim.
Joguei alguns livros,papel,lápis,dinheiro numa mochila.Sai de casa.Desci as escadas,deixei para trás o fétido e decadente conjunto residencial,num dia nublado,mas ainda sim quente.Passei perto de uma construção,vi uns pedreiros voltando da hora de almoço,passei pela ciclovia deprimente entre um rio fedorento e a construção. Resolvi andar até o parque,desviei de dois homens mal encarados chutando coisas,fui pelo caminho mais longo,passei em frente a um supermercado.
Acordei confuso,sem saber o que fazer. Passei a manhã como uma ameba,molenga,irracional,sem motivações,pensando demais no passado e em um futuro que nunca ira se realizar. Almocei em casa com minha mãe,arroz,feijão preto(adoro o gosto,odeio a aparência),frango e um copo de suco.Depois da digestão resolvi sair para caminhar sem rumo.
Distrações,vozes,um menino,seu pai.Uma bola.Insetos,distrações... Levanto-me,volto a caminhar sem rumo.Procuro um ponto na paisagem.Uma árvore,vou até lá,nem percebo que cheguei sigo adiante,escolhendo pontos aleatórios,vou indo de um a outro,sem me preocupar. Penso em lugares para ir,a velha casa de minha avó para escutar discos de jazz,visitar algum amigo de surpresa para usar o banheiro...Resolvo ir até o centro a pé.
Cheguei no parque,deitei na grama.Fechei os olhos...Escuridão...Vermelho,verde são cores que vejo de olhos cerrados.Pássaros cantando,bicicletas passando,vozes,sons que ecoam ao meu redor.Serenidade...Pensamentos,angústias,pensamentos angustiantes.Pequenos mantras que me devolvem a serenidade.Turbilhão de ideais e imagens desconexas.Abro os olhos.Sento,olho em volta,levanto e vou até minha árvore favorita. Sento e faço anotações.Guardo o lápis e o papel,fecho os olhos para meditar.Ponto Final...?
Quantas coisas interessantes,descubro um portão do Passeio Público que eu não conhecia antes,uma floricultura no meio do centro,uns três ou quatro açougues,Bazar do Pai João Artigos de Umbanda,tanta coisa,tanta gente,que agitação,me sinto um caipira no meio da cidade grande pela primeira vez. Resolvo voltar de ônibus.
Não sei aonde ir.Penso em destinos,utilidades para minha caminhada,descarto as utilidades.Começo a vagar.Procuro por uma loja de discos usados,perto de uma praça.Minha intuição me leva por uma ruazinha até uma outra,cheia de lojas de moveis usados,fico maravilhado com a variedade de mobílias.Acho lojas de roupas usadas,acho um aparelho de som(?) "estrambólico" e desconhecido.Contento-me em apreciar,com os olhos.
Sigo em frente.Olho fascinado para a profusão de lojas,prédios históricos,pessoas completamente diferentes umas das outras:mendigos,mulheres,homens mal encarados segurando rolos de arame,famílias,crianças,músicos de rua,pessoas dando folhetos.Deparo-me com um grupo de hare krishnas,um deles me entrega um livrinho e dou uma nota de 2 reais em troca.Sigo andando,quase em círculos.Me canso,tento encontrar o caminho de volta.Passo pelo mesmo lugar,encontro de novo os krishnas,outros livrinhos,mais duas notas de 10.Me sinto feliz,boas pessoas,iluminadas,sinto que como se meu dinheiro fosse capaz de sustentá-los por décadas e fico feliz.Sigo frente,buscando o caminho de volta.
Na padaria, o pão ainda não está pronto,pego uma garrafa de água,mato a sede,espero.Pego os pães.Duas garrafas de chá gelado.No caminho jogo água sobre mim mesmo,refrescante.Chego em casa.Fico nu,tomo meu chá.Leio um pouco no banheiro,ainda estou nu.Tomo banho.O telefone toca,o interfone toca.Atendo,um homem,pesquisador do IBGE,desço as escadas vestindo apenas um calção e chinelos,respondo as perguntas,não sei muita coisa.Ele agradece,me sinto bem,subo as escadas,fecho a porta.
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