Fatídico by Tom Luiz

    Autor Mensagem
    Deji
    Veterano
    # set/10


    O celular despertou: 04h45 marcava o display. Que porra! – pensou. Ficou fazendo cera na cama por mais cinco minutos. Ainda era quarta-feira e ela já estava acabada.

    Levantou-se, a mesma dor na perna. Acendeu a luninária da rack do computador, olhou-se no espelho, seus claros cabelos cacheados, nem curtos, nem cumpridos, armados, parecendo as jubas de Patty e Selma Bouvier, faziam contraste com seu rosto rosado e finos lábios escarlates. Esfregou as mãos no rosto, tirou a calcinha da bunda – pequenos gomos brancos e firmes, levemente arredondados – pegou seu remédio para o estômago e ingeriu com uma golada de água. Vinte e poucos anos e já sofria com gastrite nervosa. Qualquer dia desenvolvo um câncer dos "bravo" – pensava, todo dia ao levantar de madrugada e pegar aquela porra de trem lotado para ir ao trabalho.

    Mijava, enquanto lavava o cabelo no banho. A água nunca era suficientemente quente esse horário.

    Saiu do banheiro, colocou seu jeans surrado e apertado. Adorava essa calça, valorizava sua bela silhoueta e deixava a mostra suas duas pistolas cor-de-chumbo – tatuagem que fizera com um sujeito gordo e seboso na Galeria – vestiu seu moleton Back in Black do AC/DC por cima de uma camiseta branca, sem manga, que insistia em usar sem o sutiã, calçou seu All Star sujo, sem meias, olhou-se novamente no espelho, o cabelo tava com um aspecto bem melhor.

    Em cima da penteadeira, estava seu LAVITAN, suplemento vitamínico. "Um ao dia", dizia o envólucro. Ela tomou três.

    Pegou sua mochila, a que havia ganhado de um amigo – na verdade, quase fizera um boquete para ganhá-la. Colocou-a nas costas e saiu.

    Desceu a rua, em direção a estação de trem, colocou o fone do celular nos ouvidos e deu um play: "...I´m gonna highway to hell..." – cantarolava baixinho enquanto caminhava em direção ao seu "inferno" diário.

    Atrasada, não voltou para Guaianases como de costume, para poder ter um mínimo de dignidade, mas resolveu pegar o primeiro trem que passou com destino a estação Luz e, com um esforço sobre-humano, conseguiu entrar.

    Dentro do trem, teve a sensação de estar em Auschwitz – completamente ensardinhada – apesar de nunca ter estado lá. Tratou de agarrar uma barra de ferro, fosse qual fosse, e certificar-se que não a soltaria nem que houvesse um descarrilamento. Nesse momento lembrou-se de ter visto uma notícia na Web onde um Trem, na Índia, atropelara e matara sete elefantes. Será que o maquinista seria fuzilado? Os elefantes não eram considerados animais sagrados naquela região? – Pensou e riu consigo mesma por ver esse tipo de notícia, enquanto um sujeito pardo, com uma cara larga e amassada, um bruta-monte, desses que se vê em construção civil, lembrando um amazonense, passava o braço por cima de sua cabeça para segurar na barra superior, deixando seu sovaco – e ela esperava que uma barata saísse lá de dentro – a mostra. Em dias comuns, se sentiria coagida, mas este era atípico, estava no vermelho, de chico, com o sangue a flor da pele, literalmente, estava menstruada e deu um cutucão com o cotovelo no homem que parecia um paquiderme, lembrando-se dos pobres-diabos dos elefantes. Este não gostou e retribuiu com uma tentativa de encoxada o que a deixou ainda mais fudida.

    Como se não bastasse essa situação, a cada estação o vagão ficava mais cheio. Todo tipo de gente entra nessa porra – pensou. É fisicamente impossível, e se Newton estivesse aqui, nesse caralho – balbuciava para si mesma – teria que rever sua teoria de que "dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar ao mesmo tempo".

    Olhou para o lado e viu uma mulher, com uma barriga mole, vazando de sua calça Poison Girl – que porra de marca é essa? – pensou, enquanto tentava se esquivar do bafo de bueiro de uma outra mulher, sem o dente lateral, com a língua amarelada, provavelmente, de tanto levar esporrada e manter a porra na boca.

    Um pouco mais a frente, uma mulher, com seus trinta e seis anos de idade, com cabelo amarelo feito chapinha, coxas grossas sob uma mini-saia marrom, um par de peitos Aro 20, um salto maior que o ego do Liam Gallagher, parecendo aquela garota da Faculdade, aquela que ganhou fama por desfilar com vestido de criança, tentava se equilibrar em cima de seu próprio eixo, se bem que não cairia pra lado nenhum com tanta gente por metro quadrado.

    Quando ela achou que não pudesse ficar pior, entrou na estação "Curintia-Itaquera", um sujeito magro, com cara de ex-presidiário, cabelo enladado por um gel que mais parecia uma gordura vegetal, com um terno verde mamãe-acabei-de-cagar, com uma bíblia, que aparentemente, pesava mais que ele. Repentinamente o figura começou a cantar: "...entra na minha casa, entra na minha vida....blá, blá, blá e blá-blá-blica, sara a minha urtiga..." ou algo assim. Após seu momento "Train Idol", o pastor ambulante, começou seu sermão sobre um tal caminho apertado e estreito. Bom, não poderia haver lugar mais oportuno, como nesse vagão, para falar sobre aperto e estreitamento – refletiu, fazendo interjeição com a sobrancelha.

    Competindo com o pastor super-star, pelo espaço sonoro, havia uns três ou quatro emos – mas já não estavam instintos? – ouvindo "The Vuvuzelas", coisas coloridas, chatas e que fazem barulhos irritantes, nacionalmente conhecidos como Restart (tsc, tsc, tsc), havia também os funkeiros, com seus celulares ultra-puxas altissonantes, além de toda conversa vazia e estranha que iam de realities shows, roupas e tênis da moda, bíceps e tríceps de fulano de tal a acontecimentos bizarros no nordeste como o do sujeito que manteve um relacionamento amoroso com sua cabra por sete anos (OMFG!).

    Não tinha jeito, o negócio era aumentar o volume em seus ouvidos. E foi o que fez.

    Ao chegar na estação Tatuapé, desceu um punhado de pessoas, ou o que restavam delas. Pude respirar melhor, porém, o Sherek não se afastou. Filho de uma puta, tava querendo me bolinar de qualquer jeito, aquele cadelo.

    O trem saiu e na metade do caminho à estação Brás, deu um solavanco e parou. O minotauro se aproveitou da ocasião e se projetou em mim. CARALHO! Gritei dando um ponta-pé em seus bagos. O canalha quis revidar, mas percebeu que todos estavam olhando de um modo acusador. Ficou na sua, o seboso.

    Olhei para fora. Um tempo quente e abafado da porra. Voltei a aumentar o volume:

    "...cos I'm T.N.T., I'm dynamite, T.N.T. and I'll win the fight, T.N.T., I'm a power-load, T.N.T., watch me explode...", gritava a plenos pulmões Bon Scott. Encostei a cabeça no ferro, fechei os olhos, o sono, assim como o som, foi me dominando, me tomando aos poucos. Senti quando o antílope encostou sua língua em mim. Aqui vamos nós – pensei. Saquei de minha mochila meu spray de pimenta, onde se via uma caveira desenhada e borrifei nos olhos do otário. Enquanto ele esfregava os olhos, abri a parte externa da mochila e tirei minha faca de sobrevivência prata e imponente, daquelas que faz mais medo que uma arma de fogo comum – ganhara de um boliviano cabeludo, tocador de flauta, sujeito boa gente, que ajudei com a passagem de ônibus ao interior para ver a mulher e o filho recém-nascido. Não tinha dinheiro, o rapaz, e fez questão que eu ficasse com a faca – e mal o tarado havia limpado os olhos, enfiei-lhe a faca barriga à dentro. O homem envergou, passei-lhe a lambida no pescoço. Foi esguicho pra todo lado, digno de uma produção do Tarantino. Caiu ao chão, estrebuchando. A música nos ouvidos, na minha mente "...I´m dynamite..." olhei para a mulher desdentada, aquela com a língua amarelada, desci-lhe a faca goela abaixo. Os funkeiros – não eram os fodões? – foi facada nas costas, barriga, pescoço. A mulher de mini-saia, a loira de chapinha, dei uma só, na têmpora esquerda, caiu com facilidade, pois a essas alturas, todo mundo tentava escapar a sua maneira, abrindo uma clareira no meio do vagão. Caiu morta, de quatro, como uma autêntica puta suburbana. Olhei para os emos, um batendo no outro, disputando a distância de mim, cortei-lhes seus pescoços feito galinha d´angola. O pastor me olhava ao longe, com a bíblia em punho, chacoalhando-a e balbuciando alguma coisa, por certo algum tipo de exorcismo acreditava eu. Meneei a cabeça, fui ao seu encontro, vi bem quando o irmão se ajoelhou, pedindo clemência. Cala essa boca! gritei esbaforida.

    "...watch me explooooode...". Cravei a faca naquela cabeça achatada. O pobre-diabo caiu com os olhos abertos como se estivesse vendo o Paraíso, com um sorriso patético no rosto. Não queria ver Deus, então, foi pro céu! Sorri cerrando os dentes.

    Olhei por cima dos meus ombros e vi o assombro nos olhos de todos. Virei. Um banho de sangue. Meus olhos vidrados em lugar nenhum. De repente, uma voz ao fundo: "Próxima estação, Brás. Desembarquem pelo lado esquerdo do trem." Despertei com um susto. Minha testa estava marcada por ter cochilado na barra de ferro. O amazonense me olhava com uma cara gozada enquanto desembarcava. Olhei para o relógio, 06h43. A próxima estação era a minha. Diminui o volume. Era só mais um dia.


    Tom Luiz

    EternoRocker
    Veterano
    # set/10 · Editado por: EternoRocker
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    Ahhhhh.... ela acordou.

    O pastor indo pro Brás deveria ser da Universal que tem por ali.

    :0)

    EternoRocker
    Veterano
    # set/10
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    Deji

    Detalhe... vc tem 666 tópicos. To com medo de vc.

    Deji
    Veterano
    # set/10 · Editado por: Deji
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    Bem observado! lol
    esse é o tópico do cão!


    --------

    sou apenas o 17º mais nerd

    http://forum.cifraclub.com.br/index.php?action=stats&top=3&days=60&lst =2

    7-1=6
    :o

    Deji
    Veterano
    # set/10
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    Cadastrado em 30/09/2004

    6 anos hoje, quanta coincidência O.O

    Joe Road
    Veterano
    # set/10
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    quem seria Tom Luiz? oO

    Deji
    Veterano
    # set/10
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    Joe Road
    um escritor

    faith_girl
    Veterano
    # set/10
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    mina do capeta essa

    Joe Road
    Veterano
    # set/10
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    Achei interessante o texto.

    Ele utiliza locais e fatos reais para montar a história. =]

    A mina é du mal. o.O

    Joe Road
    Veterano
    # set/10
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    Deji

    Não acho nada referente a ele no google.
    Aliás... Aparece este tópico no primeiro resultado. oO

    Deji
    Veterano
    # set/10
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    Joe Road
    ele ta começando agora, escreve bem, nao acha?

    Deji
    Veterano
    # jan/11
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    Mais do mesmo

    ---


    As Crônicas de Márcia: O Ganha Pão, o Boteco e o Bugio



    TIVERA UMA SEMANA extremamente pesada. Era sexta-feira; o relógio marcava dezoito e dez: havia passado de seu horário em cinquenta minutos. Todos já haviam saído. Não via a hora de descer ao vestiário, se trocar e sair daquele hotel; porém, achou de melhor alvitre, aguardar mais alguns minutos, pois decidira, naquele momento, que não iria à aula. Enquanto isso terminava de ajeitar a bagunça que sobrara do último evento da semana.

    Olhou para o relógio do monitor: dezoito e quarenta e três. "Hora de descer" – falou consigo mesma. Pegou o telefone celular, alguns papéis, fechou a porta e, antes de descer para deixar a chave de sua sala na recepção, deu uma breve passada no banheiro; consultou o espelho e pensou: "preciso mesmo de uma cerveja bem gelada".

    Desceu à recepção, deixou à chave, aguentou mais umas piadinhas de um hóspede manco e cego de um olho que a sufocara a semana inteira e, antes de entrar no corredor que levava até o vestiário, deu-lhe o dedo do meio com imprecações e tudo. "Manco filho da puta" – trovejou batendo a porta atrás de si.

    Entrou no vestiário; a última camareira terminava de se aprontar para ir embora.

    Olhou-se no espelho, chegou bem perto, arqueando a sobrancelha. Tomou fôlego e o soltou pesadamente. Soltou também os cabelos, claros e cacheados; tirou a calça de um preto fosco e a camisa branca encardida – odiava aquele uniforme – e, antes de tirar sua calcinha e sutiã, viu, através do espelho, que a camareira observava de soslaio a poupa de sua pequena e redonda bunda branca, bem branca; o corpo inteiro branco. Notara que a camareira lançava um olhar de excitação enquanto tirava sua calcinha. Não pensou duas vezes: "O que foi sua rolha?! Nunca viu uma buceta na vida?" – falou deixando a mulher com cara de cu em total constrangimento. "Se quiser, arrumo uma de plástico pra você chupar" – disse num tom de extrema hostilidade enquanto tirava o sutiã. Dito isso, a camareira saiu entrementes deixando para trás o gel e a bíblia. A pequena garota entrou no chuveiro e só para se certificar que estava só, botou a cabeça pra fora do Box e viu os objetos esquecidos pela mulher. "Crente sapata!" – gritou do chuveiro. Em dez minutos, terminara seu banho.

    Abriu seu armário, pegou a toalha, enxugou-se. Pegou suas roupas: uma calcinha preta, bem ao estilo cueca, onde se lia na parte de trás: "entra aqui só se for macho", uma calça jeans surrada de um azul bem escuro e sem bolso, que valorizava sua bela cintura de pilão e por último vestiu uma camiseta preta do AC/DC, com mangas curtas, sem sutiã, deixando seus seios médios e rosados, livres do incômodo da meia-taça.

    Olhou-se uma vez mais no espelho vendo se estava tudo no lugar, deixou o uniforme num canto para ser recolhido e lavado, pegou sua mochila, chacoalhou os cabelos úmidos e saiu. Sentia-se melhor. O banho quente aliviara um pouco a tensão da semana. O tempo estava agradável. O termômetro da Borges Lagoa marcava vinte graus. Tirou seu celular da mochila: dezenove e cinco. Resolveu ligar para um amigo.

    "Zacarias! Seu filho da puta! Tranquilão? Já saiu da Agência?" – Zacarias era do tipo que estava sempre tranquilo e nunca levava consigo animosidade alguma. Um tipo boêmio, porém, com sua devida ocupação profissional.

    – E aí garota! Tá indo pra aula?

    – Nada! Acabei de sair do hotel. Tô a fim de tomar uma gelada.

    – Porra! Também não vou. Tô aqui naquele boteco da Augusssta, o Peixe Frito – Zacarias gostava de imitar um sotaque carioca; ora carioca, ora capixaba; vai entender o porquê – o da semana passada lembra-se? Vem pra cá! Tô sozinho. Tomei um cano daquela minazinha da facul que te falei. Vai vendo...

    – Fechou! – Interrompeu-o abruptamente – Tô indo agora. Aguenta aí trinta minutos. Você conta melhor essa história quando eu chegar. Um beijo.

    – Tá! Beijo. – Ela já havia desligado quando Zacarias respondeu.

    A pequena colocou seu fone nos ouvidos, ligou o celular na única rádio de rock, que ainda tocava rock de verdade em Sampa – sim, aquela, a Rádio Rock! – e pegou o ônibus. Tocava The Police. O ônibus não estava cheio. Mas era sexta e ainda era horário de pico. Sentou, encostou a cabeça na janela, cantarolou baixinho: "What can I do all I want is to be next to you" e imediatamente, vencida pelo cansaço, adormeceu.

    Despertou com o celular vibrando. Era Zacarias querendo saber se ainda demoraria muito, pois a aguardava havia quase uma hora. "Já tô chegando. Tô perto do Center Três" – disse bocejando. Dez minutos depois já estava descendo a Augusta até chegar ao boteco. A rua estava cheia de transeuntes e alguns já ensaiavam para ficar bêbados.

    – Olha você, garota! – disse, dando um beijo caprichado em sua bochecha rosada o pseudo-carioca.

    – O que conta de novo, guri? – perguntou troçando de sua outra faceta, aquela de capixaba e fazendo sinal para o garçom levar uma cerveja bem gelada.

    – Tudo tranquilo. – respondeu Zacarias sorvendo um gole bem servido de sua Original.

    – O que anda pegando? – perguntou olhando o movimento na rua.

    – O que NÃO! anda pegando, você quer dizer, minha jovem! – respondeu num tom "meu caro Watson".

    – A menina da praça de alimentação te deu o cano?

    – Ela não atende minhas ligações, não responde minhas mensagens. Acho que tá querendo pular fora. – disse num tom casual.

    – Sabe de uma coisa... – sugeriu a pequena – ...acho que você tem mais a aproveitar essa noite do que imagina. Além do mais, uma garota que não desgruda das amigas nem para ir ao banheiro – e que se fosse um homem, levaria as estrovengas dos amigos pra mijar – deve ser uma toupeira. Esquece essa porra e vamos pedir mais uma gelada.

    – Garçom? – fez um gesto com o dedo. E assim seguiram numa conversa que variava entre músicas, filmes e afins. E, justamente nesses "afins", acabaram entrando na conversa dos atentados de 11 de Setembro, mais especificamente sobre o atentado ao Pentágono, quando de supetão, um sujeito baixo, beiçola, uma cabeça tamanha que lembrava uma cabeça de hipopótamo, puxou uma cadeira e pontuou:

    – Foi um míssil!

    – O quê? – disse Zacarias, com um susto e a garrafa de cerveja em riste.

    – De onde é que surgiu esse cara? – indagou a pequena.

    – Sim, foi um míssil e não um avião, como foi apresentado pela mídia de massa. – continuou o panda cabeção.

    Ao fundo, Zéu Brito e sua "Soraya Queimada", ganhava volume no boteco.

    – Tá sugerindo que o Pentágono foi atingido por um míssil? – disse Zacarias, desdenhando.

    – Como um Boeing daquele tamanho fez somente um buraco oval nas paredes do Pentágono. É claro que foi um míssil. E não sou um fanático por teorias conspiratórias nenhuma. Só não vê quem não quer. O Wikipedia tá aí pra isso.

    – Wikipedia?! Vai se foder seu gorila! Chega dessa conversa de lunático. Daqui a pouco vai começar falar sobre dominação do mundo, governo mundial, a besta e que a Dilma Roussef é um E.T.! Se bem que isto não é totalmente impossível. – disse a garota, arqueando a sobrancelha esquerda, sorvendo um bom gole de sua cerveja e apontando bem para a cara barbuda do sujeito.

    – De onde saiu essa putinha?

    – Do seu cu, filho da puta! – respondeu a pequena dando um pontapé em seus colhões.

    O gorducho dobrou o corpo até onde pôde, com a feição já alterada pela dor.

    – Vou botar no seu rabo, sua *****! Vem aqui pro papai. Olha o que eu tenho pra você. – tirando seu cinto e puxando a garota pelos cabelos, fazendo-a gritar.

    Zacarias, que por um instante ficou sem ação nenhuma, retomou seus sentidos, pegou uma cadeira e a utilizou da segunda forma como se deve usar uma: quebrou-a na cabeça do chupeta.

    O sujeito foi ao chão, porém, sem abrir mão dos cabelos da pequena, levando-a consigo. Somente com um segundo chute no meio das pernas, ele a soltou.

    – Caralho! Gordo filho da puta! – gritou a pequena, cuspindo na cara do sujeito que agora jazia esparramado ao chão – metade fora do bar, metade dentro.

    Num instante o boteco chamava mais atenção do que as garotas com jebas do outro lado da rua.

    Alguns curiosos entraram: putas, bêbados, cachorros e um pastor que ia passando por ali, fazendo proselitismo e ao mesmo tempo se rendendo aos encantos das proselitistas do sexo, mais especificamente aos travecos.

    – Pastor viado! Tomara que sua mulher esteja dando o rabo pra um homem de verdade, seu bastardo. – falou de forma que todos pudessem ouvir em alto e bom som, a pequena.

    O religioso saiu tropeçando entre as mesas, em total constrangimento, escondendo a bíblia sob o paletó, tirando a aliança da mão esquerda e colocando-a em seu bolso.

    – Vamos sair daqui. – disse resignada. – Passo a semana inteira pegando aquela porra de trem lotado, com um bando de macaco tentando me bolinar; a semana inteira fazendo cara de bunda pra um bando de almofadinhas com cara de não-me-toque; tô com uma gastrite evoluindo pra um H.Pilori; dou duro a semana toda e quando resolvo sair pra arborizar a mente com uma gelada, um filho da puta de um sujeito com cara de cu e tarado, tenta estragar a minha noite! Tá brincando! – desabafou, e quando percebeu que o gorducho começara abrir os olhos, pegou outra cadeira e a quebrou em sua cara.

    – Ok. Vamos sair daqui. – respondeu Zacarias, levando a garrafa do boteco na mão.

    – Sabe minha jovem, acho que aquele sujeito só queria um pouco de atenção.

    – É, ele teve bastante. – e continuaram descendo a Augusta até o próximo bar.

    A noite parecia mais quente...

    Filhada
    Veterano
    # jan/11
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