Diino Veterano |
# jul/09
Juventude:
Nikola Tesla nasceu em 9 de julho de 1856, na vila de Smiljan, na Croácia, exatamente à meia noite. Desde o início de sua infância, ficou claro que Tesla era uma mente extraordinária. Seu pai, Milutin Tesla, o ajudou a fortalecer sua memória e raciocínio através de uma grande variedade de constantes exercícios mentais. Sua mãe, Djouka Tesla, vinha de uma longa linhagem de inventores, e ela própria criava várias ferramentas para costura e outras tarefas que desempenhava em casa.
Tesla possuía um irmão mais velho, Dane, quem ele considerava seu superior em todas as coisas. Quanto Nikola tinha cinco anos, sentia inveja do cavalo branco de seu irmão, sendo proibido por seu pai de montar, devido à sua idade. Certo dia, Nikola usou uma zarabatana para atirar uma semente no cavalo enquanto seu irmão montava. Dane foi atirado para trás e morreu logo após. O sentimento de culpa que ele sentiu por esta tragédia perseguiu Tesla por toda a sua vida, e não importa o quão grandes fossem suas descobertas, ele sempre acreditou que Dane poderia ter feito melhor.
Durante sua infância, Tesla adoeceu repetidamente. Ele sofria particularmente de um mal no qual flashes cegantes de luz apareciam diante de seus olhos, frequentemente acompanhados de alucinações. Na maioria dos casos, as visões eram ligadas a uma palavra ou item que ele poderia vir a encontrar no futuro, simplesmente ao ouvir o nome do item, ele involuntariamente o visualisava em perfeitos detalhes. Os flashes e imagens causavam grande desconforto a Tesla, e quando ele atingiu sua adolescência, aprendeu a reprimi-los exceto em certos casos de stress. Quando eles ocorriam, tinham uma natureza que poderia ser descrita como psicótica.
Em certo caso, Tesla tentou nadar por debaixo de uma estrutura que se estendia além do que ele havia imaginado. Encontrando-se aprisionado debaixo d'água, sem sinal da superfície, uma flash apareceu e com ele Tesla viu uma pequena abertura levando a um bolsão de ar. Sua visão estava correta, e sua estranha doença o salvou de um afogamento certo. Na ocasião da morte de seus pais, Tesla afirmou ter tido uma permonição detalhada de ambos os acontecimentos. Mais tarde, ele se vangloriava ao poder transmitir mentalmente uma imagem a uma pessoa em outra sala.
Logo após sua formatura do colegial, Tesla sofreu um devastador ataque de cólera e esteve perto da morte. Ele ficou de cama por nove meses, e os médicos anunciaram que ele não viveria por muito mais tempo. Tesla ocupava sua mente ainda ativa lendo tudo o que era capaz, quando ele encontrou um novo tipo de literatura: "Innocents Abroad", de Mark Twain. Tesla foi tão cativado pelo humor e humanidade contidos no livro deste autor americano que teve uma súbita e miraculosa recuperação logo após. Anos mais tarde, nos Estados Unidos, Tesla encontrou Samuel Clemens e pôde agradecê-lo por salvar sua vida. Clemens acabou se tornando um dos poucos amigos pessoais de Tesla.
Tesla passou por outro trauma debilitante poucos anos depois de sua recuperação da cólera. Desta vez, a natureza da doença e suas causas eram um completo mistério. Os sentidos físicos de Tesla, que sempre haviam sido excepcionalmente aguçados, inexplicavelmente tornaram-se hipersensíveis, paralizando-o com uma superabundância de sensações. O tic-tac de um relógio de pulso era-lhe ensurdecedor, mesmo a vários quartos de distância. Ele teve de ter almofadas de borracha inseridas nos pés de sua cama para aliviar as vibrações de quem passava por fora, que lhe pareciam como um terremoto. A exposição à luz era-lhe excruciante, não somente a seus olhos, mas também a sua pele. Após um tempo, a condição hipersensível retornou ao seu normal conferindo-lhe um insight que lhe permitiu inventar o motor de corrente alternada.
As dificuldades fisiológicas e emocionais de Tesla sem dúvida contribuíram para que ele se tornasse a pessoa singular que ele era: um homem de mente brilhante, e um igual nível de excentricidade. Tesla abominava o contato físico com outras pessoas, com uma aversão especial a tocar o cabelo. Para evitar um aperto de mãos, ele mentia dizendo que havia acidentado suas mãos em um laboratório. Ele aparentemente nunca teve um par romântico ou uma relação amorosa de qualquer tipo. Uma mulher que passou a cortejá-lo certa vez tentou beijá-lo, fazendo com que ele saísse correndo em agonia. Ainda assim, Tesla exibia uma clara apreciação pela beleza feminina, ao exigir que suas secretárias se conformassem com um padrão pessoal de vestimentas e corpo. Suas empregadas mulheres eram proibidas de usarem pérolas, que ele, por alguma razão, considerava horrívelmente repugnantes.
Outros comportamentos de Tesla pareciam enquadrar-se em casos de uma disordem obcessiva-compulsiva. Ele fazia com que qualquer atitude repetitiva que ele fizesse em seu dia a dia (como os seus passos, por exemplo), fosse divisível por três, e continuaria repetindo-as até que chegasse em um total aceitável. Quantidades de vinte e sete eram as suas prediletas, uma vez que este é três ao cubo. Tesla também era compelido a calcular exatamente o peso de sua comida antes de ingerí-la, o que envolvia medir suas porções de comida com uma régua e mergulhar pedaços na água para determinar quantos centímetros cúbicos eles possuíam. Ele gostava especialmente de bolachas de sal por causa da uniformidade de volume que elas apresentam. Muitas vezes, no calor de um grande projeto, Tesla esquecia-se de comer completamente, e trabalhava por dias sem dormir. A certa altura, sua devoção ao laboratório lhe causou tal stress que ele se esqueceu de quem era por vários dias.
Tesla assumia que só tornara-se um inventor ao atingir a maturidade. Ele descontava seus anos de infância e adolescência como uma época de impulsos indisciplinados, completamente fora de foco. Porém, ele chegou a inventar uma série de mecanismos quando criança. O primeiro foi um simples mecanismo com uma linha e gancho para pegar sapos. Todos os seus amigos o imitaram e, de fato, a invenção funcionava tão bem que a população local de sapos foi quase totalmente erradicada. Ele também construiu um moinho a água em miniatura aonde a roda era impulsionada sem pás.
Em sua juventude, Tesla criou uma máquina movida a insetos voadores. Ele os grudava às pás de um mecanismo e estes, ao tentarem sair, moviam o mecanismo. Esta invenção foi especialmente bem sucedida porque os insetos escolhidos não paravam de tentar escapar até que tivessem morrido todos, assim movendo o mecanismo por horas a fio. Tudo correu bem até que uma outra criança, filho de um soldado Austríaco aposentado, veio e comeu a maioria dos insetos vivos. Após presenciar este espetáculo, Tesla adicionou à sua lista de idiossincrasias o fato que ele nunca mais tocou em qualquer inseto.
A Corrente Alternada:
Tesla iniciou sua educação superior no instituto politécnico de Graz, perseguindo o estudo no tópico que mais o fascinava: eletricidade. Ele havia se formado com boas notas no colegial, mas sua dificuldade ao desenhar o impediu de se exaltar nos cursos técnicos. Na faculdade, porém, ele pôde focalizar seus esforços naquilo que ele era melhor.
Ele estudava febrilmente, quase durante todo o dia, em uma rotina que ia das 3:00 da manhã às 11:00 da noite todos os dias. Ele pretendia impressionar seus pais, com suas conquistas na faculdade, em parte porque seu pai estava relutante em deixá-lo ir à faculdade, desejando que ele o seguisse no serviço clerical. Tesla, porém, sonhava em ir para a américa e conhecer Thomas Edison, de modo que eles pudessem unir forças e revolucionar o mundo.
Tesla era um aluno extraordinário que, por vezes, irritava seus professores, questionando o status quo tecnológico com um insight que por muito superava o de seus instrutores. Ele se rebelava especialmente contra a idéia que a corrente contínua era o único meio de distribuir energia elétrica. Era claro para ele que a corrente contínua era ineficiente e incapaz de transmitir energia a longas distâncias, e certamente deveria haver um outro método. A idéia da corrente alternada era tida pela comunidade científica com desdén, em muitos aspectos como a fusão a frio é hoje. Simplesmente ao mencionar a AC Tesla trazia um sorrizo sarcástico ao seus ouvintes em suas palestras. Isso, porém, nunca o desencorajou a ponto de fazê-lo abandonar este enigma tão envolvente.
Durante seu curso superior, seu pai teve um ataque cardíaco e Nikola voltou para casa. Seu pai morreu logo após. Tesla nunca retornou à escola politécnica. Sem dinheiro para financiar sua instrução, Tesla tornou-se um operador de telégrafo. Tesla desesperou-se por sua educação interrompida, mas continuou com seu sonho em ir à américa e tornar-se um pioneiro na energia elétrica.
Foi nesta ocasião que Tesla passou por seu período de hipersensibilidade, que o reduziu a um inválido. Considerando a depressão pela qual ele estava passando, é quase certo que este mal teve uma origem psicossomática. Qualquer que seja sua causa, porém, ele recuperou-se armado com uma poderosa nova visão, de como a corrente alternada finalmente poderia ser atingida.
Seu grande salto mental foi este: Duas bobinas, posicionadas em ângulo reto e alimentadas com uma corrente alternada com noventa graus de fase entre sí poderiam fazer um campo magnético girar, sem a necessidade do comutador utilizado em motores de corrente contínua. Tesla sabia que isto iria funcionar. Construir o aparato em sua mente e fazê-lo funcionar já lhe dava prova suficiente.
Este era o método de Tesla para desenvolver invenções através de toda a sua carreira: sem cadernos, diários ou protótipos. Sua propensão em transformar idéias em visualizações concretas que o havia transtornado durante sua juventude havia finalmente se voltado a seu favor. Ele acreditava que sua técnica era não somente válida, mas de fato superior à prática comum de escrever tudo no papel e realizar tentativas repetidas. "No momento em que uma pessoa constrói um aparelho para levar a cabo uma idéia crua, ela se encontra inevitavelmente envolvida com os detalhes deste aparelho", Tesla escreveu em sua autobiografia. "Conforme ele procede em tentar melhorar e reconstruir o aparelho, sua força de concentração diminui e ele perde de vista o Grande Propósito"
Tesla, agora, possuía a resposta, mas o problema em colocá-la em prática permanecia. Em 1882, ele arrumou um emprego na Companhia Continental Edison em Paris, distinguindo-se como um bom engenheiro. Dois anos mais tarde, viajou à Nova York para conhecer o presidente da companhia: o próprio Thomas Edison.
Este encontro não foi harmônico e mental como Tesla havia sonhado. Edison o observou com desdén, e certamente não tinha a menos intenção em colaborar com qualquer esquema AC. Edison via AC como um sonho impossível na melhor das hipóteses, ou, na pior, uma ameaça a seu império DC.
Tesla tentou tirar o melhor proveito possível da situação ao prometer para Edison que ele poderia levar a tecnologia DC existente até seu mais alto nível possível. Ele prometeu aumentar a eficiência de dínamos em 25% em dois meses. Céptico, Edison disse a Tesla que se ele assim conseguisse, ele lhe pagaria cinquenta mil dólares.
Exercendo um esforço massivo, virtualmente sem paradas, Tesla conseguiu cumprir com a promessa, melhorando os dínamos por uma margem até mesmo maior do que a prometida a Edison. Mas, quando pediu por seus cinquenta mil dólares, Edison recusou-se a honrar o acordo, dizendo que estava apenas brincando. Irado, Tesla demitiu-se e nunca mais trabalhou com Edison.
Tesla foi logo abordado por um grupo de investidores que desejavam vender a lâmpada de arco que ele havia inventado. Assim, nasceu a Companhia Elétrica Tesla. Tesla estava ansioso por esta oportunidade de trazer a corrente alternada ao mundo, mas seus investidores nada queriam com ela. Assim, Tesla foi rejeitado pela companhia que tinha seu próprio nome.
Esta empresa logo entrou em dificuldades e suas ações rapidamente perderam o valor, deixando Tesla falido, e sem seus direitos sobre a lâmpada de arco. Quebrado, uma das mentes mais brilhantes do mundo foi reduzido a trabalhos braçais ganhando um dólar por dia. Ele planejou cometer suicídio no seu trigésimo aniversário, à meia noite em ponto.
Antes que isso ocorresse, porém, A. K. Brown da Western Union soube da situação de Tesla. Brown, determinado a devolver o gênio a seu lugar no mundo, ofereceu-lhe um laboratório próprio, e a chance de pesquisar a corrente alternada.
Salvo, Tesla imediatamente começou a trabalhar em seu dínamo AC. Finalmente, ele funcionou exatamente como tinha funcionado todos estes anos dentro de sua mente. Tesla demonstrou sua invenção ao público, e logo tornou-se a sensação da comunidade engenheira.
Dentre os convertidos por suas palestras à corrente alternada, estava George Westinghouse, quem negociou com Tesla a fabricação dos dínamos. A primeira aplicação desta tecnologia: As cataratas do Niagara. Westinghouse venceu a concorrência para a utilização do Niagara, oferecendo metade do que Edison ofereceu para a instalação de um sistema DC. Em 1895, O sistema de energia Ac de Niagara foi inaugurado sem uma única falha, transmitindo energia até búffalo, a aproximadamente trinta e três quilômetros de distância, uma total impossibilidade com corrente contínua. Não mais uma comodidade luxuosa reservada aos ricos, a energia elétrica agora poderia ser usada por todos.
Pela primeira vez em sua vida, Nikola Tesla era um sucesso imbatível.
Energia para Todos:
Desde o início da afortunada parceria entre A. K. Brown e George Westinghouse com Tesla, o inventor esteve empenhado em outros projetos além do dínamo AC. Capaz de se devotar à desimpedida realização de seus incontáveis ideais, ele mais tarde lembraria-se destes anos como "um pouco fracos em continuidade".
O novo laboratório de Tesla tinha atividade constante, com um pequeno grupo de assistentes trabalhando puramente através dos comandos verbais de seu empregador. Seu desgosto em pôr idéias no papel, adicionado à sua tendência em ficar desinteressado com uma invenção completa, impelido à se mover ao novo desafio, fez com que Tesla deixasse de lado um grande número de criações que ele nem mesmo se importou em patentear. Certa vez, quando a exaustão deixou Tesla em um estado de amnésia temporaria, seus assistentes patentearam muitas de suas invenções por ele fazendo com que seu chefe inválido assinasse os papéis. A aversão de Tesla à documentação escrita foi-lhe de grande valia quando seu laboratório foi destruído por um incêncio em 1895, logo após o sucesso de Niagara. A perda ofereceu dificuldades, mas poucas, uma vez que arquivo mais valioso continuava intacto na mente de Tesla.
Em 1891, Tesla desenvolveu a invenção pela qual seu nome é mais conhecido hoje: A bobina Tesla. Simples o bastante para qualquer interessado construir, e totalmente funcional em modelos caseiros, ela era uma inovação impressionante, que foi a base para o rádio, televisão, e meios modernos de comunicação sem fio.
Tesla tornou-se famoso por suas palestras nas quais ele demonstrava suas invenções e conceitos com um toque teatral. Muitos espectadores eram leigos que não entendiam nada do que ele estava falando, mas eram encantados pelos raios elétricos que saíam de suas bobinas brilhantes, e lâmpadas sem fio que se acendiam ao entrarem em contato com sua mão. Estas demonstrações espetaculares levaram Tesla a ser conhecido popularmente como uma espécie de mágico, um título não concedido por ridículo, mas por assombro.
A transmissão sem fio de energia elétrica tornaria-se a maior pesquisa de sua carreira. Ele descobriu que um tubo de vácuo colocado em proximidade com uma bobina Tesla imadiatamente começaria a brilhar, sem fios, ou sem sequer um filamento dentro do tubo brilhante. Ressonância elétrica era a chave desta descoberta. Ao determinar a frequência da corrente elétrica necessária, Tesla era capaz de ligar e desligar séries de lâmpadas diferentes de metros de distância. Ele tornou-se um cidadão americano em 1891, e sua nova tecnologia seria seu presente de agradecimento para seu país adotivo: Um meio de transmitir energia instantâneamente, através de qualquer distância, pelo ar. Energia grátis para todos.
Um dos assistentes de Tesla repetidamente o questionava quanto às implicações em se colocar tal energia à disposição. Ele perguntava qual seria o incentivo que as empresas de energia elétrica teriam em dar seus produtos assim de graça, e perguntava de Tesla seria "permitido" a fazer tal coisa. Tais dúvidas enfureciam Tesla, que acreditava, um tanto inocentemente, que isso seria permitido simplesmente porque era a coisa mais certa a se fazer.
Conforme os anos passaram, a visão de Tesla de energia sem fio tornou-se cada vez maior em escopo. Ele resolveu um dos maiores problemas implícitos em sua primeira teoria, que era a transmissão de energia através de longas distâncias sem a perda significativa de força. Ao invés disso, ele decidiu transmitir a energia através do solo. Isso faz pouco sentido em termos elétricos convencionais, uma vez que a superfície da Terra é literalmente tida como "a terra" - um receptáculo usado para descarregar energia em excesso de um condutor. Mas Tesla descobriu que se ela fosse carregada o bastante, a Terra tornaria-se o condutor, e não o inverso. Neste sentido, todo o planeta poderia ser transmitido em um colossal transmissor elétrico.
Em 1899, a logística impediu Tesla de conduzir os experimentos necessários dentro dos arredores da cidade de Nova York. Um advogado do Colorado, chamado Curtis, quem havia defendido Tesla na corte em certa ocasião, ofereceu ajuda a Tesla em montar um campo de testes em Colorado Springs. Curtis também era empregado da companhia de força local, e fornecia energia a Tesla sem custo.
Tesla e seus assistentes montaram um laboratório único nos arredores da cidade, que parecia mais com um grande celeiro abaixo de uma torre de aproximadamente 27 metros. Este era o "Transformador Amplificador" de Tesla, que ele dizia ser a maior de suas invenções.
A população de Colorado era naturalmente curiosa sobre o que este grande inventor estava tramando, e respeitava os sinais ao redor do perímetro dizendo: "MANTENHA A DISTÂNCIA - GRANDE PERIGO". Ainda assim, eles logo sentiram os efeitos do aparato de Tesla. Faíscas saíam do chão conforme eles andavam pelas ruas, penetrando em seus pés pelos sapatos. A grama ao redor do prédio de Tesla brilhava com uma pálida luz azul. Objetos de metal segurados próximos a hidrantes descarregavam raios elétricos em miniatura de vários centímetros de distância. Lâmpadas acentiam expontâneamente a quinze metros de sua torre.
E Tesla estava apenas sintonizando seu equipamento. Estes eram os efeito colaterais ao ajustar o transformador amplificador à Terra. Uma vez que ele estava adequadamente calibrado, Tesla estava pronto para conduzir a maior sinfonia de sua carreira, usando todo o planeta como sua orquestra.
Certa noite em 1899, Tesla acionou sua máquina em força total, na esperança de produzir um fenômeno que ele chamou de "crescente ressonante". Sua torre descarregou na Terra dez milhões de volts. A corrente atravessou o planeta na velocidade da luz, forte o bastante para não morrer antes do final. Quando ela chegou ao lado oposto do planeta, ela foi rebatida de volta, como círculos de água voltando à sua origem. Ao voltarem, a corrente estava em muito enfraquecida, mas Tesla estava emitindo uma série de pulsos que se reforçavam um ao outro, resultando em um tremendo efeito cumulativo.
No ponto focal, aonde Tesla e seus assistentes assistiam, a crescente ressonante manifestou-se como uma demonstração alienígena de raios que ainda estão até hoje catalogados como a maior descarga elétrica da história. A corrente de retorno formou um arco voltaico que elevou-se até o céu por dezenove metros. Trovões apocalípticos foram ouvidos a trinta e três quilômetros de distância. Tesla, anteriormente, estava preocupado com a possibilidade de haver um limite para a geração de descargas ressonantes, mas, naquele evento, ele passou a crer que o potencial era ilimitado. A demonstração teve um fim inesperado, quando as descargas fizeram com que o gerador de força de Colorado Springs se incendiasse. Tesla não mais recebeu energia grátis dos donos da companhia desde então.
Tesla voltou a Nova York procurando apoio para sua idéia de implementar um sistema de energia ressonante global. Já consciente com a inevitável relutância dos executivos em oferecerem energia grátis, Tesla disfarçou seu projeto como uma rede de comunicações, além de fonte de energia elétrica, sonhando, décadas antes do advento da Internet, com um sistema de comunicação global bem mais sofisticado do que o hoje utilizado.
George Westinghouse rejeitou a idéia. Tesla, então, a propôs a J. P. Morgan, então o homem mais rico da américa, quem anteriormente havia negado um patrocínio ao inventor. A idéia de monopolizar as comunicações mundiais o intrigou, e ele permitiu a Tesla construir um novo laboratório em Long Island chamado Wardenclyffe, que deveria ser uma maior e melhor versão de seu laboratório em Colorado.
Enquanto Tesla trabalhou neste projeto, uma série de acidentes e infortúnios atingiram Wardenclyffe, e ele estava começando a necessitar de dinheiro. Os fundos e o entusiasmo de Morgan evaporaram rapidamente. Em uma última tentative de manter seu investidor, Tesla revelou a Morgan que seu plano não era substituir o telégrafo, mas substituir a transmissão convencional de energia. Morgan respondeu retirando seu suporte inteiramente.
Nunca mais Tesla teria outra chance de trazer energia grátis ao mundo.
O Raio da Morte:
Uma vez que as invenções de Tesla geralmente continham em sí um elemento de consciência social, ou obra pela humanidade, pode parecer surpreendente que ele tenha criado uma série de dispositivos com aplicações militares, e a noção de Tesla utilizando seu gênio para propósitos bélicos é imensamente assustadora. Afinal, este é o homem que se vangloriava do fato que seu gerador ressonante poderia dividir a Terra ao meio, e ninguém até hoje soube ao certo se ele estava brincando.
A primeira invenção de Tesla com propósito militar utilizava uma espécie de automação tecnológica, com a qual o trabalho de seres humanos poderia ser substituído por máquinas. Especificamente, Tesla produzia barcos e submarinos controlados remotamente. Ele demonstrou o navio por controle remoto em uma exposição no Madison Square Garden, em 1898. O aparato era tão avançado que até mesmo usava uma espécie de reconhecimento vocal para responder aos comandos verbais de Tesla e voluntários do público.
Em público, Tesla falou das virtudes humanitárias da invenção: ela iria impedir que vários trabalhadores arriscassem suas vidas. Mas Tesla realmente estava esperando um contrato com o exército dos Estados Unidos. Em uma apresentação para o departamento de guerra, Tesla argumentou que sua invenção poderia obliterar a armada espanhola, e acabar com a guerra com a Espanha em uma tarde. O governo nunca aceitou a oferta de Tesla.
Tesla, então, deciciu direcionar o submarino automático à industria privada, e procurou a aprovação de J. P. Morgan. Segundo contam, Morgan ofereceu-se para fabricar os barcos de Tesla se este se casasse com sua filha. Tal acordo era um anátema a Tesla, e os dois nunca mais trabalhariam juntos até Wardenclyffe, alguns anos mais tarde.
Tesla eventualmente conseguiu um contrato militar bem sucedido: com a marinha alemã, O produto não eram seus barcos a controle remoto, mas turbinas sofisticadas que o almirante Von Tirpits usou com grande sucesso em sua armada de navios de guerra. Depois que J. P. Morgan cortou seu apoio a Tesla, este contrato tornou-se sua única fonte de renda. Quando do advento da primeira guerra mundial, Tesla cancelou seu contrato com os alemães, para não ser acusado de traição.
Quase falido e observando os Estados Unidos à beira da guerra, Tesla sonhou com outra invenção que pudesse interessar os militares: o raio da morte.
O mecanismo por detrás do raio da morte não é bem compreendido até hoje. Ele era aparentemente uma espécie de acelerador de partículas. Tesla disse que ele era uma melhoria de seu transformador amplificador, que concentrava energia em um fino raio tão concentrado que ele não se dispersaria, mesmo a grandes distâncias. Ele o promoveu como uma arma puramente defensiva, com a intenção de impedir ataques, fazendo de seu raio da morte o tataravô da defesa estratégica.
Não se sabe ao certo se Tesla usou seu raio da morte, ou se ele sequer chegou a contruí-lo. Mas o seguinte é a história geralmente relatada do que aconteceu naquela noite em 1908, quando Tesla testou sua arma.
Naquela época, Robert Peary estava fazendo sua segunda tentativa em se chegar ao polo norte. Criptocamente, Tesla notificou a expedição que eles estariam tentando entrar em contato com eles de alguma forma, e eles deveriam relatar qualquer coisa incomum que eles observassem. Na noite de 30 de junho, acompanhado por seu associado, George Scherff, na torre de Wardenclyffe, Tesla apontou seu raio através do atlântico, para o ártico, a um ponto calculado como estando a oeste da expedição de Peary.
Tesla ligou o equipamento. De início, era difícil dizer que ele estava funcionando. Sua extremidade emitiu uma luz pálida, difícilmente notável. Então, uma coruja voou de seu ninho no topo da torre, na direção do raio, e foi desintegrada instantâneamente.
Isso concluiu o teste. Tesla observou os jornais e enviou telegramas para Peary na esperança de confirmar a efetividade do raio da morte. Nada apareceu. Tesla estava pronto para admitir derrota quando recebeu notícias de um estranho evento ocorrido na Sibéria.
Em 30 de junho, uma enorme explosão havia devastado Tunguska, uma área remota na floresta da Sibéria. Quinhentos mil acres quadrados de terra foram instantâneamente destruídos, o equivalente a quinze megatons de TNT. O incidente de Tunguska é a mais poderosa explosão ocorrida na história, nem mesmo subsequentes explosões termonucleares ultrapassaram sua força. A explosão foi audível a 930 quilômetros de distância, aproximadamente.Os cientistas crêem que ela foi causada por um meteorito ou fragmento de um cometa, embora nenhum impacto evidente ou restos minerais de tal objeto jamais tenham sido encontrados.
Nikola Tesla tinha uma explicação diferente. Ela claro para ele que seu raio da morte tinha ultrapassado seu alvo calculado e atingido Tunguska. Ele ficou extremamente grato que a explosão, miraculosamente, não matou ninguém. Tesla desmontou o raio da morte imediatamente, crendo-o muito perigoso para continuar existindo.
Seis anos mais tarde, o fim da primeira guerra fez com que Tesla reconsiderasse. Ele escreveu ao presidente Wilson, revelando o segredo do teste do raio da morte, orefecendo-se para reconstruí-lo para o departamento de Guerra. A mera ameaça de tamanha força destrutiva faria com que as nações em guerra concordassem em estabelecer-se a paz imediatamente.
A única resposta de Tesla à sua proposta foi uma carta formal de apreciação da secretária do presidente. O raio da morte nunca foi reconstruído, supondo que ele tenha sido construído, em primeiro lugar.
Tesla fez mais uma tentativa de ajudar seu país na guerra em 1917. Ele concebeu uma estação emissora que emitiria ondas exploratórias de energia, permitindo que seus operadores determinassem com precisão a localização de veículos inimigos distantes. O departamento de guerra riu-se e rejeitou o "raio explorador" de Tesla.
Uma geração mais tarde, esta mesma invenção ajudaria os aliados a vencer a segunda guerra mundial. Ela era chamada radar.
Seus maiores sonhos
Incansável, e inabalado por concentos como praticidade ou marketing, a Mente de Tesla criou uma vasta miscelânea de inveções peculiares, muitas das quais jamais saíram do estágio de conceituação, e as idéias parecem ter ficado cada vez mais estranhas conforme ele envelhecia.
Inventar era geralmente um processo deliberado para Tesla, sua total intenção e objetivo perfeitamente formados em sua mente até mesmo antes dele e sua equipe moverem um dedo. Porém, houve momentos em que ele tropeçou em uma descoberta por "acaso". Tesla realizou suas primeiras experiências com tecnologia ressonante em seu laboratório em Nova York ligando um pequeno oscilador, que fazia com que um espelho vibrasse levemente. Súbitamente, o laboratório foi invadido por um esquadrão de policiais, exigindo que Tesla parasse com seus experimentos. A ilha de Manhattan estava vibrando por quilômetros de distância. Tesla não considerou como ondas ressonantes tornam-se mais fortes quanto mais elas viajam, ele, sem perceber, criou o que foi conhecido como a Máquina de Terremotos de Tesla.
Tesla também aplicou seus equipamentos ressonantes em formas bizarras de terapia física. Ele criou máquinas que inundavam o corpo humano com cargas elétricas e fortes vibrações, na intenção de aliviar dores e promover a cura. E Tesla não era apenas o inventor de seus equipamentos eletroterapeuticos, ele também era um forte usuário. Ele tornou-se viciado no tratamento que inventara, insistindo em dizer que as seções com a máquina o rejuveneciam enquanto ele ficava horas e horas trabalhando, sem comida ou bebida. Tesla certa vez deixou seu amigo Samuel Clemens testar a máquina de cura. Ele relatou ter aproveitado a experiência imensamente, até que as vibrações lhe causaram uma diarréia expontânea. Tesla comercializou sua invenção, e a Companhia Eletroterapeutica Tesla foi uma de suas únicas empresas a ter leve sucesso comercial.
Tesla também recebeu outra revelação acidental durante seus testes com o amplificador transformador em Colorado Springs. Certa noite, durante a construção do aparelho, este começou a ressonar com uma série de "clicks" precisos, similares a código morse. Tesla estava convencido que estes sinais estavam sendo enviados por seres extraterrestres. Tesla expressou seu credo da vida em Marte, e como ele acreditava ter a prova. Ele, mais tarde, concebeu transmissores para a comunicação com os marcianos, expondo sua visão de que manter relações pacíficas com nossos vizinhos espaciais era um dos mais urgentes deveres da humanidade.
Em seus últimos dias, Tesla ficou fascinado com a idéia da Luz como sendo tanto partícula como onda - a proposição fundamental do que se tornaria a física quântica. Este campo de investigação o levou à criação do Raio da Morte. Tesla também tinha a idéia de criar uma "parede de luz", manipulando ondas eletromagnéticas em um certo padrão. Esta misteriosa parede de luz permitiria que o tempo, espaço, matéria e até gravidade fossem manipuladas à vontade do operador, e concebeu uma grande variedade de propostas que parecem hoje sair diretamente da ficção científica, incluindo naves anti-gravidade, teletransporte e viagens no tempo.
Provavelmente a invenção mais estranha que Tesla já propôs foi o fotografador de pensamentos. Ele relacionou que todo o pensamento criado pela Mente cria uma imagem correspondente na retina, e a informação elétrica desta transmissão neural poderia ser lida e gravada em uma máquina, esta informação, então, poderia ser processada através de um nervo óptico artificial e visualizada como padrões visuais em uma tela.
O Gênio esquecido:
Em 7 de janeiro de 1943, Nikola Tesla morreu em Nova York aos 87 anos. Ele estava literalmente quebrado, vivendo no hotel New Yorker, em uma sala que dividia com um bando de pássaros, quem ele considerava seus únicos amigos.
As indústrias que ele construiu, há muito tempo haviam virado suas costas a ele. A comunidade científica ignorava a ele e suas idéias excêntricas. Ao público em geral, ele era tanto desconhecido como objeto de ridículo, um lunático cujos devaneios eram apenas úteis para tablóides sensacionalistas. Os quadrinhos do "Superman", de Max Fleischer, em 1940, desenhavam o herói lutando contra raios da morte e terrores eletromagnéticos criados por um cientista louco chamado Tesla.
Como isso pode ter acontecido? Existem muitas visões para a questão da queda de Tesla na obscuridade. A primeira, e possivelmente a mais irrefutável, é que Tesla não entrou para os livros de história porque ele falhou como empresário. As pessoas mais bem sucedidas não são necessariamente as mais brilhantes, mas aquelas que conseguem jogar o jogo para chegar ao topo. Tesla era um discípulo da ciência pura, em oposição à ciência aplicada, com pouca ou nenhuma facilidade em imaginar como lucrar com suas idéias. Seus parceiros de negócios frequentemente não agiam em seu melhor interesse, e Tesla tem uma lista de más decisões financeiras.
Por exemplo, no ápice de sua implementação bem sucedida da corrente AC, ele poderia ter coletado uma enorme quantidade de riquezas materiais. Ele tinha um contrato com Westinghouse que poderia facilmente tê-lo posicionado como um dos homens mais ricos da América. Porém, quando George Westinghouse disse a Tesla que os gastos com a instalação do sistema poderiam por sua companhia em perigo no futuro, Tesla rasgou o contrato como gesto de amizade. Se ele nao o tivesse feito, ou, pelo menos negociado uma fração dele, Tesla teria morrido na luxúria, e preservado sua notoriedade de maneira bem mais apropriada.
Outras análises tiram o peso dos ombros de Tesla e propõem que grandes empresários e o governo dos Estados Unidos conspiraram para suprimir seu gênio inventivo. No topo da lista de suspeitos, está Thomas Edison, que invejava o sucesso de seu antigo empregado com a corrente alternada, e efetivamente liderou uma campanha para destruir o nome de Tesla. Ele organizou demonstrações nas quais animais eram eletrocutados letalmente com equipamentos AC. Edison também fez parte da mesa de conselheiros do departamento de guerra que rejeitou as propostas de Tesla para o Raio da Morte e seu radar.
J. P. Morgan também está implicado na Teoria da conspiração anti-Tesla. Morgan efetivamente ampliou sua já monumental fortuna explorando as idéias do inventor, até que ele descobriu que sua idéia era a criação de livre energia, uma idéia assustadora a qualquer capitalista respeitável. Ele imediatamente encerrou seu patrocínio a Tesla, e alguns argumentam que ele ainda tenha usado sua considerável influência para impedir que outros o patrocinassem.
O governo, que sempre manteve Tesla a seu alcance quando ele apresentava suas propostas, tornou-se súbitamente interessado em seu trabalho depois de sua morte. O FBI ordenou que o escritório de propriedades estrangeiras se apoderasse de todos os documentos de Tesla, um ato ilegal, uma vez que Tesla era cidadão americano desde 1891.
Os registros de Tesla foram considerados inofensivos para a segurança nacional, e seu arquivo foi encerrado em 1943, Ele foi reaberto em 1957, com a notícia de que os russos estariam realizando experiências com sua tecnologia. Muitos estão convencidos que o pentágono realizou várias experiências com projetos baseados na tecnologia de Tesla.
Uma última teoria é a de que Tesla arruinou sua própria reputação com suas invenções e propostas fora de época. Alguns dizem que ele começou errando ao propor energia livre para todos, Outros crêem que ele ficou louco quando começou a falar em marcianos e Raios da Morte. Tesla nunca aceitou o trabalho de Albert Einstein, quem ele criticava como sendo vago e incoerente.
Em termos práticos, estes argumentos estão provavelmente corretos. Um sistema de energia livre, hoje, não seria aceito, não se sabe de sinais emitidos de marte, e a teoria da relatividade é bastante sólida. Porém, há duas coisas a serem consideradas:
Em primeiro lugar, mesmo que suas idéias estejam totalmente erradas, elas não diminuem a imensa quantidade de idéias corretas que ele tele, e que contribuíram para nosso mundo. Em segundo lugar, deve-se lembrar que até mesmo a corrente alternada era considerada irreal e improvável, antes de Tesla. Há a possibilidade, ainda, que os mais bizarros conceitos de Tesla sejam validados em algum ponto no futuro,quando a ciência chegar a seu nível. O tempo dirá.
Por hora, o verdadeiro legado de Tesla está sendo lentamente reconhecido. A corte suprema declarou pouco após sua morte que Tesla era o verdadeiro inventor do rádio, não Guglielmo Marconi. Tesla foi reconhecido como o inventor da lâmpada fluorescente, o tubo amplificador a vácuo e a máquina de raios X. Livros de história estão lentamente começando a incluir estes fatos.
O destino final do laboratório de Tesla em Wardenclyffe foi coberto de significado. Em 1917, ele foi condenado à demolição. O dinheiro de Tesla para sua manutenção havia acabado, e acreditava-se que ele estivesse sendo espionado por alemães. Como um movimento inicial, ele foi dinamitado, mas a torre se manteve intacta. A equipe de demolição detonou o local repetidamente, mas a torre não caiu. Eles retornaram em outra data e a dinamitaram novamente. Ela caiu no chão, mas não explodiu, nem se quebrou.
O cara era foda. Sem mais.
(Pra todos os engenheiros elétricos no FCC, e demais admiradores)
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