- Adotem Música -

    Autor Mensagem
    Kensei
    Veterano
    # jun/09


    Jornal o Estado de São Paulo, CADERNO2 de hoje

    "Eu sei que muitos de vocês já passaram ou passam por enormes dificuldades. Mas aprendam a usar isso na música de vocês. Música é sofrimento, é conflito, mas é também a trajetória da superação em direção à alegria, à beleza. O sofrimento pelo qual vocês passam deve ser colocado na música de vocês. É isso que fará de vocês artistas e pessoas únicas. E, nunca, nunca, abandonem a música. Adotem a música. Tenham ela perto de vocês. Sempre. Para mim é claro que não existe vida sem música e tenho certeza de que com vocês é igual."



    ''Adotem a música!''
    O violinista Joshua Bell conversa, e toca de improviso, com jovens de Heliópolis

    João Luiz Sampaio

    Os jovens da Sinfônica de Heliópolis mal acabaram de fazer soar os acordes finais da Abertura Hebrides de Mendelssohn e um Joshua Bell de olhos arregalados curvou-se para cumprimentar o spalla do grupo. "Vocês tocam de maneira entrosada, olham uns para os outros, têm energia, excitação. Já toquei com as maiores orquestras do mundo e, acreditem, essa energia não é fácil de ver, não. Eu adoro Mendelssohn, é um dos meus compositores favoritos. Talvez um dia, quando vocês estudarem o concerto para violino dele, a gente possa tocá-lo juntos, que tal?" O riso maroto surgiu primeiro no rosto do maestro Roberto Tibiriçá e logo se espalhou pela orquestra, formada por jovens de 18 a 24 anos. Rapidamente, eles começam a tirar as partituras das mochilas. "Agora?", perguntou Bell, já sacando da mala seu Stradivarius.

    Bell é hoje uma das maiores estrelas do violino internacional, com quase 30 anos de carreira (ele não gosta de revelar a idade, mas vai fazer 41 anos em 2009) e mais de 35 gravações reconhecidas por prêmios como o Grammy. Está na cidade desde domingo, quando tocou com a Orquestra Sinfônica Brasileira na Sala São Paulo. Segunda e terça, fez recitais com o pianista Frederic Chiu no Teatro Alfa, parte da temporada do Mozarteum Brasileiro. Esteve em Heliópolis na manhã de ontem por conta de uma parceria da entidade com o Instituto Baccarelli, antigo trabalho de formação musical realizado na favela, a maior da cidade, do qual a Sinfônica de Heliópolis é o chamariz mais atraente.

    Bell chegou pouco antes da 11 horas e foi recebido pelos alunos da classe infantil de violino do instituto. Tocaram para ele Brilha, Brilha, Estrelinha, mas acoplando à melodia tradicional americana ritmos brasileiros que fizeram o violinista ensaiar uns passinhos. "Sempre que vou encontrar crianças eles tocam para mim essa peça, mas nunca tinha ouvido assim, com esse ritmo." Depois da tradução, risinhos. "Vocês querem ver meu violino?" A professora contou a história do instrumento, de 1713, que já foi roubado duas vezes e vale US$ 5 milhões. E Bell tocou uma peça de Bach para os rostos atentos dos meninos e meninas de 7 a 11 anos. Do que gostaram mais, aliás? Dele ou do violino? Mayara, de 10 anos, pensa um pouco, põe o dedinho no queixo. "Dele... mas o violino é legal também. Achei bonito, deu até vontade de chorar." Israel, de 12 anos, há quatro estudando violino, diz que não sabia que ele ia tocar. "Achei que ele ia só ouvir. A gente estava até com um pouco de medo."

    De volta à sala de ensaios da sinfônica, o primeiro movimento do concerto de Mendelssohn vai chegando ao fim. Bell inicia a cadência, parte dedicada ao solo do instrumento, hesita um pouco. "Acho que esqueci. E olha que essa cadência fui eu que escrevi", diz ele, sorrindo, enquanto toca. O maestro Tibiriçá vai conduzindo os músicos até a parte final do movimento, da qual emerge o solo do fagote, sozinho sobre a orquestra. Bell relaxa, vira-se. Mas não é este o solo de fagote que abre o segundo movimento? Não, eles não pretendem deixar Bell escapar assim tão fácil. Ele ri, empunha uma vez mais o violino. As cordas da orquestra introduzem o tema. "Mais doce, mais doce", pede Bell. É atendido. E o segundo movimento do concerto segue seu curso.

    Bell diz que não gosta de dar master classes. Prefere conversar com os estudantes, trocar experiências. E que troca pode haver entre um jovem nascido no bucólico interior de Indiana, nos Estados Unidos, onde iniciou seus estudos aos 4 anos, e jovens carentes que enfrentam os desafios diários de uma metrópole como São Paulo? Um estudante pergunta a ele: "Ao se deparar com uma situação complicada, uma enorme dificuldade, você pensou em abandonar o violino?" Quem começa a responder é o pianista Frederic Chiu, também presente no bate-papo. "Quando comecei minha carreira, fui morar em Paris. Não tinha dinheiro, ficava em um quarto sem banheiro, sem nada, sem piano. Como eu ia estudar? Eu parava as pessoas nas ruas e perguntava se tinham piano em casa, se me deixariam ensaiar nele. Tenho amigos chineses que foram proibidos de tocar pelo governo, não podiam ter piano, então desenhavam em um papel as teclas para poder estudar. Com isso, você se transforma. No meu caso, comecei a ver a música também dentro de mim, com a cabeça, pensava nas peças já que não podia tocá-las. Isso fez de mim um músico muito melhor. A dificuldade pode ser professora." Bell pede a palavra, vai direto ao ponto. "Eu sei que muitos de vocês já passaram ou passam por enormes dificuldades. Mas aprendam a usar isso na música de vocês. Música é sofrimento, é conflito, mas é também a trajetória da superação em direção à alegria, à beleza. O sofrimento pelo qual vocês passam deve ser colocado na música de vocês. É isso que fará de vocês artistas e pessoas únicas. E, nunca, nunca, abandonem a música. Adotem a música. Tenham ela perto de vocês. Sempre. Para mim é claro que não existe vida sem música e tenho certeza de que com vocês é igual."

    Mendelssohn, Concerto para Violino, terceiro movimento. Bell olha para os violinos da orquestra enquanto seu solo emerge da malha sonora por eles produzida. Sorri, muito. "Pianíssimo, pianíssimo", pede e logo vira o rosto na direção dos violoncelos. Não diz nada, mas eles reagem. "A gente não esperava poder tocar com ele. Estávamos ensaiando essa peça porque vamos interpretá-la na semana que vem. Mas foi incrível. Ele pega o violino e, de repente, do nada, sai fazendo música junto com a gente", diz a estudante Carolina de Moraes, de 26 anos. "Nunca estive tão perto de um Stradivarius assim", acrescenta Jessé Siqueira, de 21 anos, desde os 13 estudando violino. "Mas eu fiquei meio nervoso, trocando as notas, queria ficar prestando atenção no som maravilhoso do instrumento dele."

    Mais tarde, durante a conversa com os músicos, Bell fala de tudo um pouco. Adora videogame, seria psicólogo se não fosse músico, se bem que também tem fascinação por matemática e computação. Além, claro, de adorar comer e beber. "Ontem estivemos em um... como fala? Rodízio. Uau." A conversa, no entanto, logo volta para a música. Na pauta, Mendelssohn. "Vejam o que acabamos de fazer. Este concerto pode ser a coisa mais entediante e chata do mundo, mas pode também ser algo fascinante. O que faz a diferença é o prazer de fazer música, é o diálogo entre vocês, como percebi enquanto tocávamos. Não percam essa energia, de jeito nenhum. É ela que fará de vocês grandes músicos. É preciso ter prazer quando tocamos. Foi o que senti agora. E tenho certeza de que muitos de vocês serão grandes artistas e espero reencontrá-los mundo afora em boas orquestras." Ele empunha o violino mais uma vez. Toca, como despedida, Yankee Doodle. Os músicos querem mais, porém, já saíram de lá com um extra. Na semana que vem, quando receberem o violinista Erik Schumann, com quem se apresentam, e ouvirem a pergunta: "Vocês já tocaram essa peça antes?", poderão responder: "Já, com Joshua Bell." Precisa mesmo de mais?

    http://www.estadao.com.br/estadaodehoje/20090624/not_imp392005,0.php

    Igão
    Veterano
    # jun/09
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    Post por caridade

    lula_molusco
    Veterano
    # jun/09
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    Posta ae pra eu positivar.
    História foda \m/

    GuitarUser
    Veterano
    # jun/09
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    Música em geral.....

    Sumerrew
    Veterano
    # jun/09
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    A moda é famosos adotarem Black Music...

    powerguitar10
    Veterano
    # jun/09
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    Nossa cara que interessante esse seu assunto, mas bem interessante mesmo avisei o pessoal aqui da rua sobre isso e eles acharam super legal chamaram até o jornal local pra fazer uma filmagem, saiu na televisão as pessoas estão todas muito felizes após saber disso e você conseguiu muitos fãs pelo brasil inteiro o presidente decidiu declarar hoje como feriado nacional pra te homenagear e até na zona rural as pessoas te conhecem, seu caso teve repercussão no mundo inteiro e as pessoas agora comentam sobre você frequentemente até nos eua o barack obama declarou feriado nacional e decidiu te homenagear colocando uma faixa na entrada da casa branca e do pentagono, no iraque as pessoas estao atirando pra cima e comemorando o que voce falou pois estao muito felizes tambem em saber disso a nasa enviou um sinal com as suas ideias e seres de outros planetas tambem acharam muito interessante e resolveram aderir essa sua ideia alguns ate vieram fazer uma visita na terra pois querem saber quem teve uma ideia tao genial assim e estao pensando em te oferecer um premio nobel de inteligencia por causa disso, os jupterianos estao cavando um parabens gigante que vai poder ser visto de varios planetas e eles querem que voce va fazer uma visita la pra eles e discurse sobre essas ideias bem interessantes sinceramente cara sou seu fã me dá um autógrafo por favor tambem virei seu fã quero saber de onde voce tirou tanta inteligencia pra dizer uma coisa dessas nossa os cientistas filosofos e marombeiros do mundo inteiro estao te invejando pois voce conseguiu fazer o que eles sempre sonharam e ate os animais agora te reconhecem como o ser mais inteligente da face da terra parabens cara, parabens mesmo


    =)

    Kensei
    Veterano
    # jun/09
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    maykow_torres
    Vc não cansa de ser inoportuno?

    Kensei
    Veterano
    # jun/09
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    Joshua Bell com a mulecada

    powerguitar10
    Veterano
    # jun/09
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    Kansei

    Eu tb...

    The_Fourth_Horseman
    Veterano
    # jun/09
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    legal.. tem muito talento perdido por aí... é só procurar.

    brunohardrocker
    Veterano
    # jun/09
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    Legal.

    Uma coisa que já cheguei a pensar é que quando se coloca seus problemas na música, esses problemas ficam expostos, ou seja, quem escuta compartilha, e quanto mais pessoas estiverem preocupadas com esses problemas, mais fácil se torna a solução.

    Julia.
    Veterano
    # jun/09
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    Kensei
    :)

    Edu_Duck
    Veterano
    # jun/09
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    maykow_torres

    chato bagarai...

    NoAlarms
    Veterano
    # jun/09
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    Kensei
    Legal o texto, man.

    Tava tendo uma conversa com uns amigos sobre música e cheguei a umas conclusões. A discussão era sobre como música faz parte das nossas vidas. Eu não consigo dirigir sem tá ouvindo música, agora tem amigo meu que confessou que só escuta música quando passa alguma coisa em filme, ou quando sai pra algum canto.

    Simplesmente música, como tudo, depende muito do referencial. Pra mim é a maior expressão de arte que o ser-humano já conseguiu fazer. Já para outros, é só barulho ou pra "completar o ambiente".

    Kensei
    Veterano
    # jun/09
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    NoAlarms
    Pra mim tb é primordial. Não consigo dimensionar minha vida sem música.

    Mas já que vc falou em filme, esse cara Joshua Bell compos a trilha sonora do filme O Violino Vermelho, tanto o filme, quanto a trilha são fantásticos. Vale a pena conferir.

    kiki
    Moderador
    # jun/09
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    Kensei
    nao li tudo pq to no trampo, depois eu leio. mas por cima, me pareceu muito legal.

    tem um projeto na periferia de manaus com um principio semelhante. chama se OELA, Oficina Escola de Luthieria da Amazonia

    "trata-se de uma organização não governamental que já tem mais de dez anos, e ensina crianças da periferia de Manaus a construir instrumentos acústicos de corda (violão, cavaquinho, etc). pra saber mais detalhes sobre o projeto, visitem o site oficial da oela."
    http://kikipedia.wordpress.com/2009/05/25/oela/
    eu que escrevei esse, mas tem varios artigos por ai.

    Carla Andréa
    Veterano
    # jun/09
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    É curioso como conseguimos nos identificar com determinados artistas. Parece que eles vivem exatamente as nossas experiências e sabem expressá-las da forma mais fantástica possível. As vezes sinto como se fosse eu mesma a dona de tais versos; as vezes sinto vontade de roubá-los para mim... mas nem é preciso... os artistas são tão generosos que sentem prazer em compartilhar suas doídas ou deliciosas obras conosco.

    Ai quem me dera ter esse dom. Mas (in)felizmente posso interpretar.


    E viva a música, que assim como a dança ressaltam sentimentos maravilhosos em mim.
    =)

    kiki
    Moderador
    # jun/09
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    Mas (in)felizmente posso interpretar.
    a elis tambem, coitada, só interpretava...

    Carla Andréa
    Veterano
    # jun/09
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    kiki

    Elis foi A mulher. haha
    =P

    NoAlarms
    Veterano
    # jun/09 · Editado por: NoAlarms
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    Kensei
    Legal, cara! Vou dar uma olhada sim.

    Música sempre fez parte em minha vida. Arranho no violão desde os 10 anos, e sempre fui muito curioso em relação a outros instrumentos. Porém, só posso dizer que música realmente renasceu pra mim têm uns 3 anos.

    Há uns 3 anos eu parei de escutar essas músicas pré-fabricadas de gravadora que você sempre escuta na rádio, tipo NxZero, Fresno, essas coisas mais "poprock teen" e comecei a escutar mais o Rock n Roll dos anos 50,60 e 70.

    Meio que refiz todos os meus conceitos que tinha sobre música, e hoje em dia curto muita coisa diferente. Tenho escutado muito Jazz e Blues ultimamente!

    Adoro pegar as maiores influências dos meus artistas preferidos, que é pra você ter - mais ou menos - uma idéia de como ele fez aquela música. É muito interessante quando você pega bandas feito Led Zeppelin, Beatles, Kinks, Doors, Miles Davis, Coltrane e vê o que eles representaram, e continuam representando, pra música até hoje.

    Sephiro
    Veterano
    # jun/09
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    Kensei
    Positivei seu primeiro post na página por ter postado o texto! E positivaria o escritor também se ele postasse aqui! =]

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