Grow Veterano |
# jun/07
O Governo Fede e eu Também.
Ah, essa história de Navalha, Máfia dos Bingos, Correios, Mensalão, Valerioduto, etc... é triste demais. Andando por aí eu percebo como as coisas estão erradas nesse meu Brasil varonil. Esse país não tem jeito não. Outro dia mesmo fui ao Depósito do Jonas, ali da esquina, comprar uns cabos pra ligar TV á cabo gratuita lá em casa, dá pra ligar se tiver um vizinho ou uma fonte livre. Chegando lá, qual não foi minha surpresa ao saber do preço absurdo do cabo: R$ 1,00 o metro. Realmente, lembrei-me da súcia governista. Pouca vergonha! Mês passado fui ao banco e, esperto que sou do alto de meus 32 anos, fui pra fila de idosos, gestantes e afins, pra ser atendido rapidamente, não sou besta, né? Entortei um pouco a perna, me passei por deficiente e ninguém percebeu. Detalhes á parte, quando fui fazer o depósito não recebi nenhum sorriso do atendente. Pouca Vergonha! Recordo também que, certa vez, dirigindo meu automóvel numa esburacada via da zona sul de São Paulo, fui multado por não utilizar o cinto de segurança. Pouca Vergonha! Estava apenas dando uma volta para treinar a direção, não iria morrer por falta de cinto. Mas multado fui. Pouca Vergonha! Tenho que treinar, já que comprei minha habilitação. Uma mão na roda pra quem não quer perder tempos com aulas. Já sabia dirigir, só tenho que treinar algumas coisinhas. O único problema é a burocracia em torno de tal ato. Levei mais de 2 meses para conseguir minha habilitação. Pouca Vergonha! Outra coisa que me irrita profundamente é o ônibus lotado de cada dia. Um absurdo. Sempre utilizo a tática da perna torta para conseguir um lugar onde possa descansar meu traseiro cansado. Não fosse isso, ficaria em pé durante toda viagem. Da minha casa pro trabalho, são longos 15 minutos dentro daquele inferno. Graças à Deus tenho meu Discman para companhia. Sempre compro três CD’S por R$ 5,00 na barraquinha do Simão. Vou pagar R$ 20 no original? E alimentar a corrupção das gravadoras? É claro que não! Em suma, esse país realmente não tem jeito, uma Vergonha!
Noriberto Souza
Brasileiro
Casado, 32 anos
Corretor de Imóveis
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maggie Veterana |
# jun/07
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Acorda, Brasil!
Cristovam Buarque
Artigo publicado no jornal O Globo, no dia - 26/05/2007
Cristovam Buarque *
www.blogdocristovam.com.br
Todos os dias, de manhã e à noite, milhões de brasileiros esperam o transporte para ir ao trabalho ou voltar para casa. Esperam em pé, sob sol ou chuva, sem qualquer informação sobre o próximo ônibus, sem saber se irão perder a primeira aula, faltar à prova, chegar atrasados ao trabalho, ter o salário descontado ou perder o emprego; se terão tempo de fazer o jantar, conversar com os filhos, ver a novela. E sabem que isso se repetirá no dia seguinte e no outro e no outro. Todos os dias, vivem a angústia da irregularidade do transporte urbano. Mas esse apagão não levanta nenhum furor, não sai nas primeiras páginas dos jornais, não aparece nos noticiários da televisão, não provoca CPIs.
Porém, quando o sistema de controle do tráfego aéreo entra em crise e os aviões atrasam, o Brasil se levanta contra o apagão. Os passageiros têm ar-condicionado, restaurantes e lojas ao redor, mas os sofrimentos com o atraso, as perdas econômicas, a quebra de projetos de férias, a imprevisibilidade das cirurgias fazem o Brasil entrar em pânico, e o Congresso convocar não apenas uma, mas duas CPIs.
A mesma diferença, conforme a parcela da população que sofra o inferno, acontece em outros setores. O próprio apagão aéreo é tratado como assunto restrito aos controladores de tráfego, ficando esquecido o apagão maior, resultado da falta de uma aeronáutica bem equipada, capaz de proteger o espaço aéreo, territorial e marítimo do Brasil todo. O apagão do Cindacta aparece, mas é uma pequena parte do invisível apagão aeronáutico.
A morte de qualquer personalidade ou cliente em um hospital privado gera imediatamente denúncias, críticas, propostas, mas a falência total do sistema de saúde que atende a população pobre do Brasil continua há séculos, sem grandes perturbações. Como um apagão invisível.
Quando bancos e indústrias entram em greve, o risco de apagão econômico movimenta as forças políticas, mas as greves de professores na educação básica não aparecem. Duram semanas, meses, provocando o mais duradouro dos apagões - o apagão intelectual, que inviabiliza o ingresso do Brasil na economia e na sociedade do conhecimento que caracterizam o século XXI, mas que também é invisível.
O Brasil inteiro se isenta de responsabilidade. Os ricos se acomodam porque seus filhos estão nas escolas privadas; os pobres, porque - como os escravos no século XIX em relação à liberdade - acham que educação é privilégio dos filhos dos ricos. Todos acostumados e acomodados. Os empresários, porque continuam viciados ao tempo das vantagens competitivas que vinham do controle dos recursos naturais (como, aliás, o etanol retoma) ou do capital das máquinas. Não entendem, nem se atrevem a ingressar no tempo do capital-conhecimento. Provocam um apagão de competitividade.
O Brasil só vê os apagões de efeito imediato que obscurecem a vida da parcela rica. Enquanto isso, são invisíveis os apagões que infernizam a vida dos pobres e o futuro da nação e que vão, aos poucos, apagando o País. Como se estrelas fossem desaparecendo do céu, aos poucos, até a escuridão chegar e nos surpreender.
Cada um dos apagões - tráfego aéreo, trânsito urbano, transporte (rodoviário, ferroviário, marítimo, aéreo), setor elétrico, sanitário, educacional (pré-escola, ensino básico e superior), previdenciário, jurídico, policial, presidiário, ético, intelectual, cultural, científico, tecnológico, habitacional, hospitalar, ecológico, da segurança pública e da defesa nacional (Aeronáutica, Exército e Marinha) - vai desarticulando os setores do País, vai deixando sua marca. Vai apagando o Brasil.
As duas CPIs em andamento vão ajudar a apurar as falhas que levaram ao apagão no tráfego aéreo, mas pouco farão para iluminar e corrigir os apagões invisíveis que apagam todo o resto. É preciso despertar o Brasil em seu ilusório berço esplêndido, no qual ele mais parece condenado do que deitado. Iludido por apagões que ele não vê. Mais do que de CPIs, o Brasil precisa de um despertador.
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