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# jun/06
JORNAL A TARDE
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24/06/2006 - 14:40
Orkut faz a festa de quem não quer pagar por música
Galerias
Lucas Esteves
A onda da troca de arquivos invadiu a comunidade virtual orkut. Avessos à dificuldade de baixar programas (como o Emule, por exemplo), configurar opções, buscar artistas e esperar usuários que tenham as músicas em seus computadores para as trocas, os amantes da música criaram comunidades e compartilham seus arquivos na rede mundial de amigos.
Apenas com a palavra "mp3" na busca de comunidades, é possível achar mais de mil dedicadas apenas à troca de música. Rock, Pop, Brega, Reggae, Gospel, MPB, Axé, Forró, Jazz, Blues. Não há limites para a voracidade, criatividade e ousadia dos usuários do sistema. E a maior parte deles não está satisfeita apenas com os maiores sucessos. Discografias completas são o grande filão.
A publicação dos álbuns no orkut é ilegal, mas o serviço não faz questão de resolver o problema das gravadoras e artistas lesados. Nas guias de utilização do orkut, o site deixa claro que só pode agir contra um usuário ou comunidade que infrinjam direitos autorais protegidos se receber uma reclamação formal dos donos das referidas obras. Entretanto, os usuários e comunidades podem ser denunciados através do botão "Falso! Denunciar", presente em todos os perfis e comunidades do orkut..
A maior comunidade do orkut, a “Mp3 discografias”, tem 68722 usuários e agrega quase 1800 tópicos com discografias que vão de música clássica até Padre Marcelo Rossi; do grupo Jackson Five à dupla sertaneja Caju & Castanha. Só de pedidos de bandas são mais de 1250 em um único tópico. Os arquivos são revisados pelos usuários regularmente para evitar a sua extinção após 30 dias nos serviços online de hospedagem.
O maior responsável pela variedade na comunidade é o seu moderador, o consultor comercial paranaense Aramis Gomes, que já publicou, sozinho, aproximadamente 650 discografias. Tamanha dedicação é recompensada com duas comunidades criadas por seus fãs, a “Aramis, o mito”, com 1572 membros “e ”O senhor das músicas”, com 92.
Outra famosa fonte de músicas no orkut é a paulista Sílvia Costa, que participa da comunidade “Trilhas sonoras de novelas”. A webdesigner já postou todas as trilhas sonoras das novelas produzidas pela TV Tupi e Rede Globo de 1960 até as atuais “Cobras e Lagartos”, “Sinhá Moça” e “Belíssima”. Sílvia também ganhou sua própria comunidade (A Silvia é DEMAIS) e responde a todos os recados enviados ao seu perfil do orkut.
Não dá para ter preguiça de pesquisar. A recompensa ao pular de comunidade em comunidade é encontrar grupos específicos para download de material de bandas muito além da discografia oficial. A lista inclui shows piratas gravados durante todo o período de vida de diversas bandas, trechos de ensaios, rascunhos de canções, entrevistas, vídeos raros e até conversas pessoais de artistas de todo o mundo. Quem não é tão fã de um artista pode se contentar “apenas” com milhares de álbuns infantis que jamais saíram em CD, trilhas sonoras de seriados europeus, álbuns de música japonesa ou mesmo com séries de TV, em vídeo, que provavelmente jamais serão exibidas no Brasil.
As comunidades sugerem diversos serviços para que os usuários reúnam material e compartilhem entre si. O preferido dos viciados em mp3 é o Rapidshare, que permite uploads de arquivos de até 100 megabytes de qualquer extensão. Após o cadastro do arquivo no disco rígido virtual, um link automático para download é gerado, que se autodestrói em 30 dias para evitar supostas “quebras de direitos autorais”. A maioria dos álbuns é postada nas comunidades em pacotes com todas as canções juntas, para facilitar o trabalho.
Até hoje, o orkut jamais deletou nenhum arquivo publicado nas comunidades de troca de mpe, salvo publicação explicita das extensões .zip, .exe e .src, freqüentemente associadas a vírus e pacotes de músicas. Porém, o truque é postar não o link gerado pelos serviços, mas sim o da página onde os arquivos estão hospedados, o que engana a administração do orkut e permite o livre-tráfego dos discos.
Axé Music online
A música baiana não escapa da tendência e agrega 11 comunidades exclusivas para a troca de mp3 de Axé Music. Ignorando totalmente a poderosa indústria do Axé, os mais de 20 mil usuários das comunidades disponibilizam centenas de álbuns produzidos por praticamente todas as bandas de Axé Music desde que Luiz Caldas tocou “Fricote” pela primeira vez, no começo dos anos 80. Vários deles, como os de bandas como Companhia Click, Banda Mel, Banda Beijo, Baranga Pintada e antiguidades de Chiclete com Banana e Cheiro de Amor, estão fora do catálogo das gravadoras há mais de 15 anos.
O forte das comunidades de Axé é parecido com o do comércio nas praias de Salvador: shows ao vivo. Raridades como Chiclete Com Banana ao vivo em Feira de Santana no ano de 1988, Durval Lelys acústico, Ivete Sangalo no começo da carreira e dezenas de shows de anos específicos do Carnaval estão a um clique do Mouse. Até mesmo a mais nova sensação da música baiana, a banda Tribahia, já agrega mais de 10 shows postados pelos membros dos grupos.
O maior festival de bandas realizado na Bahia, o Festival de Verão Salvador, é um dos que mais sofre com os fãs. Como se não bastasse a pirataria nas ruas da cidade, praticamente todos os shows já apresentados no evento desde 1998 podem ser encontrados em diversas comunidades com relativa facilidade. Inclusive na comunidade oficial do evento, criada pela própria produção do Festival.
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