Lógica da mistificação, ou: O chicote da Tiazinha

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GuitarHouse
Veterano
# jan/06 · Editado por: GuitarHouse


Isso eh pra quem gosta de pensamento critico. Se vc nao quer ler, nem poste nd, pare por aqui. Nem perca seu tempo postando, nao precisa postar nada. Nada msmo.


http://www.olavodecarvalho.org/textos/tiazinha.htm



Esse texto eh mto bacana, porem cansativo do Olavo de Carvlaho. So aproveitei (pra mim) um pequeno trecho, pois o resto nao adiciona nd pra mim..

Em suma, é algo sobre relação de poder e influencia de pensamento...Falando como as pessoas sao facilmente enganadas e como isso funciona...criticando por exemplo, Marilena Chauí, dita a grande filosofa brasilieira. No caso, o aturo afirma q ela falou merda hehe.. Mas como sempre penso 2x antes de aceitar esses 'titulos' de "maior isso..maior aquilo", esse texto veio bem a calhar.

parte mais interessante:

"Vamos ao segundo exemplo. Em Que É Ideologia? (São Paulo, Brasiliense, 31a. ed., 1990), D. Marilena Chauí empreende provar que o senso comum nos engana ao mostrar-nos como um mundo de "coisas" uma realidade que se constitui, no fundo, de relações de poder:
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"O real não é constituído por coisas. Nossa experiência direta e imediata nos leva a imaginar que o real é constituído por coisas (sejam elas naturais ou humanas), isto é, de objetos físicos, psíquicos, culturais oferecidos à nossa percepção e às nossas vivências.

Assim, por exemplo, costumamos dizer que uma montanha é real porque é uma coisa. No entanto, o simples fato de que essa "coisa’ possua um nome, que a chamemos "montanha", indica que ela é, pelo menos, uma "coisa-para-nós", isto é, algo que possui um sentido em nossa experiência. Suponhamos que pertencemos a uma sociedade cuja religião é politeísta e cujos deuses são imaginados com formas e sentimentos humanos, embora superiores aos dos homens, e que nossa sociedade exprima essa superioridade divina fazendo com que os deuses sejam habitantes dos altos lugares. A montanha já não é uma coisa: é a morada dos deuses. Suponhamos, agora, que somos uma empresa capitalista que pretende explorar minério de ferro e que descobrimos uma grande jazida numa montanha. Como empresários, compramos a montanha, que, portanto, não é uma coisa, mas propriedade privada. Visto que iremos explorá-la para obtenção de lucros, não é uma coisa, mas capital. Ora, sendo propriedade privada capitalista, só existe como tal se for lugar de trabalho. Assim, a montanha não é coisa, mas relação econômica e, portanto, relação social. A montanha, agora, é matéria-prima num conjunto de forças produtivas, dentre as quais se destaca o trabalhador, para quem a montanha é lugar de trabalho. Suponhamos, agora, que somos pintores. Para nós, a montanha é forma, cor, volume, linhas, profundidade — não é uma coisa, mas um campo de visibilidade."
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O leitor, conduzido pela mão segura da mestra, tem aí a impressão de haver superado a crença ingênua, "coisista" e estática do senso comum e ascendido a uma visão superior onde as pretensas coisas revelam ser, na verdade, criações culturais, reflexos cambiantes do processo histórico. Isso vale por um rito iniciático. Ao chegar em casa, o neófito já olha com desprezo o pai e a mãe que ainda imaginam viver num mundo de coisas, de realidades objetivas estáticas, enquanto ele já sabe que uma montanha não é coisa e sim, conforme o momento histórico, morada dos deuses, relação econômica e campo de visibilidade.

Como se obtém esse efeito? Basta confundir, pela magia do estilo elíptico, a mudança do posto de observação do sujeito com a mudança da natureza do objeto. Assim, a montanha já não é uma coisa que, para uma determinada tribo, adquire a função de morada dos deuses. Não: para se tornar morada dos deuses, ela deixa de ser coisa. Não mudou de significado, de valor, de função: mudou de natureza — como se os deuses pudessem morar numa não-coisa; como se, para instalar residência numa montanha, devessem suprimir a sua coisidade; como se não fosse extraordinariamente difícil, mesmo para seres divinos, residir num mero ponto-de-vista."


O mistificador beneficia-se, assim, não só da distração e do despreparo técnico de seus leitores, mas também do efeito dissuasivo do comodismo humano, bem como das limitações de espaço que, na imprensa, tornam geralmente inviável a publicação das análises e refutações que reduziriam a pó o renome científico de centenas de mandarins acadêmicos. Tudo conspira, enfim, para que a mentira permaneça oculta e protegida numa obscuridade cúmplice. Não é de se desprezar, nesse panorama, o peso do fator "repetição": quanto mais exposto a certas elipses sofísticas padronizadas, mais o público as aceita como argumentos probantes e definitivos, e isto de maneira cada vez mais rápida e automatizada — donde vem ainda um efeito colateral: cada vez é preciso menos talento para enganar o público e a cada geração os compactadores de sofismas podem se permitir ser cada vez mais tolos(...)



Nao tem nada de "filosofia viajante" ai..o texto eh bem direto e pratico. O interessante eh jutamente isso. Aceitação por relacao de poder.
A parte que griifei foi a que mais achei instigante, pois verdadeira.
Lembrando: se nao se interessa por isso, nem precisa postar nada. Clique em "voltar" no seu navegador e seja feliz.

anonymous4
Veterano
# jan/06 · Editado por: anonymous4
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A realidade é algo que vemos não o que veem...

não sei se entendi bem o texto, mas é como resumiria este texto.
Interessante, mas debate sobre a relação das coisas conforme nós enxergamos.. em que nível de realidade este objeto nos presta algum serviço ou algum simbolismo, um tema bem debatido já, mas que sempre leva a mesma conclusão...

GuitarHouse
Veterano
# jan/06 · Editado por: GuitarHouse
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anonymous4
nao cara...ali foi o exemplo..
nao ta falando que a coisa eh assim ou assada.

A critica eh justamente sobre a midia e as pessoas, que falam alguma coisa de forma um pouco mais elaborada e as pessoas a aceitam como verdadeira! As pessoas mistificam as coisas e as pessoas sao mistificadas. Sacou?

O exemplo da marilena foi que ela falou de um jeito "ludico" sobre a montanha, que ela deixa de ser coisa para virar casa dos deuses..o autor do texto disse "po mas nao deixa de ser coisa"...e falou algo interessante sobre as pessoas que leem isso e tomam como verdadade, o fato de chegar em casa e falar "mae vc acha que a montanha eh coisa? q nada, ela eh campo de visibilidade"...hehuee..

leia o texto q sublinhei ao final. acho q editei o post e adicionei-o antes de vc editar seu texto...Esse final resume bem a intencao do texto


Resumindo mais ainda: muita gente tem NOME, FAMA, se aproveita disso, fala merda e a galera acredita e segue.

EduSlash_o_Retorno
Veterano
# jan/06
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li só a primeira linha
\o/

GuitarHouse
Veterano
# jan/06 · Editado por: GuitarHouse
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EduSlash_o_Retorno
haha realmente..mudei pra que nao ocorra o mesmo

EduSlash_o_Retorno
Veterano
# jan/06
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GuitarHouse
hahaha
mal ae

anonymous4
Veterano
# jan/06 · Editado por: anonymous4
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GuitarHouse
Tá relendo o texto sobre essa ótica da pra entender melhor... é que só li o negócio que vc postou aqui mesmo...

Não é de se desprezar, nesse panorama, o peso do fator "repetição": quanto mais exposto a certas elipses sofísticas padronizadas, mais o público as aceita como argumentos probantes e definitivos,

Certo este texto esclarece mta coisa.
O que a autora quis dizer é: as pessoas se acondicionam a uma realidade a elas exposta que é algo já perconizado por outra entidade, e quanto mais isto é "batido" na cabeça das pessoas, mais essa visão abstrata e pessoal da realidade se torna algo universal.
Sendo de interesse deste ente em obscurecer alguma coisa para impor a visão deste sobre a massa.


Agora entendi certo?

GuitarHouse
Veterano
# jan/06
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anonymous4
A questao eh a seguinte

o texto eh do Olavo de Carvalho. E ele fala sobre esse mistificacao, as pessoas ditas mais cults falam uma coisa e as outras sao convencidas no ato. Ele explica esse metodo (eliptico) de persuasao.

Ele poe um texto da MARILENA como exemplo, depois o contrapoe. o texto dela ta entre os -----...o antes e depois eh ele q ta falando...

anonymous4
Veterano
# jan/06
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affe desisto então...
nunca prestei mto pra filosofia hauhauahauha

GuitarHouse
Veterano
# jan/06
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anonymous4
O q basicamente ele quer dizer eh o seguinte.

Os ditos Pensadores, inclusive a MIDIA, usa de metodos para CONVENCER as pessoas. Como? Com metodos de persuasao, usando de entinomas (silogismo com premissa maior oculta)...

Exemplo? Seria o autor afirmar coisas mentirosas, e a partir dali dar um ponto de vista tendencioso. Por exemplo BEM PROXIMO: alguem aqui diz que a GIBSON é considerada a melhor e unica guitarra prestavel do mundo pq usa uma madeira especial que os cientistas chamam de topwood (viagem minha). Toma-se como premissa maior. Como fato verdadeiro. Se vc acreditar nisso de cara, pronto, vc se sente delineado e tendenciado. Passa a ter aquilo como verdade e seus argumentos partem DISSO, algo nebuloso, mas que implicitamente vc esquece de criticar ou analisar, e tudo posterior a isso se torna tendencioso. exemplo xulo mas acho q serve

GuitarHouse
Veterano
# jan/06 · Editado por: GuitarHouse
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nunca prestei mto pra filosofia hauhauahauha


Cara, isso nao eh FILOSOFIA propriamente dita, viajante como pensam...eh LOGICA, pensamento do dia-a-dia

to so falando que as pessoas convencem as outras com tecnicas que faz q algo tenha sentido na sua cabeca e a partir dali vc toma como verdadeiro, mas a premissa maior nao eh questionada..eis o problema.simples.

As pessoas tomam algumas verdades sem pensar, e a partir disso constroem erroneamente seu pensamento sobre aquilo. vc escuta alguem falando e acha aquilo verdade sem pensar.

anonymous4
Veterano
# jan/06
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GuitarHouse
Certo, acho que com isso vc ajudou a agrupar meus pensamentos....

O texto debate então ao mesmo tempo a imposição e os resultados desta imposição idelógica?
só pra esclarecer

GuitarHouse
Veterano
# jan/06
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imposição idelógica
que imposicao ideologica.

anonymous4
Veterano
# jan/06
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GuitarHouse
sei lá se usei o termo certo, mas a imposição feita sobre a pessoa e como ela administra esta informação que ela tem como verdadeira...

GuitarHouse
Veterano
# jan/06 · Editado por: GuitarHouse
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anonymous4
exatamente isso. Critica que algumas pessoas com truques de persuasao parecem ter ideias fabulosas, quando na verdade ou sao falaciosas ou enganosas, simples ou ainda erroneas.

Se vc ler o final do texto, ultimos paragrafos (nao o postado, mas o completo, no llink) vera que o autor critica isso, que alguns considerados FODOES sao na verdade quem sabem alguma coisa, mas, como complicam, parecem saber o q as pessoas nao conseguem compreender, e entao sao mistificadas. :P

anonymous4
Veterano
# jan/06
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GuitarHouse
Agora, uma coisa, eu não lí o texto inteiro na fonte, mas o autor em algum momento debate o porque destas pessoas querem ter este grau de manipulação sobre as idéias?

GuitarHouse
Veterano
# jan/06
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anonymous4
talvez implicitamente..imposicao de ideias, quem sabe.

Overdoser
Veterano
# jan/06
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que dor de cabeça...

dark side
Veterano
# jan/06
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GuitarHouse

Texto muito interessante. É incrivel como as pessoas tem a tendencia de serem crédulas...

dark side
Veterano
# jan/06
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GuitarHouse

Já há algun tempo eu tenho me interessado bastante por um possivel "processo de mitificação", e agora eu vejo quão complexo é o assunto.

O interessante é que a principio via a a sociedade como bilateral, de um lado o "sonso comum", carregado de seus pré-conceitos influenciáveis pela moral, religiosidade e de sua grande tendencia crédula, de outro via o pensamento cientifico, como superior ao primeiro, pois esse usa o empirismo para a "aceitação" de algo.

Agora nao consigo ver mais essa bilateralidade na sociedade, há mais ramificações, e essas nao são tão claras como a primeira díade (parece que atualmente a própria ciencia se tornou um mito).

Sei que nao fui claro, e que parece que eu fugi um pouco do assunto, mais isso é porque eu ainda não consegui chegar a uma conclusão sistematizada, pois não consigo mais aceitar as antigas respostas que eu tinha sobre o assunto, vendo q o tema é mais complexo do que parece...

Digao
Veterano
# jan/06
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As pessoas gostam de "comprar" conhecimento... alguns tem um valor agregado bom... qt a procedencia... se for paraguation fazer o q...

kbza
Veterano
# jan/06
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legal o texto, a idéia é a mesma do filme o 4º Poder

AgemiroValadão
Veterano
# jan/06
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GuitarHouse

Em suma, a verdade é pra quem acredita, mesmo sendo a pior de todas as mentiras.

GuitarHouse
Veterano
# jan/06
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poize....e esses que creem vendados pela paixao e sede de conhecimento facil q se fodem

Fodius
Veterano
# jan/06
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Mas cuidado pra não cair no desânimo e parar de se aprofundar no pensamento...

Pq até esse pensamento do texto citado pode gerar uma interpretação emocional que tb pode ser mentira ;P

GuitarHouse
Veterano
# jan/06 · Editado por: GuitarHouse
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Fodius
pode ter sido ate mesmo algo que nao tem nada a ver com o falado visto que eh um trecho....e nao a obra completa...ai seria uma especie de preconceito analisar trecho sem contexto...

a ideia eh analisar e selecionar o q se le.

Fodius
Veterano
# jan/06
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GuitarHouse

Eh...

E vou citar um exemplo(não to dizendo que achei errado nem nada, só citando um exemplo):

Resumindo mais ainda: muita gente tem NOME, FAMA, se aproveita disso, fala merda e a galera acredita e segue.

Essas palvavras, essa frase ta aí, cabe a pessoa sentí-la... dependendo de como a pessoa capta isso na prática, pode gerar mentira.

Palavras são bem limitadas se formos tentar buscar exatidão...

GuitarHouse
Veterano
# jan/06
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. dependendo de como a pessoa capta isso na prática, pode gerar mentira.
em que sentido?

Fodius
Veterano
# jan/06
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GuitarHouse

Eu quis falar sobre a falta de exatidão quanto a tudo que se fala, se tenta expressar, já que nada eh compreendido 100% para começar...

Ainda tentando expressar o que se consegue compreender não conseguimos passar isso 100%

E ainda quis falar sobre emoção que muitas vezes distorce as palavras e gera mentira.

Mas só comentando... e concordando que a questão eh enxergar por si mesmo e selecionar.

AgemiroValadão
Veterano
# jan/06
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O mistificador beneficia-se, assim, não só da distração e do despreparo técnico de seus leitores, mas também do efeito dissuasivo do comodismo

Os comodistas vivem dizendo: prove! Enquanto isso são escravos da própria ignorância e do ócio mental.

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