MetalJames Membro |
# 16/out/24 21:17 · Editado por: MetalJames
Olá, amigos.
Canto há uns 13 anos e de lá pra cá eu acredito que fui amolecendo nas minhas interpretações. Minha voz, que era agressiva na adolescência, foi virando uma voz de esquerdomacho soca foco e perdeu toda a agressividade.
No entanto, hoje quero mostrar pra mim mesmo que sou capaz de relapidar a minha voz pra agressividade. Tentei recordar da técnica hoje, utilizando uma música do Guilherme de Sá - o cara que considero ter o melhor drive do Brasil.
A música é Antiquário, aprendi hoje mesmo e não tenho intimidade com o caminho melódico que a voz percorre. A versão original está no primeiro link, já a minha versão está no segundo. Só começo a cantar com drive aos 0:57.
Informações:
1. Ah, as partes baixas da música eu fiz de propósito. Escolhi o tom certinho e não penso em subir ou aumenta, gosto assim, meio sussurado. Quero lapidar apenas o drive.
2. Foi gravado em um apartamento com um Zoom H5 e um Rozini RX340 (toco e canto simultaneamente), não soltei totalmente a voz por causa dos vizinhos.
Um abraço!
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Lelo Mig Membro
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# 17/out/24 20:50 · Editado por: Lelo Mig
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MetalJames
Cara, sempre gostei muito de sua voz e da forma como você canta. Já te elogiei algumas vezes aqui, acho que você têm um diferencial, um estilo pessoal, difícil de encontrar. Muita gente canta bem, mas canta muito padrão, parece todos saídos da mesma "fábrica". Cantar vai muito além de cantar bem.
Tudo isso para dizer, que achei legal, acho que você deve usar o drive se gosta mas, particularmente, prefiro quando canta com seu jeito mais pessoal, interpretação diferente, com sua divisão melódica inusitada, timbre e o uso dos agudos de uma forma muito particular, sobrando ar, o que te torna um cantor fora do lugar comum.
Não deixe nunca de cantar garoto...
Obs: Pessoalmente sua versão me agrada mais do que a original (ainda que eu ache o Guilherme Sá um bom vocalista) mas a versão original é bem padrão, clichezão pop rock e, inclusive, a voz me parece bastante tratada.
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Christhian Moderador
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# 18/out/24 17:46
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Vou fazer uma digressão, pra justificar o meu comentário.
Apesar de ter usado a palavra "drive" por bastante tempo, ela sempre me incomodou e eu não tinha certeza do porquê. Depois que fui graduar em psicologia, entendi que boa parte do nosso comportamento tem uma emergência nas palavras que usamos e pode moldar, de maneira crítica, como compreendemos aquilo que fazemos. E aí entendi por que essa palavra me incomodava tanto... Como alguém que canta usando bastante "drive" (já entre parênteses, pra desconstruir) e também toca guitarra, me dei conta de que esse termo é completamente equivocado e deve ter sido cunhado por um guitarrista, especialmente brasileiro. O nome dá a ideia de que trata-se de um "efeito" sobre a sua voz normal, já que é assim que um pedal de "drive" funciona. Entretanto, não existe, em nenhuma literatura séria sobre técnica vocal em outros idiomas - e nem mesmo em vídeos que sejam bem embasados - nada sobre esse termo, somente material em português, sendo quase sempre tudo meio mal explicado, beirando o charlatanismo em alguns caso, com uma falácia de autoridade - afinal, se o cara "faz drive", ele deve saber.
A verdade é que pouca gente ou quase ninguém sabe o que está fazendo. Em primeiro lugar, vamos pensar em "distorções vocais". Quando olhamos por esta perspectiva, a gente já tem duas mensagens: "Distorcer a voz", com ajustes musculares, SEMPRE vai causar algum desgaste, portanto a técnica vem no sentido de minimizar esse desgaste. E em segundo lugar, já que estamos falando de distorcer a voz, trata-se de algo como uma "caricatura" ou até uma "voz de dublador", daqueles que fazem personagens caricatos, que já são pré-concebidos e bem trabalhados sobre uma técnica básica bem consolidada, muito antes de tentar improvisar um ruído sobre a sua voz, que pode acabar produzindo uma lesão.
Dito isso, gostaria de te dizer que também gosto muito da sua voz e acho que já disse isso outras vezes. Mas não gostei dessa distorção, não pela sonoridade (nesse aspecto, até ficou legal), mas por sentir que foi algo que segue bem essa linha de colocar um "ruído" na voz apenas e não algo que foi sistematicamente planejado, pensado, pré-concebido e executado. Aliás, pensar em distorção, também dá pra inferir mais um significado. Afinal de contas, por que eu colocaria algo assim na voz, se não fosse para parecer, por exemplo, uma saturação de volume? Tipo, emular um grito intenso ou uma voz de fúria? Quando eu penso assim, consigo compreender que devo utilizar estas distorções em momentos pontuais e que façam sentido, na dinâmica da interpretação.
Enfim, post gigante, mas é porque gosto muito da sua voz e gostaria muito de deixar uma informação não somente relevante, mas que também pudesse causar uma reflexão importante sobre algo que, na minha opinião, é perigoso e irresponsavelmente difundido entre "coaches, influencers e falsos professores" que circulam por aí, especialmente em redes sociais.
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