Composição e arranjo no mundo digital: como é o seu uso da DAW e outros softwares nesse processo?

Autor Mensagem
makumbator
Moderador
# nov/12 · Editado por: makumbator
· votar


Ken Himura

É, rola muita reciclagem, auto cópia e tudo o mais quando o assunto é trilha sonora...ahshsahsa!

Aqui uma intervenção interessante da trilha sonora:

No filme Hannibal. Há a cena em que Hannibal e o detetive italiano estão em uma ópera ao ar livre, assistindo a uma ária.

Muita gente ao ver o filme achou que a ópera em questão fosse realmente uma obra completa real ( e não inventada para o filme). Na realidade o compositor Patrick Cassidy escreveu apenas a ária (belíssima, por sinal):

Vide Cor Meum

http://www.youtube.com/watch?v=1llrZefm8AU&feature=related



Mas segundo o próprio compositor ainda hoje muita gente pergunta de qual ópera é aquela ária do filme, e muitos se surpreendem ao descobrir que não tem ópera nenhuma, e que foi o compositor da trilha sonora que a escreveu.

Ken Himura
Veterano
# nov/12 · Editado por: Ken Himura
· votar


makumbator
Verdade! É um caso super comum de auto-reciclagem e reciclagem alheia.

A vide cor meum é muito bonita mesmo, não é a toa que vários cantores vão atrás dela e da enxurrada de perguntas ao compositor hehehehe. Eu quero escrever uma ópera porque a estética me agrada, mas tenho vontade de fazer algum trabalho assim como o Hannibal algum dia, mesclando música sinfônica (pensada pra este fim) com música pro filme.

Vou cair numa discussão interna sobre o que é diegético ou não, mas não creio que seja algo que me assuste muito hehehe.

Edit: Caramba! Acabei de perceber que a Vide Cor Meum foi usada em Cruzada (Kingdom of Heaven) também! No funeral do rei Baldwin IV!


Pois é, se a gente ficar aqui listando estas coisas, vamos passar a vida inteira mostrando exemplos e não acabar o assunto! ahuahauha

Die Kunst der Fuge
Veterano
# nov/12 · Editado por: Die Kunst der Fuge
· votar


Ken Himura
Não tem! hahaah

É um conteúdo completamente autoral, um misto de aulas que tive, documentários que vi e análise de músicas do cinema. É uma briga com a internet pra conseguir partituras de filmes pra dar uma olhada hehehe.


Escreva um livro e ganhe dinheiro! \o\
Valeu pelas dicas de bibliografia.

Agora, quando digo que os prazos são curtos e que nego se copia direto, digo que é na cara de pau mesmo.

Eu percebo muito isso com o Hans Zimmer mesmo.

Saca só isso daqui, vídeo comparativo da trilha sonora do Piratas do Caribe x trilha sonora do filme Rango:



makumbator
Ken Himura
Pois é, se a gente ficar aqui listando estas coisas, vamos passar a vida inteira mostrando exemplos e não acabar o assunto! ahuahauha

Achei maneiro esta parte onde o Hans Zimmer mistura um pequeno trecho da ópera Don Giovani do Mozart com a sua trilha:

http://www.youtube.com/watch?v=ZpPmNoAkgZA

Nessa outra aqui tem A cavalgada das valquírias tocada com Banjo na instrumentação, pra combinar com o clima de faroeste da coisa ehehehe:

http://www.youtube.com/watch?v=TPwNrWitOw4

Die Kunst der Fuge
Veterano
# nov/12
· votar


Ken Himura

Brincando aqui no teclado de bobeira com a progressão pela mediante, coisa simples, mão esquerda arpejando tríade e a direita fazendo melodias bobas, o som fica totalmente trilha sonora facilmente. Muito bacana.

Ken Himura
Veterano
# nov/12
· votar


Die Kunst der Fuge
Não é?? É tão foda e simples que todo mundo usa. Super hollywoodiano isso. E ao mesmo tempo, super moderno - surgiu ali pelos meados da virada do século XIX pro XX, com Hindemith e "amigos".

Tensão em música pra cinema é construída geralmente sobre tríades, não tétrades (como muita gente pensa)! O lance é mais orquestração do que harmonia. Tanto que o "segredo" do som porradão do Scott Smalley é a harmonização em terças e quartas, progressão pela mediante, e o espaço máximo de 6a entre a voz mais grave e a voz mais aguda. É super simples de entender, fazer já é um pouco mais difícil porque demanda prática, hehehe.

---
Olha essa aqui, John Williams ficando rico e famoso às custas de Wagner:

Wagner - Cavalgada das Valquírias (Prestem atenção no ostinato rítmico do acompanhamento dos metais logo antes da entrada do tema)



John Williams - Superman Theme & Star Wars Theme (olhem o padrão rítmico dos metais, antes de entrar os temas)





Se o John Williams usa, use também! hahaha

Adler3x3
Veterano
# nov/12
· votar


Ken Kimura

E membros do fórum.
Fiz uma música com as progressões que o Kimura apresentou neste tópico.
"Mistérios do Mar"
E parece que tá ficando bom.
Quero ver se termino ainda hoje a noite.
Aguardem.

Adler3x3
Veterano
# nov/12 · Editado por: Adler3x3
· votar


Terminei.

link do fórum em divulgue suas músicas:

http://forum.cifraclub.com.br/forum/14/297759/

Escutem a progressão apresentada pelo Ken Kimura é muito boa.

makumbator
Moderador
# nov/12
· votar


Adler3x3

Bem legal! Agora para virar trilha mesmo vc precisa fazer uma reciclagem, e usar exatamente a mesma idéia em outra música...hsahsahas!

waltercruz
Veterano
# nov/12
· votar


Ken Himura

Já viu a biblioteca Action Strings da Native Instruments?

http://www.native-instruments.com/#/en/products/producer/powered-by-ko ntakt/action-strings/

silvG8
Veterano
# nov/12
· votar


Ken Himura
O seu post de ontem as 5 da matina foi excelente. Vou tirar um tempo para ler com calma em um outro momento. Nunca parei pra estudar sobre composição... na verdade não paro pra estudar nada que não seja faculdade.

Prova amanhã sobre emergência... pense em uma prova sobre todas as emergências na medicina...... por isso postergo a leitura. :)

Ken Himura
Veterano
# nov/12
· votar


waltercruz
Já vi! Recebi o email assim que eles lançaram, pensei até em comprar, cara. Mas o preço é surreal ainda, acho que não vale o quanto pedem.

Claro que, se você tem (e gera) muita renda com trilhas, não vai custar muito comprar o pacote. Mas eu ainda acho superfaturado demais.

Dá pra construir essas frases com uma boa biblioteca, mas dá um trabalho hehehe!

Adler3x3
Vou ouvir agora! Já te dou o feedback!

silvG8
Obrigado! E boa sorte hehehe!

Ken Himura
Veterano
# nov/12
· votar


Adler3x3, waltercruz, Die Kunst der Fuge, makumbator e outros amigos interessados no tema!

Como tinha prometido, olha o vídeo que fiz estes dias pro curso:


O que vocês acharam? A linha de oboé e depois a solo entre oboé e flauta seguem esta harmonização pela mediante, de uma forma um pouco mais livre, enquanto a base se mantem.

Adler3x3
Veterano
# nov/12 · Editado por: Adler3x3
· votar


Ficou muito bom.
São duas artes distintas, a visual e a musical.
Me pareceu bem sincronizada.
A música e a harmonia combinam com o vídeo.
Quando escutamos mais a música do que ver o vídeo, somos convidados a voltar a atenção ao vídeo e vice versa, parece que esta com um bom equilíbrio.
Nesta arte acredito que o motivo principal seja o vídeo, afinal as pessoas vão ligar um aparelho para assistir.
E o foco é mais visual.
E assim a música deve seguir o vídeo, e o resultado alcançado ficou muito bom.
Já para somente audição a música que esta muito boa, pode ter uma versão mais expressiva ainda pois não vai estar presa aos limites de tempo do vídeo.
Parabéns.
A sua contribuição para o enriquecimento do fórum com material de alto nível é muito importante.

Quais softwares de áudio e vídeo utilizou (Vsts etc..)?

Ken Himura
Veterano
# nov/12
· votar


Adler3x3
O material foi bem diverso, tive um trabalho pra arrumar os timbres por conta do pouco tempo que restava para a entrega, não pude rodar todas as minhas opções e fazer os testes que queria.

Então, como não tenho samples orquestrais praticamente nenhum, usei o seguinte:

* Coral - Voices of the Apocalipse
* Piano - Piano One (um vst dum yamaha de cauda bem leve e funcional)
* Cordas - IL Sytrus
* Pizz. - DSK Overture
* Flauta - vários soundfonts
* Oboé - vários soundfonts
* Host - IL DirectWave (tô só com o Kontakt player, preferi não usar)

Tentei usar o Sonatina, mas o som morria antes do que eu precisava, sempre. Aí limei a flauta deles também. Essa flauta que me deu dor de cabeça (e ainda não curti o timbre), fiz umas 3 camadas de timbres diferentes pra tentar achar um colorido legal, mas ainda ficou sem peso. O oboé ficou excelente, pelo menos. Nele, coloquei uma camada com corne inglês também. O Sytrus é um synth excelente, vale muito à pena estudar o funcionamento dele. É híbrido, possibilita síntese RM, FM, aditiva e subtrativa. Eu acho ele bem poderoso pra sons texturais

Acho que o segredo desses timbres foi o reverb; usei o Breverb em tudo, renderizei o timbre que eu queria. Equalizei cada track e o master pelo Ozone.

A daw foi o Reaper. O vídeo eu já recebi cortado e mudo, pelo professor, sincronizei e renderizei pelo Reaper mesmo.

Pra criar, procurei um acorde que me desse a sonoridade levemente melancólica que eu queria (típico de sonho, fantasia). O acorde foi D/G. Daí, escrevi à mão um motivo principal (que seria o "germe" da música), e então fiz 13 variações dele. Parti pro Finale pra escrever cada motivo, e alguns depois sofreram outras transformações durante a composição. Nomeei cada motivo com uma letra, inclusive os de acompanhamento.

Depois, abri o vídeo pelo reaper e fui marcando os pontos onde aconteciam movimentos diferentes, e onde eu queria inserir efeitos específicos, como clímax, crescendo, piano súbito etc. Aí foi fácil fechar os trechos (cues) numa tabela mesmo, e montei a composição com base nessa tabela. Os campos eram: espaço de tempo (do vídeo), compassos (junto de fórmula e bpm), motivo usado, acompanhamento e instrumentação.

A ideia foi partir do germe, desenvolvê-lo até um estágio bem grande, depois retornar pro estágio inicial.

Este esquema é legal porque depois, no caso dum trabalho profissional mesmo, fica mais fácil de montar o cue sheet, que é um documento obrigatório tanto aqui no Brasil quanto nos EUA.

Bem, é isso! Obrigado, cara!

Die Kunst der Fuge
Veterano
# dez/12 · Editado por: Die Kunst der Fuge
· votar


Ken Himura

Aeee, depois de 5 anos finalmente ouvi algo seu!
Ficou muito legal, cara, muito legal mesmo! Casou perfeitamente com o vídeo.

Bacana também poder ver como foi seu processo de criação. Gostaria de ouvir mais coisas suas.

E o melhor é que seu resultado timbrístico ficou muito legal, mesmo você aparentemente só tendo usado soundfonts simples :O

O Sytrus é um synth excelente, vale muito à pena estudar o funcionamento dele.

Esse é um que tem no Fruity Loops? Eu não sei porra nenhuma de síntese, mas ele tinha uns presets muito legas lá que eu gostava. O nebula, por exemplo.

Respondendo o post anterior:

E ao mesmo tempo, super moderno - surgiu ali pelos meados da virada do século XIX pro XX, com Hindemith e "amigos".

É sério? Caramba, nem esperava. Em que peças o Hindemith usa isso? Mas ele usa assim tão abertamente e evidente como os compositores de trilha?

Tensão em música pra cinema é construída geralmente sobre tríades, não tétrades (como muita gente pensa)! O lance é mais orquestração do que harmonia. Tanto que o "segredo" do som porradão do Scott Smalley é a harmonização em terças e quartas, progressão pela mediante, e o espaço máximo de 6a entre a voz mais grave e a voz mais aguda. É super simples de entender, fazer já é um pouco mais difícil porque demanda prática, hehehe.

Muito bacana. Esse tópico me deixou com vontade de brincar, até baixei já o Sonatina e o Piano One, que são grátis, e vou ver se faço alguma coisa. Vou te homenagear no título.

Se John Williams usa, use também

Ahahaha muito bom.

Ken Himura
Veterano
# dez/12
· votar


Die Kunst der Fuge
Brigadão, cara! =D
O que eu for gravando aqui, subo num soundcloud (tipo o Adler3x3) que uso de portfólio, aí eu aviso. O lance é que tenho muita coisa pra sequenciar, aí fica aquela fila de músicas atolada aqui né, que só cresce.


Esse é um que tem no Fruity Loops? Eu não sei porra nenhuma de síntese, mas ele tinha uns presets muito legas lá que eu gostava. O nebula, por exemplo.

Pô, acho que é sim.

É sério? Caramba, nem esperava. Em que peças o Hindemith usa isso? Mas ele usa assim tão abertamente e evidente como os compositores de trilha?
Olha, não lembro direito sobre o Hindemith porque não visito a obra dele faz um tempão, nem o livro dele de harmonia. Mas, com certeza deve ser escancarado, se houver mesmo. Principalmente dentro daquela ideia de tonalismo não diatônico; com essa técnica, você pode fazer música tonal cromática com uma certa facilidade. Olha uns exemplos dessa técnica de antes disso:

Mozart - Sonata pra Piano #17 K.570

Schumann - Nouvelette op.21 #1
Interessante notar aqui que, partindo de Db, ele caiu num A, só que usou este lá como se fosse o enarmônico - B dobrado bemol maior.

Tchaikovsky - Quarteto #1 op.11
Legal aqui é a ideia genial do homi de usar a nota em comum para fazer uma transição mais suave, acompanhe: partindo de Bb: dominante da dominante (C), dominante (F) - mantém a nota fá - Db.

Tchaikovsky - Canções sem palavras op.2 #3

Em exemplos, podemos ficar a vida inteira aqui hehehe. Os livros do Hindemith estão na minha fila de leitura (tô lendo tudo o que encontro de música pra tirar material pra minha monografia). Quando chegar neles, eu vou lembrar de procurar alguma menção a isto lá e te falo o que achar!


Muito bacana. Esse tópico me deixou com vontade de brincar, até baixei já o Sonatina e o Piano One, que são grátis, e vou ver se faço alguma coisa. Vou te homenagear no título.
Obrigado, cara! =D

O curioso é que esta semana fiz uma homenageando o Hans Zimmer (e nitidamente um spin off de chevaliers de sangreal), pra ser tocado ao vivo no curso esta semana - era o meu trabalho final. Ficou ótimo, hehehe! Quando liberarem a gravação (ou quando eu terminar de sequenciar), mostro aqui também!

Jube
Veterano
# dez/12
· votar


Ken Himura
Estava lendo seus posts, quanta informação valiosa!!! Muito obrigado por compartilhar!

pirovani_es
Veterano
# dez/12
· votar


Ken Himura
Tbm tenho q parabenizar pelos posts e agradecer pelas informações valiosas! Teu trabalho ficou muito bom, cara!
(Meio q fora do tópico: Vi q tu faz curso de Música voltado pra cinema e TV. Aqui no ES, na UFES, tem um curso super recente d Música voltado para Composição de Trilhas Sonoras para Cinema. Já ouviu falar sobre? To pensando em cursar logo q terminar minha atual graduação. Nem sei se é bom, mas já vou pesquisando algumas coisas pra ver se vale a pena...)
Bom final de curso pr'ocê aí!!!

Ken Himura
Veterano
# dez/12
· votar


Jube e pirovani_es

Obrigado, amigos!

Sobre o curso na UFES, eu não tava sabendo não, mas é uma ideia ótima que já acontece em muitos países (um curso de composição aplicada a trilhas e um de composição mais geral). Sabe quem são os professores?

Entretanto, a nível de graduação, eu prefiro o bacharelado comum de composição, ou melhor ainda - estudar composição com um(ns) grande(s) compositor(es) a parte, fora do âmbito universitário, enquanto faz uma faculdade qualquer*. Por não saber quem são os professores, posso estar falando besteira, mas acho melhor estudar trilha em cursos de pós graduação, tanto lato ou stricto (só tem lá fora, por enquanto). Ou cursos de extensão universitária (como este que faço). Porque, dessa forma, você tem um curso só focado nisso, sem outros assuntos pra distrair.

Você tem alguma formação musical, seja formal ou informal? Posso te dar umas recomendações do que fazer.


* - Acho melhor porque em aula particular - naquele formato de mestre e discípulo - você absorve mais os conteúdos necessários à formação de um compositor clássico; são conteúdos que ou são passados batido direto na universidade ou são pouco vivenciados. Uma pessoa, por exemplo, não vai virar um Ravel em 3 semestres de aulas de Orquestração na faculdade (geralmente o que é obrigatório)...e você não verá mais este conteúdo na graduação, tendo que recair ao auto-didatismo se quiser continuar se especializando. O problema principal é que na maioria dos cursos de graduação, não se tem muito tempo pra explicar o funcionamento dos instrumentos diversos nem um módulo específico só pra instrumentação. Isso compromete as aulas de orquestração porque, ao invés de só falar de técnicas disso, tem que misturar com instrumentação e fica tudo muito corrido.

Tendo um mestre sempre em cima, o caminho se torna mais fácil. Foi por isso que escolhi fazer uma pós lato neste assunto (orquestração); apesar de ser um curso mais ou menos curto, tem gente em cima cobrando toda semana algo novo orquestrado, além de toda a discussão sobre este assunto e outros musicais de suma importância (harmonia, técnicas de composição entre outros) - já me daria uma base sólida prática para depois ir pro auto-didatismo enquanto prossigo meus estudos superiores.

Ken Himura
Veterano
# dez/12
· votar


Amigos, uma coisa que achei na internet enquanto pesquisava sobre uns assuntos parecidos: http://en.wikipedia.org/wiki/Neo-Riemannian_theory

Que tal uma abordagem desta parada? Olhem os usos atualmente discutidos, segundo o próprio artigo:

* Proximidade na condução de vozes entre acordes com mais de 3 sons - principalmente entre espécies de hexacordes, como o "acorde místico"(1);
* Proximidade de tons comuns entre tricordes dissonantes;
* Progressões entre tríades pelo espaço diatônico, em vez de cromático;
* Transformações entre escalas de vários tamanhos e espécies;
* Transformações entre todas as tríades possíveis, não necessariamente "involuções" de mudança estrita de modos;
* Transformações entre acordes de diferentes cardinalidades - chamadas transformações "entre-tipos";
* Aplicabilidade à música pop;
* Aplicabilidade à música do cinema.


Pra entender bem esta teoria, é só se centrar no conceito de rede de tons e as operações básicas, PLR.
P - Parallel - acorde maior: move a 3a 1 semitom abaixo, menor: 1 semitom acima;
L - Leading-tone - acorde maior: move a fundamental 1 semitom abaixo, menor: a 5a 1 semitom acima;
R - Relative - acorde maior: move a 5a 1 tom acima, menor: a fundamental 1 tom abaixo.

Exemplo fácil de sacar: Ab Maior -> A menor


L P R
Eb----Eb----E----E
C-----C-----C----C
Ab----G-----G----A


Acho legal este tipo de teoria, gera muitas ideias boas. Tô lendo o artigo sobre música de cinema com isso pra entender melhor o uso pras telonas!

Postem aí o que vocês acharam! =]



(1) nota minha: "acorde Prometeus", [02469A] espaçado por quartas, procurem por Scriabin. exemplo

Ken Himura
Veterano
# dez/12
· votar


Senhores?

vadimVladimir
Veterano
# dez/12
· votar


Mr. Ken, estou iniciando neste mundo e já fiz muita pesquisa. Mas ainda não tinha lido nada do que vc postou por aqui.

Vc acabou comigo :)

Eu sou um diagnosticado com "Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH)" e tomo remédio diariamente pra me controlar. Nem com remédio eu segurei a onda e saí pesquisando quase tudo o que vc comentou :)))

Mas eu gostaria de saber mesmo, qual é a sua formação ?

abraços e obrigado por compartilhar.

Ken Himura
Veterano
# dez/12
· votar


vadimVladimir
Sou analista de sistemas já formado, técnico em programação, técnico em violino e estudo composição há anos. Estudei piano por anos também, mas não chego perto de um pra estudar desde 2007. Estou me pós-graduando (lato sensu, uma especialização mesmo) em orquestração neste próximo semestre (tomara! hehehe) e já tô entrando os trâmites pras seleções de mestrado em música - composição.

Tô num projeto de música e computação na faculdade de música onde faço aulas, projeto este que vai me ajudar muito na minha pesquisa de mestrado e até de doutorado. E fiz um curso de extensão universitária focado em trilha sonora pra tv e cinema com só profissionais conceituados da área no país (Tim Rescala, David Tygel, Alberto Rosenblit, Felipe Radicetti, João Paulo Mendonça etc), que dizem que pode virar um mestrado também (eles têm que contratar doutores no tema para dar aula, não só quem é do meio) - aí vou ter que cumprir alguns créditos extras e fazer um projeto de dissertação maior sobre este tema.

Atualmente estou com umas 5 músicas grandes em composição - tô fazendo vários estudos pra elas, tô lendo praticamente tudo o que eu encontrar escrito sobre contraponto pra usar na minha tese. Fora isso, tenho uma pilha de uns 40 livros de música (muitos são de contraponto mesmo) pra ler até março (o ideal). Fora isso tudo, ainda tô procurando tempo pra tentar estudar violino direito, o que não consigo fazer tem uns meses.

Bom, esta é minha formação atual hehehe.

Ken Himura
Veterano
# jan/13
· votar


E aí? Ninguém apareceu com nada novo?

Ainda não preparei uma parte 2 desta "aula" hehehe. Devo fazê-lo até fevereiro, se pá. Tô meio paradão desde o início de dezembro porque surgiram umas ideias de fazer fuga dupla pra orquestra e tal, aí tô vendo se isso passa hahahaha.

Adler3x3
Veterano
# jan/13
· votar


Ken

Bem estamos no aguardo da próxima aula.

Eu estou fazendo experiências com gravações, digitando partituras de músicas clássicas e tentando fazer uma instrumentação/humanização.

Maestron
Veterano
# jan/13
· votar


Ufa..

Um dos tópicos mais ricos que já vi aqui no forum!!! Parabéns aos participantes, principalmente ao Ken Himura por dividir tanta informação valiosa... A música de cinema é uma das minhas paixões, já fiz cursos sobre trilha sonora há um bom tempo atrás e gostaria de estudar esse tópico para aprender mais... Infelizmente estou enfrentando situações que roubam toda a minha atenção, por isso não tenho participado muito do forum e em nada pude contribuir para ajudar, muito menos aprender com os colegas... Mas logo voltarei com mais tempo e dedicação a esse forum que estou sempre acompanhando, mesmo sem postar.

Leo Vaz
Veterano
# jan/13
· votar


waltercruz

Vc foi muito feliz na idéia desse tópico, e a turma, esbanjou maturidade trocando dicas sinceras e sem amarrar o " pulo do gato ". Estou cansado d+ hj pra comentar e ler tudo, mas já gravei o tópico na tela inicial para me inteirar e contribuir em breve! Abraço a todos.

waltercruz
Veterano
# fev/13
· votar


Aproveitando um excelente texto que me foi recomendado pelo Casper em outro tópico, vamos trazer novos pontos a essa discussão?

O texto em questão é esse:
http://www.deepbeep.com.br/senoide/xerxes/


Como você vê o mercado de ensino da música hoje?

A sensação que eu tenho é de que ainda há carência de informação. É preciso também tomar cuidado em como essa informação é passada, e prestigiar essas iniciativas sérias como a da Universidade Anhembi Morumbi que transformou a tecnologia aplicada à produção fonográfica em curso superior; e o IAV, que tem uma abordagem interessante ao assunto. O que me levou a elaborar esse curso na Trackers foi a liberdade de criar algo mais conceitual e amplo.

O curso, elaborado por você, vai além da música eletrônica. Você sente algum limite no gênero hoje em dia?

Sim. Inclusive o curso surgiu no momento em que eu percebi essa limitação, quando notei que muitos, principalmente aqueles que começaram a produzir agora, têm sido dependentes da interface gráfica e do software que vai ser utilizado. É o software, na maior parte das vezes, que tem ditado o resultado, e isso acaba influenciando na estética. Daí me veio essa pergunta: qual seria a realidade antes disso? Para minha sorte eu tinha um livro que ganhei do Raul Cornejo há alguns anos atrás do Oscar João Abdounur, “Matemática e Música – O Pensamento Analógico na Construção de Significados”, que foi o ponto de partida para a elaboração desse curso. O interessante foi descobrir que a nossa relação de tecnologia com música vai muito além dos computadores. A gente associa, automaticamente, tecnologia a computadores e acaba esquecendo que por trás disso tudo existem cálculos que foram inventados lá pelo século VI A.C, portanto nós temos uma base de conhecimento milenar sobre o assunto. Resolvi pesquisar e ver se seria possível, em um curto espaço de tempo, desligar as pessoas dessa dependência do computador como ferramenta de criação.

Foi como produtor ou DJ que você percebeu primeiramente esse limite?

Como DJ. Uma vez eu estava discutindo com alguns amigos sobre a estética homogênea do minimal, e acabamos constatando que a maior parte dos produtores, principalmente quando o minimal se tornou muito popular, estavam utilizado o Ableton Live como ferramenta. Daí surgiu o insight inicial: Será que é o software que está determinando a estética da música?


Se possível, leiam a entrevista toda, vale a pena.

Agora, partindo do raciocínio inverso:

Alguma vez você já sentiu que o workflow imposto ou sugerido pelos softwares que você usa estava de alguma forma te conduzindo no seu processo de criação? Se sim, você viu isso de forma positiva ou negativa? Como lidou com isso? Enfim, são algumas perguntas que quero propor pra esse tópico. Abraço!

tmurback
Veterano
# fev/13
· votar


Eu não me sinto influenciado, não. Acho que é porque eu não sei mexer direito... huahuahua... mas, eu acho que influenciam mais na sonoridade... eu gosto muito de gravar as idéias, mas detesto ter que mixar e masterizar... aí aplico os patches de compressor, EQ, masterização, dou uma customizadinha e vou ser feliz... hehehe...

makumbator
Moderador
# fev/13 · Editado por: makumbator
· votar


waltercruz

Pra mim o suporte em que se constrói a música sempre influencia o resultado. Isso pode ser bom ou ruim.

Um exemplo simples é um compositor que sempre escreve com algum instrumento à mão, e que acaba direcionando a música às possibilidades e restrições do instrumento em questão.

E isso vale inclusive para a escrita musical (mesmo pensando em papel e lápis, sem software de notação envolvido).

Tem um livro muito interessante sobre essa influência (escrito em cima de um tese de 1998):

Notação, representação e composição (um novo paradiga da escrita musical).
autor: Edson S. Zampronha
editora: Annablume (Fapesp)

http://www.ppgcom.ufrgs.br/v1/nucleoinfo/zampronha-pucsp98.htm

http://www.megabook.com.br/musica/notacao-representacao-e-composicao-u m-novo-paradigma-da-escritura-musical.html

Enviar sua resposta para este assunto
        Tablatura   
Responder tópico na versão original
 

Tópicos relacionados a Composição e arranjo no mundo digital: como é o seu uso da DAW e outros softwares nesse processo?