O fim do CQC? O que virá no lugar?

Autor Mensagem
carlosjunior
Veterano
# jun/11


O fim do CQC? O que virá no lugar?


Jornal do Brasil
Paulo Ghiraldeli Jr.



Quando do início do CQC, fiz uma crítica ao programa, dizendo que apesar do humor, ele tinha um cheiro de fascismo. A palavra "fascismo" não deve ser usada à toa. Por isso, falei de cheiro, e não de fascismo propriamente dito. De onde vinha o cheiro? Da maneira como o carequinha Marcelo Tas, acostumado a fazer programas infantis, estava conseguindo a adesão de uma juventude colegial e pré-colegial de classe média, que não admitia qualquer tipo de crítica ao programa. Não eram fãs, eram fanáticos. E isso foi bem administrado pelos idealizadores do enlatado argentino, então no Brasil. Nada era certo para os fãs caso não fosse autorizado por Marcelo Tas e seus garotos catapultados à condição de humoristas da noite para o dia. Achei isso perigoso, denunciei. A reação no Twitter, contra mim, foi imediata. Ficou claro, então, que realmente havia algo esquisito ali.

Diferente do pastelão do Pânico na TV, assumidamente um estilo de humor, o CQC queria parecer algo além do entretenimento, um "programa inteligente" que estaria "conscientizando" a população. As denúncias contra políticos pulavam aqui e ali. Boas reportagens se fizeram, todavia, ao final de cada uma, cada vez mais ficava a denúncia pela denúncia. Nenhum prosseguimento mais consequente a não ser a ideia de que a política é suja. A denúncia perigosa prevaleceu, ou seja, aquela que não é seguida de qualquer análise que permitiria um mínimo de reflexão sobre o funcionamento da política. O programa ficou na denúncia que alimenta os conservadores de sempre a dizerem: "tá vendo, esse país não vai adiante mesmo, tudo culpa dos políticos". Gente da minha idade, que sabe bem o que aconteceu com Jango, nunca se esqueceu do destino dessas denúncias.

Mas aí veio a queda de audiência e juntamente com isso, paradoxalmente, a euforia dos meninos do programa que, fazendo a tal comédia agora batizada de "stand up", começaram a realmente se acharem humoristas, como se Ronald de Golias, Jô Soares, Agildo Ribeiro e Ivon Cury nunca tivessem existido. O cheiro de fascismo virou fedor. Não tardou nada e os garotos mostraram a verdadeira face antes de corsário que de pirata. Das piadas contra o "politicamente correto" - um clima que já havia agarrado até professores de filosofia (!) - eles se lançaram para as piadas de franco mau gosto, mexendo com judeus, mulheres e órfãos. Nada censurável, eu acredito, mas francamente alguma coisa bem dispensável em um Brasil que precisa, por causa da presença de Bolsonaros, Netinhos e Massacradores de Bombeiros, a aprender um pouco mais de civilidade.

O CQC praticamente não existe mais. O programa está ruim. A audiência foi embora. Afinal de contas, jovens pré-adolescentes deixam a juventude muito rapidamente. Foi amor de verão, sabemos. Mas o que ainda está no ar, no clima cultural e de entretenimento brasileiro, é a ideia do "vale tudo". Ou quase. Ou seja, vale a regra de que o Brasil não tem ethos algum e, então, não pode mesmo ter ética. Aliás, ética deixou de ser uma palavra do âmbito da filosofia para ser um termo que, na boca de muitos, perdeu o conteúdo, virou casca. Pequenos modos de falar baixo e polido indicam "não perdeu a razão" e, então, são validados como "éticos" pelo senso comum amortecido. Ou seja, se você não grita então você tem legitimidade para bater palmas para quem espanca mulher, faz mal para animais, vocifera contra gays, ataca o Congresso Nacional e imagina que a solução de tudo está na ampliação do BOPE e no assassinato de FHC porque ele estaria fazendo apologia às drogas. Não gritou, posou de "bom moço", pode aderir à barbárie e ainda assim continuar ético. A etiqueta dá um trança pés na ética.

Assim, uma frente de malucos conservadores vindos de todos os lados, às vezes capitaneados por gente que diz francamente que está "contra um mundo melhor", toma conta da passarela. Todos fantasiados de boa gente, contanto que os pastores usurpadores de dinheiro possam continuar fazendo o que quiserem nos templos. Eis a TV! A TV que começa a querer substituir a sociedade.

Esse clima conservador, que às vezes explode na mídia, eu vi o estopim dele no início do CQC. Trata-se da nossa crescente incapacidade de se debruçar nos problemas. Queremos, antidemocraticamente, ajustes rápidos. O fato da justiça no Brasil ser dita lenta leva muitos a achar que ou a justiça é rápida ou não é justiça. Esquece-se que a justiça rápida pode, muitas vezes, significar o mesmo que "justiça pelas próprias mãos". O CQC não tem culpa disso tudo. Ele me pareceu apenas um sintoma. Tratava-se de um sintoma de que estávamos caminhando rapidamente para a época do "flash" - tudo tem de ser mostrado na forma de recorte descontextualizado e, seja o que for, o importante é chocar, chamar a atenção e, então, faturar audiência. Muitos estão nessa! No Brasil atual, mesmo em lugares onde a audiência não importa ou não deveria ter força, a ideia de conquistar a audiência a qualquer custo ganhou até os que não deveriam se deixar levar por isso. Ninguém mais atua sem estar em uma tela, e as telas parecem ter sido padronizadas pelo CQC. Ele acaba, mas o seu cheiro ainda está no ar. Meu medo é que paire por mais tempo. Meu apavoramento é que se eternize.

Paulo Ghiraldelli Jr. é filósofo, escritor e professor da UFRRJ

Fonte: http://www.jb.com.br/sociedade-aberta/noticias/2011/06/15/o-fim-do-cqc -o-que-vira-no-lugar/

J. S. Coltrane
Veterano
# jun/11
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Paulo Ghiraldeli Jr.

parei aqui

brunohardrocker
Veterano
# jun/11
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No início do texto ele foi muito bem, fez uma crítica pertinente. Mas depois se revelou muito "homem do século XXI."

L.A.M_Hard_Rock
Veterano
# jun/11
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Recalque é uma desgraça.

carlosjunior
Veterano
# jun/11
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brunohardrocker
No início do texto ele foi muito bem, fez uma crítica pertinente. Mas depois se revelou muito "homem do século XXI."


Realmente, não achei uma crítica absolutamente tão construtiva. Me pareceu um pouco de dor de cotovelo.

Pesadelo
Veterano
# jun/11
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mimimi sensacionalista.

carlosjunior
Veterano
# jun/11
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fazendo a tal comédia agora batizada de "stand up", começaram a realmente se acharem humoristas, como se Ronald de Golias, Jô Soares, Agildo Ribeiro e Ivon Cury nunca tivessem existido

Eu ri.

SODAPOP
Veterano
# jun/11 · Editado por: SODAPOP
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Concordo que:

1- o clima de "Brasil tá uma merda porque política é uma merda" que o programa sustenta(va) é prejudicial a construção de uma mentalidade que faça o país progredir intelectualmente e culturalmente (até na valorização de seus próprios ritos e costumes), e que isso não é "inteligente" (como rotulam o humor deles).

2- concordo com a distorção que a palavra "ética" sofre, mas isso não tem a ver com esse programa. Palavras se gastam e desgastam... basta ver o exemplo da palavra "imprudência": além de ser a única palavra usada pra definir despreocupação intencional no volante, com um tempo possuiu apenas esse significado.

Discordo que:

1- Eles não são humoristas, apenas porque se descobriram há pouco. Se eles fazem piada e tem gente que ri... então eles são humoristas. Jô é Jô, CQC é CQC.
Agora, se vc acha engraçado ou não é outra história. Eu particularmente não acho engraçado nenhum humorista do CQC, assim como não acho engraçado praticamente nada nem ninguém no Pânico.

e ele deu umas provocadas e exagerou demais nas metáforas em muitas colocações, o que vai atordoar ou tirar o foco de quem não tem paciência ou capacidade de filtrar um texto.

Insomniac_
Veterano
# jun/11
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Só falou abobrinha e bastante mimimi, hehehe.
Crítica nada válida, na minha humilde opnião.

renansena777
Veterano
# jun/11
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O cara tem coragem de chamar de fascista um programa que trollou fortemente o Bolsonaro. Trofeu joinha champz pra tu manolo!

renansena777
Veterano
# jun/11
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E eu li essa porcariia toda...

De conservador, fascista ou seja lá qual for o mimimi esse programa nao tem nada, seu comunistinha que nao é de merda, senao eu tomo mais uma advertencia

DarkMakerX
Veterano
# jun/11
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Estes textos de opinião têm que ser levados com cuidado. Não dá nem pra discordar totalmente, e nem abaixar a cabeça e concordar.

Tem muitas verdades, assim como exageros.

Gostei da parte "Marcelo Tas e seus garotos catapultados à condição de humoristas da noite para o dia". Realmente é verdade. Um bando de ninguém, que faziam piadas aqui ou ali (rádio e afins) e daí do nada são os ícones do humor brasileiro.

diegoloko12
Veterano
# jun/11
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Pornografia amadora

Ken Himura
Veterano
# jun/11
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Tirando o top 5, o CQC nunca me foi nada além de merda.

Vitor M.
Veterano
# jun/11
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Nunca consegui achar graça no CQC, Panico, Legendários, etc...

Bob do recife
Veterano
# jun/11
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Vitor M.
Nunca consegui achar graça no CQC, Panico, Legendários, etc...

legendarios de fato é um lixo total..

panico é um humor escrachado e sem noção, é bom :)

cqc é agradavel de assistir..

Nem Mar
Veterano
# jun/11
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Paulo Ghiraldelli Jr. é filósofo, escritor e professor da UFRRJ

e esse texto tem um cheiro de maconha

me recuso a ler.

paulinho pc
Veterano
# jun/11
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eu assisto "a liga". CQC nem vejo. Acho as reportagens do Rafinha Bastos e sua trupe bem bacanas.

DraKo
Veterano
# jun/11
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Assisto panico, CQC so vejo o top 5.

qew
Veterano
# jun/11
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Prefiro CQC as opções da tv aberta.

Dylan Thomas
Veterano
# jun/11
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O fim do CQC? O que virá no lugar?

sinceramente sou incapaz de me importar com uma questão dessas.

Zandor
Veterano
# jun/11
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Parei de ler aqui

Esquece-se que a justiça rápida pode, muitas vezes, significar o mesmo que "justiça pelas próprias mãos"

Zandor
Veterano
# jun/11
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panico é um humor escrachado e sem noção, é bom :)


Panico é tipo um monte de siliconadas fazendo nada no meio de uma platéia e uns segmentos onde eles ficam mostrando um fragmento de vídeo repetidas vezes tipo "RONALDO RONALDO RONALDO"

qew
Veterano
# jun/11
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Panico é tipo umlixo, que é vergonhoso ser exibido, porém diante das opções para domingo a noite acaba sendo aceitavel, nos levando a uma realidade triste, a respeito da programação televisiva.

Codinome Jones
Veterano
# jun/11
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Pânico > CQC

Paul Young
Veterano
# jun/11
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DarkMakerX
ealmente é verdade. Um bando de ninguém, que faziam piadas aqui ou ali (rádio e afins) e daí do nada são os ícones do humor brasileiro.


Bem... mas isso é meio lógico de acontecer.

Viciado em Guarana
Veterano
# jun/11
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SODAPOP
Agora, se vc acha engraçado ou não é outra história. Eu particularmente não acho engraçado nenhum humorista do CQC, assim como não acho engraçado praticamente nada nem ninguém no Pânico.
Você tem problemas na sua vida irmão! Aceite Inri Cristo como seu salvador, e comece a alegrar a sua vida com o monte de besteiras do pânico.

Zandor
Panico é tipo um monte de siliconadas fazendo nada no meio de uma platéia e uns segmentos onde eles ficam mostrando um fragmento de vídeo repetidas vezes tipo "RONALDO RONALDO RONALDO"
A fórmula é simples e eficaz, de tão tosco chega a ser engraçado.

Paul Young
Veterano
# jun/11
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O Pânico ta se tornando um programa de bulling totalmente inconsequente, tipo criança fazendo merda. Ainda acho que alguém vai morrer naquele programa pro causa disso ae.

Codinome Jones
Veterano
# jun/11
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muito me irrita ver gente entulhando de predicados os tipos de humores, e estilos e mil picas, diferentemente das outras artes, o humor de certa maneira é mais objetivo, i mean, ou você ri ou não. Acho essa condição um ótimo repelente de idiotas que tentam se valer com essa conversa mole de humor inteligente e consciência política, tipicos telespectouvintes de CQC.

qew
Veterano
# jun/11
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Codinome Jones

Com certeza o CQC NÃO é humor inteligente, só é menos burro em relação ao panico, o que não é dificil.

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