Midani fala sobre o Jabá.

    Autor Mensagem
    Ronin
    Veterano
    # mai/03


    Eu postei isto no fórum de música... mas vou postar aqui para rolar uma discussão. :)


    O Preço do Sucesso
    André Midani,um dos nomes mais importantes da indústria fonográfica brasileira dos anos 60 aos 90,conta como é feita a cobrança para execuão de música nas rádios e tvs, conhecida como jabá


    Da Reportagem Local


    A seguir, André Midani fala sobre as formas de pagamento do jabaculê e de esquemas envolvendo Chacrinha, a gravadora Abril Music e a rádio Jovem Pan.
    (PAS e LM)

    Folha - Você quis resistir ao jabá?
    Midani - Tive várias interferências no sentido de dizer "vamos parar com esse negócio". Em 78, na Warner, estava lançando Baby e Pepeu, que, como integrantes dos Novos Baianos, haviam sido os protegidos do Chacrinha. De repente, recebo a notícia de que, se não pagássemos, eles não iam aparecer em seu programa. Achei por bem denunciar. Disse à imprensa que Chacrinha queria cobrar jabaculê. Isso me custou caro. Rádios e outros programas de TV aderiram à causa e passaram a cobrar também.


    Folha - A geraão dos anos 80, inclusive artistas seus, contou muito com Chacrinha para fazer sucesso. Como terminou sua briga com ele?
    Midani - Recebi um recado de que ele gostaria de se reconciliar. Almoçamos e ficou aquela mútua hipocrisia. Fizemos as pazes, sempre nos amamos muito. Chacrinha me convidou ao programa para receber um prêmio. O filho dele, Leleco, era quem fazia a programaão e foi uma das pessoas mais militantes [no esquema].


    Folha - Os grandes nomes de sucesso pagam jabá?
    Midani - Até hoje. No início do governo FHC, se nos EUA o custo de lançar uma música no rádio era de US$ 300 mil por uma canão, no rádio brasileiro era de R$ 80 mil a R$ 100 mil, na época em que um dólar era um real.


    Folha - Qual era o peso do orçamento para jabá numa gravadora?
    Midani - Quando isso começou, a verba publicitária era 5% das vendas. Na época do Chacrinha, era algo como 10%. Até o momento em que estava militando, há dois anos, os orçamentos publicitários variavam entre 12% e 16%. Dessa verba, na última vez que ouvi falar de números, a parte do jabá podia chegar a 70%.


    Folha - O esquema tinha a participaão dos donos das emissoras?
    Midani - No início, não. Os funcionários de rádio tinham salários modestos e encontraram um meio de ganhar mais. Os donos das rádios ficavam contentes, pois não tinham que aumentar os salários. Mas a soma de dinheiro foi ficando maior e certos donos entraram em contato com as gravadoras e disseram: "A partir de agora quem manda na programaão sou eu". Aí era uma relaão profissional. Tutinha, da Jovem Pan, gostava do disco ou não. Se ele não gostasse, não pegava acordo financeiro com a companhia, não havia jeito. Se gostava, ele se sentava para negociar. E fazia isso de uma forma profissional: "Vou tocar tantas vezes por dia, vou fazer um especial". Armava quase uma operaão de marketing.


    Folha - Por que as gravadoras não se uniram para acabar com o jabá?
    Midani - Isso foi tentado várias vezes, mas sempre alguém roía a corda. Quando a empresa está numa situaão de fragilidade orçamentária, a tentaão do diabo é muito grande. A concorrência é grande. Há, por exemplo, o caso recente da Abril Music. A companhia entra no mercado e paga o que tiver que pagar para poder tocar e desestabiliza as outras. O prejuízo foi de milhões. A sede de sucesso imediato fez com que a companhia fosse uma catalisadora da tormenta jabazeira.


    Folha - O que acha da proposta de criminalizaão do jabá?
    Midani - Acho que é indispensável. Se o nome é jabá, suborno ou campanha promocional (ri), moralmente é um suborno.


    Folha - Você pagaria jabá hoje?
    Midani - Tudo depende do que se faz com esse jabá. Vamos supor que nos 70 a situaão fosse como é hoje. Teria botado jabá em cima de Caetano, Gil, Chico, Raul Seixas. A coisa começa a ficar pior quando você pega um artista que não tenha nenhuma qualidade e coloca dinheiro por cima.


    Folha - Além de dinheiro vivo, jabá também incluía "mercadorias"?
    Midani - O que for. Dinheiro, drogas, prostitutas. Isso já não creio que exista hoje em dia.

    guitarrafuriosa
    Veterano
    # mai/03
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    Foda isso, o Lobão vive falando sobre isso, e o Régis Tadeu (da Cover Guitarra) já publicou um artigo falando sobre isso, esclarecendo que é isso que faz o Cd custar tão caro.

    Walker
    Veterano
    # mai/03
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    O lObão é mó demagogo. eu vi uma entrevista dele com o boris cazoy falando que há 10 anos não tocava música nova dele em rádio pq ele não pagava jabá. é mentira, uma música dele chamada noite tocou aqui no rio e fez uma promoção dando até uma moto...

    maggie
    Veterana
    # mai/03
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    Jabá é crime! O pior não é quem paga, são as bandas que ficam de fora do circuito por não terem recursos pra investir.

    Em vez de comprar intrumentos e equipamentos melhores, tem que se preocupar com jabá, é absurdo.

    Duvido que alguma lei consiga impedir, isso já é feito por baixo dos panos. O caixa dois sempre existiu, só que poucos vêem ou "querem ver".

    Em compensação aqui no sul tem programas e rádios que não tocam só as bandas "confirmadas", como o RADAR, da TVE, e a RÁDIO IPANEMA, sucursal da BAND/RS.

    Saudações revoltadas!

    rpassaro
    Veterano
    # mai/03
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    Eu não gosto do Lobão,ele fala como se fizesse tudo certo,ele se acha muito...e essa historia de jabá sempre existiu e sempre vai existir.Fazê o que,né?

    MAGRO DO BONFA
    Veterano
    # mai/03
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    Jába é uma merda.

    Me digam uma coisa: na cidade de vcs roda Velhas Virgens no rádio? Aqui no RS eu nunca ouvi tocar em nenhuma.

    É o caso típico de uma banda que tem uma divulgação mais alternativa.

    maggie
    Veterana
    # mai/03
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    MAGRO DO BONFA

    " Me digam uma coisa: na cidade de vcs roda Velhas Virgens no rádio? Aqui no RS eu nunca ouvi tocar em nenhuma. "


    Já ouvi na Ipanema, pedido de ouvinte.. E era aquela "Abre as pernas...!" hehe

    Saudações radialistas!

    rpassaro
    Veterano
    # mai/03
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    MAGRO DO BONFA...eu já escutei na kissfm,também essa radio é muito foda!!!

    Ronin
    Veterano
    # mai/03
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    O pior é o nível de verba que vem sendo gasta no lance do Jabá... 70% do orçamento da gravadora é dedicado a isto, é um abusurdo...

    E como falou o Midani... se isto fosse utilizado para colocar bons nomes no circuito, tudo bem... mas utilizam-se disto para vender o Mc Serginho, a Kelly Key, e tantou outros.

    Podemos até não gostar do Lobão... mas se o Midani está correto sobre 70% do orçamento ser dedicado a Jabá, não é a gravadora que morre com isto... somos nós, ao pagar 25 à 30 reais num CD! O Supla (tbém num gosto dele) provou que o custo do cd pode ser de 9,90 sem problemas.

    rpassaro
    Veterano
    # mai/03
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    é isso ai papito...hehe

    ps:também não gosto do supla.

    Ronin
    Veterano
    # jun/03
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