Bloqueio na hora de compor

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Beto Guitar Player
Veterano
# out/17 · Editado por: Beto Guitar Player
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Alguém quer ser um bom compositor?

Estude, treine, leia boa literatura, vá ao teatro, vá ao cinema, vá a museus, conheça um pouco de filosofia, de ciências, de história, de sociologia. Interaja com as pessoas, faça amor, se apaixone, sofra, de risadas. Vá para outro estado de carona ou à pé, visite outros lugares, interaja com pessoas diferentes.

Viva! E tenha experiência de vida.... Prove as alegrias de viver e o sofrimento que a vida trás, porque a dor é uma das experiências de quem vive paga.


Lelo Mig

Na minha opinião, e concordando com xmarhunterx, você disse tudo.
Entre uma música instrumental de um músico virtuoso que está apenas interessado em demonstrar suas habilidades e uma música extremamente simples, mas com um arranjo carregado de feeling criando um cenário para uma letra com bastante significado, eu prefiro a segunda opção.
E pra um músico criar algo assim, ele não precisa gastar 10 a 12 horas de estudo por dia, mas fazer justamente aquilo que vc descreveu "viva!". Experiências de vida são os maiores combustíveis criativos para as músicas.

Ken Himura
Veterano
# out/17
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PguitarMaxx
Com todo respeito, acho que estamos falando de coisas diferentes. Eu estou falando de música, arte. Se as coisas fossem como você está dizendo, o Led Zeppelin jamais teria deixado seu nome na história. Pega qualquer banda de rock dos anos 90 para trás e verá que o que está dizendo não se aplica.

Led Zeppelin tinha um contrato que estipulava prazos para entregar um álbum. O Yes também. O Genesis também. Se não entregassem, pagavam multa e tomavam processos. Essa é uma bela deadline para fazer as coisas acontecerem.

Lelo Mig
Esporte não é arte. Não são as mesmas buscas e objetivos.
Óbvio que não é; a competição (da maneira esportiva) é danosa à música. Da mesma forma, arte e empreendedorismo (que é o boom do momento) são antagonicamente opostos: não se pode transformar arte numa commoditie e montar um negócio escalável em cima de um produto artístico porque isso não se sustenta - é assunto pra outro tópico isso, mas você captou minha intenção.

A questão é que atletas, músicos e outros profissionais que lidem com a performance como forma primária de trabalho enfrentam desafios psicológicos iguais - a constante pressão por não errar/resultados. A maioria do crème de la crème dessas áreas não treina apenas para não errar - eles treinam para que o erro não seja possível nem de surgir. É que nem a velha máxima do futebol (que anda muito esquecida hoje em dia, por sinal): quando o medo de perder é maior que a vontade de vencer, a derrota é certa. Você já entra com o espírito da derrota, já está derrotado na sua cabeça.

Claro que existem maneiras e maneiras de se treinar e estudar - e, você sabe, 90% dos músicos do mundo estudam errado e têm resultados pífios - basta ver os relatos deste fórum, principalmente o de guitarra. O pessoal treina todo santo dia as mesmas coisas do mesmo jeito e não entende porque não evolui.

Não sou advogado do overstudy, acho que mais que 3h de estudo diário de instrumento é desperdício de tempo e um convite às lesões - a menos em curtos períodos (tipo 2 ou 3 semanas) frente a um desafio como uma audição e afins. Essa periodização do treino, muito comum nos esportes, é de grande utilidade quando adaptada a músicos. E é esse o maior trunfo dum bom bacharelado em instrumento - ele te força a saber estudar. É humanamente impossível cumprir o padrão de exigência de uma faculdade top se você não aprender a estudar inteligentemente; ou seja, gastar menos os dedos e mais o cérebro. Nem o Steve Vai, naquele curso de 10h/dia, manda ficar tocando as 10 horas inteiras (tem várias horas focando em ouvir música, estudar teoria, estudar leitura de partitura etc).

Ainda que um músico busque superações pessoais de execução e técnica, de interpretação técnica, este campo é físico, o da superação física... não é arte... nada têm a ver com senso estético, criatividade, imaginação.
Depende, Lelo. Num mundo ideal, a técnica não é inimiga da criatividade, muito pelo contrário. Mas vivemos num tempo em que a larga maioria dos músicos é surda, são tecnicamente até muito bons mas não sabem ouvir, não sabem pensar música. Apenas ouvem para copiar ipsis litteris alguma interpretação de algum mestre ou ídolo. Isso é muito diferente do artista, aquele cara que pega a música e estuda a fundo o que fazer. Porque o encadeamento de notas é assim, ou porque e onde acentuar aquela outra nota, ou porque apareceu esse acorde "estranho" aqui... e depois disso tudo dá a sua voz à música. E, pra conseguir fazer isso, é necessário técnica. Ficar só no instinto ou no feeling vai travar o músico se exposto a um universo totalmente desconhecido - o que na vida de um músico profissional, convenhamos, é muito fácil de acontecer.

Um virtuoso que toca Flight of the Bumblebee em velocidades extremas, não me impressiona como artista, no máximo, por sua capacidade motora e sua dedicação técnica. Até porque, em meus 50 e poucos anos, vi muito poucos virtuoses que compõem boa música.
Concordo muito com isso. Acho um puta saco essas competições que aparecem de "violinista mais rápido", "guitarrista que toca mais de 20 notas por segundo" e afins. No fim, o som fica uma bela merda.

nenhum deles, ainda que estudiosos e disciplinados, serão o "o maior intérprete de Mozart do próximo verão".
Acho que poucos músicos do meio erudito têm essa ambição, na verdade. Pra isso acontecer, é necessário muito dinheiro - não só para financiar os estudos. A música clássica, em especial, é um cenário de winner takes all - e não vai mudar. É por isso que um Vengerov (adoro ele, só pra frisar hahaha) vai fazer 150 concertos pelo mundo por ano enquanto um outro músico clássico que tenha um nível artístico alto assim (existem muitos nessas orquestras boas) mal vai fazer um solo. É muito difícil musicalmente ser um solista - mas é muito mais difícil comercialmente se tornar um. Quando essa ficha cai (geralmente no início da vida adulta), você muda um pouco o foco.


Pensemos nas trilhas......o que mais (em tempos modernos) se alinha com o que habituamos a chamar de "clássico".

Alan Menken, Henry Mancini, Nino Rota, Bernard Herrmann, Ennio Morricone, Hans Zimmer e etc.

Grandes maestros, a maioria pianistas muito bons..... mas Bolts ou Phelps das teclas? Longe disso, muito longe.......achamos um pianista melhor que eles tecnicamente, em qualquer orquestra de porte.

Mais ou menos, Lelo. Morricone e Herrmann sim, bons pianistas e regentes, mas o resto é bem discutível. Leonard Bernstein era excelente também. John Williams nunca vi tocando, mas sabe reger muito bem. O Menken é fraco regendo e tocando, mas compõe maravilhosamente bem; Hans Zimmer mal sabe tocar, mas é atualmente o compositor mais bem pago do mundo. Mas todos eles não trabalham com liberdade, principalmente o Zimmer. Talvez o único que tenha mais liberdade hoje, merecidamente, é o John Williams.

Eles são comparáveis ao Bolt ou ao Phelps na quantidade de pressão sob a qual trabalham diariamente. Hans Zimmer então, o cara deve fazer umas 6 ou 7 trilhas de filme por ano... dá mais ou menos 11 horas de música orquestral por ano. É muita coisa - eu sou compositor clássico há 7 anos, não devo ter nem 6 horas de música escrita em obras.

E, um artista, cedo ou tarde acaba tirando a viseira... e para ser um bom compositor tem de ser artista
Concordo integralmente. A arte deve ficar sempre em primeiro plano, mas nós somos seres falhos e perdemos esse foco com facilidade.

Lelo Mig
Membro
# out/17
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Ken Himura

Aqui

"O Menken é fraco regendo e tocando, mas compõe maravilhosamente bem; Hans Zimmer mal sabe tocar..."

... creio que não me fiz entender direito....falamos a mesma coisa! Eu dizia, justamente, que apesar de grandes compositores (eu aprecio)... mas "tecnicamente", como músicos, existem N instrumentistas como ou melhores que eles.

E aqui:
"Concordo integralmente. A arte deve ficar sempre em primeiro plano..."

Acho que mesmo que por caminhos, em parte distinto, temos a mesma reclamação e falta. A arte. É triste a música, em grande parte, ter deixado de ser arte e quem a faz hoje, não é artista, não têm preocupações artísticas, nem sabe o que é arte. O futuro está morto!

A Arte existe, porquê a vida não basta! (Ferreira Goulart)

PguitarMaxx
Veterano
# out/17
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Ken Himura
Mas você realmente acha que se não fosse isso, essas bandas jamais teriam acontecido? Cara, quando se é um artista, criar é uma necessidade, não uma obrigação.

Colocar prazo pra uma coisa que não tem formula não faz sentido.

Ainda assim, pegando o exemplo das bandas de rock, garanto que esse dead line era extremamente flexível, afinal olha o quanto esses caras criaram. Tem cantor sertanejo que lança em um ano a quantidade albuns que o Led lançou em uma vida. Resultado? É tudo igual, não tem arte, é chato, sem expressão.


Mas o prazo foi cumprido...

Lelo Mig
Membro
# out/17
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PguitarMaxx

Nos anos 60 e 70, estas bandas montavam studios em castelos e fazendas e ficavam 6 meses....

Churrasco, erva, bebidas, erva, putas, erva, futebol, erva, piscina e queimavam mais um pouco de erva....kkkk

Ai gravavam musicas de 20 minutos, cheio de improviso e experimentações.

Não dá pra comparar com hoje.... Perto de hoje era liberdade total....e ainda assim os caras nunca cumpriam os prazos.

PguitarMaxx
Veterano
# out/17
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Lelo Mig
Não dá pra comparar com hoje.... Perto de hoje era liberdade total....e ainda assim os caras nunca cumpriam os prazos.

É isso mesmo, e detalhe que essas músicas longas normalmente viravam hits. Stairway To Heaven tocou sem cortes no radio....


Ai gravavam musicas de 20 minutos, cheio de improviso e experimentações.

Robert Plant é isso ai, impossível ouvir Since i've been loving you e achar que aquilo foi tudo escrito. O cara improvisa pra caramba. Se você sai um pouco do rock, tem o Al Green que é na mesma vibe, outro grande improvisador.

Ismah
Veterano
# out/17 · Editado por: Ismah
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PguitarMaxx
Tem cantor sertanejo que lança em um ano a quantidade albuns que o Led lançou em uma vida

Dos sertanejos atuais que compõe, não sei se dá pra fechar uma mão... Produtoras como a FS (de Fernando e Sorocaba), que detém a maior parte dos artistas em alta, tem uma equipe de compositores que recebem salário para isso...
Não é novidade isso! Elvis Preley não escreveu NENHUMA música!
Regravou várias anônimas, que foram sucesso na voz dele... Cel Parker comprou o restante de compositores... Isso não tira os méritos do Rei do Rock, porque até ele fazer acontecer, eram só composições...

Pode notar que aquilo que não é mais do mesmo no meio sertanejo, normalmente vem de artistas compositores... Um bom exemplo disso: Senhorita do Victor e Léo...

Mas... Alguns cansaram de fazer fama alheia e viraram artistas, caso da Marília Mendonça (e do Chris Stapleton)...

Ainda além disso... É moda lançar singles, e não álbuns completos... Led que eu saiba jamais gravou um single, apenas lançaram como prévias dos álbuns - mas não sou especialista pra falar.

PguitarMaxx
Veterano
# out/17
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Ismah
Dos sertanejos atuais que compõe, não sei se dá pra fechar uma mão... Produtoras como a FS (de Fernando e Sorocaba), que detém a maior parte dos artistas em alta, tem uma equipe de compositores que recebem salário para isso...
Mas é isso que eu falo, quando você pega um som desses caras, geralmente só serve de pano de fundo pra encher a cara com os amigos. Tudo muito divertido, muito legal, mas no fim das contas não tem arte envolvida, é tudo a mesma coisa.

Não é novidade isso! Elvis Preley não escreveu NENHUMA música!
Regravou várias anônimas, que foram sucesso na voz dele... Cel Parker comprou o restante de compositores... Isso não tira os méritos do Rei do Rock, porque até ele fazer acontecer, eram só composições...

Pois é, não precisa nem ficar no rock. Isso acontece com qualquer estilo musical que dê ou que ja tenha dado dinheiro. Georgia On My Mind não foi escrita pelo Ray...

Mas a grande diferença é que, diferente do que acontece hoje, havia uma preocupação artística com as músicas e com os artistas também. O primeiro album da Whitney demorou anos pra sair, pois os caras procuraram minuciosamente pelas musicas certas e produtores certos...


Mas... Alguns cansaram de fazer fama alheia e viraram artistas, caso da Marília Mendonça (e do Chris Stapleton)...

Deus abençoes o Chris Stapleton...

Ken Himura
Veterano
# out/17
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PguitarMaxx
Cara, quando se é um artista, criar é uma necessidade, não uma obrigação.
Criar, mas não necessariamente terminar a criação. Bloqueio de escritor é mais fácil de pegar que gripe. Procure só por "writer's block" e veja como é comum.

O que importa é o movimento criativo, não a obra em si quando se faz por vontade/impulso. Bach escreveu mais de 1500 obras (normalmente, uma música dessas tem vários movimentos dentro, então cada obra é um trabalho bem longo); sobreviveram até nós 224 cantatas, 188 corais, 5 oratórios, sei lá quantas missas... você acha que ele faria isso sem prazo? Toda essa música religiosa foi composta sob prazos bem apertados, por sinal. Era uma cantata nova por mês, 1 coral novo por semana e mais músicas novas a cada feriado religioso, inauguração ou consagração de igreja, casamento de gente importante, etc. Você acha que ele podia chegar lá no arcebispo um domingo sem música nova e falar "pô, não deu essa semana, tô sem inspiração" ? Dentre essas obras aí estão as quatro Paixões (feita em cima de cada um dos evangelhos: São Mateus, São Lucas, São João e São Marcos). Estão entre as maiores obras de arte que toda a Humanidade em toda a História já produziu.

O ser humano é naturalmente preguiçoso - seu corpo evoluiu para gastar menos energia quanto for possível. Um prazo força você a quebrar esse ciclo de preguiça e até reforça subconscientemente o seu trabalho. Feito é melhor que perfeito nessa área.

Ainda assim, pegando o exemplo das bandas de rock, garanto que esse dead line era extremamente flexível, afinal olha o quanto esses caras criaram. Tem cantor sertanejo que lança em um ano a quantidade albuns que o Led lançou em uma vida. Resultado? É tudo igual, não tem arte, é chato, sem expressão.
Fácil, eles são um produto, um modelo em larga escala de música para diversão. Tem um batalhão de compositores criando pra empresa, e a dupla só coloca a cara no final do processo, como se fosse um outdoor. É nisso que está minha crítica ao empreendedorismo e arte na mensagem anterior que escrevi ao Lelo Mig.

Simplesmente não existe arte no empreendedorismo - o modelo de gestão de qualquer coisa que envolva arte não favorece a arte ou o surgimento de nova arte, além de que ele perfeitamente encaixa em qualquer produto não-artístico sem fazer nenhuma adaptação. O Spotify, por exemplo, funcionaria da mesma forma que funciona hoje se o produto dele fosse filmes curtos, fotos de animais, modelos de torneiras para pias ou roupas coloridas no lugar de música. Isso é extremamente nocivo pra música porque, como em qualquer mercado onde exista competição, o vendedor quer abocanhar a maior fatia - e isso, em arte, nos leva à ditadura da maioria, que favorece o aparecimento em série desses sertanejos tão estimados por nós, hahaha.

Robert Plant é isso ai, impossível ouvir Since i've been loving you e achar que aquilo foi tudo escrito. O cara improvisa pra caramba. Se você sai um pouco do rock, tem o Al Green que é na mesma vibe, outro grande improvisador.
Improviso é composição em tempo real, cara. Nada novo no front, você sempre que improvisar vai se basear em alguma coisa - não existe creatio ex-nihilo em composição.

Ken Himura
Veterano
# out/17
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PguitarMaxx
Ah, ainda esqueci um detalhe. Bach não era compositor em tempo integral, só trabalhava com composição 1 dia na semana e uma ou outra horinha aqui e ali quando sobrava tempo. Criou 21 filhos. Sua principal fonte de renda era os trabalhos como professor de latim e música, além de ser organista e regente na igreja.

Sem prazos, metade da obra dele simplesmente não existiria.

makumbator
Moderador
# out/17 · Editado por: makumbator
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Ken Himura
Sem prazos, metade da obra dele simplesmente não existiria.


Com certeza. E quando ele estava apertado ou sem muito inspiração fazia o mesmo que todo mundo: reaproveitava e transformava material antigo próprio, transcrevia e adaptava música de outros para formatos diferentes, enfim, se virava pra entregar as paradas a tempo e da forma desejada.

E tanto é verdade que a música dele estava bastante atrelada às obrigações é que podemos ver que dependendo do cargo que Bach ocupava no momento ele dava mais ênfase para certo estilo ou instrumentação. Ele teve momentos de ênfase em música instrumental, outro de música religiosa, às vezes mais de câmara, outros mais orquestrais, momentos de música didática, etc... tudo isso reflete o cargo e as necessidades da vida profissional que ele tinha.

Ismah
Veterano
# out/17
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PguitarMaxx
Deus abençoes o Chris Stapleton...

Acho que vou te criar um pouco de arrependimento em ti... Mas por curiosidade, um dos maiores sucessos da carreira solo dele, é uma regravação do pai do country, Hank Williams (Father)... kkk

Eu não me importo a origem da música, até acho mais saudável um músico focado em tocar, e um compositor focado em compor. Não acho que sempre se pensou em fazer arte, não com esse romantismo que tu e alguns mais põe sobre a música...
Praticamente, tenho acompanhado trabalhos de estúdio, desde que voltei de SC para o RS... E as ideias surgem simplesmente, principalmente quando se tem uma guia pronta... As vezes elas antagonizam...
Já vi músico querer sair da banda, porque todo mundo achou o solo do meu e do produtor, muito melhor que o solo do músico - e quem decide o que vai, é quem produz, aonde eu trabalho, isso fica BEM claro em contrato.

PguitarMaxx
Veterano
# out/17 · Editado por: PguitarMaxx
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Ken Himura
Acho que o bloqueio criativo de um escritor pode ser inclusive resultado de dead lines (estou apenas viajando aqui, não me apedreje). Confesso que não pesquisei, tenho receio de pesquisar e "ficar com isso na cabeça" haha. Ainda assim acho que não podemos comparar o trabalho de um escritor ao de um compositor, pois há diferenças. Entenda que em nenhum momento eu estou valorizando um mais que o outro.

Mas esse Prazo que você se refere não seria um dos ingredientes do empreendedorismo?

Acho que o makumbator tocou em ponto importante quando disse que Bach reaproveitava (como a maioria dos compositores) material antigo próprio quando estava apertado e sem inspiração. Compositores estão sempre em contato com composição. EU acredito que seja uma necessidade, e não simplesmente criar por criar.



Ismah
Acho que vou te criar um pouco de arrependimento em ti... Mas por curiosidade, um dos maiores sucessos da carreira solo dele, é uma regravação do pai do country, Hank Williams (Father)... kkk

Mas isso não me incomoda, o Chris Stapleton não tem o que provar pra ninguém, ele é completo: instrumentista, cantor e compositor. E eu ainda poderia argumentar que ele como compositor, tem o know-how pra pegar uma música que não é dele e interpretá-la de uma maneira unica, que inclusive soe tão boa ou melhor que a original. E isso de maneira depretenciosa.



Não acho que sempre se pensou em fazer arte, não com esse romantismo que tu e alguns mais põe sobre a música...
Mas o que seria da arte sem o romance?(piégasssss)


Já vi músico querer sair da banda, porque todo mundo achou o solo do meu e do produtor, muito melhor que o solo do músico - e quem decide o que vai, é quem produz, aonde eu trabalho, isso fica BEM claro em contrato.
Com todo respeito, sei que isso é recorrente no ramo musical e não há vilões nessa história, mas eu jamais assinaria um contrato desses, especialmente se sou o compositor das músicas. Hoje em dia é muito comum os artistas compositores produzirem seus trabalhos, ou se fazerem bem presentes no processo de produção, acredito que muito por conta disso mesmo. E eu gosto e valorizo isso, gosto do artista estar envolvido em todas as etapas da criação/produção. Prince é o primeiro nome que me vem a mente.

Mas isso não impede de apreciar algo mais comercial.

Lelo Mig
Membro
# out/17
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PguitarMaxx

"eu jamais assinaria um contrato desses, especialmente se sou o compositor"

Mano, Concordo com vc.

Com todo o respeito, mas se um artista entra em studio e quem decide sobre o seu trabalho é quem produz, pode ir dar a bunda quando sair do studio, porque virou putinha faz tempo.

Uma coisa é sugestões e observações... Outra bem diferente é se sujeitar ao que produtor acha vendavel.

É ai que entra o que eu discutia entre ser artista ou prostituta.

PguitarMaxx
Veterano
# out/17
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Lelo Mig
Uma coisa é sugestões e observações... Outra bem diferente é se sujeitar ao que produtor acha vendavel.

Com certeza!

Ken Himura
Veterano
# out/17
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PguitarMaxx
Mas esse Prazo que você se refere não seria um dos ingredientes do empreendedorismo?
Não, porque você compõe como atividade profissional, não por hobby ou porque deu na telha. Ou seja: ou compõe ou não come nem paga as contas. Prazo não é problema; problema é modelo industrial para mercado de massa, isso não funciona pra música arte, só pra música produto descartável.

Acho que o makumbator tocou em ponto importante quando disse que Bach reaproveitava (como a maioria dos compositores) material antigo próprio quando estava apertado e sem inspiração. Compositores estão sempre em contato com composição. EU acredito que seja uma necessidade, e não simplesmente criar por criar.
Aí que tá o pulo do gato. Toda composição é reaproveitamento de algum material. Você cria o novo SEMPRE de algo que já existe, seu ou de outra pessoa. Reaproveitar material é coisa que todo compositor, seja erudito ou popular, faz. O lance é como fazer o reaproveitamento; no caso do Bach, ele mudava um ou outro detalhe na trama polifônica, modulava pra outros tons, invertia a voz principal com alguma secundária, mudava o instrumento que fazia o solo etc. Já o Hans Zimmer, por exemplo, costuma mudar quase nada além da instrumentação. Até o modelo de orquestração (combinação e efeitos decorrentes da mistura de timbres) é praticamente o mesmo pro material reutilizado.

O grande lance é que reaproveitar um material seu - geralmente você sabe como criou e o efeito que causa nos ouvintes - agiliza mais o trabalho que utilizar material alheio. Por isso que um professor meu sempre insistiu para qualquer exercício de composição, harmonia ou contraponto que eu viesse a fazer fosse tratado como uma música séria: após terminado e corrigido, ele faria parte de um repositório que, no futuro, eu poderia visitar sempre que precisasse de algum material específico para reutilização.

xmarhunterx
Membro Novato
# out/17
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E vocês tem alguma dica para compor letras? Dicionário de rimas ajuda?

xmarhunterx
Membro Novato
# out/17
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Então alguma dica?

Adler3x3
Veterano
# out/17
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Uma pesquisa na Internet ajuda a buscar palavras chaves sobre o tema de uma música.
Vai aparecer de tudo, versos, artigos, frases famosas e muito mais.

Não significa que tenha que plagiar, mas pode aproveitar muitas palavras importantes, e recorrer a qualquer tipo de dicionário também pode ajudar.

TendTudo
Membro Novato
# out/17
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Salmos de Salomão

Ismah
Veterano
# out/17
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Lelo Mig
PguitarMaxx

Honestamente... Eu também acho legal a banda se envolver, QUANDO SABE O QUE ESTÁ FAZENDO... Tem banda que o só toca, e se facilitar toca mal ainda... Obviamente, existem bandas e bandas...

Um caso, foi que veio uma banda até o dito estúdio, e queria gravar um disco... Ok, nada anormal, salvo que eles NÃO TINHAM material pra gravar, e queriam que o vivente arranjasse as composições... Pagando, que mal tem?!

Da mesma forma, a que eu citei chegou outra, apenas com as ideias, num voz e violão. Ficando o arranjo a cargo do estúdio... O guitarrista não era ruim, mas muito mecânico, e com orgulho que não cabia em si... Praticamente o solo, era um sobe e desce de escalas...
Como a música não saía, e o prazo estava esgotado já, e só ele queria aquele solo fuleiro... O produtor perdeu o saco, e fez uma opção ao teclado. Aí me mandou ela no whats, tirei, adicionei umas articulações, e mandei de volta... Todo mundo da banda gostou, só o cara surtou...

Parece que pulou quase uma hora, quis dar chilique e blá blá blá, mas cedeu mediante a questão da multa-contratual por atraso... Foi pra casa, enviamos por e-mail a tab, ele tirou... Semana seguinte gravou, e ficou lindo... Parece que é um dos carros-chefe da banda...

AGORA... Se tu me contrata para qualquer coisa, pressuponho que tu não saiba fazer aquilo. Então se vier meter bedelho... Perdeu o amigo...
Se for contratado para produzir, senta em casa e espera o resultado... OU me contrata para CO-produzir o trabalho. Aí é outra conversa.

Como produtor, quem manda sou eu. Como co-produtor, quem manda somos NÓS, e NÓS vamos ter de chegar a um consenso (ou matar um ao outro)...

PguitarMaxx
Veterano
# out/17
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Ken Himura
Eu realmente acho que a liberdade na hora de criar é primordial quando falamos de arte. Mas agora eu entendo seu ponto de vista. Respeito, mas não concordo, cara.

Abç!

Ismah
Normal, nada de novo. Ninguém enganou o cara, assinou o contrato já era.

Honestamente... Eu também acho legal a banda se envolver, QUANDO SABE O QUE ESTÁ FAZENDO...
Mas aí é que tá, a banda deveria por obrigação saber o que está fazendo. É a profissão dos caras, pô

Mas isso é ooutroo papo.

Agora nesse papo de CO-produzir, pra mim a ultima palavra sempre tem que ser a do artista. Principalmente se a música é dele. Trabalhar com artista é complicado, tem muito porra louca por aí, mas esse papo de produtor mandar e desmandar também é um saco, fica todo mundo refém do cara. E GERALMENTE produtor é contratado pra trabalhar em um material já criado, sendo assim não é nem justo o produtor chegar e mudar a cozinha toda dos caras e se achar no direito de ter a ultima palavra.

Ou ele fica na dele, ou entra pra banda... E ainda assim é muito provável que ele não tenha a ultima palavra.

entamoeba
Membro Novato
# out/17
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xmarhunterx
E vocês tem alguma dica para compor letras? Dicionário de rimas ajuda?

O que ajuda mesmo é ter vocabulário, entender de métrica, saber distinguir o que presta do que não presta e ter o que dizer.

PguitarMaxx
Veterano
# nov/17
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xmarhunterx
Aqui vai o que eu acredito e a forma como vejo. Não tome isso como uma verdade.

Criar é execício. Imagine um músculo, a tendência é que quanto mais você o exercite, mais forte ele fique. Criar é a mesma coisa. O que chamamos de inspiração, pode ser encarado como proficiência. No entanto, friso que não tem formula pra isso, se você procurar na internet você vai achar alguns passos, como:

- Pense em um tema/Conceito
- Estrutura (Tom, tempo, quantidade de versos, estrofes, etc..)
- Escreva no papel (essa particularmente funciona pra mim)


Mas isso tudo pode te ajudar, ou provavelmente não. Essas dicas não funcionam com todo mundo, pois não tem formula pra compor. Compor é algo pessoal. Uma música pode rimar ou não, pode fazer sentido ou não. O tempo pode mudar no meio dá música, até a tonalidade pode mudar. Arte é algo complexo.

A única coisa concreta que temos é que pra criar, você precisa criar. Tem que estar sempre em contato. Quando eu digo que sou contra prazos pra criar, não quero dizer que você deve compor quando der na telha. Simplesmente que não estipule um prazo pra terminar uma música; Mas esteja sempre em contato com o ato de compor. Ouça música, analise....

Lelo Mig
Membro
# nov/17 · Editado por: Lelo Mig
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PguitarMaxx

"Criar é exercício"

Diria que exercitar aprimora, refina, sofistica... Mas, entendo sua colocação e concordo.

xmarhunterx
E vocês tem alguma dica para compor letras?

Crie o habito de ler. Assim como voce procura ouvir boa musica para ser um bom musico, leia bons escritores, poetas, letristas se quer escrever.

Aprendemos muito mais do que imaginamos com boa musica, bons filmes e boa literatura.

Sou radical com relação a isso... Defendo mais do que qualquer estudo. Cultura é cultura e ser burro é opção.

Ismah
Veterano
# nov/17
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Ler muito
Estudar literatura
Ler muito
Estudar gramática
Ler muito
Viver a vida, conhecer pessoas, culturas, lugares
Ler e estudar textos difíceis, coisas como Metafísica dos costumes do Kant

gpeddino
Veterano
# nov/17
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Ler e estudar poesia é uma boa. Estudei Letras e o conhecimento que obtive no curso sempre me ajudou muito a compor.

xmarhunterx
Membro Novato
# nov/17
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Quando eu era mais novo, tinha um vizinho que dizia que uma ótima forma de "exercitar" a criatividade musical, era compor paródias de outras músicas. Vocês concordam com ele?

Lelo Mig
Membro
# nov/17 · Editado por: Lelo Mig
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xmarhunterx

"Vocês concordam com ele?"

Sim, de certa forma sim. É aquilo, não existe receita, mas há várias formas de desenvolver. Essa é uma delas, pode ser util para alguns para outros nem tanto.

Eu, tenho uma técnica, que ninguém me ensinou mas provavelmente não sou o único, quando me vem ideias para letras e não tenho nenhuma melodia, faço o seguinte:

Pego uma canção que acho que tem o mesmo "sentimento sonoro" que estou querendo transmitir e desenvolvo minha letra em cima da musica original. Por exemplo, escrevo uma letra em cima de "Enter Sandman" do Mettalica.

Tomo 2 cuidados: Citei o exemplo acima, mas não uso musicas muito conhecidas, porque senão atrapalham os 2 proximos passos:

1- Letra pronta guardo numa pasta de letras até não lembrar mais em cima de que canção foi feita. Funciona, possuo umas 15 letras hoje que não sei em cima de que canções foram escritas.

2- Tem que ficar atento para a letra original não influencie a sua.

Quando faço isso, que é meio raro, já tenho uma ideia pronta, um alicerce da canção. Uso a "forma" de outra apenas para formatar a minha letra. Uso em casos, que ocorrem as vezes, em que não consigo desenvolver uma melodia que me agrade no momento, e ao mesmo tempo, não quero deixar a ideia daquela letra se perder.

xmarhunterx
Membro Novato
# nov/17
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E pra compor melodias como faço sem "plagiar"?
Tudas as que eu faço soam familiares aos meus ouvidos e eu fico com medo de estar plagiando uma outra música.
E obrigado a todos pelas respostas e ajuda até agora!

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