A qualidade da arte musical é medida pela quantidade dos ouvintes fieis?

Autor Mensagem
Tecfrente
Membro Novato
# ago/15
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Wuju Wu Yi

foco da música deve ser os sons. ai entra a poesia no meio e ferrou, já descamba tudo. poesia é algo a parte, poesia e música devem trabalhar juntas, mas música arte = sons.

A poesia é a apreciação do belo, a contemplação da estética (poesia é uma das 7 Artes tradicionais).

Se eu deixar deixar de gostar do que é bonito (poesia) vou gostar apenas do quê ? Do que é feio ? Não entendi muito bem seu ponto de vista em relação à poesia ...

Obs: Devemos entender bem o que é "poesia" (aquilo que é belo, abstrato e agrada nossos sentidos) e não confundir com "poemas". Estes, em sua maioria, eu não gosto muito, pois não transmitem a mim particularmente a "poesia" que eles almejavam (há exceções, é claro). Gosto mais da poesia através da música do que em poemas, quadros, esculturas, etc ... (também há exceções, é claro rsrs)


se o planeta sumisse tudo o que produzimos também sumiria porque faria parte/estaria no planeta.


Mas a Arte não é aquilo que produzimos, mas aquilo que reproduzimos procura expressar uma Arte. Tudo o que produzimos artisticamente é a imitação, através de fagulhas de criatividade e percepção, daquilo que existe abstratamente, que é a Arte.

Quando você vê um quadro bonito. A Arte não é o quadro, mas a beleza (poesia), algo abstrato, que ele remete em você. Se quebrarem o quadro, essa beleza ainda vai existir, pois ela está no campo da abstração.

Quando você assiste a um filme, não é o filme que é a Arte, mas o filme é o caminho para te levar à percepção da Arte.

Quando você vê uma partitura bonita de uma música, a Arte não é a partitura, mas a beleza (poesia) que você percebeu naquela partitura.

A Arte é abstrata e depende apenas de "substância" por onde ela irá se expressar (Ela é a arquitetura do universo e o universo é bem maior do que o planeta Terra e seus humanos com suas obras artísticas nele presentes).

Se não existissem os humanos, ainda haveria "substância" para criações artísticas (aurora boreal, arco-íris ...).

A Arte é do universo e não dos seres humanos. Os seres humanos apenas tentam reproduzir algo que chegue o mais próximo possível dessa Arte do universo que foi percebida pelo artista através de um processo criativo e intuitivo e, em muitos casos, essa percepção se dá através das drogas. Mas esse não é um modo muito interessante de chegar a processos artísticos, devido, obviamente, a suas consequências.

A origem de uma obra artística se dá quando o indivíduo entra em determinado estado de sintonia e flow com o universo ao seu redor. É o universo (nós também fazemos parte do universo) entrando em sintonia e flow com o próprio universo.

Existem verdadeiras manifestações artísticas nesse exato momento em várias galáxias por aí. Eles foram criados pelos seres humanos ? Não.

Espero que tenha entendido, pois possui mentalidade aberta ao novo, tem uma dialética muito boa e mente sedenta por conhecimento.

Existem equações matemáticas que são consideradas verdadeiras obras de Arte (para quem consegue perceber isso nelas) e o fim do planeta Terra e de todos os humanos vão fazer com que essas equações deixem de existir ? Lógico que não. Pois elas representam o funcionamento do universo.

"A soma dos quadrados dos catetos será sempre igual a soma do quadrado da hipotenusa". Isso hoje e daqui a milhões ou bilhões de anos quando o planeta Terra deixar de existir. Por quê ? Porque o triângulo retângulo "sempre" vai existir ... é um conceito abstrato.

A Arte é infinita então ? Não sei. Até hoje nenhum filósofo conseguiu responder essa pergunta e nunca conseguirá se continuarmos com os padrões de sinapses que temos hoje. Seriam necessárias muitas mutações gênicas para que nossas massas cinzentas entrassem em novos patamares de raciocínio e reflexões profundas.

Mu_Cephei
Veterano
# ago/15
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Wuju Wu Yi
Interessante essa sua suposição. O jeito é esperarmos.

ai se o peão já fala "ah, mas complexidade não é tudo".

ai a conversa embaça, ai a margem muda totalmente de figura. kkk


Aí temos 10 páginas de discussão! kk

ogner
Veterano
# ago/15
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Tecfrente
Adorei o seu texto acima!!!

Wuju Wu Yi
Membro Novato
# ago/15
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Tecfrente

Se eu deixar deixar de gostar do que é bonito (poesia) vou gostar apenas do quê ? Do que é feio ? Não entendi muito bem seu ponto de vista em relação à poesia ...


Realmente, perdoe-me, o termo poesia é muito amplo/sujeito a interpretações. Troque poesia por poema. O que eu quis dizer é que a princípio, a arte musical e a de compor poemas está muito ligada hoje em dia, mas a princípio, um julgamento separado deve ser feito entre um e outro.

O seu conceito de arte achei um tanto platônico, mas o entendi. Mas penso diferente em alguns aspectos. Penso que essa percepção abstrata intrínseca presente em todas as coisas como você explicou, é algo notado pela nossa percepção humana e nos padrões que notamos na realidade. E ainda que cada pessoa os percebe de maneira diferente quando não objetivos como são no caso de Pi ou similares matemáticos. O conceito de beleza surgiu de nós, assim como consequentemente o conceito de arte. Se não existir um ser humano, como poderá ser interpretada a beleza da aurora boreal ou das estrelas?

O que estou dizendo é que sem o ser humano ou algo capaz de interpretar estética, abstração e padrões, não existe arte. O mundo não é bonito por si só, o mundo é bonito porque interpretamos com nossa percepção humana que ele é bonito.

Veja por exemplo um cachorro. Ele não consegue interpretar varias cores que interpretamos. O mundo para ele é bem menos colorido do que o nosso. Para o cachorro, nossos conceitos de cores, arte, estética, nada disso existe. Ele é incapaz de assimilar a realidade como nós, e até mesmo nós, não sabemos se a realidade é apenas isso que conhecemos, pois o que conhecemos é apenas o que podemos interpretar com nossos 5 sentidos e nossa capacidade de abstração.

Resumidamente a grosso modo. Sem nós, sem arte, porque o conceito de arte depende da gente para ser interpretada como tal, sem nós a realidade é apenas a realidade, e não representa nada além de si mesma.

Mas eu entendi sim seu ponto de vista, bem platônico, poético, e interessante.

Tecfrente
Membro Novato
# ago/15
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Wuju Wu Yi

ai se o peão já fala "ah, mas complexidade não é tudo".

ai a conversa embaça, ai a margem muda totalmente de figura. kkk


Ao ler seu post eu ia entrar exatamente nesse ponto kkk

Aqui no forum as pessoas costumam discutir gostos musicais pelos parâmetros técnicos musicais. Ex:

Fulano gosta de música clássica e está discutindo com alguém, por exemplo, que gosta de Axé kkkkk ...

Quais os desdobramentos dessa discussão ?

O fulano que gosta de música clássica vai argumentar que a música é mais complexa tecnicamente, harmonia mais robusta, etc ...

Ele está errado na declaração dele ? Não na declaração, mas sim no argumento.

Pois o gosto musical vai além de parâmetros técnicos.

A pessoa que gosta de Axé poderia simplesmente argumentar:

A música é tecnicamente mais simples mesmo do que as músicas eruditas, mas eu gosto é de ouvir isso. Isso satisfaz meus sentidos e é disso que eu gosto, independente de critérios musicais. Eu gosto e pronto.

As pessoas de mentalidade aberta dariam um desfecho assim para a situação:

Ok. Então você continua ouvindo e tocando suas músicas clássicas e se entusiasme com a complexidade dela, enquanto você se entusiasme com o ritmo, dança e outros aspectos inerentes ao Axé. Sejam ambos felizes! kkkk

Pronto Só isso!

Todos

Eu percebo que as pessoas que abominam certos gêneros musicais assim o fazem pois pensam:

"- Eu gostaria tanto que o mundo todo gostasse das mesmas músicas que eu gosto"

Isso é ideologia (utópica, por sinal) e equivocada também, pois o surgimento do gênero musical de que alguém goste se deu justamente de uma junção de gêneros do passado e muitos desses gêneros originais seriam abominados por essas pessoas. Ex: Fulano diz: Eu gosto do número 3. Daí outro diz: "O 3 vem da junção do 1 e do 2". Daí ele responde: "- Ah ... não. Eu gosto é do 3 e esse negócio de 1 + 2 é muito feio."

Várias coisas "ruins" podem dar origem a coisas boas kkkk pensem nisso. A história mostra isso.

A liberdade de expressão é um dos direitos mais protegidos em nosso sistema democrático. O dia em que perdermos isso e entrarmos numa ditadura novamente, daí vocês vão ver o bicho pegar.

Imaginem um ditador não gostando de Rock e proibindo o gênero no Brasil. Absurdo, não ?

Lá na Coréia do Norte não sei se ocorre isso, mas ocorrem coisas parecidas.

Então, dos males o menor e fiquemos com a democracia e sua liberdade de expressão mesmo.

Ainda não inventaram um regime melhor. Então quem quiser se predispor a inventar um é só começar, caso contrário "é o que tem pra hoje".

É melhor ficarmos com isso mesmo do que com a ditadura.

Mauricio Luiz Bertola
Veterano
# ago/15
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Tecfrente
Imaginem um ditador não gostando de Rock e proibindo o gênero no Brasil. Absurdo, não ?
Isso já aconteceu aqui...
Eu viví essa época (o final dela), e acredite: Se vc fosse visto na rua com uma guitarra, era parado pela PM, pois, ou vc era (seria): maconheiro, "bixa", comunista ou as 3 coisas juntas...
Abç

Tecfrente
Membro Novato
# ago/15
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Wuju Wu Yi

Nós somos feitos dos mesmos elementos químicos do universo, logo somos universo também. Aonde quero chegar:

universo interpretando o universo = O que concebemos como belo, arte, poesia, música, etc ...

Ou seja ...

O amálgama (junção) de parte do universo (nós) com ele próprio surge tudo isso.

Logo, imagine só outros amálgamas atualmente no universo que estão atualmente dando origens a coisas hiper-reais, coisas que vão além da Arte, para falar a verdade.

Não devemos ter a mania de grandeza de nos considerar um ponto altivo de referência observando o universo. Nós fazemos parte dele.

Da mesma forma que está havendo esta dialética entre nós humanos, há também ao mesmo tempo a dialética da "matéria" (átomos, moléculas ...) de nós com o universo (também com átomos e moléculas).

Um título sugestivo para essa discussão é o título de um livro do astrofísico brasileiro Marcelo Gleiser chamado "A dança do Universo".

Tecfrente
Membro Novato
# ago/15
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Ogner

Tecfrente
Adorei o seu texto acima!!!


Obrigado.

Tecfrente
Membro Novato
# ago/15
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Mauricio Luiz Bertola

Tecfrente
Imaginem um ditador não gostando de Rock e proibindo o gênero no Brasil. Absurdo, não ?
Isso já aconteceu aqui...
Eu viví essa época (o final dela), e acredite: Se vc fosse visto na rua com uma guitarra, era parado pela PM, pois, ou vc era (seria): maconheiro, "bixa", comunista ou as 3 coisas juntas...
Abç


Pois é, Bertola. Imagino os problemas desse regime. Por isso essa minha militância à tolerância musical e respeito à pluralidade de opiniões, caso contrário o totalitarismo vai imperar, aí já viu.

Mauricio Luiz Bertola
Veterano
# ago/15
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Tecfrente
No meu entender o predomínio absoluto de uma mídia comprometida apenas com o lucro fácil e imediato, que propaga "lixos musicais" comprometidos unicamente com um entretenimento vazio, dependente de uma lógica absoluta "do mercado", é tão ou mais "totalitária" que a censura da época da ditadura militar.
Aliás, é um interessante paradoxo como grande parte do apogeu da MPB (a conceituação aqui é vasta), aconteceu numa época de arbítrio, de censura, que o apogeu do Rock Brasileiro aconteceu nos estertores do regime autoritário e dentro da pior crise econômica vivida pelo Brasil no século XX (e XXI até agora), e como, numa sociedade pretensamente democrática de hoje, a produção cultural seja tão pífia, tão limitada...
Essa reflexão deve ser feita com rigor e seriedade (tento fazê-lo à parte meu trabalho científico/acadêmico atual).
Abç

Wuju Wu Yi
Membro Novato
# ago/15
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Tecfrente

Exatamente cara. Pessoal querer comparar dois gêneros distintos é o mesmo que comparar mamão com banana. Ok, ambos tem fibras, ambos tem células, mas é notável que são coisas bem diferentes, cada um possuindo seus próprios critérios de apreciação.

Não sei se um exemplo com frutas é ideal, mas acho que passa a ideia. kkk

Mas bem, é bem o que tu falou. O cara faz uma declaração verdadeira mas com o argumento errado. Não é porque é mais complexo/difícil que algo é melhor. Tem outros fatores a se considerar quando falamos de apreciação estética (gosto).

Se o cara argumentar "Ah, mas os intervalos escolhidos formam uma melodia mais bonita, pois irão encaixar-se harmonicamente em tais pontos da harmonia, formando a música um padrão melódico X, dividido por Z compassos, onde resulta em um resultado final extremamente pensado e detalhista"

Ai até da pra entender que o cara fez uma analise musical. Tipo, o sujeito realmente estaria partindo de princípios criteriosos musicalmente para formar sua crítica seja lá ao que for.

Agora o outro pode sim falar simplesmente algo como "Eu concordo, mas eu gosto de pandeiro e os acordes são bonitos e a melodia também, apesar de simples, então também gosto de ouvir isto"

E também estaria em sua razão.

Sobre o lance de nós pó das estrelas, ai vai além da minha jurisdição argumentativa. Eu li seu post ouvindo uma composição do Beethoven e viajei com esse papo de pó das estrelas. Prefiro nem entrar nessa questão. kkkk É uma visão panteísta demais.

Mas é uma visão interessante, especialmente de uma perspectiva poética, e talvez se for levada a um lado mais religioso, mas ai acho que sairíamos do foco.

Eu sou Cristão e imagino que somos um com Deus. algo como um pensamento dele. Então tua visão panteísta encaixaria bem nesse meu raciocínio.

Mas não vou ficar filosofando sobre o assunto. kkk Ainda penso que falando de maneira realista, sem humanos = sem ninguém pra interpretar arte.

Mas mesmo assim teu ponto de vista é interessante como eu disse antes.

Mauricio Luiz Bertola

o que tu sugeriria como o cenário musical ideal?

entamoeba
Membro Novato
# ago/15 · Editado por: entamoeba
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Tecfrente
Eu digo que as crianças são mais preparadas do que muita gente porque não têm preconceitos ainda

Discordo da justificativa do Hermeto: criança é puro preconceito! Contudo, elas têm uma formação linguística, verbal e não-verbal, mais pobre e as coisas para elas têm menos significado, inclusive a música. Acaba que, por conta disso, crianças são menos "travadas" para apreciar uma música - tanto para o bem (ouvir Hermeto) quanto para o mal (descer até o chão).

fernando tecladista
ou outros lotadores de festa de peão sempre precisam de alguma coisa, se não tem música chiclete nova tem algum barraco na TV

É meio cruel, mas isso explica muita coisa.

Mauricio Luiz Bertola
Assim, definir como "arte" como pensamos hoje uma produção (artística, como dizemos hoje) do Egito faraônico ou da Grécia Clássica, é um anacronismo.

Sem dúvida. Ainda que alguns objetos tenham sobrevivido ao tempo, não possuímos a capacidade de compreendê-los. As relações de significação que esses objetos evocavam estão mortas e não temos palavras adequadas para descrevê-las.

Porém, assumo um risco ainda maior de anacronismo porque tento crer que a essência da arte é a mesma desde a "arte" rupestre. É uma coisa pré-verbal, um urro interior, a voz da estética.

Ao pensar assim, me obrigo a ver a arte como algo ubíquo, presente nas mais variadas formas de expressão. Desde a escolha de uma palavra até uma obra elaborada de maneira complexa e consciente. Também me obrigo a afirmar que há arte em qualquer forma de entretenimento, porque ele fala aos sentidos.

Portanto, a qualidade artística diz respeito ao que é dito aos sentidos . Entreter por entreter é muito pouco, mas é aceitável. O pior é o uso de formulas prefabricadas de entretenimento pareadas a incitação de comportamentos "indesejáveis". Esses pareamentos com a estética podem ser minimamente danosos (idiotificantes), mas também podem ser perigosíssimos, vide a Propaganda (com "P" maiúsculo e sotaque de alemão).

Técnica, seja ela de execução, seja de "apresentação" também nada tem à ver com Arte - Não é à toa que se distingue a obra original de uma cópia ou falsificação.

É. Concordo! Acho que os gregos não faziam muita distinção, já que tinham a mesma palavra para ambas: techné. Nesse caso, fico com a visão moderna e ocidental da coisa, pois acho que a técnica é apenas uma operacionalização.

entamoeba
Membro Novato
# ago/15
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Wuju Wu Yi
Ai até da pra entender que o cara fez uma analise musical. Tipo, o sujeito realmente estaria partindo de princípios criteriosos musicalmente para formar sua crítica seja lá ao que for.

Fazer isso não equivale a dizer que uma história é boa porque começou com uma oração coordenada assindética, na sequência emendou uma subordinada adverbial e fechou com uma locução adversativa?

Uma análise realmente criteriosa de uma música precisa ser bem mais complexa do que uma análise da estrutura harmônica ou melódica. Talvez consigamos isso por meio de uma análise hermenêutica ou semiótica.

Mauricio Luiz Bertola
Veterano
# ago/15
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Wuju Wu Yi
o que tu sugeriria como o cenário musical ideal?
Não está em meu poder, minha capacidade ou minha vontade sugerir nada.
Do ponto-de-vista musical, tenho meu trabalho com minha banda, que é legal (eu acho, pois me satisfaz), lúdico e congrega amistosamente 5 pessoas, e tem gente que ouve e gosta.... Isso basta.
(aliás, nesta 6ª tem mais um show nosso, e, mesmo doente, terei prazer em tocar com meus amigos e "band mates")
Abç

Mauricio Luiz Bertola
Veterano
# ago/15
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entamoeba
O pior é o uso de formulas prefabricadas de entretenimento pareadas a incitação de comportamentos "indesejáveis". Esses pareamentos com a estética podem ser minimamente danosos (idiotificantes), mas também podem ser perigosíssimos, vide a Propaganda (com "P" maiúsculo e sotaque de alemão).
Concordo.
É interessante como o nosso mundo, pretensamente tão "aberto" mais cheio de alternativas tecnológicas, vai se tornando cada vez mais "fechado", mais massificado e "adiabático", mais intolerante. A atual fase de transição da sociedade brasileira é curiosa à esse respeito...
Abç

Wuju Wu Yi
Membro Novato
# ago/15 · Editado por: Wuju Wu Yi
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entamoeba

Fazer isso não equivale a dizer que uma história é boa porque começou com uma oração coordenada assindética, na sequência emendou uma subordinada adverbial e fechou com uma locução adversativa?

Vejo que é manjador de português. eu não sou tanto, mas expressarei meu ponto de vista ainda assim.

Penso que os intervalos estão para a música assim como as palavras para a linguagem escrita. A escolha dos intervalos é majoritariamente o que resulta na sensação principal transmitida pela obra. Assim como a escolha das palavras ao compor um poema. Ou algo aproximado disso.

hermenêutica e semiótica realmente seriam interessantes de se considerar, mas não sei exatamente como isso seria feito, pois a música faz uma conexão direta com as emoções. estás que podem ser invocadas em circunstâncias distintas. por exemplo. um cara que se encheu de bronha vendo pornografia vai ter uma produção de dopamina bem menor do que a de uma pessoa que está a 1 ano sem contato com pornografia e 1 mês sem ter sexo ou se masturbar. essa diferença de produção de dopamina vai alterar de maneira exponencialmente significante a percepção das sonoridades.

não vejo como a hermenêutica e a semiótica conseguem levar esse tipo de variável em consideração. mas conheço quase nada do assunto.

se quiser dissertar sobre...

penso que emotividade e percepção sentimental devem ser consideradas para uma boa analise.

Mauricio Luiz Bertola

Entendi.

Bem, bom show. Realmente música é mais forte que circunstâncias adversas. rs

cafe_com_leite
Veterano
# ago/15
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Mu_Cephei
Se referiu à minha postagem o.O? Seus posts acima foram todos direcionados à outras pessoas. Estou meio confuso...



Ao Lelo Mig

cafe_com_leite
Veterano
# ago/15
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Wuju Wu Yi
Eu até fiz uma suposição num outro tópico. Eu falei que só vai surgir uma galera "lendária" novamente quando morrer tudo os "peixe grande" de hoje em dia. Porque enquanto tiver esses peixões vivos, eles vão ser referência, e os capitalistas podem deitar e rolar com os artistas que eles catam pra fazer dinheiro, porque afinal se do nada esses artistas evaporarem ninguém vai suspeitar afinal, ele é uma "merda" mesmo, pois eles mesclam vários pretextos para justificar a sumida dos caras, a putaria é um deles. já tava escrito. Porque referência são os peixões.. se é que me entende. kkk



Não concordo. "Peixões" tão surgindo ai desde sempre. O mundo não parou. O ser humano não parou. A arte não parou. O que mudou foi o processo de escoamento da arte.

É muito interessante a história do Hiatus Kaiyote. A banda concorreu ao grammy sem nem ser conhecida em seu próprio país (Austrália). Isso é reflexo da internet, globalização (termo chato, mas que ainda serve).

Outro ponto é a confusão que muitos fazem entre arte e cultura de massas. A cultura de massas é que foi pra merda, a arte não. A produção artística tá longe de se resumir ao que tá na cultura de massas.

pianoid
Veterano
# ago/15
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Multivozes
Será que o que está faltando para estes estudiosos musicais não seria humildade em reconhecer seu fracasso?

música ruim e vagabunda o é independente do sucesso junto a um público ruim, vagabundo e carente de educação e cultura

o sol não passou a orbitar a terra só porque era a opinião popular. tudo que é simplista e repetitivo ao ponto de exaustão é pobre e pobre é o público para isso. Que seja maioria não é motivo de orgulho, é motivo de tristeza, de constatar a decadência da sociedade.


cafe_com_leite
Se pensarmos segundo essa premiça por ti explanada

o rapaz tenta escrever bonito, mas o diabo está nos detalhes kkkkk

Lelo Mig
Membro
# ago/15 · Editado por: Lelo Mig
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Tecfrente

"A Arte é abstrata e independe da existência de seres humanos, problemas sociais, políticos, etc"

Novamente respeito mas discordo.

Arte é um conceito definido pelos seres humanos. O que te faz achar uma orquídea bonita e um monte de bosta feio?

Conceitos humanos... O belo inicialmente foi definido pela religião e os exemplos de obras de "Deus"... como campos de flores, o arco íris e etc. Contudo, uma ferida exposta, escorrendo pus e cheia de larvas, nunca foi utilizado como exemplo estético de obra deste mesmo Deus.

Tudo isso, assim como Deus, são conceitos humanos.

Desta feita, em minha opinião, não existe arte sem o homem e não existe arte sem propósito.

Se não têm objetivo, ainda que sem intenção inicial, não é arte.

Encerro minha participação apenas com uma observação... (não é o seu caso Tecfrente, apenas usei sua colocação para expressar a minha)

O tópico pergunta, simplificando, o que é ou não arte para cada um de nós.

Eu expliquei minha reflexão, certa ou errada, inteligente ou medíocre, mas que não foi construída nos últimos 15 minutos procurando o "conceito arte" no Google. Ela é fruto de toda uma existência de reflexões, de tudo que li, assisti e refleti.

Coloquem suas visões. O que pensam, como vêem. Não preciso que ninguém concorde comigo. Só peço que não queimem suas energias tentando me convencer que estou errado. Não é o objetivo do tópico e o tira de sua intenção.

Isso não é matemática... é abstração, é filosofia.

Abraço!

pianoid
Veterano
# ago/15
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quanto a arte vs entretenimento: arte é o entretenimento mais significativo de sua época. E quem decide isso são historiadores que vieram depois. Rapsódios gregos com suas epopéias não devem ter sido tão diferentes de rappers hoje. Mas as condições históricas são diferentes e pode ser que rap torne-se apenas uma nota de rodapé na história como, digamos, o estilo rococó dos filhos de Bach

pianoid
Veterano
# ago/15
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Wuju Wu Yi
Pessoal querer comparar dois gêneros distintos é o mesmo que comparar mamão com banana.

gozado sua comparação constar de duas frutas igualmente saborosas e nutritivas. Compara aí banana com pequi kkkkk

pianoid
Veterano
# ago/15
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Wuju Wu Yi
logo música erudita - jazz - choro > todos os outros gêneros

mas há bastante erudição em jazz ou no choro também

não confunda saber musical com música clássica. Nem mesmo há uma "música clássica": os valores e estilo de Bach não eram os mesmos de Mozart, que não eram os mesmos de Schumann. aliás, os 3 foram alvo de críticas em suas épocas. Mas certamente não por falta de erudição, antes que algum funkeiro se anime kkkk

entamoeba
Membro Novato
# ago/15 · Editado por: entamoeba
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pianoid
o sol não passou a orbitar a terra só porque era a opinião popular. tudo que é simplista e repetitivo ao ponto de exaustão é pobre e pobre é o público para isso. Que seja maioria não é motivo de orgulho, é motivo de tristeza, de constatar a decadência da sociedade.

Não da pra comparar a evolução da tecnologia, por exemplo, com a nossa evolução, enquanto humanos. A tecnologia está atropelando nosso processo de humanização e o temor orwelliano só faz sentido por causa disso (tanto que o mercado, bem como outras estruturas que nos regem, tem caráter maquínico). Em dois milênios e meio, pouca coisa aconteceu. Os impasses são quase os mesmos. Falta-nos tecnologias para humanização!

quanto a arte vs entretenimento: arte é o entretenimento mais significativo de sua época.

Aí eu discordo, mesmo sem usar a definição de arte pouco usual que proponho. É sabido que há obras de arte que causaram desconforto. Não entretiveram, provocaram!

Lelo Mig
Arte é um conceito definido pelos seres humanos. O que te faz achar uma orquídea bonita e um monte de bosta feio?

O que sentimos, a despeito dos diversos conceitos de arte, também é definido onto e filogeneticamente. Ou seja, o que sentimos também passou pelo processo de variação e seleção, e tem função adaptativa. O próprio Darwin chegou a iniciar estudos sobre as expressões dos animais, mas, se me lembro bem, delegou-os a Romanes, que, aparentemente, não teve competência para levá-los adiante.

Quando falamos de comportamento humano, pensamos em três origens que se confundem em uma só coisa: ontogênese, filogênese e cultura.

O nojo, por exemplo, é um fenômeno bem importante e curioso. É uma coisa aprendida e, possivelmente, já faz parte de nossa cultura desde as civilizações mais primitivas. O nojo, hoje, é um elemento importantíssimo de nossa cultura, condicionado pela moral. No Brasil atual, a imprensa vem capitalizando o nojo com maestria na condução do rebanho humano que nos tornamos.

Mas o nojo aplicado à moral é funcional: quando pensamos numa prática evidentemente doentia, como a pedofilia, por exemplo, sentimos nojo. O mesmo acontece com boa parte de nós quando vemos uma criança dançando ao som de músicas erotizadas.

Mauricio Luiz Bertola
Veterano
# ago/15
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entamoeba
Em dois milênios e meio, pouca coisa aconteceu. Os impasses são quase os mesmos. Falta-nos tecnologias para humanização!
Discordo.
Nos últimos 200 anos TUDO, mas TUDO MESMO, mudou de forma rápida e absoluta, à ponto de alterar TUDO no âmbito das relações humanas individuais ("sociais" e emocionais) e coletivas, assim como até mesmo o meio-ambiente e nossa relação (enquanto indivíduos, sociedade e espécie) com ele, que tornou-se totalmente paradoxal.
A tecnologia PODERIA mudar até mesmo a(s) questão(ões) que vc coloca como "humanização", mas esse não é, nem nunca foi o seu objetivo, que é apenas um só: Domínio sobre a Natureza e Lucro (as maiúsculas são propositais), nada mais. E não há nada mais "desumanizador" que isso (se é que podemos pensar assim).
Se vc analisar à fundo tais questões, verá que a Sociedade Tecnológica/Industrial caminha para uma série de impasses (muito mais complexos que "humanização") criados pela sua própria dinâmica interna, e que, as forças econômicas ( e por conseguinte políticas) que a regem são incapazes "per se" de resolver esses impasses.
No Brasil atual, a imprensa vem capitalizando o nojo com maestria na condução do rebanho humano que nos tornamos.
Concordo plenamente, mas esse processo não ocorre só aqui não...
Abç

JJJ
Veterano
# ago/15
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Hawklord
Dá pra gente parar de discutir a metafísica da música e ir tocar alguma coisa?

Boa. Tá phoda. Ou é política ou é "isso é música" vs "isso não é música"...

Enfim... sobre o tópico: essa luta entre "arte" vs "comércio" vem de longe! E o pior: não faz sentido nenhum, já que você pode ter QUALQUER combinação...

Pode ter música não comercial e sem nenhuma qualidade artística.
Pode ter música comercial, sem nenhuma qualidade artística.
Pode ter música não comercial, com grande qualidade artística.
E pode ter música comercial e com grande qualidade artística.

Conclusão?

Ahnnn... nenhuma... kkkkkkkkkkkkkk

Ah... mas tem uma única coisa para pensarmos: se Da Vinci tivesse pintado a Mona Lisa e deixado embaixo da cama apodrecendo, de que adiantaria ter feito essa obra-prima?

Satisfação pessoal é importante? Claro que sim, mas é pouco. O artista quer reconhecimento.

dom de Deus
Veterano
# ago/15 · Editado por: dom de Deus
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Pensando no tema do tópico

A qualidade da arte musical é medida pela quantidade dos ouvintes fieis?

A principio enfaticamente Não. Mas hoje parece que sim. porque a cada dia que passa a humanidade fica mais demente isto é fato.
Quantidade nunca foi qualidade, minoria também não.
E quanto mais xulo for, aí sim faz sucesso em grande quantidade porque é isto que o povo quer. Igual a frase "me engana que eu gosto" qual é o público destas música? Músicas que estouram ne um dia e a noite se esqueceram delas? Músicas que não contribuem nada, não deixa uma mensagem positiva. Essas músicas atinge um alvo fácil, demente, a maioria composta de jovens e porque não alguns velhos "me engana que eu gosto". Arte aceita por um povo pobre de conhecimento, se não fosse a tal não estaria em evidência, não existiria. Nesse dias que estamos presenciando quantidade não é qualidade.
Mas é música? É
Música boa? Pra mim nem de longe
Mas respeito a todos que tenha tal gosto


Lelo Mig falou algo interessante.
Sertanejo universitário nem sertanejo é
Pura verdade!

Causa uma certa indignação sim. Porque o que o povo faz é super-valorizar o que não tem valor.
E temos que conviver com isto porque o povo tem a música que merece como o Brasil tem a presidenta que merece!

entamoeba
Membro Novato
# ago/15 · Editado por: entamoeba
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JJJ
Hawklord
Dá pra gente parar de discutir a metafísica da música e ir tocar alguma coisa?

Mas essas coisas não concorrem! Podem coexistir em tópicos diferentes. Aliás, não faltam espaços para tocar alguma coisa, mas espaços para discutir esse assunto, livres do rigor acadêmico, praticamente não existem! Sinceramente, não entendo o incômodo!

O meu principal interesse é me livrar das ressalvas que se tornaram politicamente corretas e, por consequência, obrigatórias. Acho que precisamos atingir outro nível no debate sobre música para que possamos aumentar nossa consciência sobre a prática. É natural que isso não interesse a todos, por outro lado, não vejo como isso possa ofender alguém.

Mauricio Luiz Bertola
Confesso que me falta reflexão sobre o tema, ainda mais em uma perspectiva histórica ou antropológica. A minha impressão advém da leitura dos gregos e da impressão que continuamos com os mesmos impasses daquela época. Me dá a impressão de que não conseguimos sair do lugar. Olharei com mais atenção para esses últimos 200 anos!

cafe_com_leite
Veterano
# ago/15 · Editado por: cafe_com_leite
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Lelo Mig

Toda vez que você é questionado sobre suas idéias, sua resposta é invariavelmente essa: " essa é a minha opnião, não tente me convencer ao contrario porque você não vai conseguir"


Cara, ninguém tá querendo te convencer de nada. Só quero entender melhor essa ideia sua.

cafe_com_leite
Veterano
# ago/15
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pianoid
rapaz tenta escrever bonito, mas o diabo está nos detalhes kkkkk

Valeu pela correção.

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