Harmonia- Método Prático. Dúvida sobre harmonização

    Autor Mensagem
    fernandesrc91
    Membro
    # set/13


    Então, estou estudando harmonia pelos livros do Ian Guest. O livro é bom, mas tem uma exercício do livro no qual uma melodia já gravada é dada e é pedido que o estudante a harmonize. É uma melodia de cantiga de roda infantil, bem simples.

    Logo depois, na explicação do exercício ele diz que ao harmonizar compete ao estudante mais " investigar" do que "inventar", escolher os acordes mais bonitos, tendo em vista que a harmonia não é propriamente nossa, mas da composição. Isso quer dizer que a mesma melodia pode ter harmonias diferentes, dependendo de quem a harmonize? Como se avalia uma harmonia boa e ruim, ou certa e errada, no caso?

    Depois ele diz que a própria voz é fundamental para harmonizar., mas como fica se o músico, como eu, é desafinado para cantar? (Não sei se quer solfejar!) Isso não tornaria a melodia mais difícil de ser harmonizada?

    Vlw.

    ROo
    Veterano
    # set/13 · Editado por: ROo
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    fernandesrc91
    Sim, "investigar" e não inventar é você analisar a melodia e ver quais os caminhos harmônicos que ela gera.

    Tenta pensar primeiramente assim, a melodia nos sugere as intenções da música tonal, repouso (I) afastamento (IV) tensão (V). Faça o exercício de identificar essas intenções e simbolize ela por esses graus.
    Depois, tente subsituir pelos graus similares... o repouso também é identificado por similaridade pelo III e pelo VI, o afastamento pelo IV e pelo VII (sim, ele também pode ser tensão, algo como a dominante... mas simbolize-o primeiramente como afastamento) e o V pelo II. Sempre respeitando as notas da melodia é claro.
    Isso seria "investigar" e não inventar.
    Outra coisa, você pode fazer também dominantes secundárias para reforçar a vinda do próximo acorde... o clássico, por exemplo, em Dó maior:
    D7-G
    II- V

    ao invés de Dm que é o II grau do campo Harmônico de Dó Maior, você utiliza o D7, que é a dominante do G, para reforçar a passagem.

    Ken Himura
    Veterano
    # set/13
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    fernandesrc91
    Como se avalia uma harmonia boa e ruim, ou certa e errada, no caso?
    Basicamente os critérios são criatividade, progressão harmônica e condução de vozes.

    fernandesrc91
    Membro
    # set/13
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    Mas Ken, nesse caso então não existe harmonia certa ou errada? Eu por exemplo, no exercício eu harmonizei essa música infantil de um jeito, ficou até bom. A resposta do livro é um pouco diferente, e ainda, a versão do cifraclub não tem nada a ver com nenhum das duas. Isso é normal?

    Esse livro tem um lance mto tenso. Tipo, tem horas que ele pede que vc escreva a estrutura do acorde (dissonante, no caso), depois de ouví-lo no CD. pra mim, ouvir um acorde dissonante e identificá-lo assim é tarefa impossível! Desses exercícios eu até já desanimei e estou fazendo por enquanto os de harmonização apenas. kkkk

    Ken Himura
    Veterano
    # set/13
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    fernandesrc91
    Num contexto amplo, não existe 'erro' em arte, você pode literalmente fazer o que quiser. Só que a vastidão de oportunidades existente nos faz adotar um conjunto de regras pra definir o escopo da nossa obra. Nesse corpo de regras podem estar regras de harmonia, contraponto, orquestração etc.

    Mas é importante entender estas regras que adotamos a fundo exatamente para ter controle da obra - para saber porque segue ou pra saber quando e como pode quebrá-la ou dobrá-la. É aí que se insere o estudo da harmonia. Ele é estrito assim com as regras para que você possa entender o funcionamento da coisa (segundo a ótica do autor, claro). Daí, claro, que neste contexto didático, vai existir o erro porque você tem que seguir as regras didáticas impostas pelo professor/livro - regras estas que não vão existir "à vera", mas que estão lá para evitar outros problemas que aparecerão, deixando você focado no problema proposto. Um exemplo? Movimento paralelo de quintas e oitavas.

    Eu por exemplo, no exercício eu harmonizei essa música infantil de um jeito, ficou até bom. A resposta do livro é um pouco diferente, e ainda, a versão do cifraclub não tem nada a ver com nenhum das duas. Isso é normal?
    Completamente normal. Cada pessoa vai pensar duma forma diferente, logo vai fazer algo diferente. Mesmo num cenário com poucas opções. Em aulas de harmonia, é comum o professor pegar inúmeras respostas diferentes pra cada exercício - a piada que os professores contam é que eles sabem que tem gente colando quando aparecem 2 harmonizações idênticas!

    Tipo, tem horas que ele pede que vc escreva a estrutura do acorde (dissonante, no caso), depois de ouví-lo no CD. pra mim, ouvir um acorde dissonante e identificá-lo assim é tarefa impossível! Desses exercícios eu até já desanimei e estou fazendo por enquanto os de harmonização apenas.
    Então, tudo na vida do músico é treino! Não desista não, percepção é fundamental pra qualquer músico - sobretudo pra compositor/arranjador/orquestrador, que tem que pensar no som e escrevê-lo depois. Se você tem dificuldade nisso, então é mais do que necessário treinar isso mais (procure um programa chamado EARope, ótimo nisso). Reconhecer a qualidade dos acordes pelo ouvido é fundamental pra entender qualquer harmonização. Por isso que ele diz que sua voz é fundamental no processo; o ideal é você solfejar tudo o que escrever, pra só aí sim conferir no instrumento. Esse estudo de percepção causa um diferencial enorme mais à frente.

    Jabijirous
    Veterano
    # set/13
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    Tipo, tem horas que ele pede que vc escreva a estrutura do acorde (dissonante, no caso), depois de ouví-lo no CD. pra mim, ouvir um acorde dissonante e identificá-lo assim é tarefa impossível! Desses exercícios eu até já desanimei e estou fazendo por enquanto os de harmonização apenas.
    Então, tudo na vida do músico é treino! Não desista não, percepção é fundamental pra qualquer músico - sobretudo pra compositor/arranjador/orquestrador, que tem que pensar no som e escrevê-lo depois. Se você tem dificuldade nisso, então é mais do que necessário treinar isso mais (procure um programa chamado EARope, ótimo nisso). Reconhecer a qualidade dos acordes pelo ouvido é fundamental pra entender qualquer harmonização. Por isso que ele diz que sua voz é fundamental no processo; o ideal é você solfejar tudo o que escrever, pra só aí sim conferir no instrumento. Esse estudo de percepção causa um diferencial enorme mais à frente.


    Exatamente. É por isso que a gente faz análise harmônica, para saber como o compositor harmonizou a melodia e depois a gente copia descaradamente. hehehe

    fernandesrc91
    Membro
    # set/13
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    Entendi. Eu harmonizei a música Espanhola do Flávio Venturini. Ficou em G#7M. Eu particularmente curti o resultado.


    Uma outra pergunta. No livro, pede para que harmonizemos músicas em tom maior que sugiram o uso de tétrades, como atividade complementar. Até o momento, é pedido para usar apenas notas do campo harmônico. Vcs conhecem alguma? Estou procurando há uma hora aqui na minha biblioteca e quase todas são baseadas em tríades! Lotado de pop e rock. Não dá pra colocar tétrades nisso, Não ficam bem. Mas não quero mexer com tom jobim e qualquer outro cantor de bossa. Não sou muito fã da música brasileira Procuro músicas internacionais, de preferência (Pode ser qq estilo). Alguma sugestão?

    LeandroP
    Moderador
    # set/13 · Editado por: LeandroP
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    fernandesrc91

    Stevie Wonder, Ray Charles...

    MenteSuja
    Membro
    # set/13
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    fernandesrc91
    Estou precisando estudar esses livros também. Pode me informar de que forma vocês os adquiriu? Na internet, não consigo achar nenhum fornecedor.

    makumbator
    Moderador
    # set/13
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    MenteSuja

    Aqui tem:

    http://www.freenote.com.br/produto.asp?shw_ukey=38832172647DET0GQK

    http://www.freenote.com.br/produto.asp?shw_ukey=38832180507JFD1LXU

    fernandesrc91
    Membro
    # set/13 · Editado por: fernandesrc91
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    Esse aí mesmo. Vale a pena. pq ensina harmonia do zero! Aqui em BH eu comprei ele por R$ 68,00, na "A musical". Bom tanto pra guitarristas quanto pra tecladistas. E na verdade são 3 volumes, se não me engano. Mas não consegui o terceiro ainda.


    Ken Himura


    Eu achava que toda música tinha necessariamente uma harmonia só. Eu ficava sempre olhando cifras e covers das músicas e qualquer coisa diferente da estrutura harmônica mais utilizada pra mim era errado! kkkk

    MenteSuja
    Membro
    # set/13 · Editado por: MenteSuja
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    makumbator
    Legal, muito obrigado! Que site joia, só tem artigos relacionados a música. Eu sempre compro no site da Livraria Cultura, só que lá esse material do Ian Guest está esgotado...

    Ken Himura
    Veterano
    # set/13
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    fernandesrc91
    Hahaha! Muita gente pensa assim!

    Mas o fato é que não existe erro em arte - acontece, às vezes, de você não atingir o efeito desejado, mas erro mesmo não tem.

    E é por isso que eu sempre falo pra compositores pra começar pela melodia, não pela harmonia. Começando por uma harmonia "fixa", dá mais trabalho pra arrumar uma melodia mais livre (mais "melódica", hehehe) - já que ela vai estar necessariamente presa à harmonia. Começando pela melodia, dá pra harmonizar mais livremente.

    rcorts
    Veterano
    # set/13
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    Ken Himura
    Começando pela melodia, dá pra harmonizar mais livremente.

    Realmente, mesmo não sendo formado em música já percebi isso. Percebi também que alguns compositores conseguem criar os temas e demais melodias já pensando nas modulações. Até que eu consigo fazer isso, mas só com modulações mais simples como nas de tons vizinhos ou tom acima/tom abaixo.

    Tô precisando tirar um tempo pra estudar só sobre modulação. Ken Himura, você é um cara formado em música certo? até onde eu sei é, então, você teria algum material pra indicar sobre modulação?

    Um abraço.

    Ken Himura
    Veterano
    # set/13
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    rcorts
    Tô precisando tirar um tempo pra estudar só sobre modulação. Ken Himura, você é um cara formado em música certo? até onde eu sei é, então, você teria algum material pra indicar sobre modulação?

    Não a nível de graduação. Por motivos reversos e difusos, eu não fiz faculdade de música (fiz como ouvinte se servir hahaha). Acabei indo direto do técnico pra pós-graduação. E, se Deus quiser, vou pro mestrado agora.

    Material específico sobre modulação mesmo quase não tem, eu só conheço um livro (ótimo por sinal) que mostra exemplos de como modular de um tom pra outro, mas sem explicar: Max Reger - Modulation.

    Procure algum manual bom de harmonia, geralmente falam de modulação depois da metade do livro. Os que eu vou indicar têm edição em inglês e alguns em português:
    * Schoenberg - Harmonielehre (Teoria da Harmonia. A edição brasileira chama-se "Harmonia" só, pela Ed. Unesp);
    * Walter Piston - Harmony;
    * Hugo Riemann - Harmony Simplified. Foco no cap.4;
    * Stephan Kostka - Tonal Harmony. Apesar de muita gente torcer o nariz, eu acho esse livro sensacional;
    * Paulo Silva - Manual de Harmonia. Muita gente não gosta desse também, mas ele foi professor da UFRJ por muito tempo. Modulação começa na 2a parte e é mais tratada na 3a;

    Já tem um vasto material aí, dá pra fazer uma graça hehehehe.
    Bons estudos!

    rcorts
    Veterano
    # set/13
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    Ken Himura

    Valeu Ken, desculpa a demora para responder. Mas já me ajudou bastante. Vou atrás do material (um de cada vez é claro). Obrigado.

    octavio_guns
    Veterano
    # set/13 · Editado por: octavio_guns
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    Eu fiz esse curso de Harmonia com o próprio Ian Guest nas férias, e não é fácil não, depois de algum tmepo que eu fui raciocinar o que ele falava nas aulas.

    Sobre suas perguntas

    Logo depois, na explicação do exercício ele diz que ao harmonizar compete ao estudante mais " investigar" do que "inventar", escolher os acordes mais bonitos, tendo em vista que a harmonia não é propriamente nossa, mas da composição. Isso quer dizer que a mesma melodia pode ter harmonias diferentes, dependendo de quem a harmonize?

    Sim, principalmente em música popular isso, cada pessoa vai encontrar um caminho de harmonia para uma música. Um exemplo que ele deu é de quando ele foi harmonizar uma música do Milton Nascimento, e ele depois que viu a harmonia original, é completamente diferente do que ele fez, mas as duas ficaram muito boas.

    A propósito. A harmonia que eu tocava na Chega de Saudade era completamente diferente da que ele me passou, e as duas são muito legais. ^^

    Como se avalia uma harmonia boa e ruim, ou certa e errada, no caso?

    Acho que não tem ruim ou boa, assim como o pessoal falou (que acho que eles podem explicar melhor pra você do que eu), não existe errar, acredito que é um pouco de bom censo também.


    Depois ele diz que a própria voz é fundamental para harmonizar., mas como fica se o músico, como eu, é desafinado para cantar? (Não sei se quer solfejar!) Isso não tornaria a melodia mais difícil de ser harmonizada?
    Sim, a voz é muito útil, você precisa de ver o que que o cara fazia só com a voz, é muito útil mesmo, também não solfejo bem, mas isso é treino, quanto mais voce treinar solfejos melhor você ficará (pelo menos essa é a lógica kk) e também ajuda para sermos melhores músicos.

    Uma coisa que pude perceber bastante do Ian, que, apesar de ele ser um pianista, ele igual está escrito no livro, dá um valor imenso para a voz, porque ela é nossa, está dentro da gente.

    Sobre harmonizar, faça igual recomendaram anteriormente, faça a análise da música e depois vá substituindo.


    Como diz Ian Guest: Faz porque é bonito.

    Espero ter ajudado e falado as coisas certas. kk


    Abraço!

    Jabijirous
    Veterano
    # out/13
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    Galera, fiz um post que complementa um tópico falado no livro do Ian Guest. A inversão e linha do baixo.

    http://michaelmachado.com.br/tecnica-de-harmonizacao-pela-linha-do-bai xo/

    rcorts
    Veterano
    # out/13
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    Jabijirous

    Muito bom o seu post.

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