O que você tem a aprender com a música Pop?

    Autor Mensagem
    Lelo Mig
    Membro
    # out/12 · Editado por: Lelo Mig


    O que você tem a aprender com a música Pop?

    Amigos, este é mais um post voltado aos mais jovens e iniciantes em composição, timbragem e acima de tudo equalizações.

    Amigo, se você pretende ser um músico profissional, ou ainda, um hobbista diferenciado, se pretende dar um padrão qualitativo maior as suas composições, arranjos e gravações, dispa-se do preconceito, pare de ouvir só o que você gosta (ou julga que é a única coisa que presta) e dê uma ouvida em algumas canções Pop. Você tem muito a aprender e aproveitar, ainda que não goste do estilo.

    O padrão de gravação no mercado Pop, diretamente ligado à veiculação em rádios e TVs é de altíssima exigência. Além de uma boa composição (que funcione em termos de mercado), os arranjos, timbres e sonoridade são elementos definitivos para o sucesso de uma canção. Isso faz, com que o que há de melhor em arranjadores, produtores, técnicos de som, músicos de estúdio, estejam a serviço da música Pop, porque é este nicho, mais que qualquer outro segmento, quem dá mais emprego, utiliza o que há de melhor, as maiores novidades tecnológicas e acima de tudo paga os melhores salários.

    Ainda, que você não queira fazer sucesso “Pop”, tocar em rádios e vender milhões, você só terá a ganhar em qualidade sonora se por cultura e informação, para enriquecer seu trabalho, beber na fonte do Pop.
    Você gostava de matemática na escola? De português? De química? De geografia? Aposto que pelo menos uma dessas matérias você não gostava, mas teve que estudar o mínimo para passar de ano. Então, larga à mão de ser radical, e aprenda mais para melhorar e incluir no tipo de som que você gosta de fazer. Afinal você é um “metaleiro”, por exemplo, ou um músico que curte ouvir e tocar metal? Percebe a diferença?

    Cá prá nós, não precisa ser nenhum gênio do áudio para perceber que o técnico que masterizou/mixou o CD da Madonna é muito melhor do que o que masterizou o CD do Immortal. Ou você tem alguma dúvida disso? (obs: alguns grupos de Black Metal, fazem propositadamente gravações toscas, propósito muitas vezes atingido, o que não deixa de ser ruim).

    Na música Pop, pela qualidade sonora e preocupação com os timbres, cada prato de bateria, cada string de teclado é equalizado à exaustão à procura da sonoridade ideal, o uso dos graves e agudos são parte essencial na música, a noção precisa de peso e textura, valorização da dinâmica e etc.

    Quero deixar claro, que muitas das canções aqui postadas eu não curto, não é minha praia. Mas este post não é prá falar de gosto musical e sim de qualidade sonora.
    Aos interessados, recomendo iniciar por aqui:

    Jessie J - “Price Tag” – Típica canção simples “provavelmente” composta num violão (F/Am/Dm/Bb), mantém a pegada simples em base funkeada, mas com uma roupagem, sonora muito interessante e eficaz, com o baixo extremamente pesado e kick de bateria acentuado na cara. Mantém-se o belo timbre e o uso bem dosado de Autotune para criar efeitos em algumas partes, já que, a não ser que eu esteja muito enganado, esta garota não precisa de nenhuma correção de voz. Detalhe para o timbre da guitarra nas acentuações funkeadas nas primas, clean agudo e extremamente agradável. Aula de equalização para balada pop de rádio.



    Prodigy “Breathe” – O lance aqui é o “caos”... O som deve produzir uma sensação de “chapado em final de balada”, quando a cabeça depois de tanta porcaria e volume alto, começa a esmagar tudo dentro de sua cabeça. Banda que mistura som industrial e cadência da musica Techno, com o peso e agressividade do Punk/Heavy. O mais impressionante no Prodigy é como eles conseguem estes graves... O woofer parece que vai cair fora da caixa... Mas sem distorcer. Lian Howlet é um rato dos sons, cada nota é pensada em sua frequência em Hz e na sensação que ela deverá produzir.



    Kelly Clarkson – “Behind These Hazel Eyes” – Nem vou falar nada… Quer equalizar sua “Hard Ballad”, com peso e, ao mesmo tempo, não perder o brilho de cada instrumento, cada peça da bateria? Então ouça esta canção antes de mexer em qualquer botão de sua mesa.



    Depeche Mode "Home" – o detalhe aqui é a ambiência. Soar como se estivesse dentro de uma UTI, ligado a um aparelho de respiração, com sons etéreos e meio alucinógenos ao redor, uma sensação de “dormência”. Do Pop ao Heavy Industrial, de Shakira a Marilyn Manson o Depeche Mode é reverenciado por qualquer um que faça uso de recursos da música eletrônica. As vozes de Martin Gore e Dave Gahan são bem parecidas e a música detalhadamente composta para funcionar com seus timbres.



    Peter Gabriel - “Mercy Street” – Esse nem precisa falar muito... Num sabe nada de Studio... rs. Massa sonora absurdamente leve e densa ao mesmo tempo. A dinâmica da voz reverberada bem acima do volume do som ao fundo é arriscadíssima de conseguir sem melar tudo. Um baixo fretless costurando os vocais e a marcação do beat com “zabumba/triângulo” na típica formação forró “pé de serra” é genial.




    Valeu, até o próximo!!

    Adler3x3
    Veterano
    # out/12 · Editado por: Adler3x3
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    Bem legal este post.
    Curti muito.

    Não sei usar o autotune, mas já dei uma fuçadas fazendo brincadeiras, isto numa versão mais antiga.

    No som da Jessie tem autotune sim, que deixa um tipo de rastro no áudio, que os meus ouvidos detectaram.
    E parece que não é de correção, somente um leve toque de efeitos.

    Luiz_RibeiroSP
    Veterano
    # out/12
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    Lelo Mig
    Muito legal a ideia, mas não sei como passar essas referencias para o instrumento. Por exemplo a guitarra, o timbre depender do equipamento que sera bem modesto em comparação com esses artistas, meu conhecimento e talento musical também não é perto do nível dos produtores, técnicos, músicos..[ já bateu a depressão :( ]... então como aproveitar esta ideia antes de produzir material para a banda? Sendo que os recursos usados e conhecimento estão fora da realidade da maioria.

    Lelo Mig
    Membro
    # out/12 · Editado por: Lelo Mig
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    Adler3x3

    Foi o que eu disse: "uso bem dosado de Autotune para criar efeitos em algumas partes"

    Neste caso o Autotune ou Melodyne é usado apenas como efeito, como se fosse um pedal de guitarra e não para corrigir nada.
    A cantora Cher usa bastante, como efeito, já que ela não precisa corrigir também. Usado dessa forma acho bem interessante.

    Luiz_RibeiroSP
    Luiz, também não tenho equipamento de ponta (apesar de ter acesso a algumas tranqueiras boas por causa do trampo...rs), mas a ideia principal é fazer a galera prestar mais a atenção em como são feitas algumas equalizações, a relação grave/agudo, ambiência, o que fica mais na cara e etc, e ouvindo usar como referência, ajuda bastante.

    Hoje microfonamos o piano do João Carlos Martins, 3 violinos, 1 violoncelo e 1 oboé que o acompanhavam, num evento que estou essa semana. O tenos Jean Willians cantou duas músicas. Sentir as frequências desse leque de instrumentos e capta-las o mais real possível para coloca-los nas caixas, te garanto, é quase como tocar... precisa de uma dedicação e atenção auditiva absurda, para não por tudo a perder.

    Ao final ele veio nos cumprimentar na mesa... sujeito bacana, acho que gostou do som...rs

    Calime
    Veterano
    # out/12
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    Lelo Mig

    Ótimos exemplos, principalmente os três últimos, e "por cima" o Depeche Mode - acho eles extremamente injustiçados. Os kras são EXCELENTES no que fazem, ótimo gosto de composição, conceito e sonoridade. E essa música que vc postou faz parte na minha opinião do melhor álbum deles, o Ultra - e olha que conheço mta coisa dos kras. É uma das minhas bandas favoritas.

    Calime
    Veterano
    # out/12
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    Esse tópico é mto legal no intuito de "abrir" a kbça do rockeiro/metaleiro bitolado, que só quer peso e blá blá blá...é possível sim, aprender mtas coisas com outros gêneros, dentre elas tbm a música considerada como "pop" (como se o rock e metal tbm não o fosse...).

    Calime
    Veterano
    # out/12 · Editado por: Calime
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    Pra colaborar com o tópico:
    Sheryl Crown - Safe and Sound - Aula de mixagem, boa inserção de efeitos de guitarra, timbres de cordas e teclas, acima da média na escolha das melodias, EXCELENTE uso de nuances da dinâmica nas diversas fases da música. Deu pra pra perceber que eu gosto mto do som dela né? kkk....



    Calime
    Veterano
    # out/12 · Editado por: Calime
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    Destaco tbm o som de violão aço que rola nessa gravina da mulé aí de cima - posso estar errado (tomara!). Já melhoramos mto, mas acho que nós (brasileiros) ainda não temos o know-how de gravar esse instrumento tão bem qto os norte americanos. Como referência disso que falei por último, mais um som pra ilustrar(um de mtos, tem vários por aí):



    Simonhead
    Veterano
    # out/12
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    BELO tópico!

    Kudos! \o

    Lelo Mig
    Membro
    # out/12
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    Calime
    Concordo...Ultra é um "discasso" em todos os aspectos. Melodias, Strings, Clima Denso, Vocais....puta álbum!
    Lembrou bem da Sherryl... ela é o exemplo de rockeira fã de Led Zeppelin, mas que passou boa parte da vida, pagando as contas com dinheiro ganho como back vocal de artistas Pop, entre eles o gênio Michael Jackson. Ela sabe bem andar nesse "meio fio"!

    Simonhead
    Valeu!!

    elyts
    Veterano
    # jan/13
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    Mais um grande topico!

    Mulambojr.
    Veterano
    # jan/13
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    Ótimo tópico, falou tudo!!

    Jessie J
    Eu amo essa mulher, haha.

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