Música Erudita Contemporânea

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nichendrix
Veterano
# ago/15
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pianoid
vou denunciar por submeter a velha à tortura até ela se render à síndrome de estocolmo kkkkkk

Que nada cara, minha mãe é louca por música, quem me deu o primeiro bolachão do Ornette Colleman e do Parker foi ela. Quando o médico falou que eu devia aprender um instrumento de sopro, ela quem disse que ia ser saxofone por causa dos saxofonistas que ela gostava.

Insufferable Bear
Membro
# ago/15
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já morreram faz tempo
esses estão vivos
https://www.youtube.com/watch?v=T_F9IXUGTy4
https://www.youtube.com/watch?v=mr8dGI2AKwQ

De bônus um brasileiro que conheci no orkut:
https://play.spotify.com/album/3iNjRWCfh3pWcnzBc0mhcE
Guilherme Carvalho - Topologie Faible

Hawklord
Veterano
# ago/15
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pianoid
o camarada chama caras lá do começo do século passado de moderno kkkkk

já morreram faz tempo, que ironia


Não me surpreende que seja incapaz de perceber a relação entre a frase e o compositor, mas tanto faz...

pianoid
Veterano
# ago/15
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só pra esclarecer que videos do youtube são bloqueados no trabalho, cogitei que fosse alguém da época do Schona

Sapopemba
Veterano
# ago/15 · Editado por: Sapopemba
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Ken Himura:
A propósito, não estudem harmonia pelos livros da Berklee. Puta material ruim, velho e mal exemplificado.


Prezado Ken, você poderia recomendar alguns livros de harmonia, tanto tradicional quanto funcional?

Grato.

pianoid
Veterano
# ago/15
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Insufferable Bear
esses estão vivos

parece que não. são mortos-vivos, se mexem e até comem, mas estão mortos por dentro e por fora, ainda atrelados ao mesmo ideal estético chocante de uma europa do entreguerras

eu aguentei o ostinato dissonante dessa mulher tanto quanto pude. Parece uma sinfonia de línguas-de-sogra, saindo do nada e indo a lugar nenhum. Fico imaginando o cidadão chegando em casa, tirando a gravata e entre uma bebericada e outra de uísque dizendo: "isso sim, é música! Muito melhor que o vozerio do escritório"

é música que só se presta a criar tensão, terror, pintar um quadro de loucura e angústia. Não é uma linguagem capaz de descrever o amor, a alegria, a felicidade, o humor. É música pra descrever guerra, criada por artistas que viveram o nazismo e cidades destruídas. e só. sejam mais criativos, vão tentar coisa nova ao invés de repetir essa lenga-lenga de um século atrás...

nichendrix
Veterano
# ago/15 · Editado por: nichendrix
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pianoid

Cara, na verdade tudo isso depende do que o cara quer fazer, se você olhar as músicas de desenhos animados dos anos 50 em diante, quase sempre são atonais, e se prestam pra expressar, amor, alegria, felicidade e acima de tudo o humor. Acho particularmente foda os trabalhos do Scott Bradley e do Carl Stalling, que pra todos os propósitos foram quem realmente me introduziu ao mundo da música atonal, quando nem falar eu ainda sabia.

pianoid
Veterano
# ago/15
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Scott Bradley e Carl Stalling trabalharam sobretudo nos desenhos da década de 30 e 40, época de ouro dos cartoons no cinema. A música tinha uma típica levada jazzística - Pernalonga vez por outra aludia ao Duke Ellington. Eu tinha um respeito imenso pelo Scott Bradley, até que ouvi a Rhapsody in Blue do Gershwin e percebi que ou Bradley era só um arranjador ou um plagiador descarado.

claro, eu não sabia de nada disso quando era criança, mas quando revi esses clássicos nos meus 20's no cartoon network, passei a reparar nos autores. grandes artistas, dos melhores... digo, os animadores do naipe do Chuck Jones, Joe Barbera e Tex Avery... muito mais culturalmente significativos para o século XX que os músicos acadêmicos atonais. Eu diria que tenho uma dívida de gratidão para os cartoons, que me apresentaram música clássica por assim dizer, nos frequentes concertos em que os personagens se metiam, como The Cat Concerto.

dos 50 em diante cartoons perderam fôlego e orçamento. As animações tão fluidas foram ficando mais duras, com menos quadros (basicamente só a boca se mexia nos Hanna-Barbera para TV) e as músicas realmente passaram a soar estúpidas (como o tema clássico dos Looney Tunes, que realmente recebeu um tratamento meio atonal). Fazer o que, cinema passou a concorrer com a TV, o mundo sentiu o pós-guerra, o jeito era contratar menos gente e menos competente...

nichendrix
Veterano
# ago/15
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pianoid
Como assim gente menos competente se eram as mesmas pessoas até os estúdios fecharem?

Acho que você está confundindo as coisas o Carl Stalling era o autor das músicas da Warner, ele tinha uma pegada jazzistica muito maior que o Scott Bradley, que quando queria usar algo nas trilhas para cartoon preferia trazer algo do Stravinski, do Wagner, do Bartók, do Hindemith ou do Schoenberg.

O Carl Stalling, usava muita coisa do Gershwin e do Duke Ellington porque a Warner (estúdio que produzia o Looney Tunes, entre outros) era também dono da gravadora e da editora que detinha parte dos direitos dessas músicas, não era uma escolha pessoal, mas uma imposição do estúdio.

No fim as trilhas mais famosas do Scott Bradley são Tom e Jerry e o Tex Avery, que ironicamente você dum lado diz que é algo primoroso e depois diz que não presta.

Enfim, você só fala por paradoxos e via de regra afirmações que você nunca nem parou pra checar, ou perguntou para alguém que detém o conhecimento que te falta para explicar porque é assim e não assado.

pianoid
Veterano
# ago/15 · Editado por: pianoid
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cara, Scott Bradley só conheço pelo Tom & Jerry clássico dos 40. E os temas principais são todos de Rhapsody in Blue.

quanto aos animadores: nos anos 50 começaram a abandonar os grandes estúdios e buscar seu próprio lugar ao sol. Exemplo clássico é dos diretores de Tom & Jerry, o Hanna e o Barbera, que fundaram o próprio estúdio de animações de TV. Chuck Jones também saiu da Warner, fez cartoons do Tom & Jerry. Tex Avery foi trabalhar no Picolino do Pica-pau e por aí vai. Nos anos 60, cartoons de cinema estavam mortos e só TV vingava...

não ponha palavras em minha boca. O conhecimento que tenho é o que vivenciei, não esse conhecimento sem experiência de wikipedantes de hoje... também não use clones pra se positivar, é pueril e masturbatório

nichendrix
Veterano
# ago/15 · Editado por: nichendrix
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pianoid
Cara, eu nunca precisei de Wikipedia pra conhecer música, minha familia teve por mais de 20 anos uma loja de discos e o ultimo dono dela fui eu, tenho mais discos de vinil, cds e musica digital do que conseguiria precisar. Garimpar música, entender quem fez, porque fez e como fez é um dos meus principais passa tempos. Eu uso a internet com alguma frequência antes de postar para confirmar se não estou passando nenhuma informação errada ou fazendo alguma confusão, porque no fim, ninguém tem memoria perfeita, mas não precisaria disso pra discutir música com quem quer que seja, porque é um conhecimento que eu comecei a construir aos 8 anos, quando comecei a tocar saxofone, então o que eu tenho estudando música, tanto do lado teórico, quanto do lado histórico, muitos aqui não tem nem de idade.

Você pode achar que você é o "bonitão das tapiocas" vivido que conhece tudo, mas na boa, as barbaridades que você fala só provam que seu conhecimento é superficial, e não falo conhecimento de livro de teoria musical não (embora esse também seja bem superficial, por tudo que vi você falar em vários tópicos), falo de conhecimento de ouvir mesmo essas músicas, de entender. Como uma criança se algo mais difícil de ouvir entra no seu ouvido, você logo muda de música, antes mesmo de entender o que está acontecendo.

pianoid
Veterano
# ago/15
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Bem, tenho certeza de que Scott Bradley nunca passou por sua loja.

Barbaridade é algo relativo: os bárbaros são sempre os baderneiros invadindo sua praia, saqueando as ruas de sua cidade e levando suas virgens. Mas do ponto de vista deles, estão apenas fazendo o que precisam para sobreviver. A luta pela sobrevivência causa prolongada tensão e tensão é vigor que no gozo se resolve - como na música tonal. Falta a resolução no gozo para música atonal ter substância e sua semente se propagar. Música atonal é coito interrompido e as musas virgens estão nos braços dos vencedores, ditos bárbaros. Os bárbaros não têm culpa por atonalistas serem flácidos...

tem como provar minha ignorância? Eu entendi perfeitamente o que estava acontecendo na música daquela senhora ali do video: era um ostinato ridículo de instrumentos de sopro soando como línguas-de-sogra em crescendos e diminuendos, a harmonia tanto faz pra onde vai já que não a lugar algum - é essa a sina de não ter centro tonal. Eu entendi, eu ouvi as partes, eu vi a estrutura e nada disso soa bem. Ou melhor, soa perfeitamente bem ao que se propõe: criar tensão e terror como toda música atonal. Vai continuar me chamando de ignorante por não partilhar de seu apreço por barulho? Meu ouvido não é pinico... afrouxa a gravata e toma seu uisque aí ao som dessa zoeira se te faz bem, mas não venha com essa falácia de ignorância pra quem não concorda com seus termos...

nichendrix
Veterano
# ago/15
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pianoid

Na verdade eu não lhe chamei de ignorante por não partilhar do gosto por música atonal, isso daí e gosto e cada um tem o seu por direito, eu chamei de ignorante pelas coisas que você fala quando quer dar uma de espertão técnico que entende do que está falando.

Quase tudo que você falou sobre o jazz tem muito mais preconceito do que fundamento, o mesmo vale pra música atonal. Pra mim o grande problema aqui nem é você não gostar e sim essas barbaridades que você fala para tentar dar uma de sabichão. Musica atonal tem seus méritos, tanto técnicos, quanto musicais, mas não é algo fácil de se ouvir, menos ainda de se entender e muito menos ainda de se gostar.

Mas na boa, não dá pra ouvir Wagner e achar que aquilo dali é ruim, é um cara que se fez alguma cagada na vida, escondeu muito bem, porque tudo que eu conheci na vida dele é uma maravilha, e era atonal. Stravinsky é algo na mesma linha, o cara fez coisas absurdamente fodas e boa parte era atonal.

Tem muita coisa ali que é difícil pra caramba de ouvir e que o cara tem que estar num estado de espírito muito específico para curtir, não é um ieieie chiclete que você vai botar no reapeat ad infinitum na maioria das vezes.

Só que pra você atonal é só uma pequena parte de um mundo muito grade e uma parte que tem uma estética muito mais abstrata do que o que é mais comum. Quando alguém pega a parte mais radical de um universo inteiro de músicas que consegue juntar coisas tão discrepantes como Tristão e Isolda do Wagner, passando pelo Rito de Primavera e o Passaro de Fogo do Stravinsky, passando por boa parte da música feita para animação e cinema até as alucinações sonoras do John Cage ou do Ornette Colleman.

Qualquer pessoa que reduz um universo tão vasto a frases do tipo: "atonalismo é técnica de rebeldes para rebeldes: é rebeldia pela rebeldia, seja contra um centro tonal, seja contra o sistema opressor favorito". Só pode fazê-lo por ignorância. Acho que um exemplo muito mais simples é minha relação com o Forró, eu não gosto de jeito nenhum, mas eu jamais conseguiria colocar no mesmo saco que gênios como Luiz Gonzaga, Dominguinhos, Hermeto Pascoal, Heraldo do Monte e e reduzi-los ao mesmo patamar de Pablo do Arrocha e Aviões do Forró e bandas afins. Só uma pessoa muito ignorante faria coisas do tipo, por mais que eu não goste do estilo, eu admito que ele produziu alguns músicos memoráveis. E você basicamente só fez isso desde que começou a falar. E ainda nem entrei no mérito de quando você começa a falar de teoria musical metendo os pés pelas mãos.

Sobre o Scott Bradley, ele passou sim, no ano em que tivemos que fechar a loja em 2006, foi o ano em que foi lançada a edição limitada da trilha do Tom e Jerry e do Tex Avery e em um dos últimos lotes de importação que fizemos pra vender, fiz questão de trazer alguns, além do que minha mãe já tinha a trilha sonora do Tom e Jerry em vinil que ela ganhou quando criança, ainda nos anos 50-60.

Ramsay
Veterano
# ago/15
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Insufferable Bear

O que é isso que vc postou, show de horrores???

pianoid
Veterano
# ago/15
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nichendrix
Só pode fazê-lo por ignorância

por que só preto ou branco? não poderia ter feito por lirismo? ouço barulho e o sangue ferve, a verve ruge e urge sacrifício: mais um iconoclasta embrulho, nem é difícil

Ninguém liga para Tristão e Isolda. Wagner bom é o do ciclo do anel, de O Navio Fantasma, Tanhauser etc... novamente, estou sendo simplista e reducionista talvez, mas não deixa de ser verdade

Ken Himura
Veterano
# set/15
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Rapaz, eu fico um mês fora, e o fórum pega fogo! hahaha

Wuju Wu Yi
A propósito cara, quando você citou essa tendência a uma atenção aos ritmos dos compositores do leste europeu, me interessou bastante, é algo que acho que não conheço. Tu poderia me citar alguns exemplos de compositores desse movimento? Alias, esse movimento tem um nome? hehe
Olha, não sou especialista nessa onda (não sou musicólogo rsrsrs). Mas acredito por tudo que eu já li, ouvi e analisei que é algo inerente à cultura local, pela mistura de povos (eslavos, ciganos, judeus, asiáticos etc etc) que trabalhavam muito com danças e ritmos dançantes. Não acredito que tenha uma corrente específica. É tipo, por exemplo, música brasileira (todos aqueles ritmos sincopados riquíssimos, por exemplo) refletir na obra de um compositor brasileiro, isso é da linguagem musical dos caras mesmo.

Exemplos têm aos montes: partindo de Tchaikovsky, Korsakov e Dvorak até 1930 (pra ficar num período de tempo bem pequeno), você vai ouvir muita coisa com ritmo bem explorado. E muitas vezes (Stravinsky hahaha) o ritmo tá em primeiro plano - 1o mov. da Sagração da Primavera é um excelente exemplo disso.

Ken Himura
Veterano
# set/15
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Sapopemba
Prezado Ken, você poderia recomendar alguns livros de harmonia, tanto tradicional quanto funcional?

Claro! Mas seria legal se você pudesse ler em inglês, porque o melhor material ainda não está (bem) traduzido em Português.

Na minha visão, você deve manjar de harmonia tradicional e contraponto pra manjar bem de harmonia, mas começa primeiro pelo estudo da harmonia pra não se perder no contraponto, deixo essa dica! ;)

H. Tradicional:
* Stefan Kostka - Tonal Harmony
* Schoenberg - Harmonilehre (um dos melhores que eu já li, tem uma versão meia bomba em português - "Harmonia" - e uma boa em inglês - "Theory of Harmony")
* Walter Piston - Harmony
* Diether de la Motte - The Study of Harmony
* Paulo Silva - Manual de Harmonia (olha, é um livro mediano, tem uns buracos, mas dá pra aprender muito bem por ele)

Tem o livro do Schenker ("Harmony") também, mas é bem difícil de ler, não vale à pena antes de ter uma boa experiência nisso aí.

H. Funcional:
* Schoenberg - Structural Functions of Harmony (tem uma tradução brasileira meia bomba também, "Funções Estruturais da Harmonia")
* Koellreutter - Harmonia Funcional (excelente livro, pequeno porém denso)

Esses dois são ótimos, complementam bem o estudo da tradicional. Daí, você pode partir pra harmonias mais avançadas, como a neo-riemaniana por exemplo.

Um extra:
Max Reger - Modulation. É um livreto de umas 60 páginas, um mini compêndio sobre modulação. Mas tem todo tipo de modulação tonal, desde os tons mais próximos até os mais afastados (por exemplo, C maior pra C# maior, C maior pra F# menor, A menor pra G# maior etc). Vale MUITO à pena manter esse livro por perto.

pianoid
Ninguém liga para Tristão e Isolda
Ninguém liga, só é a obra mais analisada e estudada do fim do Século XIX. Só isso.

Ken Himura
Veterano
# set/15
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Sobre o serialismo.

Rola uma confusão em torno disso que fica foda pra desfazer os preconceitos que surgem. Sem me estender muito: criar uma série é criar uma ordem, só isso. Ordem do que já é outra coisa, isso o compositor que determina.

Por exemplo, se você faz ou acha uma música com esta base harmônica se repetindo nessa sequência até o fim: I - ii - V7 - I (super comum, notem). Parabéns, você acabou de achar uma harmonia serializada.

Simples, não? :D

Serializar é basicamente isso: pegar alguma coisa, dividir e criar uma ordem. O grau de restrição/liberdade do que você pegar e fazer depende do sua criatividade, só. Por exemplo, tem música tonalzona, ear candy, que tem só duração serializada. Outras serializam ordem de solo.

Quem limita é a mente.

Insufferable Bear
Membro
# set/15 · Editado por: Insufferable Bear
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Ken Himura
mas hoje em dia qual é a moral do serialismo se é tão livre? não é um problema quando não se percebe a intenção na música?
ouvi o morton feldman dizer uma vez que queria compor algo que nem ele soubesse que era serial, mas e então o que aconteceria?

neo-riemaniana
sacanagem, pensava que era O riemann quando vi um toro, mas é só um outro riemann...

pianoid
Veterano
# set/15
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Ken Himura
Ninguém liga para Tristão e Isolda
Ninguém liga, só é a obra mais analisada e estudada do fim do Século XIX. Só isso.


mas não a mais tocada, nem de Wagner ;-)

serialistas acadêmicos realmente analisaram e estudaram a fundo

pianoid
Veterano
# set/15 · Editado por: pianoid
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Ken Himura
se você faz ou acha uma música com esta base harmônica se repetindo nessa sequência até o fim: I - ii - V7 - I (super comum, notem). Parabéns, você acabou de achar uma harmonia serializada.

não simplifica assim que fica feio, bicho. Papa Schoenberg não vai gostar de ter outros dos 12 tons sendo usados mais livremente...

serialismo é a loucura de esquecer a liberdade de se movimentar livremente pelas escalas e propôr fazer música em que um tom só pode se repetir depois de todos os outros 11 tons terem sido usados, seja em acordes dissonantes, seja só. É harmonia tirânica de nazistas, ironicamente perpetrada por um judeu... talvez a intenção dele fosse ironizar os nazistas mesmo, mas ninguém captou a piada...

desnecessário dizer que é música matemática, já que sua limitação ordenada torna impossível a um músico improvisar em cima de séries (a não ser que seja um autista com memória prodigiosa)

makumbator
Moderador
# set/15
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pianoid
serialismo é a loucura de esquecer a liberdade de se movimentar livremente pelas escalas e propôr fazer música em que um tom só pode se repetir depois de todos os outros 11 tons terem sido usados,

O serialismo pode ser aplicado também a vários parâmetros da música (como dinâmica, timbre, articulações, etc...), então a partir de certo ponto nem era apenas a questão de abandono de tonalismo e apenas mostrar série de notas.

mas não a mais tocada, nem de Wagner ;-)

É uma das mais tocadas de Wagner sim (principalmente a abertura), e das mais importantes na obra do mestre. Foi decisiva na questão da expansão do tonalismo. De certa forma ela estabeleceu o que viria depois na harmonia. Em termos harmônicos é a mais importante do Wagner, quanto a isso não há dúvida.

Insufferable Bear
Membro
# set/15
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O serialismo pode ser aplicado também a vários parâmetros da música (como dinâmica, timbre, articulações, etc...)

E se quiser pode até serializar operaçõs que você faz na sua série ou num conjunto de notas e rapidinho você abandona a noção de que uma nota só aparece depois das outras 11.
Eu li algo assim no livro do Boulez há muito tempo atrás, mas pra ser sincero nem entendi direito o que ele tava fazendo...

makumbator
Moderador
# set/15
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Insufferable Bear

Sim, são dele muitas contribuições pro tal serialismo integral.

pianoid
Veterano
# set/15
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o darwinismo ganhou o inapropriado nome de evolução, mas nada indica que seres vivos "evoluem" no sentido de serem melhores que os anteriores. Melhor adaptados ao seu ambiente atual, sim, mas nada indica que esses seres teriam boas chances de sobrevivência nos ambientes que geraram seus antepassados.

Coisa parecida com música e história: alguns acham que há uma marcha inexorável do progresso e que tudo hoje é melhor que ontem. Mas tubarões e Mozart vão continuar muitos anos além de dinossauros e música atonal, com origem ou não nos acordes finais de Wagner...

makumbator
Moderador
# set/15 · Editado por: makumbator
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pianoid
Coisa parecida com música e história: alguns acham que há uma marcha inexorável do progresso e que tudo hoje é melhor que ontem.

Nunca achei isso. E considero que boa parte das pessoas interessadas em arte não pensem assim. Mas da mesma forma que a música do passado não é necessariamente pior que a música do presente (e futuro), as obras mais recentes também não são sempre piores que a arte antiga.

Mas mesmo assim, é inegável que a harmonia de Wagner (pra ficarmos em um parâmetro de um compositor específico) é muito mais complexa (e pra mim, mais interessante) que toda a harmonia do barroco (por exemplo). Mas isso não torna a música antiga inferior, apenas diferente (e eu adoro música barroca).

Posso gostar de Bach, Mozart e de Wagner, assim como de Schöenberg (que não sei se você sabe, mas possui uma primeira fase não dodecafônica bastante interessante).

Por outro lado, saiba que seu conceito de venerar apenas a música do passado é totalmente contra as tradições da própria música antiga (pois em geral se prestava atenção e se tocava apenas música do presente, e não de épocas anteriores, que quando muito serviam como material de estudo e análise). Essa coisa de se ligar em música antiga é de certa forma oposta à tradição.

pianoid
Veterano
# set/15
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tudo bem, não sou um tradicionalista. Se fosse, estaria vestindo couro preto e chorando pelo rock ;-)

nem fã de complexidade pela complexidade. Wagner enveredou por um cromatismo sem volta e todos sabemos que todas as cores juntas formam mero ruído branco. Prefiro a paleta mais limitada mas mais vibrante do barroco e classicismo...

makumbator
Moderador
# set/15 · Editado por: makumbator
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pianoid
tudo bem, não sou um tradicionalista.

Vejo você como anacrônico, e não exatamente tradicionalista (pelas razões que detalho no parágrafo seguinte)! E garanto que sua forma de encarar a música antiga não seria bem vista pelos próprios compositores do passado, que não valorizavam quem se prendesse ao passado.

Wagner enveredou por um cromatismo sem volta e todos sabemos que todas as cores juntas formam mero ruído branco.

Ele enveredou nisso pois sua música precisava dessas cores. A Abertura do Tristão e Isolda é muito tocada justamente pela música ser boa pra cacete, e muito disso vem justamente do tonalismo levado ás últimas consequências. É das peças sinfônicas mais bonitas do séc XIX

Como dizia o Schöenberg (que conhecia profundamente a tradição da música européia, como se nota em qualquer livro dele) o que ele fez foi basicamente levar a música pelo caminho que ela mesma já apontava. No fundo, ele SEGUIU a tradição. Manter-se no tonalismo tradicional seria contrário às forças dentro da própria arte. O Tradicionalista iria com ele, e não contra a mudança.

pianoid
Veterano
# set/15 · Editado por: pianoid
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compositores do passado, que não valorizavam quem se prendesse ao passado

claro, a música de suas épocas não era uma merda para terem que buscar inspiração no passado, embora os classicistas tardios tenham voltado com contraponto de Bach e os românticos mais ainda

e isso porque no passado ouvir música antiga era arranjar uma partitura empoeirada em alguma biblioteca, copiar e tentar tocar, não era algo a 2 cliques de distância


No fundo, ele SEGUIU a tradição

não, ele seguiu um Wagner gagá e se fodeu. Mas não o culpo, porque o mundo estava de ponta cabeça na época. Culpo é esse bando de acadêmicos até hoje copiando o barulhinho atonal de um "modernismo" de 100 anos atrás... Schoenberg bem ou mal foi original...


por sinal, estou ouvindo aqui Tristão e Isolda pela primeira vez, admito. céus, que coisa chatíssima e sem fim. Wagner não tinha abolido recitativos? Não parece haver frases melódicas, só ascenções cromáticas. tem uns prelúdios que, pelamor, parecem ter sido compostos pelo próprio Schoenberg na falta de foco... o velho Wagner estava na pior mesmo...

makumbator
Moderador
# set/15 · Editado por: makumbator
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pianoid
claro, a música de suas épocas não era uma merda para terem que buscar inspiração no passado,

Ih, tinha muita merda rolando também. Mas nego no passado não tinha esse fetiche quase sexual por música antiga, fosse boa ou ruim. Pra eles o passado musical era só uma base para criar novidades de sua época, ou para fins didáticos. O que passou, passou. Era basicamente um lance de moda entrando e saindo de cartaz.

Escrever música no estilo de uma era passada sempre foi totalmente cafona e sem sentido (e que só servia para fins humorísticos, de paródia ou estudo). Por que diabos um compositor de hoje deveria se ater a paradigmas do passado e ficar escrevendo sinfonias clássicas? Ficar usando apenas harmonia tradicional? Sem change!

não, ele seguiu um Wagner gagá e se fodeu. Mas não o culpo, porque o mundo estava de ponta cabeça na época.

Schöenberg era antes de tudo um erudito da tradição musical européia, e por isso sabia que a fuga do tonalismo era a única saída (e ele humildemente nem dizia ter "inventado" coisa alguma, e sim meramente descoberto o caminho natural da música).

E claro, o mundo sempre esteve de ponta cabeça. Sempre tivemos merda acontecendo.

por sinal, estou ouvindo aqui Tristão e Isolda pela primeira vez

Ué, então basicamente você renegava a peça sem ao menos ouvir antes? Só o Prelúdio dela vale mais que a maioria esmagadora das centenas de concertos do Vivaldi juntos!

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